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Paratualizando Paulo Freire


É ingenuidade demais imaginar que as classes dominantes desenvolvam uma forma de Educação que permita as classes dominadas perceberem as desigualdades sociais de forma crítica.

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Pedagogia do oprimido


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"Os oprimidos, contudo, acomodados e adaptados, “imersos” na própria engrenagem da estrutura dominadora, temem a liberdade, enquanto não se sentem capazes de correr o risco de assumi-la. E a temem, também, na medida em que lutar por ela significa uma ameaça, não só aos que a usam para oprimir, como seus “proprietários” exclusivos, mas aos companheiros oprimidos, que se assustam com maiores repressões."
by Paulo Freire

PAULO FREIRE E A QUESTÃO DO DIALOGO PAULO FREIRE E A QUESTÃO DO DIALOGO PAULO FREIRE E A QUESTÃO DO DIALOGO

Os períodos antecedentes ao método e a visão Freireiana, são de repressão, pois é a herança do período da educação Jesuítica, que formou o nosso processo educativo, onde o professor impunha e o aluno seguia as normas, sendo apenas receptor. Um período onde não havia dialogo, liberdade de decisão, opiniões e idéias defendidas pelos alunos, o conhecimento é caracterizado inato, só alguns o possuíam e tinham a condição de absorvê-lo. Portanto a tendência tradicional era repressora causando uma educação que era influenciada e não influenciadora; produzindo critica e não criticidade. Neste caos educacional, surge Paulo Freire, com uma proposta de uma “educação libertadora”, para causar um novo enfoque a valorização da criticidade, como elemento produtor de uma “consciência critica” e esta ação causadora de uma liberdade temida pelo sistema. Pois, para este autor “Não poderá a consciência critica conduzir a desordem?”                                                                           (Freire, 1984, p.11) 
                         
O sistema tem temor pela manifestação consciente, da sua participação e valorização, o questionamento é produtor de confrontos, onde os dominantes nem sempre estão prontos para a refutação as suas defesas; surgindo assim as represálias aos que conhecem e que inculca na massa o conhecimento. As descobertas produzidas pelo conhecimento podem trazer certos conflitos existenciais, mas é preciso, pois abri uma nova oportunidade, a de vir a existir ocupando um espaço. A conscientização mesmo evidenciando uma conquista de um espaço, causa uma ameaça ao sistema, portanto muitos ao conquistá-la, preferem não torná-la perceptível, não lutando por sua emancipação, mas sujeitando-se ao silencio, para o direito às vezes ate a própria vida.   É preciso enxergar a liberdade, como uma conquista possível de todos os proletários, pois todos têm o direito ao senso critico; quebrando assim os paradiguimas dos princípios das classes dominantes. Vindo a incorporar o radicalismo, pois a radicalização é construtora de ideologias, que no divergir com a ortodoxia do sistema, visualiza um novo circulo de vida para a classe dominada, a de defesa e lutas pelos seus ideais. Sair de um sectarismo é um impasse muitas vezes para quem se apóia em uma segurança aparente, o revolucionário é um sonhador? Não, mas sim alguém que defende os direitos de manifestação verbal, como uma oportunidade para se construir o progresso de uma sociedade. Paulo Freire (1984, p.16) nos alerta para que "Só o poder que nasça da debilidade dos oprimidos será suficientemente forte para libertar a ambos”.


Os considerados fracos ou insuficientes podem fortalecer-se apartir de uma consciência das possibilidades que pode produzir o conhecimento e as descobertas das realidades que lhe são excluídas, pelo sectarismo. A manifestação de uma classe conhecedora de seus direitos é temida, por isso que o conhecimento é reprimido pelos que tem o domínio e costumam monopolizar a sociedade. O educador assim não deve impor, mas sim compor e construir ideais em uma classe, não limitar a esfera do saber, mas apresentar elementos que produzam um aperfeiçoamento, uma nova concepção de visibilidade, a de uma proposta emancipadora, pois que desenvolve sua intelectualidade se emancipa, surgindo assim um novo Ser, um humano que argumenta, por que sabe questionar, possuidor de convicções. Deste modo, a “liberdade, que é uma conquista, e não uma doação exige uma permanente busca. Busca permanente que só existe no ato responsável de quem a faz”. 
(Freire, 1984, p.17)


