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O eleitor brasileiro

De acordo com pesquisa da GPP é: ESTATIZANTE NA ECONOMIA E MÁXIMA LIBERDADE DE IMPRENSA!
            
1. A metodologia aplicada acompanhou a da IPSOS-Nouvel Observateur de 2007. Foi testada em junho de 2007 e os resultados aqui no Brasil foram semelhantes. Agora, em agosto 2011, foi repetida. O método objetiva identificar o "partido político" de preferência do eleitor. Para isso, se realiza uma série de perguntas sobre valores (conservadores e liberais) e sobre economia (estado e mercado). O resultado continua confirmando. O "partido político" do eleitor brasileiro defende valores conservadores e quer um estado intervencionista na economia. Seria uma espécie de partido de direita/esquerda ao mesmo tempo. Resultados a seguir.                         
            
2. Os valores conservadores continuam tendo amplo apoio da população. 90% são a favor da redução da idade penal para 16 anos \ 79,7% querem aula de religião nas escolas \ 77,2% são contra a legalização do aborto \ 81,4% são contra a liberação da maconha \ No caso do casamento entre pessoas do mesmo sexo as respostas favoráveis cresceram de 2007 para cá. A favor 41,6% \ Contra 51,2%.
            
3. Eleitor é estatizante.  Maior intervenção do Estado na economia: a favor 51,8% e contra 29,8% \ Voltar a estatizar a Vale e as empresas de Telecomunicações: a favor 45,2%, e contra 39,2% \ O governo deve intervir o menos possível na sociedade: a favor 40,1% e contra 45,9% \ Privatizar mais empresas públicas: contra 48,7% e a favor 37,1 \ Diminuir a participação do governo nas empresas: a favor 40,1% e contra 45,9%.
            
4. Quanto a Imprensa, o eleitor é contra controle do governo. Governo controlar a Imprensa: a favor 20,2% e contra 70,6% \ Liberdade total de Imprensa:  a favor 69,5% e contra 22,4%.

O que faz a democracia não é a alternância; é o voto livre e consciente, não importa qual seja

Desde o primeiro turno e ainda mais no segundo, encontra-se como justificativa da escolha eleitoral, até por eleitores do calibre de Hélio Bicudo, a crença ou a alegação de que a alternância de orientação político-partidária no poder é bastante para determinar a escolha, porque é essencial à democracia. Não é insultuoso constatar que se trata de velho chavão. Nem é insultuoso considerar que se trata de um dos péssimos modos de selecionar o voto.


Não é excepcional que a mudança completa no controle do poder produza resultados positivos. Mas a causa desse efeito não foi, como não é onde se esteja mostrando, a alternância em si. Alguma lógica eleitoral e, com frequência mais perceptível, o acaso costumam proporcionar as explicações.


Vou começar por um exemplo extremo, o republicano belicista George W. Bush fez governo melhor, seja em que quesito for, com sua alternância ao governo do democrata Bill Clinton? O centro-direitista Jacques Chirac foi melhor presidente do que François Mitterrand, do Partido Socialista Francês? Na Espanha, os ultra-direita liderados por Aznar fizeram alguma coisa melhor do que Felipe Gonsalez do inovador Partido Socialista Espanhol? No Brasil, Collor foi alternância positiva ao peemedebismo que se impôs à sucessão da ditadura e ao governo Sarney?



São todos esses exemplos, além de apenas ilustrativos, de nossos tempos recentes. Ampliar a geografia dos casos e descer na história desfaz toda a pretendida ligação essencial entre alternância político-partidária no poder e construção ou permanência democrática. Ou, por extensão, a alternância como razão para tal ou qual escolha do voto.



Voto consciente, já o nome indica, provém da identificação com o que o candidato expressa, provém do sentir-se mais representado por ele, ainda que em medida incompleta, do que por qualquer outro. Inclui-se em parte nesse caso a militância sectária, cujas opções estão mais afinadas com religiosidade desviada para a política e, tanto quanto a religiosidade voltada para o sobrenatural, oferecida à obediência. É um modo de identificação.



