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Maria Betânia: Lula, eu não solto a tua mão


Mas... antes de tudo eu tenho que te dizer algumas coisas que talvez você não vai gostar. Porém, vou dizer mesmo assim.
Eu não tenho por você nenhuma idolatria como muita gente tem. Eu não penso que você seja perfeito e só tenha virtudes. Eu não acho que você seja ingênuo, puro, inocente em tudo o que você faz. Eu não acho que você só tenha tido acertos na sua vida e no seu governo. Eu não acho que a sua vida política não tenha máculas . Eu não posso dizer que eu tenha ficado satisfeita com o seu governo, sobretudo, no segundo mandato. Eu não gostei da escolha de Dilma para lhe suceder (votei nela para o segundo mandato. Não votei para o exercício do primeiro. Porém, a visão que hoje tenho dela é de uma pessoa grandiosa em vários aspectos... mas isso é assunto para outro momento.
Enfim, Lula, acho que você tem a capacidade de driblar os seus defeitos. Contudo, o você não tem em uma escala incomensurável é a capacidade de não esconder as suas virtudes.
E você tem essa capacidade não porque você seja alguém egocêntrico...e até é...mas é porque suas virtudes são muitas e são intensas.
Elas fogem ao seu controle e quando você fala você deita e rola no tapete das virtudes, deixando muito gente admirada, outras encantadas e muitas outras com raiva. Uma raiva que vem da inveja de não ser como você é: inteligente, espirituoso, perspicaz, disposto, ousado, cheio de si para o outro, afetuoso, atento, inspirado, inspirador e resiliente.
Ser tudo isso de uma só vez ou destacar uma dessas virtudes no momento certo não é algo comum. Não é todo mundo que consegue, sabe? Isso é extraordinário!
Você, sem dúvida, foge ao comum: não é um homem mediano, muito menos medíocre. E mais do que tudo, você não é um homem mau. Você não é um homem perverso. Você não é cínico.
Penso que os erros que você cometeu ao longo de sua vida...não sei se todos eles, mas certamente muitos dos que você cometeu no seu governo, não decorreram de uma intencionalidade mas da ousadia, da coragem de correr riscos na busca de um bom acerto.
Você é um homem extraordinário, Lula!
Mesmo que nesses processos ajuizados contra você existam provas daquilo que lhe acusam (coisa que eu estou convencida que não tem...em outros processos que possam ainda ser ajuizados, talvez, mas nesses que lhe levaram à condenação...) bom, mesmo na hipótese de você ter alguma culpa comprovada judicialmente, eu estou certa de que a prisão não é o seu lugar.
Ao acompanhar a entrevista que você concedeu ontem a Mônica Bergamo e Florestan Fernandes Junior, Lula, você deu mostras de uma grandeza que somente os seres humanos cientes de suas fragilidades e dispostos a superá-las, podem ter.
Você manteve a sua cabeça erguida, você demonstrou sofrer, você assumiu lutar contra as mágoas que invadem seu coração, você lançou desafios e você espontaneamente respondeu à inquietante pergunta de Mônica Bergamo com uma firmeza admirável.
Quando ela lhe questionou sobre a possibilidade de você nunca sair da prisão, você, Lula, nem deu ao tempo e logo retrucou afirmando que isso não era problema, que podia ficar preso cem anos mas não trocava sua liberdade pela sua dignidade.
Isso me impactou!
E lógico que você tem razão: ficar o resto da vida preso não é um problema para quem, há alguns anos já sem governar - ainda é chamado por simpatizantes e opositores de: Presidente e para quem sobreviveu até aqui a tantas dores.
Não! Você está, dolorosamente, certo.
O problema não é exatamente o tempo que você vai ficar preso, Lula, embora isso seja também um... tempo não é o cerne do problema; o cerne é você ter sido preso da forma que foi e estar sendo mantido nessa situação da forma que está sendo...
O problema é subtraírem do BR a dignidade de todo o povo, aprisionando a sua pessoa.
O problema é jogar o BR numa vala comum, querendo que você caía nela.
O problema é não saber que fazer Justiça não é cultivar ódio ou não saber superar frustração e agir como quem se vinga. Só os medíocres, só os seres medianos sem sensibilidade alguma misturam Justiça com vingança. Esses são os recalcados, os que se condenam a si próprios e que por falta de coragem de assumirem ser o que são atraem para o fosso fétido no qual se movem, todos aqueles que não distinguem o chão do buraco que nele se abre.
Você, não, Lula!
Como você sempre pisou o chão saltando os buracos, você criou "asas": voou e vislumbrou horizontes onde ninguém conseguiu visualizar.
Você continua nesse voo de descobertas, Lula. E nesse trajeto você preserva sonhos.
Eu quero voar junto, eu quero preservar sonhos para o BR.
Eu quero que o meu país tenha a possibilidade de realizá-los.
Eu quero que todos os brasileiros possam alçar voos para chegarem no horizonte que você enxerga.
Por isso, Lula, eu não solto a sua mão. Ela está para além das grades.
Um afetuoso aperto de mão seguido de um grande abraço.
Maria Betânia

Vida que segue

Maria Betânia





A B C D do sertão



Por que Betânia não cantou Cazuza?

