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A ONU que dá na Líbia não dá em Israel


Em 1967 – há mais de 40 anos, portanto – o Conselho de Segurança da ONU aprovou uma resolução – a de número 242 - que determinava a retirada de Israel dos territórios tomados à Síria e ao Egito na Guerra dos Seis Dias, ocorrida em junho daquele ano.

Hoje, milhares de palestinos tentaram cruzar a fronteira de volta naquele território, ilegalmente ocupado por forças israelenses.

Não tiveram aopio aéreo da Otan, nem mísseis ocidentais para protegê-los, como outros áreabes, os rebeldes líbios, têm.

Não tinham nada, nem mesmo armas precárias.

Foram recebidos a bala pelos soldados israelenses, que dispararam rajadas de metralhadoras sobre a multidão.

23 palestinos morreram e 350 estão feridos.

Teremos alguns discursos na ONU, lamentando a perda de vidas. E o debate logo irá para como dividir o butim do petróleo líbio.

Tijolaço

Um drink para esquentar a noite

Se algumas receitas são, de fato, afrodisíacas, ninguém garante. Não há bula ou indicação que ateste que um ou outro ingrediente possa aumentar a libido humana. Seja como for, muitas culturas relacionam temperos, ervas, especiarias e frutos do mar ao desejo sexual.
Em geral, ingredientes com sabores exóticos e perfumados respondem pelos efeitos mágicos. Gengibre, cravo, canela e pimenta são alguns dos componentes capazes de, no mínimo, aguçar o paladar para o começo de noite. Alguns já tiveram resultado comprovado em pesquisas universitárias, como gengibre, açafrão, chocolate, ostras e alho. Isso mesmo, alho! Parece que a animação provocada é ainda maior do que o hálito forte deixado pelo vegetal.

Em uma revolucionária forma de compilação, que mistura dados científicos à imbatível sabedoria popular, o iG Comida selecionou dez receitas para dar uma força ao seu encontro. Além dos ingredientes com os ditos efeitos desejados, entraram na lista fórmulas saborosas, românticas e sedutoras para garantir o bom desempenho dos pombinhos. Um deles certamente vai se adequar à personalidade do casal.


Maraca sour: pisco e maracujá
Os peruanos são um povo que adora relacionar comida com sexo. Acreditam que pisco (espécie de caipirinha local), ceviche (receita típica com peixe cru) e alguns mariscos exclusivos de sua costa no Pacífico são capazes de fazer milagre no mais cansado dos homens. Nesta receita do restaurante Killa, a união do bombástico pisco com o romântico maracujá, a fruta da paixão, pode ser um bom combustível para uma noite de amor.





Ingredientes
40ml de polpa de maracujá com semente
50ml de pisco
30ml de xarope de açúcar
10ml de clara de ovo
1/2 limão

Para o xarope de açúcar: 
400g de açúcar
200ml de água

Modo de preparo
Em uma panela, cozinhe o açúcar e a água até virar uma calda. Espere esfriar antes de preparar o coquetel – o restante pode ser armazenado na geladeira por vários dias. Partindo para o drinque: bata na coqueteleira ou no liquidificador, com gelo, o maracujá, o pisco , o xarope de açúcar , a clara de ovo e algumas gotas de limão. Coe a bebida e servir em uma taça ou em um copo com 130 ml. 
Conheça os outros 9 drinks Aqui

Meego

A Intel e a Nokia desenvolveram um sistema operacional que promete revolucionar a interação do usuário com os aplicativos: o Meego. A grande sacada dessa plataforma é a possibilidade de ter as aplicações em diversos gadgets ao mesmo tempo. Ou seja, aquilo que você usa em um smartphone, você terá também no netbook, por exemplo.

"Como ela viabiliza diversos tipos de dispositivos, ela também permite que pessoas possam utilizar as mesmas aplicações que elas utilizam nos dispositivos atuais em novos dispositivos que elas venham a comprar ou a substituir sem a necessidade de troca de aplicações", explica Américo Tomé, gerente de produtos da Intel. Continua>>>

