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Economia e Política, por Luis Nassif
A trégua de que Dilma necessitava
"O Ministro da Fazenda Joaquim Levy foi bem sucedido em sua missão em Washington, de acalmar o mercado financeiro internacional. Obteve a aprovação do FMI e foi convincente em suas explanações sobre o quadro atual da política e da economia brasileira assim como a manutenção do rating brasileiro pelas agências de risco.
Não se trata da solução dos problemas brasileiros, mas de uma pinguela para permitir ao país aportar em terreno menos movediço.
O nó brasileiro não está nas contas internas nem na inflação: mas no déficit em transações correntes, em portentosos US$ 90 bilhões, ou 4,2% do PIB (Produto Interno Bruto).
A mudança do câmbio poderá reduzir o déficit para US$ 65,5 bilhões, segundo projeções de mercado. Mesmo assim, cria-se uma situação delicada em que o financiamento externo volta a depender de capitais voláteis.
Ainda há um bom caminho a ser percorrido até a economia bater no fundo do poço e se recuperar. Um dos próximos setores a desabar será o da indústria editorial, afetado pelos cortes na compra de livros didáticos pelo MEC (Ministério da Educação).
Além disso, persiste a paralisação da cadeia de petróleo e gás com a incompreensível inércia do governo Dilma em atuar para minimizar os efeitos da Lava Jato.
O STF (Supremo Tribunal Federal), o respeitado Ministro Teori Zavascki continuam reféns do espírito de turba que tomou conta do país, alimentado por uma mídia que atirou no próprio pé.
Ao investir reiteradamente por anos no derrotismo, a imprensa conseguiu acentuar uma crise já suficientemente grave devido a erros do governo. O primeiro efeito são os cortes nas verbas publicitárias dos grandes grupos, acirrando uma crise iniciada com os erros estratégicos da mídia.
Até agora, a única atitude do governo Dilma foi propor acordos inócuos de leniência comandados pela CGU (Controladoria Geral da União). Como, para aderir ao acordo, os acusados precisam confessar crimes, até agora ninguém aceitou essa autoincriminação.
A recuperação da economia se dará por duas âncoras: as exportações, puxadas pelo câmbio; e os investimentos em infraestrutura, puxados pelo câmbio e pelas novas regras de concessão.
Já existe uma movimentação nítida na indústria, com o desaquecimento do mercado interno e a recuperação relativa da competitividade externa, com o dólar acima de R$ 3,00.
É por aí que deverá atuar o MDIC (Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior) e a Apex (Agência de Promoção das Exportações), em um belo desafio à inteligência comercial acumulada nos últimos anos.
Some-se ao câmbio mais competitivo a relativa recuperação econômica dos Estados Unidos e da União Europeia.
Nos próximos meses não sairão novas concessões – como garantiu Levy em Washington -, mas expectativas de concessões, capazes de estimular o setor privado e o capital externo, especialmente devido ao fato do câmbio ter tornado o Brasil mais barato.
Some-se a esse quadro a pacificação da Petrobras e o arrefecimento das bandeiras do impeachment. Aliás, a única vítima da campanha do impeachment foi o senador Aécio Neves.
Esse conjunto de fatores criar a trégua necessária para Dilma matar uma curiosidade nacional dizer a que veio o segundo governo."
Horóscopo de Mulher
O espírito é engenhoso, imaginativo, sempre irrequieto, com facilidade em arranjar soluções para as dificuldades que lhe possam surgir, e é ao mesmo tempo preocupado e instável, sendo, porém, no fundo, intenso e violento em tudo. Há uma grande dose de subtileza e diplomacia feminina.
Fernando Pessoa
Maria Inês: O golpe de mão do juiz Sérgio Moro contra o PT
Não é banal o movimento que fazem a Justiça e o Ministério Público paranaense para inviabilizar um partido político nacional, o PT, ou qualquer outro que venham a botar no mesmo pacote – de preferência pequenos e ligados ao governo – para fingir que essa decisão não é uma perseguição ao partido do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que venceu as eleições dos tucanos Geraldo Alckmin e José Serra, e da presidenta Dilma Rousseff, que ganhou dois pleitos dos tucanos José Serra e Aécio Neves, o último deles o ano passado. Isso faz parte de uma estratégia de intimidação tão assustadora que transfere para o aparelho judicial de um Estado que sequer tem relevância na política nacional as decisões sobre o futuro da política nacional e sobre a legitimidade do voto do eleitor brasileiro; e que dá a uma decisão judicial de primeira instância o direito de proscrever partidos políticos.
Nem nas ditaduras brasileiras isso aconteceu. Os partidos foram proscritos por atos federais. O PCB, por exemplo, foi colocado na ilegalidade em 1927, durante o estado de sítio decretado pelo presidente Epitácio Pessoa. Em 1966, todos os partidos brasileiros foram extintos por um ato institucional da ditadura militar iniciada em março de 1964. Somente em 1946 a Justiça tomou a decisão de tirar uma legenda do quadro partidário, o mesmo PCB, sob o argumento de que ela não professava a democracia. Ainda assim, a decisão partiu de uma instância máxima de Justiça, o Tribunal Superior Eleitoral (TSE). Leia mais>>>
Mea culpa
Confesso. Votei em Lula, em 2002 e 2006, e votei em Dilma, em 2010 e 2014.