Porque, como matuta Wesperta que é

Sabe que faria vergonha

Mais comodo cantar Roberto Carlos

(pra mim é a melhor cantora que já ouvi)

Para começar bem esse domingo ensolarado


Uma bela canção com Elba Ramalho e outra com


Maria Betânia e Adriana Calcanhoto




“Nota de pesar da presidenta Dilma Rousseff pelo falecimento de Dona Canô


Nosso Natal ficou mais triste, perdemos Dona Canô. Uma mulher rica de coragem, principalmente a coragem de ser feliz, como ela mesma gostava de dizer. Construiu uma família em torno do amor pela cultura, pela Bahia e pelo Brasil, expresso no talento de seus filhos, entre eles Caetano Veloso e Maria Bethânia. Sua alegria de viver e sua lucidez conquistaram o coração dos brasileiros. Transmito meu sentimento de pesar aos familiares de Dona Canô e aos filhos e filhas de Santo Amaro da Purificação, que hoje perderam sua maior divulgadora e fã. Dona Canô, mulher forte e sábia, nos deixa muita saudades.
Dilma Rousseff
Presidenta da República Federativa do Brasil”

Caetano Veloso

Sponholz E o artigo que eu não assino embaixo, apesar de concordar com a maioria das coisas escritas. É que narcicismo demais para  mim.


Não concebo por que o cara que aparece no YouTube ameaçando explodir o Ministério da Cultura com dinamite não é punido. O que há afinal? Será que consideram a corja que se "expressa" na internet uma tribo indígena? Inimputável? E cadê a Abin, a PF, o MP? O MinC não é protegido contra ameaças?
Podem dizer que espero punição porque o idiota xinga minha irmã. Pode ser. Mas o que me move é da natureza do que me fez reagir à ridícula campanha contra Chico ter ganho o prêmio de Livro do Ano.