por Marcos Coimbra

O Que Fica e o Que Passa

O que é realmente importante na informação que recebemos todo dia sobre o sistema político? E o que é secundário, referindo-se a coisas que não duram muito e apenas parecem ter maiores consequências?
Neste momento, por exemplo, o noticiário sobre a crise causada pelos problemas de Antonio Palocci domina os meios de comunicação. Ela é importante?
Certamente que sim, pois qualquer dificuldade que afete um ministro central no governo é relevante. Ainda mais se for alguém como ele, que foi, nos primeiros meses, quase um primeiro ministro.
Embora a crise seja, de fato, significativa, ela está longe de ser tudo que acontece no governo. E nem é tão original assim. Ministros em apuros são mais a regra que a exceção em nossa experiência recente.
Se alguém se desse ao trabalho de calcular quantos dias passamos, nos últimos 20 anos, sem que pelo menos um estivesse complicado, veríamos que não foram muitos.
O próprio Palocci já viveu essa história. No final do primeiro governo Lula, quando aconteceu o caso Francenildo, ele não era tão menos que agora. Como o ministro da Fazenda que contava com apoio unânime do empresariado e da mídia, e depois que vários de seus colegas tinham tombado vítimas do mensalão, achava-se que Lula dependia dele para sobreviver.
Pois bem, Palocci saiu, Lula ganhou a eleição e foi adiante para se confirmar como a maior liderança de nossa história (goste-se ou não dele).
Palocci pode estar vivendo, de novo, um inferno astral, mas isso não é fundamental. No médio e, especialmente, no longo prazo, sua permanência ou saída são secundárias. Como foram as de antecessores seus em governos passados.
Ministros são parecidos a outras pessoas insubstituíveis, das quais, como diz o ditado, os cemitérios estão cheios. 
As coisas que realmente importam são outras. Como o lançamento do programa Brasil Sem Miséria, que aconteceu enquanto olhávamos para a “crise”.

Se medirmos a centimetragem a ele dedicada pelos nossos maiores veículos ou o tempo nos telejornais de maior audiência, ficaríamos com a impressão que é um assunto quase insignificante. Pelo espaço e a atenção que recebeu, que o novo programa é apenas mais um na rotina da burocracia.
Na verdade, um pouco pior que isso. O tom da cobertura foi claramente negativo, com insinuações de que era uma manobra para desviar a atenção da opinião pública do que seria realmente importante, a “crise”.
Como se fosse sequer possível inventar um programa da complexidade do Brasil Sem Miséria na última hora. Como se não tivesse exigido meses de estudos e formulações preliminares. Como se seu lançamento não estivesse anunciado há muito tempo e não ocorresse no prazo estipulado antes da eclosão da “crise do Palocci”.
O programa passou a ser visto como uma pirotecnia algo ingênua. Foi reduzido a uma manobra, no fundo, inútil, pois incapaz de produzir suas “verdadeiras intenções”.
Tudo nele passou a ser enxergado a partir desse prisma. Até a cerimônia inicial. O número de convidados, a solenidade, os discursos, cada detalhe foi interpretado como parte de um “estratagema” diversionista.
O que pensavam? Que Dilma lançaria um programa desse porte às escondidas? Que ele não era suficientemente importante para justificar o evento?
É possível que nossa imprensa ache que faz “bom jornalismo” quando ignora, coloca sob suspeita ou trata como irrelevante um programa como o Brasil Sem Miséria. Que o certo é deixar tudo de lado e manter-se focada na “crise do Palocci”.
O curioso é que, ao comentá-lo, não se afirmou que era inviável, fantasioso ou irrelevante. Ninguém argumentou contra suas propostas concretas. Não foram questionadas suas metas ou estratégias.
Parece, portanto, que ela não discorda do programa. E não vê razões para duvidar que o governo tenha capacidade de executá-lo.
Apenas acha que é pouco importante, pelo menos em comparação com a “crise”. Será que é? Será que um programa destinado a solucionar, em quatro anos, o mais grave problema do Brasil pode mesmo ser considerado irrelevante? Para os 16 milhões de beneficiários, pode ser tudo, menos desimportante.
 Marcos Coimbra é sociólogo e presidente do Instituto Vox Populi

Redes Sociais

Os setes diferenciais do by You

1) Ambiente único com duas visões integradas e independentes: rede de relacionamento (pessoal) e rede de propósito (corporativo).
2) Identificação pessoal: certificação que cada indivíduo é o próprio indivíduo, rígido controle de entrada no perfil pessoal e controle de acesso sob medida no perfil corporativo.

3) Conexão soberana: O usuário é soberano na gestão de suas conexões.
4) Controle corporativo: As empresas são soberanas e independentes em suas redes de propósito com segurança, certificação e gestão dos papéis dos indivíduos. 
5) Informação pela relevância: Vetado patrocínio sob qualquer forma. 
6) Privacidade total: As informações do perfil pessoal e corporativo, navegação, compras e consultas pertencem ao indivíduo ou as empresas, não sendo objeto de comercialização em qualquer hipótese. 
7) Múltiplas certificações colaborativas: Um indivíduo pode ser certificado por mais de um certificador.

Oração

do
Rock

Ibaretama é Brasil


Encravada no sertão de Quixeramobim, a pequena Ibaretama assistiu na semana que passou à prisão por corrupção de 20 servidores públicos, nove deles vereadores – cinco da situação e quatro da oposição - que recebiam propinas mensais há dois anos.

