por Maria Helena Rubinato Rodrigues de Sousa

O kit anti-corrupção

O mais necessário deles, nunca foi mencionado. Para a quase totalidade da população brasileira, seria o único kita resolver nossos problemas. Certamente prejudicaria a ínfima parcela que impede sua confecção, mas isso não nos impede de perguntar: cadê o kit anti-corrupção?

Deveria ser confeccionado urgentemente, em vários tipos, para ser distribuído nas creches, jardins, escolas, colégios, universidades e repartições públicas.
Para começar, deveríamos trocar o nome do estojo de material de ensino: kit, se me permitem a sinceridade, é a mãe. O português, língua falada por mais de 240 milhões de pessoas em todo o mundo, com cerca de 228 500 entradas, 376 500 acepções, 415 500 sinônimos, 26 400 antônimos e 57 000 palavras arcaicas, é lexicamente muito rico e não precisa dessas três letrinhas estrangeiras para nominar um estojo (Dicionário Houaiss da Língua Portuguesa).
O material traria explicações sobre os males da corrupção. Naturalmente, tudo de acordo com a idade do usuário. Fichas com o verbete corrupção e seus significados, para que a palavra não fosse usada assim à toa, sem que seu sentido ficasse bem claro na mente de quem fala ou ouve.
Deveria deixar bem claro que corruptor e corrupto são farinha do mesmo saco. O que os distingue é a posição que ocupam, que é intercambiável: um vende, outro compra; um suborna, outro se deixa subornar; um estraga, outro se deixa estragar; um contamina quem toca, outro se deixa contaminar.
Muitas vezes as palavras, de tão usadas, perdem seu impacto e acabam sendo empregadas de modo ligeiro, sem que seu real sentido penetre em nossa mente: um corrupto é um corrompido que corrompe outra pessoa que se deixa corromper e, portanto, passa a ser corrompida ela também.
O estojo se destinaria a interromper esse toma lá dá cá e faria com que as crianças crescessem com um solene preconceito contra corruptos, de qualquer tipo e feitio.
E antes que a palavra preconceito cause chiliques em quem a usa sem nem sequer se dar ao trabalho de apreender seu significado, esclareço que ter preconceito contra corruptos e corruptores é sinal de sanidade mental e mais, de entranhado amor à Pátria.
Devemos, sim, ter preconceito contra o espetáculo da miséria feia, suja, monstruosa, que debilita crianças em formação e nos torna uma nação doente; contra o analfabetismo, terreno fértil que nem precisa de adubo para que ali brote o espetáculo da sordidez mais vil: o excesso indecente para a minoria e a escassez quase absoluta para grande parte da maioria.
O todo filho dileto da corrupção.

Um brasileirinho com fome, em 2011, primeiro ano da segunda década do século XXI

Crônica

Coisas antigas


Vou começar com um pequeno introito - sobre propaganda e que vale
a
pena 
- mas depois quero ver se você vai encarar umas coisinhas do tempo
do
onça!
Eu já encarei algumas; e vi como o tempo passou...
Bem, o termo Propaganda parece ter sido empregado pela primeira
vez
em
 1633, quando o Papa Urbano VIII designou um grupo de trabalho 
constituído por cardeais e encarregados das missões: Congregação 
de 
Propaganda da Fé – que depois ficaria conhecida apenas como
Propaganda.
Essa palavra possuía o sentido específico de propaganda de idéias
ou 
doutrinas. A atividade de informar e persuadir, com o específico fim
de
vender 
tinha - na Inglaterra - um termo apropriado advertising, o que
significaria 
na língua portuguesa o sentido de divulgação comercial.
Os mercados da Antiguidade reuniam produtores e consumidores 
envolvidos diretamente em barganhas pessoais. Mas com a divisão
do
trabalho
e da produção – que resultava em ofertas diversificadas de bens e
serviços –,
 o produtor foi obrigado a procurar um intermediário: o comerciante!
Tal processo emprestou o anonimato às relações 
produtor, intermediário,consumidor. A paternidade da propaganda 
norte-americana, por exemplo, é atribuída a Benjamim Franklin, que 
em 1929 começou a publicar em sua Gazette, na 1ª edição, a
propagando 
de um sabonete. Um século mais tarde surgiram nos jornais
europeus 
a nova atividade profissional que vinha se formando: a publicidade
comercial.