Aliás, a "Veja" (não, Reinaldo, não danço com você nem morta!) aderiu ao linchamento de Bethânia com a mesma gana. E olha que o André Petry, quando tentou me convencer a dar uma entrevista às páginas amarelas da revista marrom, me assegurou que os então novos diretores da publicação tinham decidido que esta não faria mais "jornalismo com o fígado" (era essa a autoimagem de seus colegas lá dentro). Exigi responder por escrito e com direito a rever o texto final. Petry aceitou (e me disse que seus novos chefes tinham aceito). Terminei não dando entrevista nenhuma, pois a revista (achando um modo de me dizer um "não" que Petry não me dissera — e mostrando que queria continuar a "fazer jornalismo com o fígado") logo publicou ofensa contra Zé Miguel, usando palavras minhas.
A histeria contra Chico me levou a ler o romance de Edney Silvestre (que teria sido injustiçado pela premiação de "Leite derramado"). Silvestre é simpático, mas, sinceramente, o livro não tem condições sequer de se comparar a qualquer dos romances de Chico: vi o quão suspeita era a gritaria, até nesse pormenor.
Igualmente suspeito é o modo como "Folha", "Veja" e uma horda de internautas fingem ver o caso do blog de Bethânia. O que me vem à mente, em ambas as situações, é a desaforada frase obra-prima de Nietzsche: "É preciso defender os fortes contra os fracos." Bethânia e Chico não foram alvejados por sua inépcia, mas por sua capacidade criativa.
A "Folha" disparou, maliciosamente, o caso. E o tratou com mais malícia do que se esperaria de um jornal que — embora seu dono e editor tenha dito à revista "Imprensa", faz décadas, que seu modelo era a "Veja" — se vende como isento e aberto ao debate em nome do esclarecimento geral.
A "Veja" logo pôs que Bethânia tinha ganho R$ 1,3 milhão quando sabe-se que a equipe que a aconselhou a estender à internet o trabalho que vem fazendo apenas conseguiu aprovação do MinC para tentar captar, tendo esse valor como teto. Os editores da revista e do jornal sabem que estão enganando os leitores. E estimulando os internautas a darem vazão à mescla de rancor, ignorância e vontade de aparecer que domina grande parte dos que vivem grudados à rede. Rede, aliás, que Bethânia mal conhece, não tendo o hábito de navegar na web, nem sequer sentindo-se atraída por ela.
Os planos de Bethânia incluíam chegar a escolas públicas e dizer poemas em favelas e periferias das cidades brasileiras. Aceitou o convite feito por Hermano como uma ampliação desse trabalho. De repente vemos o Ricardo Noblat correr em auxílio de Mônica Bergamo, sua íntima parceira extracurricular de longa data. Também tenho fígado. Certos jornalistas precisam sentir na pele os danos que causam com suas leviandades. Toda a grita veio com o corinho que repete o epíteto "máfia do dendê", expressão cunhada por um tal Tognolli, que escreveu o livro de Lobão, pois este é incapaz de redigir (não é todo cantor de rádio que escreve um "Verdade tropical"). Pensam o quê? Que eu vou ser discreto e sóbrio? Não. Comigo não, violão.
O projeto que envolve o nome de Bethânia (que consistiria numa série de 365 filmes curtos com ela declamando muito do que há de bom na poesia de língua portuguesa, dirigidos por Andrucha Waddington), recebeu permissão para captar menos do que os futuros projetos de Marisa Monte, Zizi Possi, Erasmo Carlos ou Maria Rita. Isso para só falar de nomes conhecidos. Há muitos que desconheço e que podem captar altíssimo. O filho do Noblat, da banda Trampa, conseguiu R$ 954 mil. No audiovisual há muitos outros que foram liberados para captar mais. Aqui o link:
Por que escolher Bethânia para bode expiatório? Por que, dentre todos os nossos colegas (autorizados ou não a captar o que quer que seja), ninguém levanta a voz para defendê-la veementemente? Não há coragem? Não há capacidade de indignação? Será que no Brasil só há arremedo de indignação udenista?
Maria Bethânia tem sido honrada em sua vida pública. Não há nada que justifique a apressada acusação de interesses escusos lançada contra ela. Só o misto de ressentimento, demagogia e racismo contra baianos (medo da Bahia?) explica a afoiteza.
Houve o artigo claro de Herman Vianna aqui neste espaço. Houve a reportagem equilibrada de Mauro Ventura. Todos sabem que Bethânia não levou R$ 1,3 milhão. Todos sabem que ela tampouco tem a função de propor reformas à Lei Rouanet. A discussão necessária sobre esse assunto deve seguir. Para isso, é preciso começar por não querer destruir, como o Brasil ainda está viciado em fazer, os criadores que mais contribuem para o seu crescimento. Se pensavam que eu ia calar sobre isso, se enganaram redondamente. Nunca pedi nada a ninguém. Como disse Dona Ivone Lara (em canção feita para Bethânia e seus irmãos baianos): "Foram me chamar, eu estou aqui, o que é que há?" 

Noblats, Betânia e Lei Rouanet

O compilador-mor e blogueiro menor Ricardo Noblat [profeta de quixibim] baixou o pau em Maria Betânia e na Lei Rouanet e levantou a bola para o filhinho André...

O que acrescentaram ao debate sobre modificações na legislação? Nenhum!

Como sou do tempo que se matava a cobra e mostrava o pau, apresento minha sugestão:
Que a captação de recursos seja feita apenas as empresas que devam ao fisco e nunca, jamais a pagamento de impostos futuros.

Tenho certeza que isto melhoraria muito

A gritaria contra o blog de Maria Bethânia é uma mistura de ignorância, preconceito e mau-caratismo

Ignorância, porque parte de idéia absolutamente falsa de que os produtores do blog – que pretende exercer a tarefa vital de divulgar a poesia – recebeu ou vai receber este dinheiro do governo.
Juro que tenho saudade do tempo em que se lia fato ou ficção, hoje o que mais há são equívocos e mentiras, que não são um nem outro.
O fato é que a única coisa que os produtores do blog receberam do governo foi aautorização para se humilhar, pedindo a empresários, de porta em porta, que considerem a possibilidade de, ao invés de entregar parte de seus impostos ao governo, patrocinar, com a vantajosa exposição de suas marcas, um blog de uma extraordinária artista brasileira, blog este que tem como objetivo divulgar a poesia, não há tarefa mais nobre.
Nada garante que os produtores do blog terão sucesso em sua jornada de mendicância entre a elite empresarial brasileira, frequentemente iletrada. O mais provável é que consigam apenas uma parte desta verba e tenham que redimensionar o projeto, o que seria uma pena.
Na minha opinião, o governo brasileiro deveria tirar do seu caixa o dinheiro (1,3 milhões de reais, uma ninharia perto da roubalheira do Detran gaúcho, dos pedágios paulistas, da máfia do governo Roriz/Arruda no DF, etc, etc...) e entregar para a Maria Bethânia, junto com um buquê de rosas e um cartão, pedindo desculpas pela confusão.