O voto é ato político. A impressão que fica, porém, na maioria dos recursos a argumentos como alternância, para justificar o voto, é a de que são usados como pretexto. Melhor, como biombos das razões da escolha ou da disposição de enunciá-las. Por quê? Ninguém está obrigado a expor sua escolha. Se decide fazê-lo, o sentido político do seu ato só será completo se houver a mesma sinceridade aplicada à escolha. Do contrário, é agir como o recriminado na prática dos políticos.



O que faz a democracia não é a alternância. É o voto livre e consciente, não importa qual seja.
por  Jânio de Freitas 

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O Voto do Nordeste

O voto do nordestino, além do preconceito
A ampla vantagem da candidata Dilma Rousseff no primeiro turno no Nordeste reacende o
preconceito de parte de nossas elites e da grande mídia face às camadas mais pobres da
sociedade brasileira e em especial face ao voto dos nordestinos. Como se a população mais
pobre não fosse capaz de compreender a vida política e nela atuar em favor de seus
interesses e em defesa de seus direitos. Não "soubesse" votar.

Desta vez, a correlação com os programas de proteção social, em especial o "Bolsa
Família" serviu de lastro para essas análises parciais e eivadas de preconceito. E como a
maior parte da população pobre do país está no Nordeste, no Norte e nas periferias das
grandes cidades (vale lembrar que o Sudeste abriga 25% das famílias atendidas pelo "Bolsa
Família"), os "grotões"- como nos tratam tais analistas ? teriam avermelhado. Mas os
beneficiários destes Programas no Nordeste não são suficientemente numerosos para
responder pelos percentuais elevados obtidos por Dilma no primeiro turno : mais de 2/3 dos
votos no MA, PI e CE, mais de 50% nos demais estados, e cerca de 60% no total ( contra
20% dados a Serra).

A visão simplista e preconceituosa não consegue dar conta do que se passou nesta região
nos anos recentes e que explica a tendência do voto para Governadores, parlamentares e
candidatos a Presidente no Nordeste.

A marca importante do Governo Lula foi a retomada gradual de políticas nacionais,
valendo destacar que elas foram um dos principais focos do desmonte do Estado nos anos
90. Muitas tiveram como norte o combate às desigualdades sociais e regionais do Brasil. E
isso é bom para o Nordeste.

Por outro lado, ao invés da opção estratégica pela "inserção competitiva" do Brasil na
globalização - que concentra investimentos nas regiões já mais estruturadas e dinâmicas e
que marcou os dois governos do PSDB -, os Governos de Lula optaram pela integração
nacional ao fundar a estratégia de crescimento na produção e consumo de massa, o que
favoreceu enormemente o Nordeste. Na inserção competitiva, o Nordeste era visto apenas
por alguns "clusters" (turismo, fruticultura irrigada, agronegócio graneleiro...) enquanto
nos anos recentes a maioria dos seus segmentos produtivos se dinamizaram, fazendo a
região ser revisitada pelos empreendedores nacionais e internacionais.

Por seu turno, a estratégia de atacar pelo lado da demanda, com políticas sociais, política de
reajuste real elevado do salário mínimo e a de ampliação significativa do crédito, teve
impacto muito positivo no Nordeste. A região liderou - junto com o Norte - as vendas no
comercio varejista do país entre 2003 e 2009. E o dinamismo do consumo atraiu
investimentos para a região. Redes de supermercados, grandes magazines, indústrias
alimentares e de bebidas, entre outros, expandiram sua presença no Nordeste ao mesmo
tempo em que as pequenas e medias empresas locais ampliavam sua produção.

Além disso, mudanças nas políticas da Petrobras influíram muito na dinâmica econômica
regional como a decisão de investir em novas refinarias (uma em construção e mais duas
previstas) e em patrocinar - via suas compras - a retomada da indústria naval brasileira, o
que levou o Nordeste a captar vários estaleiros.
Igualmente importante foi a política de ampliação dos investimentos em infra-estrutura -
foco principal do PAC - que beneficiou o Nordeste com recursos que somados tem peso no
total dos investimentos previstos superior a participação do Nordeste na economia nacional.

