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Pinceladas sobre Olívio Dutra (PT)

Vou contar uma história que talvez você não saiba: eu morava próximo à casa do seu Cassiano e da dona Amélia. Seu Cassiano era concorrente do meu pai, era carpinteiro.
Na cidade onde morávamos, São Luiz Gonzaga, na década de 60, havia somente um ginásio, São Antônio de Pádua, que pertencia aos padres da ordem dos Franciscanos. Era pago e somente poucos podiam cursar. Certa feita o seu Cassiano foi até o diretor daquele educandário, frei Armando Siebert ,para dizer que tinha um filho que gostava muito de estudar, mas que não dispunha de meios para pagar as mensalidades, mas que o menino poderia varrer, limpar as salas de aulas ou capinar o pátio. Enfim, poderia fazer tarefas pertinentes à sua idade e, em troca o frei daria a ele a possibilidade de realizar o seu sonho: estudar. O frei ouviu toda a narrativa e pediu que o seu Cassiano mandasse o menino para que o frei visse qual a tarefa que incumbiria ao menino e que ele iria estudar no ginásio. O acerto foi feito: ele iria servir as refeições dos fiéis e cuidaria do internato. Os freis eram todos americanos e se comunicavam, entre si, em inglês. O menino foi "pegando" o significado das palavras inglesas aos poucos. Ao terminar os quatro anos do ginásio já era fluente na língua de Shakespeare.

Fez o segundo grau na Escola Técnica de Comércio e também o concurso para o Banrisul, onde foi aprovado. Casou-se com a professora Judite. Por causa de divergências políticas com o prefeito da cidade de então (João Loureiro) que era casado com a irmã do presidente do Banrisul (Gustavo Langsch), o guri foi transferido pra Porto Alegre. O prefeito bradava para quem quisesse ouvir "vai morrer de fome em POA ".

O meu vizinho adquiriu um apartamento pelo BNH e se mudou de mala e cuia. Logo se candidatou à presidência do sindicato dos bancários e foi eleito. Era o tempo dos militares no governo. Pouco tempo depois se candidatou a deputado federal constituinte e também foi eleito. Em seguida foi eleito prefeito de Porto Alegre e logo depois, governador do RS. Quis comemorar a conquista do governo do Estado, com seus pais . O cerimonial do Palácio Piratini disponibilizou um automóvel. (O guri nunca teve um carro e não tem CNH até hoje). Além do automóvel, o acompanharam o motorista e dois guarda-costas. Ocorre que seu Cassiano e a dona Amélia moravam num ranchinho, que para se adentrar tinha que se abaixar para não bater no marco da porta. Os guarda-costas passaram aquela noite encostados na parede externa já que não havia cômodos para abrigá-los. Esse é, em rápidas pinceladas, o Olívio Dutra, candidato ao senado federal em 2022.

por Nilo Jaskulski
#Olivio131
#EdgarPretto13
#Lulano1ºturno
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Fomos condenados por usar o "brinquedinho" que era só deles

O PT poderia ter continuado a fazer campanhas como a de 89, a mais bonita e mais PeTista de todas, tenho lembranças maravilhosas dela... 

Mas se o tivéssemos feito, não teríamos ganho as eleições de 2002, 2006 e 2010. 

Então nos encontramos em uma encruzilhada, ou partimos decididamente para uma GUERRA ENFURECIDA PELA REFORMA POLÍTICA, COM FINANCIAMENTO EXCLUSIVAMENTE PÚBLICO DE CAMPANHA, ou aceitamos que se quisermos continuar a mudar o Brasil, como nossos Governos têm feito desde janeiro de 2003, temos que continuar a usar o mesmo caixa dois que nossos INIMIGOS CRIARAM e depois conseguiram nos criminalizar por termos usando o brinquedinho, que antes era só deles. 

Fui candidato a Vereador por duas vezes, campanhas com poucos recursos, mas mesmo assim teve caixa dois. 

MENTE DESCARADAMENTE quem diz que nunca lançou mão desta prática, tendo disputado eleições neste país. 

Se todos nós, infelizmente, fizemos uso de caixa dois, ninguém tem o DIREITO de tripudiar sobre companheiros que tiveram suas vidas destruídas por um julgamento fraudulento, que transformou crime de caixa dois, pois este não teria força suficiente para destruir a vida política dos COMPANHEIROS e estraçalhar suas vidas pessoais, em PECULATO, FORMAÇÃO DE QUADRILHA, CORRUPÇÃO ATIVA, PASSIVA E O ESCAMBAU. 

O pior de tudo é que a ignorância da esmagadora maioria faz com que TODOS acreditem, como nós ouvimos a todo instante, pérolas como: "vai me dizer que esses caras não têm culpa?" "vai me dizer que esses caras são santos?" 

As pessoas comuns, ou seja, todos que não conhecem os meandros dos estratagemas armados pelo PIG, JB e PGR, ACREDITAM MESMO, que os Companheiros têm que ser punidos com prisão perpétua, pois assim, creem eles, em suas santas idiotices, que estaremos contribuindo para acabar com corrupção no Brasil. 

