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População de rua - Sefras


Para o mestre em psicologia social e integrante da ONG Serviço Franciscano de Solidariedade (Sefras), Ricardo Mattos, a crise financeira mundial influenciou no aumento do número de moradores de rua. “Muitas pessoas que já haviam até conseguido alugar um local para morar perderam o emprego e voltaram a procurar os serviços de assistência da prefeitura”, afirma ele, que trabalha diretamente com a população de rua e durante um ano – até abril de 2009 - coordenou o Centro de Acolhida Frei Galvão, na zona Sul.

Outro ponto que destaca é a redução no valor pago pelos materiais recicláveis. “O preço da garrafa pet caiu quase 70%. Se antes o catador tinha um rendimento médio de R$ 800, agora fica em torno de R$ 300, R$ 200”, diz.

"A maioria dos moradores de rua desenvolve uma atividade para ganhar dinheiro"

A antropóloga e socióloga Maria Antonieta Vieira, autora do livro População de Rua (Editora Hucitec, 1992), explica que a tradicional imagem do morador de rua como pedinte está errada. “A maioria desenvolve alguma atividade para ganhar dinheiro, seja no mercado informal, como catador ou guardador de carro”, afirma. Por isso, o impacto da crise é sentido com mais força por estas pessoas, já que eles não têm oferta de trabalho como antes e nem um sindicato que possa os defender.

Busca de trabalho na capital

Muitas pessoas também saem do interior do Estado iludidas pela possibilidade de trabalho na capital e, quando não encontram, vão para as ruas. Este é o caso de Sebastião Sérgio, de 37 anos, que saiu de Catanduva, a 396 km da capital, e hoje mora no albergue Arsenal da Esperança, no Brás, região central. “Trabalhava em lavouras de tomate, goiaba e cana, mas elas acabaram. Está todo mundo desempregado”, explica.

"A gente prefere viver sozinho, sem pedir ajuda para parente"

Questionado se não pode pedir ajuda à família neste momento, diz que é orgulhoso, como “a maioria das pessoas que estão nas ruas”. “A gente prefere viver sozinho, sem pedir ajuda para parente”, justifica.

Além de imigrantes de outros Estados, Mattos considera que também aumentou o número de pessoas vindas de outros países da America Latina para o Brasil. No Centro de Acolhida Frei Galvão, calcula que dos 200 moradores do local -160 homens e 40 mulheres - cerca de 10% são estrangeiros. E muitos não têm condições financeiras de exercer a cidadania no Brasil.

"Fiquei sem pai e sem documento”

Enviado por Marco Antônio Leite