Caiu a ficha do Pig

Raras vezes a realidade fala mais alto e revela ter mais poder do que alguns atores tradicionais da grande mídia brasileira.
Um artigo de Soraya Aggege, sob o título “O poder da maioria”, recentemente publicado na CartaCapital (n. 644, de 4/5/2011), fez um interessante resumo de informações que têm circulado há algum tempo sobre a impressionante ascensão que a classe C teve em nosso país, nos últimos anos. A revista se utiliza, sobretudo, de dados do instituto Data Popular, especializado em pesquisar esse segmento da população que, em 2014, será majoritário e concentrará 54% do eleitorado.
Nada de novo. Apenas algumas confirmações e, mais importante, algumas conseqüências.
“Deslocando” a formação da opinião
A matéria afirma que “no atual contexto, dizem os especialistas, o eixo da formação de opinião deslocou-se dos pais, ou de velhas lideranças locais, como padres e representantes comunitários, para os filhos”. E prossegue: “Os dados revelam que, nesse segmento, o que mais vale não é o que diz a televisão. Nada menos que 79% deles confiam mais nas recomendações dos parentes que na propaganda de tevê. Para se ter uma ideia, no Nordeste, onde se deu a maior expansão desse estrato social, 74% preferem se informar pelo boca a boca”.

Ao longo do texto alguns depoimentos colhidos de novos representantes da Classe C ratificam aquilo que as pesquisas revelam. Exemplo:
** “Aos 20 anos, [Vanessa Antonio] integra a porção jovem dos 31 milhões de brasileiros recém-instalados no meio da pirâmide social, com renda familiar mensal entre 1,5 mil e 5 mil reais. [Ela] e outros milhões de jovens das periferias começam a desempenhar o papel de principais formadores de opinião da chamada “nova classe média”. E mais: “Para os jovens como [Vanessa], três fatores aumentaram seu poder de opinião sobre a família e suas comunidades: emprego, estudos e o que eles chamam de “nova bomba do mundo”, a tecnologia. “Temos computadores e celulares. Nossas famílias agora têm mais acesso à informação. Agente vê as notícias, compara na internet e conta para eles.”
Esse extraordinário fenômeno de deslocamento do poder de construção da opinião pública de seus “formadores tradicionais” (pais, padres, professores e colunistas da velha mídia, dentre outros) para “líderes de opinião” das classes em ascensão social, com acesso direto e/ou indireto a fontes alternativas de informação, sobretudo à internet, já havia sido identificado faz tempo e deu mostras inequívocas de seu poder pelo menos desde as eleições de 2006 [cf. Venício A. de Lima, A Mídia nas Eleições de 2006, Perseu Abramo; 2007 e, neste Observatório , “A internet e os novos formadores de opinião”].
A grande mídia brasileira, no entanto, fazia de conta que não via o que estava acontecendo no país [ver, neste OI, “A velha mídia finge que o país não mudou”].
A entrevista de Florisbal
Por total coincidência, alguns dias depois da matéria da CartaCapital, sob o sugestivo título “Globo muda programação para atender a nova classe C”, o portal UOL divulga uma longa entrevista com Octavio Florisbal, diretor-geral da Globo. O que diz ele? Vale a pena ler a entrevista na sua totalidade, mas reproduzo abaixo alguns highlights:

