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Bate papo no Tinder


- Então, me fala um pouco de você.
- Sou um cara comum.
- Sou etero.
- Bebu sosialmente.
- Intelijente.
- Bunito.
- Bem umoradu
- Gostu de animaus.
- Sou ecretico (gostu di todu tipu de muzica).
Caiu a neti?

Vida que segue

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Primeiro encontro do Tinder, por Tom T. Cardoso


Resultado de imagem para casal boteco

- Olá, tudo bem? Senta aí Walkíria.
- Tudo bem, obrigada.
- Que cara é essa, zangada?
- Não. Só tenho esta cara.
- Tô parecido com a foto?
- Tá sim.
- Você tá estranha.
- Primeiro encontro do Tinder. 
– Não, você tá sem graça. O que foi?

– Tá bom, vou falar.
– Fala. 
– Tanto lugar legal na Vila Madá e você marca aqui na Mercearia São Pedro?
– Porra, a Merça é minha segunda casa.
– Humm.
– Relaxa. Você vai gostar daqui.
– Já achei estranho o cara colocar a gente no meio da mesa dos outros.
– Você tá num bar, Walkíria.
– Sei. Só por que é bar tem que ficar amontoado? É um rolo de papel higiênico ali na prateleira?
– É, tem um mercadinho dentro do bar.
– Que nojo. Comer olhando isso. Como é o esquema aqui? Comanda?
– Não, normal. Só chamar o garçom. Tá com fome?
– Sim. Tem espetinho de frango?
– Não. 
– E Temaki?
– Walkíria, isso aqui é um bar.
– Nada a ver. No The End lá da Vila Olímpia tem. E é bar.
– Relaxa, mulher. Vamos pedir um sanduíche de pernil?
– É nosso primeiro encontro e você vai pedir isso? Romântico você, hein. Aliás, você podia fazer a barba.
– Hehe, eu curto barba.
– Só tem homem de barba aqui. Tá parecendo passeata do PT.
– Você é tucana?
– Eu sou qualquer coisa, menos esse lixo do PT. Por que? Não vai me dizer que você é comunista?
– Deixa de ser ridícula, mina. Quem falou que petista precisa ser comunista?
– Ahhhh!!!! Voce é petista! Eu sabia! Eu sabia!
– Sim, com muito orgulho.
– Ah, era só o que me faltava, Comer sanduíche de pernil e com um petista. Bem que minha prima falou que o Tinder era roubada.
– Roubada é você. Sua cafona! 
– Seu comunista!
– Vaza, mina. Vai comer seu espetinho de frango lá na Vila Olímpia!
– Vai cagar, comunista! E não esquece de levar o papel higiênico.


Tom T. Cardoso - escritor e jornalista carioca, reside em São Paulo

Copa "esquenta" paquera virtual

Aplicativos com o Tinder e o Grindr tiveram aumento de mais de 50% de público desde o início da Copa

