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Globo ameaça Lula

Não é necessário ler a matéria a principal da revista época (minuscula mesmo) desta semana para entender a ameaça velada da capa. É uma chantagem dos irmãos marinho contra Lula e sua família. Tipo assim: se você teimar e for candidato, nós vamos usar a quadrilha de Curitiba e os nossos pistoleiros das revistas, jornais, rádios, tvs e portais na web para perseguir seus filhos, noras, netos e bisnetos. Nós não deixaremos nem dona Marisa descansar em paz.

A Globo não perdoa Lula por ter sido o melhor presidente do Brasil de todos os tempos, por ter incluído o povo brasileiro na economia e no processo político como protagonista.

Estão desesperados, porque não há provas contra Lula na sentença de Moro e porque o povo quer Lula de volta. A possibilidade legal de Lula ser candidato, independentemente do resultado do julgamento de quarta-feira, não estava no roteiro. Os golpistas foram surpreendidos, quem diria?, pela lei eleitoral.

Provavelmente não contavam, tampouco, com a força política que Lula demonstra, nas caravanas, nos atos públicos, nas pesquisas eleitorais. Mas Lula e o PT não estavam mortos? Não tinham sido sepultados pelas manchetes, junto com os escombros da Constituição e da Justiça no golpe do impeachment?

A chantagem da Época não deixa de ser um reconhecimento da realidade: Lula está vivo no coração do povo brasileiro, será candidato e a Globo não conseguiu inventar um adversário à altura do desafio de enfrentá-lo nas urnas. Por isso recorrem novamente a investigações ilegais contra a família Lula. 

Não vão parar com a perseguição enquanto Lula estiver no caminho ou até que o Brasil reconquiste a plena democracia. E por plenitude entenda-se a democratização dos meios de comunicação, rompendo o monopólio e garantindo o acesso de todos à informação. Liberdade de expressão é um direito coletivo, não pode continuar sendo um privilégio de poucos"

Roberto Amaral

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Réquiem para a falência do sistema político brasileiro

Transformada em mafuá – com seus salões e seus gabinetes convertidos em covis da traficância – a Câmara dos Deputados foi cenário adequado de um réquiem para um velho morto, o sistema partidário brasileiro, que, na semana passada, concluiu seu suicídio de décadas. 
Os salões e os gabinetes projetados por Niemeyer para o fazer político foram poucos e pequenos para abrigar as turbas atraídas pelo tráfico das legendas e dos mandatos, os leilões que ditavam a valia monetária de mandatos conspurcados, comprados (ou alugados até à próxima infidelidade) ao bater do martelo. 
Assim, em horas, foram construídos verdadeiros valhacoutos tratados juridicamente como se partidos fossem, súcias sem caráter político, sem programa, sem ideologia, sem nada, a não ser talões de cheque, promessas de cargos e verbas.
Em nome de um pragmatismo pedestre, a política é expulsa da política. Em poucas horas, com a conivência de direções partidárias que jamais zelaram pela fidelidade de seus quadros – imposta pelo STF-- mais de cinquenta deputados federais (um tanto mais de deputados estaduais, vereadores e prefeitos) transferiram-se das legendas pelas quais haviam sido eleitos, direções estaduais foram alugadas ou cedidas mediante pregão, e assim, da noite para o dia, dos covis para a luz do sol, surgem partidos caleidoscópios, sem cor alguma, porque contêm todas as cores. Partidos papel em branco, capazes de aceitar toda e qualquer vontade, todo e qualquer projeto, engenhos jurídico-burocráticos sem a menor representatividade sociológica. Partidos nos quais os dirigentes são substituídos por gerentes.