Na introdução à entrevista Maurício Stycer escreve:
“A Rede Globo aprofundou um processo de modificações em sua programação para atender a uma nova clientela: a emergente classe C. As mudanças afetam as áreas de novelas, os programas de humor e o jornalismo. E objetivam deixar a programação mais popular. A nova classe C, na visão da emissora, quer se ver retratada nas telas.”
O diretor-geral da Globo afirma:
** “Em dramaturgia, se você voltar 20 anos, você tinha alguns estereótipos. A novela estava centrada nos Jardins, em São Paulo, ou na zona sul do Rio e tinha um núcleo, aquele núcleo alegre, de classe C, na periferia. Hoje, não. A gente começa a ver essas histórias trafegando mais na periferia.”
** “[A classe C] tem que estar mais bem representada e identificada na dramaturgia, no jornalismo. Antes, você fazia uma coisa mais geral. Hoje, não. A gente tem que ir, principalmente nos telejornais locais, ao encontro deles. Eles têm que ver a sua realidade retratada nos telejornais. (...) No jornalismo é a mesma coisa. (...) Tem a redação móvel, que vai nas periferias e faz de lá. Nos telejornais nacionais você também tem que cuidar bem para não colocar em excesso certos temas que não atendem tanto.”
Aaahhh... Então a classe C não estava sendo “retratada nas telas”, ausente no entretenimento e ausente no jornalismo? Uai... não era a exclusão de alguns setores da população da telinha – a ausência de pluralidade e diversidade na representação – exatamente o que críticos da mídia apontam há anos?
E continua o diretor-geral:
** “No passado, a classe C seguia muito os padrões das classes A e B. (...) Eram seguidores. (...) Houve uma mudança de comportamento e de valores para estas pessoas. Acabamos de fazer uma pesquisa muito interessante de classe C que mostra isso. (...) Aquela divisão de que 80% do público é das classes C, D e E continua, mas eles têm mais presença, mais opinião. Eles ascenderam. Têm um jeito próprio de ser. Você tem que atendê-los melhor.”
Aaahhh... quer dizer que a classe C não é mais seguidora, agora ela sabe o que quer. Talvez, quem sabe, tenha aprendido até mesmo a votar, não é mesmo?
Mudanças inevitáveis?
Ao que parece, alguns princípios consagrados na Constituição de 1988, esperando há mais de 22 anos para serem cumpridos, acabarão acontecendo por força das mudanças que ocorreram no país, independente até mesmo da regulamentação legal. Exemplo: a regionalização da produção cultural, artística e jornalística.

Da mesma forma, a sobrevivência no “mercado” talvez obrigue o jornalismo televisivo a operar mudanças não só aos níveis local e regional, mas também no nacional. Afinal, a classe C agora sabe o que quer, tem “mais presença, mais opinião” e é preciso atendê-la.
Há realmente momentos em que a realidade parece ser mais forte do que o status quo.
A ver.

Prá desopilar


Ilusão de ótica



















Palocci concede entrevista ao JN

O ministro Antônio Palocci gravou hoje a tarde uma entrevista à rede Globo de televisão. 

A equipe da TV Globo chegou ao Palácio do Planalto, depois das 16h para gravar a conversa do ministro com o jornalista Júlio Mosquéra. 

Na ocasião, deverão ser revelados os detalhes de sua evolução patrimonial como, a compra de um apartamento avaliado em R$ 6 milhões e de um escritório de R$ 882 mil. 

A entrevista está prevista para ir ao ar no Jornal Nacional desta noite.
Foto

Cotas em expansão, desigualdade em queda

Notícia pra valer para mídia tupiniquim é escândalo com celebridade, muito sangue nas tragédias cotidianas ou o espetáculo sem fim da corrupção nacional. Pronto, aí está o tripé com que os "formadores de opinião" tentam entupir nossas cabeças e nos manter paralisados diante da vida.
Por isso, quase ninguém notou numa pequena nota que alguns poucos jornais veicularam há uns quinze dias: "Desigualdade no Brasil cai a seu nível mais baixo em 50 anos". E mais e melhor: "educação é o fator responsável por tal acontecimento". Aí o leitor apressado pode pensar: "mas não dizem que nossa educação, sobretudo a básica, é um horror?". Continua sendo, caro(a) leitor(a).Ocorre que é " lá na ponta" que está se dando o milagre. Seguinte: com a política de cotas, o Prouni, os cursinhos sociais e a construção de mais universidades públicas, um número jamais visto de jovens negros e pobres vem tendo acesso ao diploma de nível superior, disputando e ganhando vagas prestigiadas no mercado de trabalho, recebendo bons salários e, com isso, diminuindo a desigualdade social no país. Não é uma bela notícia? Melhor, para nós, do que o casamento do príncipe inglês ou a última peripécia sexual de Lady Gaga, concorda? Não é uma sociedade menos desigual que tanto queremos? Com mais pessoas satisfeitas, menos violência e mais segurança para todos? Pois bem, a educação, com as políticas compensatórias, está conseguindo isso.E é só o começo! O que não dispensa, de jeito nenhum, luta sem trégua por um ensino básico de qualidade, para que, no futuro, nem dessas políticas de reparação precisemos.
Outra notícia maravilhosa que "passou batida", na semana passada: "Governador do Rio de Janeiro, Sérgio Cabral, institui cotas para negros e índios em concursos públicos". Sim, sim, sei que demétrios e demóstenes vão bradar a morrer, invocando a existência de uma só raça humana (argumentinho mais conveniente e calhorda!), cobrando meritocracia, como se um grupo étnico que teve contra si políticas perversas e excludentes de estado por cerca de 400 anos, tivesse a chance de construir mérito pelo conhecimento! Parabéns, governador Cabral, Vossa Excelência demonstra conhecer profundamente o país em que vive, o estado e o povo que governa. Menos desigualdade vindo por aí.
Só espero - e sei que não vou esperar em vão - que o governador do meu estado, Jaques Wagner, homem público de sensibilidade social invulgar, tome a mesma iniciativa aqui na Bahia, a unidade da federação mais negra do Brasil, situada no Nordeste, periferia histórica de todos os benefícios da nação.
Gostaria muito que essas notícias estivessem na primeira página dos nossos jornais, portais e TVs. Não estiveram, assim como não esteve a notícia da morte de Abdias Nascimento. Mais do que nunca ficam valendo as palavras do poeta: "A felicidade do negro é uma felicidade guerreira". A bênção, mestre Hélio Santos!
 Jorge Portugal é educador, poeta e apresentador de TV. Idealizou e apresenta o programa "Tô Sabendo", da TV Brasil.

