Brasil salta do 12º para o 6º lugar no ranking global de transparência orçamentária

por Conceição Lemes
Foi lançado globalmente nessa quarta-feira 9, o Índice de Orçamento Aberto 2015 (OBI, na sigla em inglês), elaborado pelo International Budget Partnership (IBP), que no Brasil teve a parceria do Instituto de Estudos Socioeconômicos (Inesc). Nesta sexta-feira, os resultados  serão apresentados oficialmente na Controladoria Geral da União.
A boa notícia é a melhoria significativa do Brasil no ranking global de transparência orçamentária.
Entre 102 países analisados, o Brasil saltou do 12º lugar, em 2012, para 6º, em 2015. lugar, e foi um dos quatro únicos a obter nota satisfatória em todos os quesitos analisados.
O Brasil obteve 77 pontos em 100 possíveis. No relatório anterior, de 2012, o Brasil aparecia na 12a. posição, com 73 pontos. Na liderança do ranking de 2015 está a Nova Zelândia, com 88 pontos, seguida de Suécia (87), África do Sul (86), Noruega (84) e Estados Unidos (81).
O Brasil também se destacou por estar entre os quatro únicos países do estudo a obter nota satisfatória nos três pilares analisados: transparência orçamentária, participação social e fiscalização do processo de elaboração do orçamento (que se divide por sua vez em fiscalização pela legislatura e por auditoria). Estados Unidos, Noruega e África do Sul são os outros três países a cumprir os critérios.
Além da nota 77 em transparência, o Brasil obteve 71 em participação social (significando que o governo brasileiro oferece oportunidades substanciais para que a sociedade se engaje no processo orçamentário), 80 em fiscalização do orçamento pela legislatura e 75 em fiscalização do orçamento por auditorias.
Carmela Zigoni, assessora política do Inesc e responsável pelos dados do Brasil, falou aoViomundo sobre a pesquisa.
Viomundo — Num momento em que o orçamento está sob bombardeio, qual o significado dessa boa notícia?
Carmela Zigoni -- É sim, uma boa notícia. De fato, comparativamente a outros países, o Brasil conta com dados abertos, confiáveis e disponíveis ao público. conta com uma Lei de Responsabilidade Fiscal e uma Lei de Acesso a Informação, etc. Isso fortalece a transparência e consequentemente impacta positivamente o ciclo orçamentário.
Quanto ao cenário atual de cortes no orçamento, é preciso observar que, o que tem sido anunciado pelo governo, são cortes em áreas muito específicas, principalmente as sociais, e também a redução do Estado, com a redução de Ministérios: isso não necessariamente representa eficiência das contas publicas. A avaliação do Inesc é que uma reforma tributária, que se oriente pela justiça fiscal, poderia trazer muito mais ganhos aos cofres públicos e à sociedade.
Viomundo — Em 2012, o Brasil aparecia na 12ª posição. Agora, pulou para 7ª. A senhora já previa isso ou foi uma surpresa?
Carmela Zigoni — O Brasil saiu da 12ª posição para a 6ª por motivos combinados. O Brasil tem documentação aberta, transparente, espaços de participação (ainda que precise ampliar muito) e tem instituições independentes de controle. Além disso, objetivamente, o Relatório de Cumprimento de Metas do Tesouro passou a ser considerado pelo IBP, o que aumentou a pontuação do Brasil. Aos avanços no plano nacional, combina-se o fato de que outros países progrediram pouco, apesar de a média de melhora geral dos 102 países ter sido de 10 pontos. A França, por exemplo, é muito transparente, mas não avançou tanto na participação social. E o Brasil, quando considera-se os três critérios, ficou entre os 4 melhores, ao lado de Noruega, Africa do Sul e Estados Unidos.
Viomundo —  Em que dados a senhora se baseou para chegar a essas conclusões sobre o Brasil? Elas são independentes?
Carmela Zigoni — Primeiro, sobre a independência e confiabilidade da pesquisa. Ela é feita desde 2006 por meio de uma parceria do International Budget Partnership (IBP) com organizações da sociedade civil independentes de todo o mundo. No Brasil, o responsável é o Instituto de Estudos Socioeconômicos, ONG que atua no monitoramento do orçamento público há 30 anos. Após o Inesc finalizar a coleta e análise dos dados, eles passam por revisores independentes anônimos do IBP.
Quanto à base para as conclusões, são 140 perguntas, das quais 109 são sobre transparência e 31 sobre participação social ou controle externo. Elas avaliam os documentos do ciclo orçamentário — Projeto de Lei Orçamentária Anual (PLOA), Projeto de Lei de Diretrizes Orçamentárias (PLDO), Lei Orçamentária Anual (LOA), Orçamento Cidadão e relatórios do Tesouro, Presidência e Tribunal de Contas da União. Elas também consideram  o cumprimento dos prazos previstos em lei, as iniciativas do governo para envolver os cidadãos no processo orçamentário, e a independência das instituições de auditoria.
A pesquisa levou cerca de 18 meses, entre março de 2014 e setembro de 2015, envolvendo cerca de 300 especialistas de 102 países.
Viomundo — O fato de o Congresso segurar o orçamento, para tentar fazer barganha, pressão política sobre o Executivo, atrapalha a transparência?
Carla Zigoni — Sim.  No período da pesquisa isso ocorreu, o Congresso Nacional segurou a LDO 2014, gerando atraso no ciclo orçamentário. Em consequência, todo o ciclo fica comprometido. Além disso, utilizar o orçamento para realizar barganhas políticas não é exatamente uma prática correta: os legisladores deveriam estar preocupados com o bem estar da população, que depende de um orçamento bem desenhado e estratégico para que as políticas públicas produzam  efeitos.
Viomundo — Com base na pesquisa, em que o Brasil tem de melhorar para aumentar a transparência?
Carla Zigoni — A pesquisa sugere, por exemplo, que o governo brasileiro providencie uma atualização oficial do seu Plano Plurianual (PPA) como um documento chave que tem que influenciar e orientar o orçamento anual e respeite o prazo estabelecido na legislação em relação ao ciclo orçamentário. O Projeto de Lei Orçamentária Anual (PLOA) precisa apresentar mais informações sobre a classificação das despesas e receitas para anos futuros.  Outra questão que consideramos fundamental a ser aperfeiçoada é a participação social no processo de elaboração do orçamento. Apesar de algumas iniciativas, como o Orçamento Cidadão, o orçamento ainda é distante da população em geral.