Portanto, ao contrário do que dizem os que votaram em Aécio, tenho a ver com o que esta aí. Sou culpado.
- Sou culpado de ter contribuído para tirar 36 milhões de brasileiros da pobreza extrema. Um desastre! Agora, esse pessoal que ganha essas “bolsas-preguiça” fica por aí exigindo mais direitos. Além de comida, querem educação de qualidade, querem casa, saúde, TVs de tela plana e computadores, cinema, balé e viagens. Querem tudo o que gente tem. Querem até que seus filhos façam faculdade! Essas pessoas não sabem mais qual é o seu lugar, como no passado da nossa pacífica e arcádica desigualdade.
- Sou culpado de ter incorporado 42 milhões de cidadãos à nova classe trabalhadora ou à nova classe média. Uma verdadeira hecatombe econômica e social. Hoje em dia, você entra num aeroporto qualquer e ele está atulhado. Atulhado de gente que nunca tinha voado antes. Gente que não devia estar ali. Gente que nem gente era. Está difícil achar espaços diferenciados. Shoppings, ruas antes exclusivas, bairros inteiros, e até universidades sucumbiram à barbárie do consumo popularizado. Mesmo fora do país a situação está difícil. Como bem observou uma grande pensadora, você vai ao exterior e pode encontrar o porteiro do seu prédio. A vida perdeu a graça. Foi-se a belle époque das gentes distintas, dos doces privilégios, do refinamento e da exclusividade. Sobrou a “rebelião das massas”.
- Também sou culpado de ter contribuído para gerar 20 milhões de empregos com carteira assinada. Resultado? Com essa taxa de desemprego baixa e o aumento de 72% do salário mínimo, mesmo em meio à maior crise mundial desde 1929, hoje é difícil achar pessoas que estejam dispostas trabalhar por alguns trocados, sem carteira assinada, como antigamente. Nossos trabalhadores, antes tão fiéis, tão resignados e disciplinados, tão baratinhos, fofinhos até, tornaram-se uma corja de achacadores que exige salários suficientes e empregos decentes. O custo Brasil foi a alturas suíças, alpinas. Eles têm o desplante de ser até contra a terceirização, essa modernidade que diminuiria nossos insuportáveis custos trabalhistas. Mesmo as empregadas domésticas, essa reconfortante recordação da escravidão, agora têm direitos insustentáveis. Mas nem tudo está perdido. Com o agravamento da crise mundial e o ajuste talvez as taxas de desemprego subam e os salários caiam. Só não vale recompor depois. Nada de retrocessos.
- E o que dizer da abertura das universidades para afrodescendentes, índios e pobres? Hoje você vai numa universidade e ela está cheia de egressos da escola pública, gente claramente pobre e de pele escura. Com o Prouni, o Reuni, a duplicação da rede federal e as absurdas cotas, as universidades estão se abrindo à população. População que não deve estar ali. Universidade, apesar do nome, é para poucos, não é para ser universalizada. Ainda mais com gente que não tem tradição de estudo. Sou culpado dessa degradação do ensino superior.
- Meus votos irrefletidos e irresponsáveis também contribuíram para implantar aqui esse descalabro chamado Mais Médicos. A OPAS, essa conhecida agência internacional de intermediação de trabalho escravo, com atuação em mais de 80 países, teve a audácia de, em conluio com a ONU e o governo do Brasil, trazer aqui escravos cubanos para dar assistência médica a 50 milhões de cidadãos. Ora, escravos só os brasileiros, em nossas bucólicas fazendas. Esses 50 milhões antes sobreviviam tranquilamente. Era gente forte, submetida à saudável seleção natural. Agora, contribuem para cevar uma ditadura comunista, que o Obama, em gesto insensato, resolveu reconhecer. No Brasil, contudo, a Guerra Fria tem de permanecer, gloriosa, em seu doentio anacronismo.
- E a corrupção? Antes, praticamente não havia corrupção no Brasil. Lembre-me bem que o “engavetador-geral” e a ausência de instituições independentes e fortes de controle se encarregavam disso. Não havia investigação. Portanto, não havia muitos casos de corrupção. Meu celerado voto num governo que criou as condições para que a corrupção fosse investigada a sério é que fez surgir toda essa corrupção no Brasil. Jamais me perdoarei. Mas perdoo aqueles que dizem que sonegação não é corrupção. Eles já foram redimidos por sua probidade suíça.
Tem mais. Pelo que vejo e leio em veículos isentos como Veja, Folha e Globo, entre vários outros, os meus desinformados votos levaram o país à maior crise da sua história, à exceção, pelo que recordo, de todas as anteriores, quando nos reerguíamos com as generosas mãos do FMI.