Oração


de
São Francisco

Budalocci

CONSULTOR ESPIRITUAL
virou sucesso na internet
É figura simpática do ministro e “consultor” espiritual 
– que traz prosperidade e multiplica patrimônios -

Conflito cerebral

Diga as cores, não as palavras

Compras coletivas

[...] novo nicho de mercado


As compras coletivas definitivamente chegaram para ficar, o grande sucesso deste mercado, fez o consumidor ter um novo comportamento de consumo ao se habituar a navegar pelas compras coletivas antes de qualquer aquisição. 2010 foi o grande ano das compras coletivas no Brasil, com faturamento de R$500 milhões e mais de 1.000 sites cadastrados, este segmento conquistou os brasileiros. A possibilidade de adquirir serviços e produtos a custos acessíveis, a exposição de....Continua>>>

por Zé Dirceu

Mais uma que nossa grande mídia e a oposição têm que engolir

Image
Robert Zoellick e Dilma Rousseff
Nada mais coerente com a projeção internacional que o Brasil adquiriu nos últimos anos e o novo papel que o país tem o direito de desempenhar no cenário externo, do que a cobrança feita pela presidenta Dilma Rousseff ao receber o presidente do Banco Mundial (BIRD), Robert Zoellick, e reivindicar maior participação dos países emergentes na instituição.

A reivindicação da presidenta insere-se, também, na defesa permanente que o Brasil faz de reformas nas instituições multilaterais, como o próprio BIRD, o Fundo Monetário Internacional (FMI) e a Organização das Nações Unidas (ONU), para que o Brasil e os demais países emergentes desempenhem ali o papel que conquistaram de fato no novo cenário político e econômico mundial.

Tão importante quanto os posicionamentos externados pela chefe do Estado brasileiro foi a revelação do presidente do Banco Mundial, de que nas recentes conversações que manteve no G-8 (semana passada, em Deauville - França) com os chanceleres da Tunísia e do Egito, aconselhou que os países do Norte da África, aproveitando o processo de democratização decorrente das rebeliões populares na região, adotem o programa Bolsa Família.

Muito boa, também, a resposta da presidenta Dilma à essa questão. Ela considerou que a utilização de todo o potencial agrícola da África é uma atitude mais eficiente do que adotar políticas de controle de preços para os alimentos. Prontificou-se, ainda, a  ajudar nesse esforço, lembrando que um bom caminho a ser seguido pelos países africanos pode ser o nosso modelo do Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar (PRONAF).