O chamado cidadão comum não sabe que o chamado mensalão é um embuste, ele também acha que os crimes de partidos como PSDB e DEMO também serão julgados e punidos em algum momento, é idiotice pensar assim? É claro que é, mas esta é a realidade. Dentro deste quadro, o Companheiro Olívio dar uma entrevista sem dizer claramente que todo o processo do mensalão foi uma fraude e ainda por cima dizer que os Companheiros têm mesmo que ser punidos, PQP!!! 

Isto o cúmulo do absurdo, sim!!! 

ELE NÃO TEM O DIREITO DE ACREDITAR QUE NÃO ESTÁ AJUDANDO AOS NOSSOS INIMIGOS NA CRUZADA DEMO-TUCANA VISANDO A DESTRUIR LULA, DILMA E FINALMENTE, O PT. Dito isso, o Companheiro Olívio tem a OBRIGAÇÃO MORAL de dar outra entrevista, contextualizando suas afirmações e acima de tudo deixando claro que o TODO O PROCESSO DO "MENSALÃO" É UMA FARSA, ou calar-se para todo o sempre, amém.

comentário de Wagner Medeiros sobre a posição de Olívio Dutra no que diz respeito ao linchamento do Mentirão.

Olívio Dutra: O PT não surgiu nos gabinetes de Executivo e Legislativo. O partido veio de baixo para cima

O diretório estadual do PT definiu Olívio Dutra como presidente de honra do partido no Rio Grande do Sul. Fundador da legenda, o petista propõe, nesta entrevista ao Jornal do Comércio, que o PT discuta internamente seu papel na política para não se acomodar por estar hoje ocupando gabinetes do Executivo e do Legislativo. 

“O PT surgiu na luta por condições de vida digna para a população trabalhadora e uma partilha justa das riquezas do País. Não pode, de repente, passar a ser um partido da acomodação, da conciliação permanente, que aceita o jogo político do toma lá, dá cá.” 

Olívio, que completa 70 anos no final desta semana, também avalia as gestões do governador Tarso Genro (PT) e da presidente Dilma Rousseff (PT). E lembra, ainda, sua trajetória política, relatando episódios de sua formação no sindicato, na Igreja e no movimento estudantil.

Jornal do Comércio - Como o senhor avalia o surgimento do PT e o partido hoje?
Olívio Dutra - No final da década de 1970 foi surgindo a ideia de um partido ligado ao movimento sindical. Não só da classe operária, mas da classe trabalhadora. Também como uma crítica aos partidos tradicionais. Essa foi a ideia do Partido dos Trabalhadores. Por isso digo hoje: o PT não é um partido que surgiu de cima para baixo, dentro de gabinetes do Legislativo e do Executivo. O PT veio de baixo para cima, é um partido que surgiu de uma parte considerável dos movimentos sociais, na luta contra a ditadura militar, na luta por condições de vida digna para a população trabalhadora e uma partilha justa das riquezas do País. O PT não pode, de repente, passar a ser um partido da acomodação, da conciliação permanente, que aceita o jogo político do toma lá, dá cá.