No ato da busca, a dialética surge como fator preponderante, pois é conciliadora e interativa. Um Ser precisa interagir com outro, para que ocorra uma troca de idéias, propostas, sugestões e por fim uma educação construída com o ambiente em que se convive, onde no relacionamento os homens desenvolvem seus pensamentos, produzindo uma ideologia consistente, porque é fruto de um consenso e não de uma opinião e conclusão única. No dialogo as duvidas são extraídas, e o conhecimento é construído, é preciso interagir na dimensão da busca do saber. Quando a repressão não existe dialogo, pois se tem medo de manifestar as idéias expondo o que pensa e sabe, mas para a educação libertar, é preciso se comunicar, trocar informações, debater e confrontar, construindo uma idéia e desenvolvendo uma abordagem, fruto de um questionamento para se chegar a um consenso. É preciso praticar a solidariedade, pois a educação é solidaria, quem possui o conhecimento necessita compartilhar, e neste ato esta construindo o conhecimento, ninguém aprende sozinho, na visão de Freire o conhecimento não é inato, mas sim desenvolvido no contato com o ambiente físico e social em que se vive. A sociedade não é formada de um só enfoque, proposta e idéia; mas é preciso compartilhar as idéias, para que o que se propõe seja coerente saindo da subjetividade para uma objetividade que é progressista. A educação é fruto do meio, portanto o ambiente precisa ser produtivo para que na conciliação de idéias sejam construídos os ideais de uma sociedade, que necessita de uma educação que envolva as classes sem distinção, para que ocorra uma troca de saberes.


Nenhuma pedagogia ira produzir liberdade se estiver excluída das classes populares, as praticas culturais das classes reprimidas precisam ser estudadas, é preciso se interagir, esta é a proposta da dialética. O dialogo é libertador, construtivista e interacionista, três dimensões primordiais para uma educação eficiente e futurista. O dialogo porque produz a troca e conciliação, constrói uma nova consciência social, nesta conscientização surge à liberdade e a redenção dos que se encontram reprimidos pela opressão do sistema que é exclusivista. Assim, o autor realça que                                       “... Somente os oprimidos, libertando-se, podem libertar os opressores. Estes enquanto classe que oprime, nem libertam, nem se libertam.” (Freire, 1984, pg.23)
Danilo Sergio Pallar Lemos.
wwwsabereducar.blogspot.com

Educação

[...] o único caminho

Diferente da austeridade imposta pela educação de séculos atrás, quando o rigor da disciplina – muitas vezes com severos castigos corporais – era o que imperava na condução do ensino, pensar hoje a educação é uma tarefa que precisa ser feita com sensibilidade, razão, forte sentido humanista e, acima de tudo, vontade política. 

A educação ultrapassa os limites dos abnegados professores batalhando na sala de aula, e vai para muito além dos limites físicos de nossas escolas. Essa palavrinha mágica abre portas, desenha o destino e tange no horizonte o futuro num sopro de anseio e vontade. A educação é emancipação social, econômica, política e ideológica. A educação é o princípio da cidadania e a consolidação dos povos como nações.

Não por acaso, a educação é a área da administração pública que, por lei, deve receber o maior investimento dos governos em seus orçamentos. Desde a formação do movimento sindical, em 1979, e mais à frente com a redemocratização do País, na década de 1980, a educação avançou em determinados pontos e ficou engessada em outros, num contexto complexo e desafiador. Os professores passaram a propor, com mais audácia, novos caminhos para a educação, adequando-a, cada um ao seu modo de pensar, a modelos que o sistema público não conseguiu absorver.

A começar pela estrutura física das escolas, que é a mesma desde quando fui aluno no saudoso Lyceu de Goiânia. Apenas recentemente ouvimos falar em Escola em Tempo Integral, algo que já existe há anos na Europa. A distância da política nas escolas, sempre trancada nos gabinetes, também é fator preocupante de comprometimento do setor público com essa importante área que já foi, em parte, tomada pela iniciativa privada.

Os problemas da educação começam no ensino básico. Essa fase essencial em nossas vidas, onde estão as raízes do  interesse humano  pelo conhecimento e da nossa própria personalidade, continua “enciclopédica”, tradicional e voltada para métodos antiquados, dissociados da realidade e dos tempos difíceis e desafiadores em que vivemos. Um ensino ainda dentro de padrões arcaicos de educação, onde os alunos não veem aplicabilidade naquilo que lhes é ensinado, aprendendo coisas que de nada lhes servirão na vida prática durante os cursos primário e secundário, gerando reflexos negativos quando chegam na universidade, sem uma base mais sólida e consistente.

Infelizmente, o Brasil apresenta outra deficiência crônica quanto ao ensino público superior. Deficiência que começou ainda no Brasil Colônia e se arrastou até os dias de hoje, tornando-se agora num nó que precisa ser desatado por uma profunda reforma universitária. Por falta de planejamento e visão de futuro, o País não teve como absorver a quantidade de alunos que estava saindo do ensino médio e ingressando no curso superior. Não existiam vagas para todos, e o País começou a apresentar impressionante demanda reprimida. O crescimento dessa demanda pode ser atribuído a dois fatores: o próprio aumento vegetativo da população e a necessidade cada dia mais frequente de profissionais e mão-de-obra qualificada. 