No seu rastro,a construção civil "bombou" na região.
A política de ampliação das Universidades Federais e de expansão da rede de ensino
profissional também atingiu favoravelmente o Nordeste, em especial cidades médias de seu
interior. Merece destaque ainda a ampliação dos investimentos em C&T que trouxe para
Universidades do Nordeste a liderança de Institutos Nacionais ? antes fortemente
concentrados no Sudeste - dentre os quais se destaca o Instituto de Fármacos ( na UFPE) e
o Instituto de Neurociências instalado na região metropolitana de Natal sob a liderança do
cientista brasileiro Miguel Nicolelis que organizará uma verdadeira ?cidade da ciência?
num dos municípios mais pobres do RN ( Macaíba).

Igualmente importante foi quebrar o mito de que a agricultura familiar era inviável. O
PRONAF mais que sextuplicou seus investimentos entre 2002 e 2010 e outros programas e
instrumentos de política foram criados ( seguro ? safra , Programa de Compra de
Alimentos, estimulo a compras locais pela Merenda Escolar, entre outros) e o recente
Censo Agropecuário mostrou que a agropecuária de base familiar gera 3 em cada 4
empregos rurais do país e responde por quase 40% do valor da produção agrícola nacional.

E o Nordeste se beneficiou muito desta política, pois abriga 43% da população
economicamente ativa do setor agrícola brasileiro.

Resultado: o Nordeste liderou o crescimento do emprego formal no país com 5,9% de
crescimento ao ano entre 2003 e 2009, taxa superior a de 5,4% registrada para o Brasil
como um todo, e aos 5,2% do Sudeste, segundo dados da RAIS.

Daí a ampla aprovação do Governo Lula em todos os Estados e nas diversas camadas da
sociedade nordestina se refletir na acolhida a Dilma. Não é o voto da submissão - como
antes - da desinformação, ou da ignorância. É o voto da auto- confiança recuperada, do
reconhecimento do correto direcionamento de políticas estratégicas e da esperança na
consolidação de avanços alcançados - alguns ainda incipientes e outros insuficientes. É o
voto na aposta de que o Nordeste não é só miséria (e, portanto, "Bolsa Família"), mas uma
região plena de potencialidades.

*Tânia Bacelar de Araujo é especialista em desenvolvimento regional, economista,
socióloga e professora do Departamento de Economia da UFPE (Universidade Federal de
Pernambuco).


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Direitos iguais?

Clique para AmpliarAgora, depois da eleição o TRE de São Paulo, descobre que Tiririca é analfabeto e quer anular o voto de mais de hum milhão e trezentos mil brasileiros que o sufragaram nas urnas?... 
Alegam que é analfabeto. 
Ele pode trabalhar, pagar impostos, votar mas não pode ser votado. 
Que direitos iguais são estes que estão na constituição?...
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Voto de desconfiança

Os números são aproximados. O Brasil tem 136 milhões de eleitores. Saíram de casa no domingo para votar em Dilma Rousseff quase 48 milhões. É 35% do eleitorado, pouco acima de um terço. José Serra chegou ao patamar de 33 milhões, 24%. Marina alcançou quase 20 milhões, perto de 15%.

Houve algumas quebras em relação ao que previam os institutos de pesquisa. Mesmo na boca da urna aconteceram problemas. Mas a dificuldade maior é antes do dia da eleição, e os números, especialmente de Dilma, mostram com nitidez. Uma coisa é o universo dos eleitores. Outra coisa é o universo dos eleitores que vão votar em algum candidato.

Esta coluna porém não será sobre pesquisas. Que os institutos se expliquem. Pesquisa boa mesmo, como gostam de dizer os políticos que estão nelas em desvantagem, é a da urna. E o que as urnas disseram no domingo, de mais significativo?

Que apenas 35% dos eleitores acharam importante dar apoio agora à candidata de um presidente da República aprovado por quase oito em cada dez brasileiros. Mais de seis em cada dez, dos mesmos que respondem às pesquisas de aprovação do governo e do presidente, preferiram um voto de desconfiança.

“De desconfiança” porque tampouco dá para simplesmente somar os votos de Serra e Marina e concluir que exista aí uma maioria em oposição à escolhida de Luiz Inácio Lula da Silva. Como gosta de dizer a candidata verde, a presença expressiva dela despolarizou a disputa no primeiro turno, matizou o plebiscito idealizado por Lula.

E como Marina conseguiu isso? As teses mais confortáveis, para o governo, procuram divulgar que a verde foi apenas beneficiária do voto de um certo “atraso” religioso-comportamental. A explicação não combina com o perfil do eleitorado dela, mais concentrado em áreas bem desenvolvidas.