O anti-Palocci


Em um velho prédio numa barulhenta avenida de Porto Alegre, em companhia da mulher, vive há quatro décadas o ex-governador e ex-ministro Olívio Dutra. Em três ocasiões, Dutra abandonou seu apartamento: nas duas vezes em que morou em Brasília, uma como deputado federal e outra como ministro, e nos anos em que ocupou o Palácio do Paratini, sede do governo gaúcho. Apesar dos diversos cargos (também foi prefeito de Porto Alegre), o sindicalista de Bossoroca, nos grotões do Rio Grande, leva uma vida simples, incomum para os padrões atuais da porção petista que se refastela no poder.
No momento em que o PT passa por mais uma crise ética, dessa vez causada pela multiplicação extraordinária dos bens de ex-ministro Palocci, Dutra completou 70 anos. Diante de mais uma denúncia que mina o resto da credibilidade da legenda, ele faz uma reflexão: “Política não é profissão, mas uma missão transitória que deve ser assumida com responsabilidade”.
De chinelos, o ex-governador me recebe em seu apartamento na manhã de terça-feira 14. Sugeriu que eu me “aprochegasse”. Seu apartamento, que ele diz ter comprado por meio do extinto BNH e levado 20 anos para quitar, tem 64 metros quadrados, provavelmente menor do que a varanda do apê comprado por Palocci em São Paulo por módicos 6,6 milhões de reais. Além dele, o ex-governador possui a quinta parte de um terreno herdado dos pais em São Luiz Gonzaga, na região das Missões, e o apartamento térreo que está comprando no mesmo prédio em que vive. “A Judite (sua mulher) não pode mais subir esses três lances de escada. Antes eu subia de dois em dois degraus. Hoje, vou de um em um.” E por que nunca mudou de edifício ou de bairro? “A vida foi me fixando aqui. E fui aceitando e gostando”.
Sobre a mesa, o jornal do dia dividia espaço com vários documentos, uma bergamota (tangerina), e um CD de lições de latim. Depois de exercer um papel de destaque na campanha vitoriosa de Tarso Genro ao governo estadual, atualmente ele se dedica, como presidente de honra do PT gaúcho, à agenda do partido pelos diretórios municipais e às aulas de língua latina no Instituto de Filosofia, Ciências e Letras da Universidade Federal do Rio Grande do Sul. “O latim é belíssimo, porque não tem nenhuma palavra na sentença latina que seja gratuita, sem finalidade. É como deveria ser feita a política”, inicia a conversa, enquanto descasca uma banana durante seu improvisado café da manhã.
Antes de se tornar sindicalista, Dutra graduou-se em Letras. A vontade de estudar sempre foi incentivada pela mãe, que aprendeu a ler com os filhos. E, claro, o nível superior e a fluência em uma língua estrangeira poderiam servir para alcançar um cargo maior no banco. Mas o interior gaúcho nunca o abandonou. Uma de suas características marcantes é o forte sotaque campeiro e suas frases encerradas com um “não é?” “Este é o meu tio Olívio, por isso tenho esse nome, não é? Ele saiu cedo lá daquele fundão de campo por conta do autoritarismo de fazendeiro e capataz que ele não quis se submeter, não é?”, relembra, ao exibir outra velha foto emoldurada na parede, em que posam seus tios e o avô materno com indumentárias gaudérias. “É o gaúcho a pé. Aquele que não está montado no cavalo, o empobrecido, que foi preciso ir pra cidade e deixar a vida campeira”.
Na sala, com exceção da tevê de tela plana, todos os móveis são antigos. O sofá, por exemplo, “tem uns 20 anos”. Pelo apartamento de dois quartos acomodam-se livros e CDs, além de souvenires diversos, presentes de amigos ou lembrança dos tempos em que viajava como ministro das Cidades no primeiro mandato de Lula.
Dutra aposentou-se no Banrisul, o banco estadual, com salário de 3.020 reais. Somado ao vencimento mensal de 18.127 reais de ex-governador, ele leva uma vida tranquila. “Mas não mudei de padrão por causa desses 18 mil. Além do mais, um porcentual sempre vai para o partido. Nunca deixei de contribuir”.
Foi como presidente do Sindicato dos Bancários de Porto Alegre, em 1975, que iniciou sua trajetória política. Em 1980, participou da fundação do PT e presidiu o partido no Rio Grande do Sul até 1986, quando foi eleito deputado federal constituinte. Em 1987, elegeu-se presidente nacional da sigla, época em que dividiu apartamento em Brasília com Lula e com o atual senador Paulo Paim, também do Rio Grande do Sul. “Só a sala daquele já era maior do que todo esse meu apartamento”.
Foi nessa época que Dutra comprou um carro, logo ele que não sabe e nem quer aprender a dirigir. “Meu cunhado, que também era o encarregado da nossa boia, ficava com o carro para me carregar.” Mas ele prefere mesmo é o ônibus. “Essa coisa de cada um ter automóvel é um despropósito, uma impostura da indústria automobilística, do consumismo”. Por isso, ou anda de carona ou de coletivo, que usa para ir à faculdade duas vezes por semana.
“Só pra ir para a universidade, gasto 10,80 reais por dia. Como mais de 16 milhões de brasileiros sobrevivem com 2,30 reais de renda diária? Este país está cheio de desigualdades enraizadas”, avalia, e aproveita a deixa para criticar a administração Lula. “O governo não ajudou a ir fundo nas reformas necessárias. As prioridades não podem ser definidas pela vaidade do governante, pelos interesses de seus amigos e financiadores de campanha. Mas, sim, pelos interesses e necessidades da maioria da população”.
O ex-governador lamenta os deslizes do PT e reconhece que sempre haverá questões delicadas a serem resolvidas. Mas cabe à própria sigla fazer as correções. “Não somos um convento de freiras nem um grupo de varões de Plutarco, mas o partido tem de ter na sua estrutura processos democráticos para evitar que a política seja também um jogo de esperteza”.
Aproveitei a deixa: e o Palocci? “Acho que o Palocci fez tudo dentro da legitimidade e da legalidade do status quo. Mas o PT não veio para legitimar esse status quo, em que o sujeito, pelas regras que estão aí e utilizando de espertezas e habilidades, enriquece”.
E o senhor, com toda a sua experiência política, ainda não foi convidado para prestar consultoria? Dutra sorri e, com seu gestual característico, abrindo os braços e gesticulando bastante, responde: “Tem muita gente com menos experiência que ganha muito dinheiro fazendo as tais assessorias. Mas não quero saber disso”.
Mas o senhor nunca recebeu por uma palestra? “Certa vez, palestrei numa empresa, onde me pagaram a condução, o hotel e, depois, perguntaram quanto eu iria cobrar. Eu disse que não cobro por isso. Então me deram de presente uma caneta. E nem era uma caneta fina”, resumiu, antes de soltar uma boa risada.
por Lucas Azevedo, de Porto Alegre, em CartaCapital