Realmente esta pode ser uma excelente política para a África produzir alimentos. Se implementada, e mais, se mostrar-se viável também a adoção do Bolsa Familia pelos países do Magreb (Norte da África) e árabes, temos aí uma indiscutível vitória - mais uma - do ex-presidente Lula e do PT. Mais uma que nossa grande mídia e a oposição têm que engolir.

do Leitor

Comentário anônimo sobre a a postagem "Volta de Fujimori no Peru": 

Que fique claro que esses intelectuais que estão em contra de Keiko Fujmori não representam a ninguem, so eles mesmos. Este grupo e´encabeçada pelo escritor Mario Vargas Lloza (MVLL). Aproveitando de sua fama de intelectual. Pois este senhor perdeu muito feio com Alberto Fujimori(AF) em 1990. Até agora ele têm odeio a AF.Ele não consegue esquecer esa derrota. Pois Ele era favorito da direita. Mas os pobres votaram por AF. AF nunca representou a direita, e tambem a filha não representa a direita como se comenta neste artigo.No primeiro turno ficaram os partidos de direita. Hoje 2 de junho a direita decidiu apoiar a Keiko.Com ese apoio acho que e´quase seguro que ela ganha esta eleição. Eu particularmente, acho muito injusto de associar Keiko Fujimori com seu pae, pois ela tinha 15 anos quando AF gobernou o Peru. Portanto não se pode dizer que ela cometeu abusos em direitos humanos ou ajudou na corrupção. Entretanto, Humala sim têm provas de matar inocentes em um lugar chamado Madre Mia quando era chefe militar nesa região. Além disso existem provas que ele tentou duas vezes de dar golpe militar junto com seu irmão Antauro que agora está na cadeia pela morte de 4 policias. Keiko, pensa manter o atual modelo economico liberal (talvez por isso chamam de direita),similar que fez Lula dar continuidade ao modelo econômico de FHC. MAs Keiko quer dar dar rostro social,ajundado aos pobres, ela mesma falou que nessa parte social quere aplicar alguns programas usado por Lula. Entretanto, Humala quer mudar o modelo economico e mudar a constitução, isso que da medo para os inversionistas. Porque pensam que vai seguir o camino de Hugo Chavez. Existem probas que recebeu financiamento de Hugo Chavez atraves do consulado venezuelano. Assim, vejo este artigo muito tendencioso. Para ser imparcial se tem que criticar os dois lados. Obrigado. 

por Alon Feuerwerker

O estoque de utopias 


Será uma injustiça concluir que o governo bate o bumbo do Brasil sem Miséria só para garantir um refresco no ambiente político. O programa é compromisso de campanha da candidata Dilma Rousseff e recebeu o sinal de largada lá no comecinho da gestão.

Pela memória, foi a primeira vez de auxiliares da chefe fotografados todos diante de terminais de computador. Era a visão de um governo tecnocrático, pouco permeável à politicagem, de reduzida tolerância ao sistema de trocas congressuais.

A observação mostra que em boa medida essa ideia -ou ilusão- ficou para trás. O debate já não é mais sobre se vai entregar anéis, mas quantos entregará.

Vou fugir um pouco das circunstâncias -essas variáveis que competem diariamente pela atenção- e concentrar no essencial. O Brasil sem Miséria é uma bela iniciativa.

Algo utópica, mas sem utopia ninguém vai longe.

Não sei se o governo Dilma conseguirá acabar com a miséria, e é arbitrário restringir o universo dos miseráveis a quem ganha menos de R$ 70 por mês. Mas é importantíssimo que o governo se dedique a tentar eliminar a pobreza extrema.

É um pouco como a objetividade jornalística. Alcancá-la completamente é impossível, buscá-la é essencial.

Alguns dados atraem atenção. O governo definiu que o Brasil tem cerca de 16 milhões de miseráveis. É ainda muito, em números absolutos.

Mas é também animador notar que o Brasil, agora oficialmente, tem menos de 10% nessa triste condição. É sinal de que nosso desenvolvimento econômico e nossas políticas sociais, vindas da Revolução de 30 e aperfeiçoadas continuamente, produziram neste quase um século um país melhor.

Eis porque é sempre útil relativizar os argumentos corriqueiros da luta política. Se a realidade nunca é tão bonita quanto diz o governo de plantão, tampouco é tão feia quando faz crer a oposição do momento.

Sobre o programa, ele parte de um conceito bom. O Estado procurará ser mais ativo, ir atrás dos muito pobres para oferecer não só ajuda, também oportunidades.

É positivo, desde que uma coisa não condicione a outra. Prefiro concordar com o ex-ministro Patrus Ananias, para quem a obsessão com as condicionantes, as chamadas "portas de saída" dos programas sociais, embute preconceito, má vontade com os muito pobres.

É confortável para os não tão pobres imaginar que o beneficiário do programa social vai acabar se acomodando. Um elitismo "limpinho".