no VioMundo

Boa noite

Mensagem da Vovó Briguilina

Quanto o dono da Folha pagou de impostos sobre a herança do pai?

Quem tem mais equipamento para discutir uma carga tributária: os Frias e seus editorialistas ou o economista francês Piketty?

Minha pergunta se deve a que, no editorial infame em que dá um ridículo ultimato a Dilma, a Folha fala que a carga tributária brasileira é "obscena".


Que dados sustentam uma afirmação tão peremptória e tão leviana?

Nenhum.

Em sua passagem pelo Brasil, Piketty falou sobre os impostos nacionais com mais riqueza e mais profundidade do que o conjunto do conteúdo produzido, em muitos anos, pelas empresas jornalísticas.

Vamos do básico.

A carga tributária do Brasil se situa em torno de 35% do PIB. O país está mais ou menos no meio do caminho, como notou Piketty em seu divertido inglês afrancesado ao falar para plateias brasileiras.

Mais para cima, com cargas na casa dos 50%, você tem os países escandinavos, os mais avançados socialmente do mundo.

Mais para baixo, com cargas na casa dos 20%, você tem países como Romênia e Bulgária, socialmente primitivos.

Perguntou Piketty: o que vocês querem ser, Escandinávia ou Romênia?

A Folha não quer que o Brasil seja a Escandinávia, é claro. Nem as demais grandes corporações jornalísticas.

Por uma razão: elas teriam que pagar o imposto justo.

Na Editora Abril, chamávamos as campanhas regulares antiimpostos de "Pautas do Roberto". Roberto é, ou era, Roberto Civita.

Contra todas as evidências, as revistas Veja e Exame viviam em meu tempo – vivem ainda, imagino – alimentando a falácia da "obscena carga tributária" nacional.

