Com um pouquinho de boa vontade e pequenas diferença o artigo abaixo cai como um luva na parcela dos 4% de brasileiros que sofrem de TOCAL - transtorno obsessivo compulsivo anti-Lula -.
Paul Krugman
Uma fúria atravessa os EUA.
Esta ira branca é um fenômeno minoritário, e não algo que caracteriza a maioria de nossos cidadãos. Porém, a minoria enfurecida está de fato com raiva, composta por pessoas que sentem que estão perdendo coisas a que acham que têm direito. E querem vingança.
Não, não me refiro ao Tea Party (movimento político americano surgido em 2008, que realiza protestos em defesa do Estado mínimo na economia e de valores morais conservadores). Refirome aos ricos.
Estes são tempos terríveis para muita gente no país. A pobreza, sobretudo a pobreza aguda, saltou durante a desaceleração econômica; milhões de pessoas perderam suas casas. Jovens não conseguem emprego; e desempregados acima dos 50 anos acham que nunca mais voltarão a trabalhar.
Mas, se alguém quiser encontrar a verdadeira ira — aquela que leva as pessoas a compararem Obama a Hitler — não vai achá-la entre esses sofridos americanos. Vai encontrála, em vez disso, entre os altamente privilegiados, gente que não precisa se preocupar com a perda de emprego ou de sua casa ou de seu segurosaúde.
E sim gente que está indignada com a ideia de ter de pagar alíquotas de imposto modestamente mais altas.
A ira dos mais ricos vem crescendo desde que Obama assumiu. Inicialmente, porém, estava confinada a Wall Street.
Assim, quando a revista “New York” publicou a reportagem “The Wall of the 1%” (algo como “O muro do 1%”), ela se referia aos corretores financeiros, cujas firmas foram resgatadas com o dinheiro do contribuinte, mas estavam furiosos de que o preço desse resgate fosse o limite temporário de seus bônus salariais. Quando o bilionário Stephen Schwarzman comparou a proposta de Obama à invasão nazista da Polônia, ele se referia a uma proposta que teria fechado uma lacuna fiscal que beneficiava especialmente gestores de fundos como ele.
Mas agora que se aproxima a hora de decidir sobre os cortes de impostos de Bush, a raiva dos mais ricos cresceu. Por um lado, é uma coisa quando um bilionário discursa num jantar.
Outra bem diferente é quando a revista “Forbes” faz uma reportagem de capa afirmando que o presidente dos EUA está deliberadamente tentando derrubar o país, como parte de sua agenda “anticolonialista” queniana, e que “os EUA estão sendo governados de acordo com os sonhos de um nativo luo dos anos 50”. Quando se trata de defender os interesses dos ricos, parece, as regras convencionais de civilidade (e racionalidade) não se aplicam.
Por outro lado, a autoindulgência entre os privilegiados se tornou aceitável, e até mesmo na moda. Os defensores dos cortes de impostos fingiam se preocupar com a família americana típica. Hoje, porém, nem mesmo isso, apesar do discurso dos republicanos de que elevar os impostos dos ricos afetará os pequenos negócios.
PAUL KRUGMAN é colunista do “New York Times”
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