por Zé Dirceu
Na queda de braço entre os especuladores e o governo, o governo venceu a primeira rodada. O dólar, hoje, está cotado próximo a R$ 1,80, acima de R$ 1,70, negociado em fevereiro.
O novo patamar é mais favorável à indústria brasileira tanto no mercado interno, quanto nas exportações do produto brasileiro. Para chegar nele, no entanto, foram necessários de aumentos de impostos a intervenções diárias no mercado.
A intenção era minimizar o fluxo de recursos ao país para as chamadas "operações carry trade", que permitem lucros expressivos aos que especulam com a diferença de juros cobrados nas operações no Brasil e no exterior. Na prática, alguns agentes econômicos passaram a financiar a compra de títulos brasileiros, os quais rendem em torno de 9,75%, depois de terem tomado empréstimos a juros baixos, em dólares ou outras moedas de países desenvolvidos.
A guerra não acabou. "O dinheiro vai jorrar para o Brasil, seja lá como for", comentou José Yepez, diretor-gerente de câmbio para mercados locais do Citigroup Global Markets ao Wall Street Journal. Ele ressalta: "O Brasil ainda precisa financiar a Copa do Mundo e as Olimpíadas, eles não vão conseguir todo o dinheiro no mercado local", o que, mais uma vez, alimentaria o fluxo internacional de recursos para o país.
Política adotada pelo governo é correta
Assim, nestes tempos em que os juros nos Estados Unidos e Europa são negativos, ou chegaram a patamares mínimos, o aplicador em títulos públicos que por lá aplicar está, na prática, pagando para manter seu capital em segurança.
O que nos traz de volta ao Brasil. Por aqui, se os capitais continuarem a ter nosso país como destino, a política que o governo vem adotando até está correta: menos juros, menos serviço da dívida, mais capitais produtivos, real mais fraco, mais exportações e menos importações. Esta equação é o mínimo de que precisamos para atravessar os próximos anos e fazer as mudanças em nossa economia à espera do pré-sal e de sua renda.