Uma candidatura que ganha no Distrito Federal, pega quase um terço dos votos válidos no Rio de Janeiro e fica acima da sua média nacional em São Paulo e Minas Gerais não pode ser lida como alavancada pelos grotões.

O primeiro turno mostrou, ao contrário, que Marina conseguiu tomar posição para surfar na próxima onda, se se observar que a política brasileira se renova por ondas de partidos, pois internamente nas legendas não é possível, pela falta de democracia.

Ou seja, o eleitor disse no domingo que se as coisas estão boas sempre será possível trabalhar para melhorá-las. José Serra defendeu-se bem entre os trabalhadores de salário mínimo e os aposentados, ao propor reajustes agressivos no mínimo e nas aposentadorias, além de um 13o. para o Bolsa Família.

Já Dilma ficou presa ao figurino “o governo Lula foi melhor que o de Fernando Henrique Cardoso”. Qual terá sido a dificuldade de Dilma para liquidar a fatura dois dias atrás? Se é verdade que o PT de Lula faz uma boa administração federal, também é verdade que o PSDB de FHC faz boas gestões nos estados. Em ambos os casos, aqui o “boa” é sinônimo de “avaliada como boa”.

O PSDB, disputando sua eleição mais difícil, elegeu em primeiro turno governadores nos dois maiores eleitorados, São Paulo e Minas Gerais. Será o quinto governo tucano seguido em terras paulistas e o terceiro nas mineiras. Ninguém consegue esses números só na base da saliva.

E no Paraná o ex-prefeito tucano da capital derrotou de uma só vez o presidente da República, o governador e o ex-governador.

Esta eleição de 2010 não é para os profetas do apocalipse, nem para os anunciadores da “mexicanização”, ou da “ameaça neoliberal”. Parece ser mais uma escolha banal em tempos de estabilidade e prosperidade, quando o eleitor já considera ter garantido coisas boas para si e quer saber o que pode ganhar mais.

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A gosto do freguês

Senão num balcão de negócios, a campanha eleitoral transformou-se num daqueles armazéns do começo do século passado, onde se encontrava de tudo, desde fumo de rolo até tecidos, arroz, feijão, carretel e linha, pregos, martelos, brinquedos infantis, frutas, legumes e bebidas,  finas ou não.

Quem manda é o freguês, quer dizer, se pertence a um veículo de comunicação que forma na oposição, vai haver segundo turno. Se integra uma revista simpática ao governo, não vai haver. Dividiram-se partidos, imprensa, institutos de pesquisa, sociedades corporativas e até dona Mariquinhas e dona Maricota, sem se falar há uma semana: uma aposta na eleição imediata de Dilma Rousseff  e outra hesita entre José Serra e Marina Silva.

O pior é que, revelado o resultado das urnas, todos dirão  que estavam certos, o povo é que mudou...
Carlos Chagas

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Orgulho de ser brasileiro!

Uma cena que mostra um pouco e explica o porque o povo elegerá Dilma domingo dia 03. Emociona!

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Voto - Direito ou Dever?

A cada tanto tempo, o tema reaparece: como o voto, de um direito se transformou em um dever? Reaparecem as vozes favoráveis ao voto facultativo.

A revista inglesa The Economist chegou, em artigo recente, a atribuir à obrigatoriedade do voto, as desgraças do liberalismo. Partindo do supostos – equivocado – de que os dois principais candidatos à presidência do Brasil seriam estatistas e antiliberais, a revista diz que ao ser obrigado a votar, o povo vota a favor de mais Estado, porque é quem lhe garante direitos.

Para tomar logo um caso concreto de referência, nos Estados Unidos as eleições se realizam na primeira terça-feira de novembro, dia de trabalho – dia “útil”, se costuma dizer, como se o lazer, o descanso, foram inúteis, denominação dada pelos empregadores, está claro -, sem que sequer exista licença para ira votar, dado que o voto é facultativo. O resultado é que votam os de sempre, que costumam dar maioria aos republicanos, aos grupos mais informados, mais organizados, elegendo-se o presidente do pais que mais tem influência no mundo, por uma minoria de norteamericanos. Costumam não votar, justamente os que mais precisam lutar por seus direitos, os mais marginalizados: os negros, os de origem latinoamericana, os idosos, os pobres, facilitando o caráter elitista do sistema político norteamericano e do poder nos EUA.

