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Artigo do dia


 Bolsonaro prepara a guerra civil

Abra o olho, porque as coisas vão esquentar. Bolsonaro está a ponto de perpetrar um grande absurdo, maior do que tudo que cometeu até hoje –algo que porá contra ele até setores que ainda o apoiam no Congresso e nas Forças Armadas. Fará isto de caso pensado. A intenção é provocar uma medida, vinda não se sabe de onde, que o impeça de concorrer às eleições. Isso insuflará o seu discurso de que só assim conseguem derrotá-lo e convocará para a briga seus seguidores, que detêm hoje um poder de fogo maior que o dos quartéis.

Ao contrário do presidente dos EUA Donald Trump, que se achava em condições de enfrentar Joe Biden nas eleições americanas de 2020, Bolsonaro sabe que já perdeu. Se de há muito os números não lhe estão a favor, a campanha os tornará piores ainda quando, descabelado, aos gritos e palavrões, seu descontrole ficar claro até para os papalvos que ainda acreditam nele. Temendo uma derrota no primeiro turno, Bolsonaro não pode esperar por um 6 de Janeiro, como ficou conhecida a invasão do Capitólio pelas hordas de Trump. Precisa de um 6 de Janeiro antes de 2 de outubro. Talvez a 7 de setembro. Talvez antes.

É difícil imaginar algo ainda mais absurdo do que os crimes que ele já cometeu, contra a vida humana, as instituições, a floresta, o decoro, o dinheiro público. Mas Bolsonaro, ou algum gênio da estratégia por trás dele, é inesgotável. A ideia de botar os canhões, urutus e esteiras de lagartas para rodar pela orla de Copacabana já parecia descalabro suficiente, mas não é —pode melar com uma simples canetada do prefeito do Rio. Bolsonaro terá de vir com algo muito mais bombástico. E virá.

por Ruy Castro, na Folha de São Paulo
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Pitaco do Briguilino: não duvido de maneira alguma das más intenções do verme e seus cúmplices. Porém, acredito que ele não terá êxito na empreitada transloucada e miliciana. O Brasil é grande demais para ser derrotado por uma corja dessa. É o que penso.

Literatura

Noites de Copacabana nos anos 50 
- O novo livro do consagrado escritor Ruy Castro A NOITE DE MEU BEM contando a estoria do samba canção e dos ambientes onde se desenrolou esse gênero musical. O livro é ricamente ilustrado e é uma delicia de ler e relembrar esses anos dourados, edição da Companhia das Letras.
O pano de fundo do samba canção é a época que se seguiu ao fechamento dos cassinos, cenários das grandes orquestras dos anos 40. O espaço físico e o ambiente luxuoso dos cassinos apelavam às orquestras e cantores de voz potente para grandes espaços, o que atraia as composições do samba clássico, dos ritmos americanos, dos boleros, rumbas, tangos e salsas. Os artistas eram cantores e cantoras famosas, bem pagos, maestros experientes e músicos tarimbados. Não havia problema de custos, o negocio dos jogos dava muito lucro e permitia pagar bons cachês, patrocinar cardápios de primeira em jantares dançantes a preço de custo, o jogo pagava tudo. 
Com o fechamento dos cassinos como entreter os ricos frequentadores dessas casas em busca de diversão?
No Rio isso só seria possível em espaços pequenos que passaram a surgir em Copacabana, bares em terréus limitados
onde só seria possível conjuntos de três a cinco integrantes e musica intimista. Surge então o samba-canção, ritmo que se enquadrava nesses espaços, agora chamados de "boates" que viraram uma coqueluche nas ruas internas de Copacabana., mais de 50 surgiram e outras no centro, como a Night and Day de Carlos Machado no Hotel Serrador.
Os chamados "granfinos", uma certa faixa da alta sociedade que tinha por habito sair para noitadas, passaram a procurar as boates para jantar, ouvir boa musica e dançar. Romances e fossas se curtiam nas casas onde o samba canção era o carro chefe, o que criou um grupo de cantores e cantoras especializados no gênero, compositores antigos passaram a compor sambas-canções, ícones como Dolores Duran, Lucio Alves, Dick Farney, Jamelão, Lupicinio Rodrigues compunham o roteiro que também agregou Ary Barroso com seu Risque, Nora Ney, os clientes consumiam whisky ainda muito caro
nesses anos agradáveis onde a economia fluía bem e sentido de progresso estava no ar, especialmente no governo JK.
È evidente que a frequência das boates exigia lastro financeiro não só para a conta mas para a vestimenta que era pelo padrão da época era "chic", a sociedade era bem segmentada nas classes alta, média e baixa, era o tempo da Miss Elegante Bangu, das Dez Mais Elegantes do Ibrahim Sued e de seu concorrente Jacinto de Thormes , depois também os homens Dez Mais Elegantes, ranking que era esperado com ansiedade pelos leitores da Revista Manchete.
O livro de Ruy Castro não se limita a tratar de musica mas traça um pano de fundo da sociedade carioca daquela época,
através dos frequentadores das boates e da curtição do samba-canção, trata dos hábitos de vida do Rio e dos que não sendo do Rio passavam lá longas temporadas, especialmente o pessoal do Norte Nordeste e de Minas Gerais, camada que
fornecia boa parte da frequência das boates, uma atração turística especial do Rio, ia-se à cidade para isso.
O samba canção foi o gênero prévio da bossa nova, uma especie de ritmo de transição entre os sambas clássicos dos anos 30 e 40 e a modernidade da bossa nova que chegaria nos anos 60 no bairro vizinho de Ipanema.
Um  livro imperdível.
Recebido por e-mail


Do Escrevinhador

A Copa do Mundo no Brasil começou 11 dias atrás e as expectativas apocalípticas criadas na velha imprensa não aconteceram.

Com isso, a máscara dos grandes meios de comunicação brasileiros vai caindo, com impacto na imprensa internacional.

“Nossa imprensa foi rigorosamente espírito de porco antes do evento começar”, acusa o escritor Ruy Castro, em programa da SporTV (clique aqui para ler).

Espírito de porco é uma expressão para classificar pessoa cruel e ranzinza, que se dedica a complicar situações para causar constrangimentos.

Jornais alemães, espanhóis, franceses e ingleses, que refletiam o quadro catastrófico pintado pelos canais de televisão, redes de rádio e jornais de grande circulação no Brasil, desfazem o mito criado antes da Copa.

“Na imprensa estrangeira, era totalmente normal que se tivesse uma versão tão ‘apreensiva’, porque ela espelhava o que acontecia na nossa imprensa, que foi de uma critica permanente, à priori. Uma cobertura com enorme má vontade, o tempo inteiro, de uma exigência absurda, que acabou enfatizando o movimento ‘Imagina na copa’”, critica o escritor.

“Ah, mas faz parte da imprensa? Isso eu sei: má notícia quer notícia. Mas a má notícia nem tinha acontecido ainda… Não se deu nem chance de que se pusesse as coisas em ordem”, avalia Castro.

Ruy Castro é um jornalista reconhecido, que começou a trabalhar na imprensa na década de 60. A partir de 1988, passou a se dedicar a escrever livros, como “Chega de Saudade” (sobre a Bossa nova) e “Ela é Carioca” (sobre o bairro de Ipanema, no Rio), além das biografias “O Anjo Pornográfico” (Nelson Rodrigues), “Estrela Solitária” (Garrincha) e “Carmen” ( Carmen Miranda),

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