O mensalinho do interior cearense nem chamaria atenção no país do mensalão não fosse o fato de o pagamento estar registrado em cartório, com assinatura e firma reconhecida.
Isso mesmo. A certeza da lei pró-Sarney, consagrada pelo ex-presidente Lula, de que há incomuns e menos iguais, e da consequente impunidade é tamanha que a gratificação informal foi lavrada em tabelião, com carimbo e ofício.
O caso só veio a público depois de um dos vereadores ser cassado e ver rompido o acordo para a eleição da presidência da Câmara local. Como tudo estava documentado, tudo era legal, alega o edil.
Quisera a mesma distância entre os registros legais e a lei que fez o Ministério Público do Ceará agir em Ibaretama prevalecesse em Brasília. Mas no Planalto os incomuns são ainda mais incomuns do que nos sertões.
A calma ensaiada, a informalidade medida, o semblante de injustiçado a clamar pela boa-fé dos brasileiros, exibidos na entrevista ao Jornal Nacional na última sexta-feira, podem até garantir alguma sobrevida ao ministro da Casa Civil Antonio Palocci. Mas o estrago já estava feito.
Se não mentiu, omitiu. Se omitiu, o fez em nome de algo ou alguém, ainda que dele próprio. E tardou, surrupiando de si mesmo qualquer chance de convencimento.
Pior do que prolongar a agonia do governo a que pertence, a não fornecer explicações para o seu súbito e avassalador enriquecimento, Palocci contribuiu para esgarçar, ainda mais, o fino tecido da moral que deveria nortear o comportamento de todos, quanto mais dos entes públicos.
Palocci não é o primeiro. A pendura do inexplicado se multiplicou exponencialmente nos últimos anos. Só perde mesmo para a conta da impunidade.
Nem propina filmada, como a de Waldemar dos Santos nos Correios, nem a declarada, como a confissão do ex-deputado Roberto Jefferson escancarando o esquema do mensalão, têm qualquer conseqüência. Sem contar as que o governo finge investigar, como as artimanhas da ex-ministra Erenice Guerra e, ao que tudo indica, as façanhas de Palocci.
Corrupção não é novidade. Vem de longa data. Mas ano a ano as práticas de malversação vão ganhando em requinte, velocidade e volume.
Ilícitos, bandidagem e exemplos de sucesso inexplicável continuam a vir de cima, avalizados por aqueles que deveriam combatê-los. E se proliferam Ibaretamas afora.

Mary Zaidan é jornalista, trabalhou nos jornais O Globo e O Estado de S. Paulo, em Brasília. Foi assessora de imprensa do governador Mario Covas em duas campanhas e ao longo de todo o seu período no Palácio dos Bandeirantes. Há cinco anos coordena o atendimento da área pública da agência 'Lu Fernandes Comunicação e Imprensa, @maryzaidan

Guernica

o horror da guerra em 3D

Navegadores

O Google informou que, a partir de 1º de agosto, não dará mais suporte para Internet Explorer 7, Firefox 3.5 e Safari 3, bem como versões anteriores desses aplicativos. 

Se você notar que Gmail, Google Docs, Calendar, Talk e Sites apresentam problemas, saiba que pode ser o navegador.

Capa de Livro

Caro autor, sou design capista, faço trabalhos para autores independentes. Trabalhando também com pequenas editoras.
Na livraria o que faz um leitor pegar um livro desconhecido é a capa, porque o conteúdo só vai se ver depois, no site então o visual conta muito mais. Faço capas tentando dizer o que você quer de sua obra, uma capa que faça você saber que era aquilo que queria e não simplesmente uma foto enfiada no meio e um rodapé sem expressão. Confira no www.designdoescritor.blogspot.com lá há alguns dos meus trabalhos. Caso queira uma capa ela será feita sobre a temática do seu livro, apelando naturalmente para um conceito visual arrojado e seu livro terá, digamos assim, a roupa que merece. Tudo com um preço para autores independentes, todo meu trabalho de diagramação, criação e arte-final sairá por 70,00  Reais. O que significa um preço muito abaixo da média mesmo. Confira no blog é importante para você escritor.
 ALEXANDRE BOURE - CAPISTA

por Luis Fernando Verissimo

Bananas

Li que a família de Jacobo Arbenz lançou uma campanha para recuperar o seu nome, na Guatemala. E nós com isso? Nada. Só que tive um assomo de nostalgia ao ler a notícia, por uma época em que a história era mais simples e seus vilões e vítimas mais facilmente identificáveis. Talvez só na Guerra Civil Espanhola se soubesse, com a mesma nitidez, qual era o lado “bom” de uma questão — antes, claro, de os nazistas surgirem como os bandidos indiscutíveis do século.

