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"Eu morava com ele"

Reflexões sobre a desativação da página "eu Moro com Ele", de Rosângela Moro. por Alexandre Tambelli
O que deve estar passando na cabeça da pessoa que foi cooptada pela narrativa da Lava-Jato, narrativa de que a Operação visa extinguir toda a corrupção no país, e em plena efervescência do Governo mais corrupto da História, assistimos que a mulher de Moro desativa seu perfil no Facebook: "Eu Moro com ele", desativa bem no dia em que o ex-Advogado da Odebrecht Tacla Duran dá um depoimento bombástico na CPMI da JBS no Congresso, cria perfil no Twitter e compromete a imagem da Operação e de Moro?
Claro que argumentos diversos aparecerão, que não há associação entre o término da página e o depoimento de Tacla.
Dentre estes argumentos destaco:
1) A notícia do depoimento só circulou, praticamente, via Internet progressista e muitos dos seguidores da Rosângela Moro nem sabem quem é Tacla Duran e nem que houve o depoimento;
2) Ou os que sabem/ouviram falar argumentam que o depoente é um foragido da polícia, foragido de Moro, que é um corrupto, coisas do tipo, portanto, pessoa não confiável e que, portanto, apresenta provas falsas.
Mas a questão central é outra, é pensar na pessoa que acompanha a Rosângela Moro e compartilha suas postagens e a história que mistura a Operação e a fantasia do casal perfeito.
O que a Mulher de Moro argumentou para tirar "Eu Moro com ele" do ar foi: "a página cumpriu o seu papel".
Não tem mais nada a cumprir o casal perfeito para seus seguidores? Que os seguem como se fossem um casal perfeito de um filme ultrarromântico? Bem em meio ao caos da corrupção do Governo Temer abandonam seus seguidores?
E como é que ficam seus seguidores se repentinamente se quebra o elo social entre o Herói Moro e a parcela da sociedade que acredita no Juiz, no seu incansável combate à corrupção, que necessita/ se acostumou ouvir e ver as mensagens e vídeos que Rosângela posta sobre ações do Marido? Ainda mais que a caça aos corruptos parece necessitar mais a cada dia de Moro para não se arruinar no imaginário dos seguidores de Moro.
Vão aceitar o casal pacificamente que alguém venha dizer que Moro está sendo ameaçado por corruptos? Por isto do fechamento da página?
Ou vão ouvir calados (o casal) as decepções dos que se sentem traídos? Porque este elo entre Moro e a sociedade, que acredita ou foi levada a acreditar nele desapareceu repentinamente da Internet.
A mim me parece que há uma facilidade e irresponsabilidade enormes entre criar um mito, utilizar dos incautos para benefício próprio e satisfação pessoal do ego do casal e dos que patrocinaram a criação do mito e tudo terminar, a relação Juiz e seus seguidores, numa simples frase: “a página cumpriu o seu papel”.
É desonesto demais, mesmo sabendo que na verdade se produziu um mito de barro, um mito que cumpre um papel específico, que não é o que se diz ser, se noticia e se fez/faz parecer aos incautos ou anticorrupção ou antiesquerda ou anti PT ou anti Lula e Dilma ou anti Comunismo, Cuba, Venezuela, Coreia do Norte, etc.
Mexer com sentimentos, crenças, com imaginários humanos não é uma simples criação e abandono da criação do mito, de uma relação, mesmo que fabricada pelo Sistema em prol do Sistema; há sequelas psicossociais nos traídos, nos que foram levados à defesa intransigente do Herói de barro.
Infelizmente, a Rosângela Moro e o Moro são muito mais, para mim, uma imagem produzida de si mesmos no holofote das comunicações oligopolizadas à-serviço de interesses particulares do grande capital e sem a dimensão social dos atos que praticaram e praticam, neste que é o tempo das celebridades efêmeras, os 15 minutos de fama do Andy Warhol, só que aqui celebridades que destroem a cada dia mais a realidade socioeconômica e cultural de um país inteiro.
Imagem de Moro possível de se criar e de se apagar quando se vê confrontada a imagem no espelho já distorcido/ envelhecido, não mais capaz de argumentar sem perder a altivez e já pulsando a certeza de que o contraditório nasce, de que surge um mito perdendo suas asas, perdendo a capa de herói, mito que vai aos poucos se tornando gente, que vai, aos poucos, perdendo a aura de intransponível, de sobrenatural e de dono da verdade absoluta: do implacável e incorruptível xerife do combate à corrupção.
Heróis fabricados têm prazo de validade. Servem a um objetivo específico e precisam sair de cena quando o espetáculo já não tem plateia, ou já ficou repetitivo demais para ser encenado com o mesmo Ator. Moro já é um Ator entrando em papeis repetitivos e sem o glamour e plateia de seu auge na carreira de herói de um filme só.
E me parece que com o fechamento de “Eu Moro com ele” Moro e Rosângela estão saindo pelo escurinho do cinema de cena para ninguém ver, antes do Sistema descarta-los de vez.
Triste é ver que os órfãos da encenação ficarão sem explicação plausível para a fuga no escurinho do cinema do casal com a melancólica, preguiçosa e lacônica frase de um filme sem final: “A página cumpriu o seu papel”.
E que o aventureiro artista de um filme só: a Lava-Jato, legou-nos Temer, o caos econômico e social e um bando de doidos sem rumo e sem controle dos seus atos cotidianos!
Fim!
(Numa sociedade desenvolvida e responsável não se criariam moros e nem heróis de barro).
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