Não existia por parte da iniciativa privada  interesse maior em realizar investimentos de porte nessa área. As exigências do MEC eram muitas, dificultando a possibilidade de grupos educacionais investirem no setor. Para se constituir uma faculdade, eram necessários laboratórios específicos, nem todos os cursos eram liberados, e, os que eram, sofriam limitação no número de vagas a serem oferecidas. Resultado: o interesse em se investir na educação superior era quase nulo. 

Em 1987, o Ministério da Educação ampliou a facilidade de abertura das instituições particulares de ensino superior, diminuindo exigências e possibilitando o aumento do número de pessoas que ingressaram nas universidades. Só para se ter uma ideia, depois dessa medida o número de faculdades particulares aumentou mais de 300%, de 1987 a 1996, possibilitando que mais e mais estudantes brasileiros pudessem se formar, trabalhando de dia, estudando à noite e ampliando os seus horizontes de vida.

Se por um lado essa medida permitiu o aumento no número de trabalhadores com curso superior no País, também é verdade que a proliferação sem limites de faculdades particulares, com cursos (não todos) abaixo do padrão de qualidade, colocou no mercado uma pequena parcela de diplomados sem maior qualificação. Mas nem isso diminuiu o progresso alcançado e os milhares de excelentes profissionais que saem a cada ano dos bancos das universidades públicas ou particulares.

Há uma peça fundamental nessa engrenagem abençoada da educação, desde o jardim da infância até a pós-graduação nas universidades: o professor, esse missionário tantas vezes incompreendido, mal pago, enfrentando dificuldades de toda ordem, mas dando conta do seu recado! Os mestres desse Brasil gigantesco, seja a professorinha em começo de carreira lá nas margens do Araguaia, seja o consagrado catedrático das melhores universidades de nível internacional, são patrimônio inestimável, intocável e indispensável do povo brasileiro. Nem os pisos salariais baixíssimos, nem as escolas em petição de miséria, nem a falta de giz, nem os quilômetros de estradas de terra, com lama ou poeira, são empecilhos para que esses brasileiros da melhor qualidade forjem as gerações do futuro. Benditos os professores!

Otimista, percebo algumas mudanças na educação tanto em Goiás quanto no Brasil. As transformações apresentadas pelo Exame Nacional do Ensino Médio, por exemplo, dão um primeiro e importante passo para uma nova filosofia da educação, com reflexos positivos ao ensino superior. Primeiro, por tirar o aluno do vício enciclopédico, com aplicação das provas “em cima” de áreas do conhecimento, exigindo habilidades e competência do estudante. Aí está sendo edificada uma sólida base para o futuro de nossos estudantes que é, também, o futuro do próprio País.

A eleição direta para diretores das escolas públicas, outra conquista do movimento sindical e da comunidade escolar, é mais um avanço na educação.  Da mesma forma, a eleição direta dos reitores modernizou a vida universitária, democratizando-a e oxigenando-a.



O processo democrático é um momento importante, único e transparente, onde os pais discutem lá dentro da escola – no que chamamos de gestão participativa – qual o modelo de ensino que querem para os seus filhos, concretizando mais ainda o exercício da cidadania e a sedimentação de um modelo democrático e eficiente de se educar para a vida e o futuro. Sem envolver a sociedade nos assuntos ligados ao meio escolar, as decisões eram tomadas “de cima para baixo”, estabelecidas conforme as conveniências políticas dos governantes, prejudicando seriamente a qualidade do ensino ministrado aos educandos e o ânimo dos educadores. 


Da mesma forma, o programa de Educação de Jovens e Adultos, o EJA, fez com que o número de analfabetos caísse. Quantos pais e mães de famílias, muitos com filhos inclusive formados, redescobrem o mundo através do alfabeto! Algo que antes não fazia muita falta – após anos de costume –, hoje se torna indispensável, valoroso, formidável, bonito e mágico. Lembro-me do poeta Thiago de Mello ao dizer da alegria nos olhos de quem aprendeu a ler.   

O Brasil está seguindo rumo ao seu destino de grandeza. Nossas riquezas naturais, a beleza de nossa terra, a grandeza de nosso povo, a história feita a golpes de bravura e patriotismo, nada disso valeu ou valerá se não investirmos até o último centavo numa educação sólida, com o professor valorizado e o estudante bem preparado.  Não por acaso, esse País deu ao mundo alguns dos maiores educadores de todos os tempos: Anísio Teixeira, Paulo Freire, Darcy Ribeiro e Milton Santos. Nós sabemos educar, temos que fazê-lo e já não temos nenhuma dúvida: a educação é o único caminho para o futuro.

Delúbio Soares