A Guatemala era o protótipo da “banana republic”. Sua dona era a americana United Fruit Company, que lá mantinha não só vastas plantações de bananas mas grandes extensões de terra ociosa, como investimento e como garantia para futuras expansões. 
O domínio da United Fruit sobre a política e a economia da Guatemala trazia escasso proveito social para o país. Jacobo Arbenz foi eleito livremente prometendo uma reforma agrária que fatalmente atingiria as propriedades americanas.
A United Fruit tinha notórias ligações políticas e um ativo lobby em Washington e não foi difícil, com a Guerra Fria esquentando, convencer o presidente Eisenhower de que Arbenz significava um regime comunista no quintal dos Estados Unidos.
A CIA foi autorizada a intervir e derrubou Arbenz com menos pudor do que mostraria em intervenções futuras, na mesma zona — como em El Salvador — e no resto da América Latina e do mundo. O golpe ficou como um exemplo clássico, sem disfarces e sofismas, do intervencionismo cru em ação. Os disfarces, os sofismas e a retórica geopolítica viriam depois. No caso da Guatemala era um povo contra a prepotência dos bananeiros. Simples.
Uma das consequências do golpe pró-United Fruit e da instalação de um regime apoiado pelos americanos foi uma sangrenta guerra civil que durou mais de 30 anos, com diversos grupos lançando-se na clandestinidade, milhares de mortos e atrocidades de lado a lado.
O fato de a família de Arbenz estar buscando sua reabilitação indica que na história oficial do país ele ficou como vilão, não como vítima. Já a United Fruit não teve nada a ver com a história. Aliás, nem existe mais. Seu simpático nome agora é “Chiquita Brands” e seu produto principal, a “Chiquita Banana”.

Eu não tenho tempo

 Sabe, meu filho, até hoje não tive tempo para brincar com você.
Arranjei tempo para tudo, menos para ver você crescer.
Nunca joguei dominó, dama, xadrez ou batalha naval com você.
Percebo que você me rodeia, mas sabe,  sou muito importante e não tenho tempo.
.
Sou importante para números, conversas sociais, uma série de compromissos inadiáveis...
E largar tudo isso para sentar no chão com você...
Não, não tenho tempo!
Um dia você veio com um caderno da escola para o meu lado.
Não liguei, continuei lendo o jornal.
Afinal, os problemas internacionais são mais sérios que os da minha casa.
.
Nunca vi seu boletim nem sei quem é a sua professora.
Não sei nem qual foi sua primeira palavra; também, você entende...
Não tenho tempo...
De que adianta saber as mínimas coisas de você
se eu tenho outras grandes coisas a saber?
Puxa, como você cresceu!
Você já passou da minha cintura, está alto!
Eu não havia reparado nisso.
.
Aliás, não reparo em quase nada, minha vida é correr.
E quando tenho tempo, prefiro usá-lo lá fora.
E se o uso aqui, perco-me diante da TV.  
A TV é importante e me informa muito...
Sei que você se queixa, que você sente falta de uma palavra,
de uma pergunta minha, de um corre-corre, de um chute na bola.
Mas eu não tenho tempo...
.
Sei que você sente falta do abraço e do riso,
de andar a pé até a padaria, para comprar guaraná.
De andar a pé até o jornaleiro para comprar "Pato Donald".
Mas, sabe, há quanto tempo não ando a pé na rua?
Não tenho tempo...
.
Mas você entende, sou um homem importante.
Tenho que dar atenção a muita gente.
Dependo delas... Filho, você não entende de comércio!
Na realidade, sou um homem sem tempo!
Sei que você fica chateado, porque as poucas vezes que falamos
é monólogo, só eu falo.
E noventa por cento é bronca: quero silêncio, quero sossego!
E você tem a péssima mania de vir correndo sobre a gente.
Você tem mania de querer pular nos braços dos outros...
Filho, não tenho tempo para abraçá-lo.
.
Não tenho tempo para ficar com papo-furado com criança.
Filho, o que você entende de computador,
comunicação, cibernética, racionalismo?
Você sabe quem é Marcuse, Mc Luhan?
Como é que vou parar para conversar com você?
Sabe, filho, não tenho tempo, mas o pior de tudo,
o pior de tudo é que... 

Se você morresse agora, já, neste momento,
eu ficaria com um peso na consciência, porque,
até hoje, não arrumei tempo para brincar com você.
     E, na outra vida, por certo, Deus não TERÁ TEMPO de me deixar, pelo menos, vê-lo!
"Neimar de Barros"

por Carlos Chagas


Carlos ChagasREDUNDÂNCIAS EXTEMPORÂNEAS

Não se dirá que a crise envolvendo Antônio Palocci teve causas administrativas, pois foram apenas patrimoniais, mas poderia muito bem ter sido. Porque desde o governo Fernando Collor, com  Itamar Franco de fora, que tem gente demais no terceiro andar do palácio do Planalto. Assessores e ministros fazendo a mesma coisa, batendo cabeça e cultivando superposições de tarefas. Por que, por exemplo, a presidente Dilma Rousseff dispõe de Casa Civil e Secretaria Geral, dois órgãos cujas atribuições se entrelaçam, muitas vezes conflitam-se, tornando seus titulares até adversários?