Se mesmo quem já tem muito quer sempre mais, não é um tantinho de dinheiro vindo do governo que vai fazer o pobre se conformar com a condição.

Mães e pais querem os filhos progredindo. Vale para ricos e pobres. Mais que isso, os jovens desejam muito eles próprios avançar.

Em vez de o Estado se preocupar em excesso com a contrapartida da ajudazinha oferecida, deve ocupar-se em fazer ela chegar efetivamente a quem necessita.

Se o novo programa fizer isso, parabéns.

Somos um país de quase 200 milhões. Um potencial invejável e invejado. Onde estão os principais gargalos? Nos remanescentes de pobreza e na precária educação oferecida em nosso ensino público fundamental e médio.

Por falar em utopias, agora que a presidente resolveu colocar uma delas para rodar talvez seja hora de olhar com carinho para outra. De buscar acabar com a vergonhosa má qualidade no ensino público oferecido aos filhos dos pobres, na comparação com o particular proporcionado aos dos ricos e da classe média.

Para isso, a presidente precisaria enfrentar as corporações autocentradas que monopolizam a agenda educacional e jogam para as calendas o dever de ensinar bem aos meninos e às meninas. Seria uma batalha e tanto.

Atingiria bem mais gente do que o público-alvo do Brasil sem Miséria, e certamente faria emergir resistências bem mais ferozes, da turma que está na zona de conforto com o status quo.

Não traria só aplausos. Ao atacar nossa próspera indústria de mediocridade educacional, precisaria confrontar os beneficiários.

Será que o estoque de utopias de Dilma e do governo dela chega a tanto?

Coisas antigas



Vou começar com um pequeno introito - sobre propaganda e que vale 

pena 
mas depois quero ver se você vai encarar umas coisinhas do tempo
do
onça!
Eu já encarei algumas; e vi como o tempo passou...
Bem, o termo Propaganda parece ter sido empregado pela primeira 
vez 
em
 1633, quando o Papa Urbano VIII designou um grupo de trabalho 
constituído por cardeais e encarregados das missões: Congregação 
de 
Propaganda da Fé – que depois ficaria conhecida apenas como 
Propaganda.
Essa palavra possuía o sentido específico de propaganda de idéias 
ou 
doutrinas. A atividade de informar e persuadir, com o específico fim 
de 
vender 
tinha - na Inglaterra - um termo apropriado advertising, o que 
significaria 
na língua portuguesa o sentido de divulgação comercial.
Os mercados da Antiguidade reuniam produtores e consumidores 
envolvidos diretamente em barganhas pessoais. Mas com a divisão 
do 
trabalho
e da produção – que resultava em ofertas diversificadas de bens e 
serviços –,
 o produtor foi obrigado a procurar um intermediário: o comerciante!
Tal processo emprestou o anonimato às relações 
produtor, intermediário,consumidor. A paternidade da propaganda 
norte-americana, por exemplo, é atribuída a Benjamim Franklin, que 
em 1929 começou a publicar em sua Gazette, na 1ª edição, a 
propagando 
de um sabonete. Um século mais tarde surgiram nos jornais 
europeus 
a nova atividade profissional que vinha se formando: a publicidade 
comercial.



Com o aparecimento de outros meios de comunicação – rádio, 
cinema, 
televisão, 
etc. - a publicidade ganhou novas dimensões. E o desenvolvimento 
das 
ciências sociais – sobretudo da economia política e da psicologia 
aplicada 
– permitiu que as técnicas e artes publicitárias passassem a apoiar-se 
em 
bases racionais e até mesmo científicas.
Com o tempo os escritórios de corretagem de anúncios passaram a 
oferecer 
serviços suplementares, a título de promoção, decido à crescente 
concorrência 
no ramo. A redação de anúncios que era feita pelos próprios 
anunciantes, 
passou a ser preparada por pessoal contratado pelos escritórios. 
Posteriormente quando se percebeu a importância dos elementos 
visuais na propaganda, os corretores passaram a contar com 
ilustradores 
entre 
seus funcionários.