O canadense Clayton James, de 22 anos, está no Brasil com mais três amigos para a Copa do Mundo. Eles vieram não só para acompanhar algumas partidas do torneio e aproveitar o clima de festa, mas também para matar a curiosidade sobre as brasileiras. Para isso, James lançou mão de um aplicativo.
Há um ano, ele usa o Tinder, um programa para celular em que pessoas avaliam os perfis umas das outras e indicam aquelas que despertam seu interesse. Se a atração for mútua, os usuários trocam mensagens entre si para se conhecerem melhor e até marcar um encontro.
"Como a Copa do Mundo atrai um público predominantemente masculino, assim fica mais fácil conhecer garotas", diz James, que chegou a sair com algumas brasileiras que conheceu pelo aplicativo.
"O meu perfil diz que sou do Canadá, e isso parece atrair muitas meninas. Uma delas inclusive parecia mais disposta a me encontrar do que o normal porque disse que nunca tinha conhecido um canadense."
Paquera
James não é exceção. Muitos dos brasileiros e dos 600 mil estrangeiros esperados no país durante a Copa do Mundo estão recorrendo a aplicativos de paquera. O número de usuários só do Tinder no Brasil aumentou quase 50% desde o começo da competição.
"Esperávamos um aumento, mas não tão alto assim", diz Rosette Pambakian, porta-voz do Tinder, que não divulga números exatos.
"Isso fez com que o país superasse a Austrália como o nosso terceiro maior mercado, atrás dos Estados Unidos e do Reino Unido".
Foi por causa da Copa que a paulista Valentina (nome fictício), de 33 anos, resolveu dar mais uma chance ao programa. Ela conta que usou o Tinder quando o aplicativo ficou conhecido por aqui no ano passado, mas que estava quase abandonando o programa porque "o nível caiu muito de uns tempos para cá".
"Adoro conhecer pessoas de outros países e ajudá-las quando estão por aqui. Tentei ser voluntária. Como não consegui, resolvi usar o aplicativo.""Mudei de ideia porque a Copa do Mundo é uma chance de conhecer gente do mundo inteiro", diz ela.
Valentina se encontrou com um suíço e um americano, mas diz ter ficado só no bate-papo nas duas ocasiões.
"Não tem tanto aquela coisa de pegação. Com o suíço, ele levou um amigo e eu, uma amiga, para assistirmos a um jogo num bar. A noite acabou só de manhã, mas na padaria, com todo mundo tomando café da manhã junto", diz.
Superando barreiras
O inglês Stuart Pennycook, de 25 anos, considera que uma das vantagens de um programa de paquera é superar a barreira do idioma.
Isso porque é possível usar um tradutor online para traduzir mensagens e se comunicar com pessoas em outra língua, algo nada prático em um encontro cara a cara.
"Fica bem mais fácil bater papo, mas não resolve tudo. Demorei para entender que 'rsrs' significa 'risos'", diz ele.
Arquivo pessoal/BBC Brasil
O inglês Stuart Pennycook (dir.) diz que o aplicativo ajuda a superar a barreira do idioma
Pennycook se inscreveu no Tinder em março e resolveu usá-lo por aqui não só para conhecer brasileiras, mas também para descobrir os melhores lugares para sair à noite. A estratégia vem dando certo.
"Bem mais meninas retribuíram meu interesse aqui do que na Inglaterra", diz ele.
Pennycook nunca tinha se encontrado com uma mulher que conhecera pelo programa até vir ao Brasil para a Copa. Quando estava em Brasília, levou seus amigos para seu primeiro encontro com uma moradora da cidade e suas amigas. Mas nem sempre a tecnologia garante uma boa noite.
"Foi divertido. Mas também foi mais estranho do que pensava que seria quando conversávamos pela internet. Uma das meninas disse que meu amigo era a cara do príncipe Charles, o que deixou ele bem bravo. Na verdade, ela queria dizer príncipe William, o que é só um pouquinho melhor", diz Pennycook.
"Também tive problemas porque só tinha internet wi-fi no celular, então, quando uma menina marca com você na Vila Madalena (bairro boêmio de São Paulo escolhido com ponto de encontro de muitos torcedores durante a Copa), fica inviável."
A paulista Loana Alves, de 32 anos, também tentou a sorte no Tinder, mas acabou não se encontrando com ninguém. Ela diz que os estrangeiros "são mais lentos" do que os brasileiros.
"Ou estão muito bêbados quando você fala com eles", diz ela.
Fora do armário
Não foram só os torcedores heterossexuais que recorreram a programas de celular durante a Copa. Aplicativos como o Grindr e o Hornet são voltados para o público gay. O Grindr teve um aumento de 31% de usuários no Brasil nas últimas duas semanas.
"Isso não me surpreende", diz Joel Simkhal, criador do Grindr. "Há cada vez mais jogadores saindo do armário, então, sejam torcedores ou atletas, há gays entre eles."
Que o diga o gaúcho Douglas Rodriguez, de 22 anos. Ele diz que, desde que a Copa começou, tem saído "três ou quatro vezes por semana" com homens que conheceu pelo Grindr.
"Tem argentino brotando do chão em Porto Alegre, mas também muitos franceses e americanos, todos muito gentis e bonitos", diz ele.
Arquivo pessoal/BBC Brasil
Para Douglas Rodriguez, o aplicativo é 'cômodo
"Não sou de sair para a balada nem para bar, então, usar o aplicativo pra mim é mais cômodo."
Nesse encontro com diferentes nacionalidades, Rodriguez notou algumas diferenças em relação aos estrangeiros.
"Os brasileiros enrolam demais antes de um encontro, mas depois somem e nem querem saber seu nome. Os estrangeiros são mais objetivos, mas trocam contatos, convidam você para conhecer o país deles. Parecem menos preocupados com o que os outros vão achar."
* Por Rafael Barifouse