Não adianta dizer que em todos os governos os dois ministros são amigos, dão-se muito bem, as famílias se freqüentam e vivem aos abraços, porque a vida não é assim. Um fica de olho no trabalho do outro. Investigam as atenções que o presidente dedica mais a este do que àquele. Preocupam-se com a repercussão de suas iniciativas nos meios de comunicação. Até o lugar nas fotografias, à direita ou à esquerda do chefe, é motivo para disputas.  A redundância de ações complica mais do que resolve.

Tudo começou no governo Collor. Para acomodar o cunhado diplomata, o jovem presidente criou a Secretaria Geral, paralela à Casa Civil. Itamar desprezou a divisão. Fernando Henrique inventou a Secretaria Particular, que era muito mais pública, depois outra vez  denominada de Secretaria Geral. O  Lula manteve a dualidade, com José Dirceu e  Dilma Rousseff na metade maior e Luis Dulci na menor,  apenas  por questão de personalidades distintas. A sucessora conservou a fórmula, ainda que a indicação tanto para a Casa Civil quanto para a Secretaria Geral partisse do antecessor: Antônio Palocci numa, Gilberto Carvalho na outra, designados pelo primeiro-companheiro.

Ganha uma viagem a Bangladesh, só de ida,  quem descobrir quem faz o quê, acima e além do organograma burocrático indicando coordenação administrativa para um e contato com entidades sociais, para outro. Na verdade, todos os dias, ambos sentam-se ao lado de Dilma,  para análise da conjuntura e dos problemas do dia. Atropelam-se quando alguma iniciativa incomum precisa ser adotada.

Na hipótese da defenestração de Palocci, seria o caso de a presidente resolver a questão. Reunir as duas estruturas numa só, tanto faz se for com Gilberto Carvalho, Fernando Pimentel, Paulo Bernardo ou outro. Seria bom que o escolhido fosse buscar experiências com Ronaldo Costa Couto, o último chefe da Casa Civil, no governo José Sarney, a não dividir e a centralizar as funções de primeiro-ministro ad hoc. Esfalfava-se, perdia horas de sono, mas controlava o governo, uma espécie de peneira que preservava o presidente. Sua receita era uma só: cercar-se de bons auxiliares, delegar competências mas exercer na plenitude suas funções de chefe da casa do  presidente da República.

O caso Palocci

O governo ainda não entendeu que a oposição ainda não morreu de inanição porque os próprios companheiros encastelados no poder se encarregam de mantê-la viva, alimentando-a com a imensa cópia de atos de improbidade e de leniência diante da corrupção. Tudo isso agravado com a garantia da impunidade, hoje praticamente um direito constitucional. É que a "cidadã" quase proíbe a apuração de denúncias contra gente de dentro do poder. Vejamos o caso Palocci. O chefe da Casa Civil construiu ao longo dos anos uma imagem de homem sério, ponderado, honesto e, sobretudo, competente. Nem o ridículo episódio da quebra de sigilo do caseiro conseguiu sujar esse retrato. De repente, tornado novamente em vidraça, começa a receber pedradas de todos os lados, boa parte vinda dos próprios companheiros, que atiram da moita. O fogo amigo. De repente é acusado de enriquecimento ilícito, por sinal um crime que aqui no Brasil engrandece o autor. A oposição, que não pode se opor ao governo que é uma cópia deturpada dos que ela comandou, tira proveito das denúncias, e vai se alimentar delas até que o próximo escândalo apareça. Para o governo e para Palocci tudo seria muito simples se não houvesse tanta incompetência política no meio da companheirada. Bastava a presidente Dilma seguir o exemplo de Itamar Franco. Quando presidente, o hoje senador por Minas, viu o seu chefe da Casa Civil, Henrique Hargreaves, acusado de envolvimento em atos de corrupção. Não hesitou. Afastou o auxiliar, por sinal quase um filho para ele, e mandou apurar as denúncias. Hargreaves defendeu-se, apresentou provas e foi inocentado. Voltou então ao cargo, com a ficha limpa exposta ao país. O que custa a dona Dilma mandar fazer a mesma coisa? E ao dr. Palocci contar onde e como arranjou esse dinheiro todo? Bastava isso. É só provar que se trata de um caso raro de enriquecimento lícito. Acaba toda a confusão e a oposição bota a viola no saco. A questão é que o PT é viciado na blindagem dos amigos. E logo armou um esquema poderoso para blindar o chefe da Casa Civil. No Congresso, onde o Executivo manda, não passa nada e já frustraram as tentativas de uma CPI. Os órgãos de segurança e a Polícia Federal não viram nada a ser investigado. Só o correto Procurador Geral da República pediu explicações ao ministro. Tudo vai terminar nada, como soe ocorrer por aqui. E como nunca na história deste país, as portas da corrupção e da impunidade continuam escancaradas.