Uma grande distância separa os primeiros Corretores de Espaço
das modernasAgências de Publicidade. Formou-se um mundo
completamente diferente e que muitos de nós ainda vivenciamos.
Então vamos refrescar nossa memória com algumas lembranças aí
embaixo: 


Lembram de terem escrito alguma vez com caneta Parker 51? Ou
mesmo a
 caneta Sheafers? Hum... E lembram da famosa Glostora que se
passava no
 cabelo para dar brilho? E aquele medonho óleo de Mocotó?


Lembram, vocês, da Lambreta, Romiseta? 



Do Cadilac, Pontiac, Wemaguete, Doufini, Gordini, e aquela enorme
banheira
de quatro rodas Hudson? Fora o Fusquinha, é óbvio... E o
Oldsmobile!!
Hum, to lembrando demais... 

Vocês lembram das propagandas dos discos da RCA Vitor, Philips,
Continental, Odeon, Copacabana ou Poligran de 78 e 33 rotações?
Os
discos
 de vinil são de 1948 - até hoje tem gente louca por eles! As capas
 eram sensacionais. No meu blog Das Artes, falo sobre elas.
Vocês lembram que os primeiros aparelhos de televisão eram
 SempAdmiral,ColoradoWindsor...Tudo em preto e branco,
maravilha
...
E você lembra se sua mãe costurava numa modernosa Singer,
Vigorelli
ou Elgin? Minha mãe tinha uma ELNAportátil, verde. Era meio
diferente,
ela andava com o movimento do joelho: no joelhaço!! Muito
esquisito
aquilo...Dizem que era da Suíça.



Lembram daquelas enceradeiras barulhentas que nossas mães
usavam?
 E da ceraParquetina que deixava um brilhaço na casa?
Por acaso alguém chegou a usar um sapato chamado CLARK?
E o sapatão VULCABRÁS? Hum... Também existiam as camisas
Volta-ao-mundo, as blusas deBan-lon, as calças de Brim-curinga
que
não encolhiam, e as de Lycra
E não esquecendo a tal saia plissada... Que coisinha bem feia,
parecia
um abajur! 
Lembra se viajou pela Varig, toda emperiquitada e pagou uma
nota?
Mas valeu, hein... Não tinham descoberto, ainda, as barrinhas de
cereais...

Você, amiga... Alguma vez foi chamada de brotinho – e fazia aquele
sorriso meio forçado?  Chegaram a tomar suco de Groselha
- com água -
ou viram o nascimento do Q-Suco?  E tomaram Grapette e Crush?



Alguém de vocês conheceu os brinquedos Bambolê e Prato-chinês
que surgiram lá por 
1958 
nos Estados Unidos? Jogaram Cinco-Marias ou brincaram com Bonecas
de 
Papel que vinham em revistas para serem recortadas?
Vocês lembram da propaganda  da pomada para acne Minancora? 
Putz, que coisa... 


Aprenderam a bater à máquina numa Remington? Era um dureiro,
mas era legal...
 E tinha de se bater com os dez dedos.


Lembram destes radinhos?


Nunca tiveram uma maquininha KodakPolaroid...
Seu pai não tinha uma
Rolleiflex, heim? Lembro que o meu tinha... Dava um trabalhão!!


Alguém lembra da Rhodia? Usaram meias de nailon Lotus, cobertor
Parahyba, tomaram Biotônico Fontoura?
Chegaram a ver uma propaganda do Sonrisal?  E deu ainda pra ler
as histórias do Jeca Tatu?  

Vocês são do tempo que os padres rezavam missa no altar-mor,
de costas
para os fiéis, falavam em latim e as mulheres comungavam de véu
branco ou
preto? E que faziam o sermão no púlpito? Hum... Hoje se pega a
hóstia na
mão, se entra na igreja de bermudão e havaiana. Tempos modernos,
né,
gente?!
Vocês ainda lembram do sabão em pó Rinso? Pois é...Sumiu?

Bem, então tá tudo bom, esse papinho - meio pirado
- foi apenas
pra mostrar algumas propagandas antigas... Mas se vocês
conhecem muitas
destas fotos, acredito também que - quando crianças – choraram
no filme
Marcelino Pão e Vinho(1955) e assistiram Lá Violetera (1958) com
Sarita Montiel... Vai dizer que não?! 

Bem, vou parar por aqui, com tantas coisas pra mostrar sou
capaz de
ir indo,
ir me entusiasmando e acabar me encontrando com Michelangelo,
lá no Renascimento...    

  
 Até a próxima...
 Saúde pra todos!