Ora, obsceno é os ricos pagarem tão pouco no Brasil.

O sistema brasileiro é cruel. A principal fonte de receita de impostos vem do consumo, o que dá no seguinte. Os Frias e os mendigos da Barão de Limeira pagam a mesma coisa ao comprar um maço de cigarros ou uma Coca Cola.

Obsceno, para seguir por aí, são os 4% pagos pelos herdeiros de Octavio Frias de Oliveira a título de imposto sobre herança.

É uma ninharia, é um insultos.

Na França e na Inglaterra, o imposto sobre herança é dez vezes maior.

As companhias de jornalismo criaram o mito – terrível para a sociedade – de que os brasileiros pagam muitos impostos. Também forçaram no mito de que o dinheiro arrecadado termina nas mãos de corruptos.

Impostos constroem escolas, pavimentam ruas e estradas, viabilizam hospitais, pagam professores etc etc.

Você pode, perfeitamente, controlar o uso que se dá ao dinheiro dos impostos. Basta haver um choque de transparência na Receita Federal.

Hoje, é uma caixa preta indefensável.

Há um bom tempo sabe-se que a Globo sonegou brutalmente na compra dos direitos da Copa de 2002.

A Receita jamais se manifestou sobre o assunto.

Meses atrás, o Bradesco foi flagrado num esquema de evasão fiscal com base no uso de um paraíso fiscal.

Pouco depois disso, o presidente do Bradesco foi convidado para ser o ministro da Economia de Dilma. Como ele recusou, o convite foi passado a um diretor do banco, Levy.

Qual a mensagem que se passa aos brasileiros que pagam impostos com este tipo de atitude do governo?

A pior possível.

Isso sim é obsceno, e não, como disse falaciosamente a Folha, a carga tributária brasileira.

by Paulo Nogueira

Descriminalização da maconha e cidadania

[...]




  • Por que pedir a descriminalização da maconha? 
  • Por que lutar por Educação Pública?
  • Por que defender o SUS?
  • Por que ser contra o aborto?
  • Por que ser contra redução da maioridade?
  • Por que ser contra o racismo?
  • Por que ser a favor do casamento de pessoas do mesmo sexo se não sou gay? 
Continua>>>

Deputado do PT que viajou de carona em avião de Youssef foi cassado, que acontecerá com um tucano? Nada!

Em depoimento concedido à CPI da Petrobras, na Câmara dos Deputados, dia 25 de agosto, o doleiro Alberto Youssef confirmou que fez e financiou a campanha do senador Alvaro Dias (PSDB-PR), sendo parte do dinheiro desviado da prefeitura de Maringá (PR).  Ao ser perguntado pelo relator da comissão, deputado Luiz Sérgio (PT-Rio), se teria alugado um jato utilizado tanto pelo doleiro...Continua>>>

Alimentos amigos da saúde

Investir em uma dieta alimentar equilibrada é fundamental para manter os níveis de glicose no sangue saudáveis e controlar o peso. O acompanhamento de nutricionistas, médicos e psicólogos é importante para avaliar o quadro clinico de cada um e indicar os melhores alimentos. Conheça os 11 alimentos amigos para diabéticos.
11 alimentos amigos para diabéticos11 alimentos amigos para diabéticos
1 – Carnes Magras
São ricas em proteínas, vitaminas e minerais. Porém, evite as peças com muita gordura e opte por consumi-las cozidas, assadas ou grelhadas. Dê preferência aos peixes que, além de mais magros que as demais carnes, são ricos em ômega 3, potente agente antioxidante.
Diabetes - carne magraDiabetes – carne magra
2 – Frutas
São fontes de fibras e por isso ajudam na manutenção da saúde dos diabéticos. As fibras solúveis, que auxiliam na digestão e dificultam a absorção de açúcar, são encontradas principalmente nas frutas consumidas com casca, como a maçã, a pera e a ameixa.