O voto obrigatório faz com que, pelo menos uma vez a cada dois anos, todos sejam obrigados a interessar-se pelos destinos do país, do estado, da cidade, e sejam convocados a participar da decisão sobre quem deve dirigir a sociedade e com que orientação. Isso é odiado pelas elites tradicionais, acostumadas a se apropriar do poder de forma monopolista, a quem o voto popular “incomoda”, os obriga a ser referendados pelo povo, a quem nunca tomam como referência ao longo de todos os seus mandatos.

Desesperados por serem sempre derrotados por Getúlio, que era depositário da grande maioria do voto popular, a direita da época – a UDN – chegou a propugnar o voto qualitativo, com o argumento de que o voto de um médico ou em engenheiro – na época, sinônimos da classe média branca do centro-sul do país – tivesse uma ponderação maior do que o voto de um operário – referência de alguém do povo na época.

O voto obrigatório é uma garantia da participação popular mínima no sistema político brasileiro, para se contrapor aos mecanismos elitistas das outras instâncias do poder no Brasil.

por Emir Sader 

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Serra converteu-se em carcará

Os colunistas e jornalistas tucademos estão abandonando o barco do Serra. Leia abaixo as ultimas conclusões do Jozias:
 Depois da muda, ocorrida há coisa de duas semanas, José Serra voa sobre a campanha com aparência renovada.

De tucano, Serra converteu-se em carcará –aquele pássaro malvado que pega, mata e come.

Em sua nova fornada de números, divulgada na noite desta sexta (10), o Datafolha informa: não funcionou.

Serra vive o seu momento pânico. Já experimentou de tudo. Na fase tucana, o bico grande, bonito e doce revelou-se inútil.

Com o bico de carcará –pequeno, pontudo e perverso— serviu veneno a uma platéia que pede a continuidade do pudim.

O vaivém de Serra pode ser visto de dois ângulos. Num, positivo, o observador é tentado a concluir que o candidato não tinha alternativas.

Enquanto deu, posou de oposicionista light. Quando os amigos e a família foram ao caldeirão da Receita Federal, elevou o tom.

Noutro ângulo, negativo, enxerga-se um candidato errático e oportunista. Errático por tentar se apropriar do legado que o dono do testamento diz ser de outra.

Oportunista por ter alardeado só agora uma violação de sigilo que admite conhecer desde janeiro, quando diz ter “alertado” Lula.

Seja como for, independentemente da lupa que se utilize, o resultado é a visão de um Serra batido.

Considerando-se os grandes números do Datafolha, o quadro é estacionário. Na última semana, Dilma reteve seus 50% e Serra escorregou de 28% para 27%.

Mergulando-se no miolo do relatório do instituto, descobre-se a existência de movimento.

O problema é que, nos pontos em que se mexeram, os números sorriram ora para Dilma ora para Marina, jamais para Serra.

Sorriram para Dilma, por exemplo, em Pernambuco e na Bahia. Entre os pernambucanos, ela foi de 64% para 67%. Serra, de 21% para 18%.

Entre os baianos ela subiu de 60% para 64%. Ele desceu de 22% para 18%.

Dilma caiu cinco pontos percentuais na faixa de eleitores com escolaridade superior. Para onde foram os votos? Quatro pontos percentuais engordaram o cesto de Marina.

Dilma despencou sete pontos entre os eleitores de maior renda familiar. Nesse universo, Marina beliscou seis pontos percentuais.

Disseminou-se a percepção de que, em matéria de sucessão presidencial, Serra é mesmo um político azarado.

Em 2002, época em que sopravam os ventos da mudança, cavalgava a continuidade. Em 2010, tempo de continuidade, encarna a mudança.

Numa leitura condescendente do processo, pode-se dizer que, hoje, o adversário de Serra é Lula, não Dilma. Tomado pelo Datafolha, Lula é um eleitor notável.

Quase metade do eleitorado (45%) declara que, “com certeza”, vota em quem o presidente indicar. Outros 18% afirmam que “talvez” votem no indicado de Lula.

