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por Cesar Maia

ELEIÇÃO PRESIDENCIAL NO PERU: 
RISCO DE SANDUÍCHE CHAVISTA COM A COLÔMBIA!
                          
1. Raramente as pesquisas eleitorais, em qualquer país, num período de uns 45 dias, produziram tantas nuances como essas para a eleição do novo presidente do Peru. Especialmente porque os candidatos todos têm clara identidade político-ideológica. As pesquisas começaram com Castañeda, ex-prefeito da Grande Lima -com boa vantagem lambendo os 30% das intenções de voto. Era seguido pela deputada Keiko Fujimori, filha do ex-presidente Fujirmori que se encontra preso. Ela faz campanha acentuando essa relação e o compromisso de soltar seu pai. Flutuou sempre na faixa dos 20% de votos.
          
2. Mais abaixo vinha o ex-presidente Toledo, com uns 15% das intenções de voto. Depois Humala, chavista explícito, com uns 7% e, finalmente, o empresário de sotaque americano e com propostas liberais fortes, Kuczynski -PPK- com uns 5% ou menos. O quadro foi mudando e Castañeda trocando com Toledo elevou Toledo àqueles 30% das intenções de voto. Keiko permanecia em seus 20%, enquanto Humala e PPK cresciam ainda lentamente.
          
3. Nas últimas duas semanas o panorama mudou. Humala e PPK cresceram de forma mais acentuada e Toledo foi caindo. No Peru as pesquisas são proibidas nos 15 últimos dias. Portanto, nas duas últimas semanas só por informações boca a boca.
          
4. Todas as últimas pesquisas divulgadas no domingo e segunda passados (27 e 28) deram Humala na frente, com empate técnico com Keiko, Toledo e PPK. Numa delas, Humala fica à frente, fora do empate técnico, mas com diferença ainda pequena. Humala, sentindo o cheiro do segundo turno, pediu que o presidente Chávez não opinasse mais, pois poderia prejudicá-lo. Keiko pediu que o presidente Piñera, do Chile, não opinasse mais. A consciência geopolítica é evidente.
          
5. O segundo turno é inevitável. As pesquisas mostram que Toledo e Castañeda venceriam Humala e Keiko no segundo turno. Memória da eleição de Alan Garcia. Keiko e Humala estão empatados. Mas segundo turno é segundo turno. E tudo pode acontecer.
          
6. Nos últimos dias apareceu uma enorme corrente por mala direta e via internet levantando o "risco Humala" e pedindo aos eleitores de Castañeda e PPK que façam um voto útil e passem taticamente para Toledo.
          
7. O fato prático é que se Humala vencer, a Colômbia -com fronteiras com a Venezuela, Equador e Peru- será o queijo ou o presunto de um sanduíche bolivariano. Queiram ou não, não se trata de risco, mas de uma situação geopolítica inexorável se vier a vitória de Humala.