Diabetes - FrutasDiabetes – Frutas
3 – Vegetais e folhosos
Mais um grupo de alimentos rico em fibras. Além disso, alface, rúcula, repolho, espinafre e outras folhas verdes contêm nutrientes moduladores da resposta glicose-insulina. A melhor maneira de o organismo absorver todos os nutrientes é consumindo os vegetais frescos e crus.
Diabetes - Vegetais folhososDiabetes – Vegetais folhosos
Conheça a lista completa dos alimentos benéficos para o Diabetes e saiba como consumi-los no seu dia a dia. Acesse o vídeo do Dr. Rocha e conheça um pouco mais do Programa Diabetes Controlada. Assistir agora!
4 – Leite e derivados
O consumo de cálcio está ligado à melhora do metabolismo da glicose. Porém, prefira os pobres em gorduras, como leite e iogurtes desnatados, de queijos brancos e ricota. Isso porque os alimentos gordurosos interferem no processo da glicemia, podendo até desenvolver diabetes em saudáveis.
Diabetes - Leite e derivadosDiabetes – Leite e derivados
5 – Grãos e cereais integrais
Os carboidratos são importantes porque são esses alimentos que fornecem energia para o metabolismo e funcionamento do corpo. A dica é escolher as versões integrais, pois são ricos em fibras, que auxiliam o funcionamento do intestino, reduzem o colesterol, aumentam a saciedade e, ainda, ajudam a controlar a liberação de açúcar no sangue.
Diabetes - Grãos e cereais integraisDiabetes – Grãos e cereais integrais
6 – Nozes
Os minerais presentes conferem à oleaginosa propriedades vaso dilatadoras que ajudam a prevenir o estreitamento dos vasos sanguíneos, recorrentes em pessoas diabéticas.
Diabetes - NozesDiabetes – Nozes
7 – Azeite
Ele e sua grande quantidade de ômega 3 ajuda no Controle da glicose no sangue, além de manter a boa forma, evitando outras doenças.
Diabetes - AzeiteDiabetes – Azeite
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8 – Canela
Segunde a Sociedade Brasileira de Diabetes, o consumo de Canela está associado à redução da glicose sanguínea em diabéticos do tipo 2, do triglicérides e do Colesterol ruim, o LDL. Utilize em á frutas e vitaminas para "adocicar" esses alimentos.
Diabetes - CanelasDiabetes – Canelas
9 – Alho
O Vegetal tem comprovação cientifica de que auxilia na redução de açúcar no sangue. E, ainda, é rico em potássio, que repõe parte dessa substância, perdida na urina dos diabéticos. O alho também contem zinco e enxofre, que compõem a insulina.
Diabetes - AlhoDiabetes – Alho
10 – Água
A indicação é consumir diariamente cerca de dois litros do liquido, que é essencial para o bom funcionamento do organismo e para a ação das fibras.
Diabetes - ÁguaDiabetes – Água
11 – Batata Yacon
É um tubérculo com baixo índice glicêmico, pode ser consumida crua, em pedaços, batida em sucos ou até mesmo em purê e sopas. Se ingerida regularmente, a yacon é mais uma aliada para o controle da glicemia, por causa da presença de Carboidrato do tipo frutano, que age no organismo de maneira muito semelhante às fibras alimentares.
Diabetes - batata yaconDiabetes – batata yacon
Porção ideal
Fazer refeições a cada três horas é indicado para toda pessoa que pretende se alimentar bem, nutrir o corpo e não abusar de guloseimas. A disciplina se torna essencial no caso dos diabéticos. Estar sempre saciado e fornecer os alimentos certos para o organismo auxilia o metabolismo da glicose. O ideal é fazer seis refeições por dia: café da manhã, lanche da manhã, almoço, lanche da tarde, jantar e ceia. É importante lembrar que o principal para quem tem diabetes é alimentar-se de forma variada, ingerindo as porções ideais de verduras, frutas e proteínas, não havendo excesso no consumo de carboidratos e gorduras, os grandes vilões da doença.
Diabetes - Porção idealDiabetes – Porção ideal
Contagem de carboidratos
Essa prática pode ajudar no controle diário da doença. Mas, para saber a necessidade nutricional de cada um, é preciso consultar um especialista. No geral, recomenda-se que 60% das calorias diárias sejam provenientes de carboidratos. Sendo assim, em uma dieta de 1800kcal, o indicado seria ingerir 108kcal ou 270g do nutriente, que devem ser parcelados ao longo do dia.
Diabetes - Contagem de carboidratosDiabetes – Contagem de carboidratos
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LEITURA FOCADA