Somando-se os dois percentuais chega-se ao potencial de transferência de votos de Lula para Dilma: 63%.

Sobram para Serra os 29% que rejeitam o nome apontado pelo “dedaço” de Lula. Um contingente que ele tem que dividir com Marina.

Numa análise menos edulcorada da campanha, chega-se à conclusão de que o problema de Serra não é Lula nem Dilma, mas o eleitor.

O dono do voto informa, uma pesquisa atrás da outra, que não deseja Serra. É como se dissesse ao pesquisador: "Não me importune mais com suas perguntas. Já decidi".

A 23 dias do fatídico 3 de outubro, vive-se sob a égide da precipitação. Lula antecipara a campanha em mais de dois anos.

E o eleitor, contente com a atmosfera benfazeja em que se misturam as bolsas e o crescimento econômico, parece ávido por antecipar o resultado.

Há uma semana, 69% achavam que Dilma vence. Hoje, compartilham dessa idéia 72%.

Na conta do Datafolha, somados apenas os votos válidos, Dilma fica com 56%. Ou seja, o triunfo pode chegar no primeiro turno.

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A disputa que existe

A disputa que não vai existir
As eleições de 2010 reproduzem com um pouco menos de intensidade o fenômeno verificado em 2006, quando Lula foi reeleito: a massa de eleitores de um lado e a mídia impressa de outro.
Naquela época, o Mensalão era o grande divisor de águas, e a imprensa exercia impiedosa marcação sobre o lamentável processo de depauperação na política nacional. Hoje não temos o Mensalão para estimular a marcação, mas os oitos anos de Lula desgastaram sua relação com a imprensa. Paradoxalmente, no entanto, sua relação com o povo é das melhores.
Uns podem até pensar que vale a pena desagradar à imprensa e agradar ao povo. De certa forma, é assim que está funcionando hoje.
Enquanto Lula navega em elevada popularidade, o noticiário trata de temas velhos ou, até mesmo, incompreensíveis para a massa, como a questão do aparelhamento do Estado. Na lista dos temas velhos ressurge a alegada ligação do PT com as Farc, ou o radicalismo do partido, que, segundo alguns, pode aparecer com vigor em um eventual governo Dilma.
A questão dos dossiês também está de volta, mas sem a energia de antes: um dossiê ia ser feito e terminou não existindo; e, mais recentemente, uma denúncia de possível tráfico de influência da filha de Mantega.
Nada, porém, parece afetar o ânimo do cidadão, que aprova, com sobras, o desempenho do governo e atribui a Lula o título de presidente mais popular da história.
Nesse cenário, temos uma situação paradoxal. De um lado, a agressividade do noticiário contra a política do governo. De outro, o dever de noticiar o bom momento econômico. O quadro de paradoxos é completado com a ausência de um discurso claro da oposição. Como se esta, de verdade, só existisse na mídia impressa, que exerce o papel de consciência crítica da nação.
Isso posto, o que vai acontecer? A princípio, nada. A disputa entre a imprensa e o governo tende a não ser relevante na formação da opinião eleitoral do cidadão que vota. Tanto pelo ambiente de sucesso econômico e avanço social quanto pelo pouco impacto da mídia impressa junto ao eleitorado.
A autonomia da massa do eleitor diante das elites educadas, que leem, indica que a tendência iniciada no plebiscito do desarmamento, e que prosseguiu em 2006, continua valendo e deve continuar a valer nos próximos anos.
Quais são as consequências disso? Para ganhar as eleições será preciso saber o que agrada de verdade ao eleitor, e não interpretar o que ele gostaria. Tal fato deve fazer predominar uma visão pragmática e, em alguns casos, fisiológica e clientelista da política.
Murillo de Aragão é cientista político

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FHC - DONO DA VERDADE ABSOLUTA

Não dá para deixar  o sociólogo de lado. 

A cada dia e a cada entrevista ele fornece material para discussão sobre  sua peculiar personalidade.  

Ainda agora acaba de ministrar mais uma lição eleitoral. 

Recomendou aos candidatos  não discutir o que os outros querem, ou seja, devem ignorar  os anseios do eleitorado, mas procurar  “convencer os outros da importância de seus valores”. 

Numa palavra, Fernando Henrique quer o futuro presidente da República ditando padrões, impondo rumos e agindo conforme sua vontade, à qual deve acoplar-se a nação. 

