Administração

[...] no varejo


Desde que foi privatizada, a Companhia Vale do Rio Doce, hoje simplesmente Vale, é uma empresa privada. Com participação acionária do governo, por meio dos braços estatais deste.

Nas semanas recentes, um acordo entre os acionistas deu na troca do executivo-chefe da Vale. Para chegar ao acordo, cada acionista desembainhou as armas disponíveis. No fim o banco privado achou por bem atender ao desejo do sócio poderoso.

Deu prioridade à convivência frutífera, em vez de se agarrar ao poder absoluto na Vale. Havia outros -e tão significativos quanto- interesses em jogo.

Não sou acionista da Vale, e portanto prefiro não opinar se o presidente deveria ter permanecido ou se a troca foi boa. Afinal, a empresa é privada e, portanto, a administração é assunto dos acionistas.

Consumado o desfecho interno, o debate talvez devesse buscar outro ponto. O que é melhor para o Brasil? A Vale buscar principalmente lucratividade? Ou ajudar a melhorar o valor do produto, a agregar valor, inclusive às exportações?

É um debate complexo. Agora mesmo a Petrobras está às voltas com uma função de duas variáveis. Como atingir as metas de aumento da produção e combinar isso com a desejada participação nacional nos meios produtivos da cadeia do petróleo.

É bom que a Vale exporte minério? É ótimo, ajuda a balança comercial, rende impostos, cria empregos. É bom que a empresa agregue valor ao produto? É excelente, o Brasil precisa disso para ficar menos vulnerável às flutuações das commodities. E o Brasil precisa de mais indústria, não menos.

Onde está então o problema? Ele aparece quando as ideias e declarações de intenções precisam ser concretizadas em atos. A palavra está desgastada, mas o desafio está na gestão.

O que os acionistas querem da Vale? Esse sim é um assunto de dimensão nacional.

Sobre gestão, aliás, os últimos dias na economia transmitem a impressão de um gerenciamento caso a caso, uma administração no varejo. 

O ministério da Fazenda corre atrás do câmbio, sem grande sucesso. O Banco Central trava o cabo de guerra com o mercado financeiro em torno das expectativas para a inflação, com resultados ainda em aberto, na melhor das hipóteses.

Agora é o etanol, e o governo acena com a taxação das exportações de açúcar. Para não faltar o álcool, que até ontem era a salvação da pátria.

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