Tempo para sentir um amigo

Caro Laelso,

"para chamar alguém de amigo, é preciso ter comido um saco de sal na companhia dele..." porque demanda tempo. É preciso de tempo para conhecer a sinceridade, o caráter e descobrir sua bondade e desprendimento. Esta crônica, meu amigo, eu dedico às quase 350 crianças do seu Núcleo Monteiro Lobato, da sua Sorocaba, cidade exemplo para o resto do Brasil. Até parece que o conheço de há muito, muito além do tempo que se leva para comer um saco de sal. Você não precisa dos elogios oportunos ou do puxassaquismo dos interesseiros de plantão. Seus quase oitenta anos bem vividos o autorizam a dizer que sua missão está cumprida. Que nada, Laelso! Todo dia você marca um novo encontro para uma nova missão. Os "29 de Dubai"são unânimes quando lhe apontam como exemplo e seus amigos mais chegados o veem como uma lição viva, cheia das cores de uma vida de realizações e páginas que nunca desbotam. Na realidade, esta crônica é para aquelas crianças que você reuniu para nos receber, cantar para nós e, ao final da visita, nos ofereceram seus desenhos que mais parecem esboços dos homens de bem que serão daqui a pouco, quando saírem para enfrentar os desafios e ajudar a mudar o Brasil que fica do lado de fora da sua cidade bonita. Aquelas crianças não se deram conta, mas enquanto cantavam para nós todos, dando-nos boas - vindas, me transportaram de volta para meu passado cheio de carências e de falta de oportunidades e me fizeram deixar cair discretamente sadias lágrimas de felicidade por verem-nas bem encaminhadas e com seus corações puros a cantar canções da nossa "América Brasil". Foi preciso ir a Dubai, Índia, e depois a Sorocaba para ter certeza de que, mesmo com a minha idade, ainda é possível encontrar exemplos nos quais me inspirar para coisas melhores pelos meus semelhantes. Muitos de nós são felizes e não sabem, não se dão conta ou só contam dinheiro, sem cuidar de outros valores ou que vivem a trocar a paz de espírito e a calma de seus corações pelas preocupações estafantes e estressantes de disputas por coisa nenhuma ou pelo pouco mais ou nada. Suas 350 crianças, ali, diante de todos nós, visitantes, sensibilizados e emocionados, eram o Brasil com o qual todos os homens de bem sonham ou deveriam sonhar. Suas crianças deveriam cantar para os oportunos de Brasília, para os desonestos que envergonham o nosso país. Cantar para eles uma canção de ninar ou aquela em que imitaram passarinhos, para tentar tocar seus corações de pedra, suas almas sem valor, seus espíritos de porco. Senti vontade de pedir a palavra para dizer: "Crianças, não são vocês que precisam confiar em nós. Nós é que devemos depositar as nossas derradeiras confianças em vocês, porque nos olhos de cada um eu senti o resto de esperança no futuro dessa imensa nação..." Quando aquelas lágrimas quase me traíram pelo soluço que contive, Laelso, havia uma felicidade enorme e uma sensação de plenitude por haver encontrado um homem capaz de continuar sonhando com o futuro de tantas crianças, assim, como se fossem seus filhos. Aos seus 350 filhos, ao seu trabalho, ao seu desprendimento, aos seus sonhos a minha homenagem desde a minha Fortaleza, que também tem a dita de encontrar algumas pessoas igualmente capazes de pensar no futuro de crianças como as suas. Não comemos um saco de sal juntos, meu bom Laelso, mas sinto uma sensação forte de que já nos conhecíamos há séculos.

