O governo ainda não entendeu que a oposição ainda não morreu de inanição porque os próprios companheiros encastelados no poder se encarregam de mantê-la viva, alimentando-a com a imensa cópia de atos de improbidade e de leniência diante da corrupção. Tudo isso agravado com a garantia da impunidade, hoje praticamente um direito constitucional. É que a "cidadã" quase proíbe a apuração de denúncias contra gente de dentro do poder. Vejamos o caso Palocci. O chefe da Casa Civil construiu ao longo dos anos uma imagem de homem sério, ponderado, honesto e, sobretudo, competente. Nem o ridículo episódio da quebra de sigilo do caseiro conseguiu sujar esse retrato. De repente, tornado novamente em vidraça, começa a receber pedradas de todos os lados, boa parte vinda dos próprios companheiros, que atiram da moita. O fogo amigo. De repente é acusado de enriquecimento ilícito, por sinal um crime que aqui no Brasil engrandece o autor. A oposição, que não pode se opor ao governo que é uma cópia deturpada dos que ela comandou, tira proveito das denúncias, e vai se alimentar delas até que o próximo escândalo apareça. Para o governo e para Palocci tudo seria muito simples se não houvesse tanta incompetência política no meio da companheirada. Bastava a presidente Dilma seguir o exemplo de Itamar Franco. Quando presidente, o hoje senador por Minas, viu o seu chefe da Casa Civil, Henrique Hargreaves, acusado de envolvimento em atos de corrupção. Não hesitou. Afastou o auxiliar, por sinal quase um filho para ele, e mandou apurar as denúncias. Hargreaves defendeu-se, apresentou provas e foi inocentado. Voltou então ao cargo, com a ficha limpa exposta ao país. O que custa a dona Dilma mandar fazer a mesma coisa? E ao dr. Palocci contar onde e como arranjou esse dinheiro todo? Bastava isso. É só provar que se trata de um caso raro de enriquecimento lícito. Acaba toda a confusão e a oposição bota a viola no saco. A questão é que o PT é viciado na blindagem dos amigos. E logo armou um esquema poderoso para blindar o chefe da Casa Civil. No Congresso, onde o Executivo manda, não passa nada e já frustraram as tentativas de uma CPI. Os órgãos de segurança e a Polícia Federal não viram nada a ser investigado. Só o correto Procurador Geral da República pediu explicações ao ministro. Tudo vai terminar nada, como soe ocorrer por aqui. E como nunca na história deste país, as portas da corrupção e da impunidade continuam escancaradas.
Rangel Cavalcanterangelcavalcante@uol.com.br
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