PSB: não seremos usadospela tucademopiganalhadagolpista


Entre os principais partidos do Brasil, o PSB está entre os que experimentaram maior crescimento nestas eleições municipais, passando de 310 para 433 prefeituras em todo o país (aumento de 39,68%). Vencedor no primeiro turno em capitais importantes como Belo Horizonte e Recife, disputará o segundo turno em Fortaleza, Cuiabá e Porto Velho, entre outras, fato que coloca os socialistas na linha de frente das especulações sobre um eventual reordenamento das forças políticas brasileiras com vistas a 2014.
Reunida no fim da semana passada, a Executiva Nacional do PSB, no entanto, frustrou os setores da sociedade que – por conta dos rompimentos locais entre socialistas e petistas em Minas Gerais e Pernambuco – já preveem a dissolução da aliança nacional que une os dois partidos e falam até mesmo no governador pernambucano Eduardo Campos como candidato à Presidência da República em 2014 ou vice em uma chapa composta com o PSDB de Aécio Neves. Mas o PSB reafirma a aliança com o PT e o apoio à reeleição da presidenta Dilma Rousseff.
Em entrevista exclusiva à Rede Brasil Atual, o vice-presidente do PSB, Roberto Amaral, analisa o resultado eleitoral dos socialistas, sobretudo em Belo Horizonte, e reafirma a posição política do partido no campo da esquerda “do qual nós não nos afastamos em hipótese nenhuma”. Sobre o rompimento com o PT, diz que “nem a imprensa nem os partidos de direita vão decidir os projetos do PSB”. Leia a seguir a íntegra da entrevista:
Como a Executiva Nacional do PSB avalia o resultado eleitoral do partido nestas eleições?
Em primeiro lugar, nossa avaliação é que a vitória do PSB foi política. Não foi o resultado eleitoral que determinou a vitória política, mas sim as vitórias políticas que antecederam o dia da votação que determinaram nossa vitória eleitoral, numérica, aritmética. Essa vitória passou por marcarmos nossa posição, por fixarmos nossa imagem junto ao eleitorado, que nos reconheceu. Essa é a conquista fundamental e que nos traz, evidentemente, muitas responsabilidades.
É evidente que estamos festejando as muitas vitórias que tivemos, assim como estamos lamentando as pequenas derrotas, mas ressaltando aí também avanços políticos. Em Aracaju, por exemplo, nós não fomos ao segundo turno, mas fomos os grandes vencedores políticos na cidade com a candidatura do deputado Valadares Filho. Começamos do zero e chegamos a quase 38% dos votos. Foi uma grande vitória que marca uma nova presença nossa e projeta um novo espaço para o PSB na política de Sergipe. Dei esse exemplo, de uma pequena capital do Nordeste, para mostrar que a vitória política se faz com política, e não apenas com resultados aritméticos.
O PSB cresce de forma gradual e constante desde as eleições municipais de 2000. Essa consolidação do partido, na avaliação do senhor, é importante para dar mais alternativas à democracia brasileira?
Fazer o debate político foi uma grande contribuição do partido nessas eleições. Nós conseguimos, no campo da esquerda – do qual nós não nos afastamos em hipótese nenhuma – recuperar o debate político. Todo o esforço da direita impressa, que hoje nesse país comanda a direita partidária, é para retirar a política da política, retirar os partidos da política, destruir a política e os políticos. Querem levar a política, que é a coisa mais importante de um país, para um plano secundário. Com essa vitória do PSB, discutindo programas e marcando posição, como também com a vitória do PT – somos os únicos vitoriosos nessas eleições – estamos recuperando o debate político. Eu acho que isso precisa ser festejado pelos democratas brasileiros.
Muito se fala na grande imprensa que o crescimento do PSB poderia fazer com que a aliança com o PSDB em Belo Horizonte se tornasse nacional, a partir da aproximação do presidente do partido, governador Eduardo Campos, com o senador tucano Aécio Neves. Existe essa possibilidade?
A direita brasileira, simbolizada pela imprensa brasileira e pelo PSDB, não tem alternativas. Não sabe fazer oposição, não tem autoridade e pensa que vai nos utilizar para os seus projetos. Mas não vão nos usar! Nós temos consciência do nosso papel histórico. Nós não nascemos hoje. O PSB também não nasceu apenas quando foi reorganizado. O PSB é fruto, é herdeiro, de todas as lutas sociais do país.
O que está ocorrendo nestas eleições, e vem ocorrendo desde 2002 com a vitória de Lula, é o resultado da acumulação das lutas sociais, do movimento de esquerda. No Brasil, já em 1902 se organizava um partido socialista. Os frutos de hoje não nasceram de hoje. O fato histórico não é um fato isolado nem é auto-explicativo, ele é o resultado de outros fartos históricos e, por sua vez, será fonte de outros fatos históricos. Essa é a visão dialética da política que nós temos no PSB.
Ainda assim, a vitória em Belo Horizonte é importante para fortalecer o PSB como alternativa política em um quadro nacional que nos últimos 18 anos é polarizado entre o PT e o PSDB...
Concordo. E, do ponto de vista estratégico, tem uma grande importância, que é nossa fixação em uma capital importantíssima do Sudeste do país. Depois de Rio e São Paulo, Belo Horizonte é a mais importante capital brasileira e está inserida em uma região que é o nosso maior objetivo estratégico. É uma vitória importante, uma vitória política e que coloca o PSB em um novo patamar.
O que nós pensamos que é novo no PSB? Sem abandonar os nossos compromissos com a questão social, nós estamos mostrando a importância da boa gestão. Ou seja, uma das melhores formas que você tem de proteger a sociedade e, sobretudo, de proteger o pobre, é fazer uma boa gestão, honesta e eficiente. Quem precisa do Estado é o pobre. É o pobre que precisa de escola pública eficiente, de hospital eficiente, de uma política de casa própria e de uma política de crédito eficientes. O rico, não. O rico, quando não vai se tratar em Boston, vai para o Sírio-Libanês. Nós temos que compreender isso, é o resgate do Estado, mas também o resgate da boa administração. Então, quando um prefeito nosso é reeleito como foi o Márcio Lacerda, na condição de um excelente gestor, nós festejamos este fato.
Por outro lado, essa vitória em BH, somada a outros embates travados com o PT em importantes capitais nestas eleições, não favoreceria a participação de Eduardo Campos na mesma chapa de Aécio Neves? Alguns grandes veículos de mídia já não escondem esse desejo...
Nem a imprensa nem os partidos de direita vão decidir os projetos do PSB. Quem vai decidir os nossos projetos é a nossa leitura da realidade objetiva.
E, segundo o que foi discutido na reunião da Executiva Nacional do PSB, isso significa o apoio à reeleição da presidenta Dilma Rousseff em 2014? Como o senhor avalia a participação do PSB no governo Dilma?
Nós não temos razões para desgostar da nossa presença e muito menos para desgostar do governo da presidente Dilma. A presidente Dilma tem avançado e nós precisamos reconhecer isso. Foi a primeira presidente da República neste país a ter a coragem de denunciar o sistema financeiro e o sistema bancário. Ela baixou os juros – estamos hoje com uma taxa de juros de 7,5% – para o menor patamar dos últimos vinte anos. Ela teve a coragem de utilizar o sistema bancário estatal, que os tucanos quase arrebentam, para pressionar o preço cobrado pelos bancos privados para suas tarifas e taxas. Teve a coragem de enfrentar o cartel dos seguros de saúde para defender a população. Então, é um avanço muito grande, e o nosso empenho é fortalecer a presidente Dilma para que ela possa continuar avançando.