A. Capibaribe Neto

Uma produção da Globo que a própria Globo censurou

Desde a montagem do debate com Fernando Collor de Melo até a bolinha de papel do José Serra, quando pagou alto cachê pelo descrédito moral e profissional do até então mais afamado perito do Brasil, as organizações Globo sempre investiram na derrocada de Luíz Inácio Lula da Silva. Mas, apesar das omissões, especulações e ilações que seu diretor, Ali Kamel, os fatos se sucederam e a TV Globo não teve como não noticiá-los. 
Por Raul Longo, no blog Redecastorphoto 
Por fim, apesar de exposta pelas palavras do próprio diretor, ao montar uma retrospectiva do governo Lula no início de janeiro 2011 a emissora percebeu que teria de selecionar de seus arquivos o que realmente aconteceu, o que foi efetivo.
Não há como fazer uma retrospectiva de inverdades e não deu para incluir as inúmeras tentativas de criar notícias do que não houve, do que nunca se comprovou, do injustificável ou o que somente se justificou por preconceitos ou falta de escrúpulos, abuso do poder de formação de opinião pública como meio de ludibriar a população explorando a ignorância e os mais mesquinhos sentimentos humanos.
Para realizar uma retrospectiva do que foram os 8 anos de governo Lula com trechos de suas próprias reportagens ao longo desse período, a Globo se viu forçada a realizar o que espectador da emissora só poderá assistir nos links abaixo, porque a Rede Globo censurou a si mesma.
Ironiza-se a expressão muito aplicada ao governo Lula: “Nunca antes nesse país...”, e lançada por Antonio Carlos Magalhães que, vingando-se de inúmeras acusações que o atingiam e iam desde responsabilidade pelo suicídio da própria filha, passando por chantagens sexuais, chegaram a violação do painel de votações do Congresso; acusou o Presidente Lula de liderar um esquema de corrupção que “nunca antes existiu nesse país”.
Realmente, durante o governo Lula aconteceram diversos fatos – positivos e negativos - que nunca antes haviam acontecido nesse país.
Se antes nunca tivemos um presidente considerado Estadista Global, conforme o título conferido à Lula pelo Conselho Mundial de Davos, tampouco nunca tivemos um Presidente ameaçado de tapas em pleno plenário do Congresso por um quase garoto como o sócio e responsável pelas transmissões da Rede Globo no estado na Bahia, neto de ACM.
E mesmo depois de findo o mandato do Presidente Lula, o que se vê aí nos links abaixo também nunca se viu antes nesse país: um programa de TV censurado pela própria emissora de TV que o produziu.
Mais um motivo para se assistir e refletir sobre as tantas coisas que nunca antes nesse país...!
Re: Fora de Pauta

Crônica

Quando urubu está de azar...
Faz umas poucas semanas, ao receber do porteiro do prédio a correspondência chegada aquele dia, dei com um envelope da Prefeitura Municipal do Rio de Janeiro, e gelei. Gelei pressentindo alguma aporrinhação, porque, como se sabe, gato escaldado tem medo de água fria.

Nunca recebi qualquer correspondência vinda do governo - seja federal, estadual ou municipal - que me trouxesse uma boa notícia. O governo, quando me envia alguma mensagem, é para me intimar a prestar esclarecimento sobre a declaração do imposto de renda e coisas semelhantes. Nunca me manda cumprimentos pelos tantos anos em que estou no batente nem agradecendo a quantidade de impostos que recolho anualmente. Para me devolver o que foi cobrado a mais, isso nunca! Pelo contrário, por mais que pague, estou sempre devendo.

O governo - que teoricamente existe para me proteger e amparar - é de fato meu inimigo público número um.

E assim foi que, grilado de antemão, abri o envelope. Não deu outra: era o Departamento de Transportes da Prefeitura do Rio de Janeiro comunicando-me que eu tinha sido multado por dirigir falando ao celular. Sucede que eu não tenho celular, nunca tive e jamais terei.

E mais: quase nunca falo ao celular e jamais o fiz dentro do carro, ainda que estacionado. Falo ao telefone o menos que posso. Donde saiu então essa imputação absurda?

Não faço a menor ideia. E ela não é absurda apenas porque não uso esse tipo de telefone: mesmo que o usasse, o guarda de trânsito não me poderia ver porque os vidros do carro não o permitiriam, são escuros, protegidos com insufilme. Desconfio que esse guardinha amigo estava maconhado.

O certo, porém, é que, maconhado ou não, estava a serviço de uma espécie de azar que, nesse particular, me persegue. Não foi esta a primeira vez que a maconha ou o acaso me escolhem para vítima. Talvez o leitor já tenha ouvido falar que, durante a ditadura, fui para o exílio. Pois é, fui acusado de ações subversivas contra o regime militar. Pois bem, não digo que essa acusação fosse falsa, e tanto não era que decidi cair fora antes que o DOI-Codi me pegasse.

Não vou contar aqui o que passei, mudando de país conforme as circunstâncias e as ameaças. Em resumo, comi o pão que o Diabo amassou, mas, um dia, consegui voltar para casa. Passei por alguns percalços ao regressar, mas pouco depois estava com minha família e, no Luna Bar, com meus amigos. Fui então aconselhado, por um advogado amigo, a solicitar ao Superior Tribunal Militar, cópia da decisão me havia absolvido e levei um susto: o cara, que os milicos procuravam e contra o qual iniciaram aquele processo por subversão era José de Ribamar como eu, mas não era eu. Ou seja, o José de Ribamar que pagou o pato fui eu, mas o absolvido foi outro.