O Tinder não torna as pessoas prosmíscuas

...apenas revela quem é

O Tinder tem sido muito comentado ultimamente. É um aplicativo para smartphone que te ajuda a conhecer gente. Funciona assim: você determina um raio desejado de distância. “Eu quero conhecer pessoas num raio de 2 km”, por exemplo. Vai de 2 a 150 km.
Você também diz se é menino ou menina, interessado em meninos ou meninas. Ele faz a matemática para você (nem sempre acerta, mas em geral, sim).
Isto resolvido, ele funciona assim: vai aparecer uma foto de uma pessoa. Você aperta o coraçãozinho ou o X, que significam o óbvio. Se você apertou coração para a pessoa e a ela também apertou coração pra você, abre um bate papo entre vocês.
É mais ou menos isso. Mas na prática, o Tinder é um bar. Nada mais que isso.
Voltemos para o começo: a maior parte das pessoas acha que vai a uma pista de dança para dançar. Não vai. É para sentir prazer sexual, em qualquer nível de consciência e de intensidade que seja.
A dança livre, essa que a gente dança sozinho com os movimentos que dá vontade de fazer, é uma simulação inconsciente de sexo. É por isso que dançar no quarto não é a mesma coisa que dançar numa pista. A pista oferece proximidade humana, troca de feromônios, troca de olhares e tudo mais que tem a ver com sexo, e é isso que vai te deixar com a sensação de satisfação na hora de ir embora.
Por mais que no nível consciente a pessoa realmente não tenha interesse em sair para pegar ninguém (isso pode perfeitamente ser verdade), existe essa questão inconsciente. Do nosso lado animal, isso é basicamente comandado pela possibilidade de reprodução.
Senão, como já disse, nós dançaríamos em casa.
E então aparecem os sites e aplicativos de encontros, e algumas pessoas começam a dizer que nós estamos ficando mais promíscuos por causa deles. Um deles é o Tinder.
Não!
Mas nem de perto.
Nós sempre fomos promíscuos. Apenas temos uma ferramenta que nos ajudam a ser o que sempre fomos.
O Tinder faz exatamente a função de um bar, uma balada, uma antessala de cinema, uma livraria.
Dez anos atrás, se você tivesse algum impulso sexual (por mais inconsciente que fosse) você ia a um lugar desses. Um bar, digamos. O bar nunca existiu para que você tomasse cerveja. Cerveja é mais barata no supermercado. Ele é um agenciador de pessoas. É um lugar onde elas se encontram, ou se conhecem, ou ambos.
Então, com sorte, você conhecia uma pessoa nesse bar, se dava bem com ela, e ia para casa se fosse o caso.
Na era do Tinder, o agenciador é o aplicativo. Mas a pessoa que está na outra ponta é exatamente a mesma. Tem as mesmas aspirações, inseguranças e desejos. A pessoa que está no Tinder provavelmente é aquela que passa por você na rua, senta ao seu lado no metrô, espera atrás de você na fila do supermercado.
Porque é legal conhecer alguém num parque, num vernissage e não no Tinder? O fato é que não é pior, por mais que pareça. Só ainda não é romantizado. Nosso cinema, nossas músicas, nossas artes ainda falam sobre bares, restaurantes, parques, etc. Algum dia, vão falar sobre os Tinders.
Mas voltemos à promiscuidade: no Tinder, você tem contato com muito mais gente. Agora responda: é mais fácil encontrar uma pessoa que tenha o mesmo desejo que você num grupo de um bar ou no grupo de um bairro?
Assim, não duvido que se faça mais sexo através do Tinder do que sem ele. Mas não é porque você se tornou um puto. Você sempre foi. Só que não encontrava uma pessoa com fetiche por pés em todo lugar que queria. Agora, você encontra.
É verdade que, de algum forma, isso banaliza o sexo. Mas que ótimo, afinal. Isso é muito mais próximo da natureza humana do que todos os costumes que há anos imperam nas nossas sociedades – a começar pelo hábito de usar roupas.
O Tinder não nos torna anormais. Nos torna muito mais normais do que nós jamais fomos.
Somos todos putas. Ainda bem.
Sobre o Autor
Emir Ruivo é músico e produtor formado em Projeto Para Indústria Fonográfica na Point Blank London. Produziu algumas dezenas de álbuns e algumas centenas de singles. Com sua banda, Aurélios, possui dois álbuns lançados pela gravadora Atração. Seu último trabalho pode ser visto no seguinte endereço: http://www.youtube.com/watch?v=dFjmeJKiaWQ