Nada de ouvir a voz rouca das ruas...
Carlos Chagas
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A MAIS BURRA DAS LEIS


Agora foi o PT a denunciar o DEM junto ao Tribunal Superior Eleitoral. Semana passada aconteceu  o contrário, valendo incluir o PSDB nessa sucessão de acusações sobre  campanha eleitoral antecipada. Uma farsa, que a Justiça Eleitoral engole por conta de suas atribuições e de uma das leis mais burras de todos os tempos, aquela  que proíbe e tenta negar o óbvio. Alguém duvida de que José Serra, Dilma Rousseff e Marina Silva são candidatos? Por que, então, negar-lhes o  direito de fazer campanha?

Tanto a lei quanto a Justiça deveriam preocupar-se  exclusivamente com a utilização de dinheiro público na conquista de votos. A participação  da máquina administrativa pública, também.  Fora daí, o lógico seria a revogação da legislação e das regulamentações judiciárias que apenas demonstram o ridículo, porque impedir  candidatos de fazer campanha é impossível, tanto quanto limitar prazos para o seu início.   Obrigar os pretendentes a cargos eletivos  fingirem que não estão pedindo votos  chega a ser  hilariante.

Haveria outra solução, que seria  juízes e ministros dos tribunais não tomarem conhecimento das denúncias. Ignorarem solenemente as escaramuças  dos partidos. O que não dá é para  o país ficar  assistindo capítulos sucessivos dessa lamentável novela.
por Carlos Chagas

Panfletando o Tijolaço

Bom, levando uma certa surra aqui para montar o documento e outra, ainda maior, por ter de escrever de forma (mais ou menos) concisa, criei um panfletinho para puxar conversa com os amigos, parentres e colegas sobre as ameaças que pesam sobre as eleições presidenciais. Se você clicar aqui, com o botão da direita, vai poder abrir ou salvar um arquivo PDF, com dois panfletos por página, para imprimir quantos achar que deve. Se você reparar, o tijolaco.com assina lá embaixo, em letras bem miúdas, apenas para o documento não ficar apócrifo, mas para não ficar, também, como propaganda do site, porque não é essa a intenção.
Veja abaixo como ficou:


ELEIÇÃO NÃO É DUELO DE ESPADACHINS!

1. No mundo todo, a imprensa cobre as campanhas eleitorais como uma luta de espadachins ou uma corrida de cavalos. Apresenta as declarações, performances, opiniões dos candidatos como um duelo. Aqui no Brasil não é diferente.
                    
2. O problema não está nesse tipo universal de cobertura. O problema está nos candidatos competitivos acreditarem que são espadachins e que estão em um duelo. Quem entra nesse jogo, em geral, perde a eleição. Atinge seu adversário com um golpe de espada e está certo que esse é o caminho do sucesso. Não é.
                    
3. Quem desfere os golpes mortais nesse ou naquele espadachim, é o eleitor. É um duelo curioso, que é o distinto público que escolhe o vencedor. E escolhe conversando com as pessoas que tem contato, sempre ou eventualmente. Um golpe forte de um espadachim fazendo sangrar o adversário pode ser percebido pelo público, vitimando quem foi golpeado, e anotando pontos a favor desse.
                    
4. Portanto, não é tão simples como um duelo, a lógica e dinâmica eleitorais. Os contendores devem estar sempre pensando se seus golpes e seu comportamento estão chegando às centenas de milhares de eleitores, e como estes estão reagindo em seu círculo social. Ou seja, se ele duela em nome dos eleitores e com o entusiasmo desses. A lógica do espadachim pode não ser a lógica do eleitor.
                    
5. Muito mais importante que o espadachim ficar olhando para as câmeras de fotos e TV, ficar fitando apenas seu adversário ou mirando os que estão na área VIP assistindo o duelo, é entender que ele é parte de um todo, com o qual deve interagir, e é mesclado a esse todo que conseguirá a vitória. E não sua habilidade no manejo da espada.

Campanha pelo voto limpo

O cidadão quer mais que Ficha Limpa. Aliás, candidato não tem que ter ficha, quem tem ficha é bandido. Candidato tem que ter boas ideias, propostas, projetos, ética e e ser honesto.