Por isso rezo todos os dias para que os militares não voltem ao poder, pois do contrário vou ter que me mandar de novo não sei para onde. Bem, isso é pouco provável que aconteça, mas, em compensação, sempre haverá um guarda de trânsito para me acusar do que não fiz.

Foi assim que, como disse no início da crônica, abri a carta do Departamento de Transportes da Prefeitura, que me acusava de dirigir meu carro falando ao celular. Minha primeira reação foi de espanto e revolta, mas verifiquei que, junto com a acusação, havia informações do que deveria eu fazer, caso decidisse recorrer da multa que me havia sido imposta.

Aquilo me deixou mais revoltado ainda: para escapar da acusação infundada, terei eu que entrar com dois processos no tal famigerado Departamento de Transportes e tentar provar que sou inocente.

Provar inocência?! Mal consigo acreditar. Alguém precisa dizer a esse pessoal uma coisa que todo mundo sabe, isto é, que o ônus da prova cabe a quem acusa e não a quem é acusado. Não é esse o argumento que estão usando para dispensar o Palocci de explicar donde veio sua súbita fortuna? Quer dizer que o que vale para gente do governo não vale para nós? A nossa Constituição diz que todo cidadão é inocente até que sua culpa seja comprovada. Não obstante, parece que, para o Departamento de Transporte da Prefeitura do Rio de Janeiro, a Constituição não vale: é o acusado que deve provar sua inocência.

Diante disso, o que faço? Me exilo de novo?
Ferreira Gullar

Mensagem do dia

O mal quer que o bem seja feito


Conta o poeta persa Rumi que Mo´avia, o primeiro califa da linhagem de Ommiad, que estava um dia dormindo em seu palácio, quando foi despertado um estranho homem.

- Quem é você? - perguntou.

- Sou Lúcifer - foi a resposta.

- E o que deseja aqui?

- Já está na hora de sua prece, e você continua dormindo.

Mo´avia ficou impressionado. Como é que o príncipe das trevas, aquele que deseja sempre a alma dos homens de pouca fé, estava procurando ajudá-lo a cumprir um dever religioso?

Mas Lúcifer explicou:

- Lembre-se que eu fui criado como um anjo de luz. Apesar de tudo que aconteceu na minha existência, não posso esquecer minha origem. Um homem pode viajar para Roma ou Jerusalém, mas sempre carrega em seu coração os valores de sua pátria: o mesmo acontece comigo. Ainda amo o Criador, que me alimentou quando era jovem, e me ensinou a fazer o bem. Quando me revoltei contra Ele, não foi porque não o amasse - muito pelo contrário, eu o amava tanto que tive ciúme quando criou Adão. Naquele momento, eu quis desafiar o Senhor, e isso me arruinou; mesmo assim, ainda me lembro das bênçãos que me foram dadas um dia, e talvez agindo bem eu possa retornar ao Paraíso.

Mo´avia respondeu:

- Não posso acreditar no que me diz. Você foi responsável pela destruição de muita gente na face da terra.

- Pois acredite - insistiu Lúcifer. - Só Deus pode construir e destruir, porque é Todo-Poderoso. Foi Ele, ao criar o homem, que colocou nos atributos da vida o desejo, a vingança, a compaixão e o medo. Portanto, quando olhar o mal à sua volta, não me culpe, porque eu sou apenas o espelho daquilo que acontece de ruim.

Sabendo que alguma coisa estava errada, Mo´avia começou a rezar desesperadamente para que Deus o iluminasse. Passou a noite inteira conversando e discutindo com Lúcifer, e apesar dos argumentos brilhantes que ouvia, não se deixava convencer.

Quando o dia já estava amanhecendo, Lúcifer finalmente cedeu, explicando:

- Está bem, você tem razão. Quando esta tarde cheguei para despertá-lo de modo a não perder a hora da prece, minha intenção não era aproximá-lo da Luz Divina.

"Eu sabia que, deixando de cumprir sua obrigação, você sentiria uma profunda tristeza, e durante os próximos dias iria rezar com o dobro de fé, pedindo perdão por ter esquecido o ritual correto. Aos olhos de Deus, cada uma destas rezas feitas com amor e arrependimento, valeriam o equivalente a duzentas orações feitas de maneira automática e ordinária. Você terminaria mais purificado e inspirado, Deus o amaria mais, e eu estaria mais longe de sua alma".

Lúcifer desapareceu, e um anjo de luz entrou logo em seguida:

- Nunca se esqueça da lição de hoje - disse para Mo´avia. - Às vezes o mal se disfarça em emissário do bem, mas sua intenção escondida é provocar mais destruição.

Naquele dia, e nos dias seguintes, Mo´avia orou com arrependimento, compaixão e fé. Suas preces foram ouvidas mil vezes por Deus.


espalhada por Paulo Coelho