 Sobre Ana Machado


Carioca, graduada em jornalismo e apaixonada por tudo que se refere a qualidade de vida.
Acredito que quando cuidamos da saúde a beleza é uma consequência.
Meu objetivo nesse blog, é dividir pesquisas e experiências de tudo que gosto e acho importante.
Por isso busco me informar para trazer conteúdo com qualidade, e espero de alguma forma contribuir com dicas e informações para todos.

Duvivier: “Sei que não vou preso nem se eu for dono de um helicóptero com meia tonelada de pasta de cocaína”

Na luta pela descriminalização, postei uma selfie com um baseado apagado. Assim que postei, os amigos ficaram com medo que eu tomasse processos por apologia ou que eu tivesse a casa invadida pela polícia à procura do flagrante (infelizmente, só iam encontrar uma ponta) –afinal de contas, confessei um crime. Nada. Nem polícia, nem processo. O único esculacho que tomei foi em relação ao beque mal apertado, qualificado como pastel. "Faltou só o caldo de cana", disseram.
A verdade é que a proibição nunca chegou aqui em casa. Por ser homem, branco, cisgênero e de classe média alta, a polícia sempre me tratou com o maior respeito.
Sendo assim: por que postar uma selfie pedindo a descriminalização se posso fumar um prensado tranquilo? Ou ainda: por que lutar por educação pública se posso pagar por educação privada? Ou: por que lutar por saúde pública se tenho plano de saúde? Por que lutar pelo aborto se não posso engravidar? Contra o racismo se eu sou branco? Contra a redução se eu sou maior de idade? Por que pedir o casamento gay se eu não quero casar gay?



O Brasil tem 140 mil encarcerados por tráfico –negros e pobres, em sua imensa maioria. Sei que não vou ser preso por uma selfie, nem pelo flagrante e, na real, sei que não vou preso nem se eu for dono de um helicóptero com meia tonelada de pasta base de cocaína (ou talvez, nesse caso, precise ser deputado). Postar uma foto com baseado é problematizar: por que não vou preso? Cadê a polícia aqui na porta? Cadê meu esculacho?
Quando você sair do armário, vai ver que a maconha já está descriminalizada há muito tempo. O que continua criminalizada é a pobreza.
Na sua coluna na Folha de São Paulo

Os primeiros sinais do ajuste da economia

por Luiz Carlos Mendonça de Barros

Apesar da insegurança e volatilidade criadas pelo desarranjo das contas fiscais do governo federal para o próximo ano, podemos visualizar alguns sinais claros de correções positivas que vêm ocorrendo na economia brasileira. Os mais evidentes estão concentrados em nossas relações comerciais com outros países em função do violento ajuste da taxa de câmbio.

Dois vetores principais estão respondendo a um real mais fraco, fruto, principalmente, do fim do superciclo das commodities que ocorreu na primeira década do século. A recessão por que passa o Brasil e a normalização dos juros nos Estados Unidos reforçam este movimento de desvalorização estrutural da taxa de câmbio.

O primeiro vetor é o chamado coeficiente de importação, que mede a relação entre o total de gastos na economia e a produção interna, especialmente de bens industriais. Nos anos do real forte -­ principalmente entre 2006 e 2012 -­ empresas e consumidores voltaram­se para as importações em função dos custos bem mais baixos dos bens produzidos em outros países. Foi o período do boom das importações de produtos industriais chineses em função de seus preços mais baixos em dólares e da moeda desvalorizada artificialmente pela ação do governo de Pequim.

O segundo vetor a explicar a queda de nossas exportações industriais foi a escalada dos custos em dólares da produção interna em função, principalmente, do aumento expressivo dos salários. Perdemos competitividade inclusive em mercados tradicionais, como na América Latina e em países africanos. Mais uma vez foram as exportações chinesas as grandes vilãs deste processo.

Mas o boom de commodities é hoje coisa do passado e a queda de mais de 30% nos termos de troca do Brasil, nos três últimos anos, revelou a fragilidade de nossa moeda em função da baixa produtividade do setor industrial. Além disto, a crise da economia ­ e mais recentemente da política ­ que nos atingiu este ano adicionou uma dose maior de fragilidade ao real, o que lhe rendeu a medalha, de prata ou bronze, entre as moedas emergentes que mais perderam valor em relação ao dólar. Um movimento oposto ao que ocorreu nos mandatos do presidente Lula e nos primeiros anos da presidente Dilma.

Paralelamente, a mudança na condução da política cambial da China, na direção de tornar o renminbi uma moeda reserva, provocou uma desvalorização intensa do real também em relação a ele. Em 2015 o real perdeu 45% de seu valor em relação ao dólar e 42% em relação à moeda chinesa. Este movimento violento na taxa de câmbio criou, em um primeiro momento, um choque inflacionário intenso ­ e que ainda não se dissipou -­, mas trouxe no seu ventre uma correção importante na competitividade da indústria.

Outras moedas no mundo emergente seguiram este movimento do real, principalmente na América Latina, encarecendo as importações chinesas e abrindo um novo espaço para nossas exportações de bens industriais. É a chamada volta do pêndulo, que nos mercados de moeda são sempre intensos. Os efeitos deste novo equilíbrio nos mercados de câmbio já começam a aparecer e devem se intensificar ao longo de 2016. O saldo comercial de agosto foi o maior dos últimos anos e o ano, como um todo, deve apresentar um número acima dos US$ 12 bilhões.

A maioria dos analistas desqualifica este resultado com o argumento de que foi a queda das importações o principal fator por trás desta melhora, o que é absoluta verdade numérica. Mas erram ao associar esta redução de nossas compras externas principalmente à intensidade da recessão econômica em curso. Existe já uma primeira fase de ajuste ao novo equilíbrio de preços relativos entre produção interna e importações, que se estiver certo em minha análise, deve se intensificar na medida em que o mercado se ajustar a ele.

Depois de um longo período de queda de nossa produção industrial as empresas brasileiras terão que se adaptar ao novo perfil de demanda e ocupar o espaço das mercadorias importadas, sejam elas bens finais ou componentes intermediários. E nossa história mostra que o setor industrial brasileiro faz isto com rapidez e eficiência.

Trago ao leitor do Valor alguns números reais que acompanho por conta de minha parceria no Brasil com o gigante chinês do setor de caminhões, a Foton Beiqi. Tomando como referência o veículo de 10 toneladas que será produzido no Rio Grande do Sul -­ e para o qual já temos mapeados os custos de produção -­ podemos visualizar este movimento de ajuste de custos ao qual me referi.

O caminhão chinês tem hoje como preço de exportação nos portos da China para os mercados da América Latina um valor 5% menor do que o preço do produto nacional equivalente a ser produzido no Brasil, excluído os impostos cobrados no mercado interno. Números muito próximos e que, se forem corrigidos pelos encargos de logística das exportações chinesas, colocam o produto brasileiro em condição de competir em países como Colômbia, Chile e Argentina. Evidente que esta mesma situação se apresenta a outros produtores de caminhões no Brasil e, certamente, para outras indústrias de bens de capital e consumo.

O outro lado desta mesma moeda é que podemos dar como terminada a fase da onda chinesa de exportações de produtos industriais para os países do mundo emergente, como o Brasil, pois a nova postura da moeda chinesa nos mercados de câmbio leva naturalmente à perda de competitividade da indústria daquele país. É mais um custo da decisão do governo de Pequim de tornar o país um gigante geopolítico.

Luiz Carlos Mendonça de Barros, engenheiro e economista, é diretor­-estrategista da Quest Investimentos. Foi presidente do BNDES e ministro das Comunicações. Escreve mensalmente às segundas.

Mensagem da Vovó Briguilina

Não adianta que nos classifiquem em raças
Que nos desliguem da religião
Que nos separem
Que nos dividam
Que deturpem nossa opinião
Somos todos irmãos
O mais é desumanidade

Deva Nishok

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