Tenho de reagir. Não posso conviver com tamanho sentimento de culpa. Preciso ser coerente. Tenho de salvar a democracia do Brasil, com terceiro turno e intervenção militar. Devo salvar as crianças do Brasil, apoiando a redução da maioridade penal. Preciso lutar pelos empregos e pelos salários dos brasileiros, com a terceirização. Devo me empenhar pelo reerguimento da Petrobras, apoiando a venda do Pré-Sal. Será minha missão combater a corrupção, combatendo o único governo que efetivamente a combateu e a combate.
O fato é que não dá mais para continuar mudando tanto. Ou se restaura o antigo Brasil, ou vou logo para Cuba expiar minhas culpas. De Gol.
(*) Marcelo Neto é formado em Ciências Sociais pela UnB e assessor legislativo do Partido dos Trabalhadores
Política
Falar é fácil. Difícil é fazer
Esta máxima acima é uma das que mais gosto, sempre lembro dela quando me ponho a consertar o mundo ou criticar o que outra pessoa esta fazendo - principalmente celebridade e políticos -.
Agora a pouco li uma carta do sr. Cacá Diegues publicado no O Globo, com o chamativo título:
Se eu fosse você, endereçado a presidente Dilma Roussef. Bem, antes de publicar a missiva (abaixo), vou mostrar a todos como falar é fácil. Difícil é fazer.
- Se eu fosse você, senhor Cacá Diegues, não trabalharia para nenhuma empresa do Grupo da maviosa família marítima.
- Se eu fosse você, senhor Cacá Diegues, cobrava da Rede Globo o pagamento de impostos devidos ao Estado brasileiro
- Se eu fosse você, senhor Cacá Diegues, abriu meus sigilos fiscais e bancários e mostrava que não faz exatamente como os seus patrões - Sonegam -, os meus sigilos desde sempre estão abertos para quem quiser
- Se eu fosse você, senhor Cacá Diegues, com todo dinheiro que recebeu do Estado brasileiro para filmar, eu teria várias estatuetas do Oscar na estante da minha sala de estar
- Se eu fosse você, senhor Cacá Diegues, lavava a boca antes de criticar hipocritamente a presidente Dilma Roussef
Sei, senhor Cacá, que não fosse um acento?...
Abaixo o texto do Cacá Diegues endereçado a presidente Dilma Roussef
Se eu fosse você, minha senhora, não deixava mais esse atormentado vazio na vida da gente. Onde existe uma dinâmica de seres humanos, o vácuo será sempre fatalmente preenchido por alguém que pode acabar sendo um indesejável. E tem muito indesejável por aí sangrando galinha preta para tomar o seu lugar. Ou para se aproveitar de sua inércia.
Não que você seja insubstituível, não é. Mas foi a você que a população escolheu, bem que você podia aceitar de uma vez o anel de noivado e enfiá-lo no dedo. Porque parece que você prefere ser acuada remoendo ódios em silêncio, do que partir para construir seu lar com o povo, mesmo que equivocada. Ainda que você desconfie de que não sabe fazê-lo, é melhor tentar do que assistir impávida ao fracasso desse amor.
Tem muita gente de boa-fé que começa a se perguntar se não se enganou ao escolher você. Institutos de pesquisa revelam que, se outubro de 2014 fosse hoje, você iria para o brejo, ficava na calçada da igreja com o buquê na mão. Dê uma olhada nas ruas, veja quantos noivos se perguntam se é mesmo esse o matrimônio que sonharam contrair. Casar não é prova de amor, pode ser até o contrário; o amor indestrutível, de verdade, surge aos poucos, ao longo do casamento. Veja a literatura romântica do século 19, inclusive brasileira.
Por puro instinto e por falta de notícias concretas sobre seu envolvimento, não acho que você esteja metida, nem que tenha se aproveitado dos malfeitos que essa sua turma andou aprontando desde tantos anos. Mas, se eu fosse você, me livrava deles, afirmava com ênfase que não tinha nada a ver com o que eles fizeram de errado. Não ia adiantar muito, o outro lado nem assim lhe daria trégua. Mas, ficando sozinha, você poderia escolher seus parceiros como bem entendesse, sem obedecer conveniências, partidos, lobbies, estranhas alianças. Sera que isso pode?
O fato é que, se a chama da esperança for reacesa, quem sabe a rua vem junto. A esperança não é a última que morre, minha senhora; para seguirmos vivendo, ela não pode morrer nunca.
Se eu fosse você, batia o pé e dizia, como na marchinha de carnaval, “daqui não saio, daqui ninguém me tira”. Os insatisfeitos têm o direito de afirmar sua insatisfação, mesmo que seja aos berros indelicados. A você cabe atendê-los ou não, e sempre explicar direitinho sua escolha. É preciso dar satisfação a todos, inclusive aos insatisfeitos. Ou sobretudo a esses.
No ano passado, numa dessas minhas cartas de amor, aqui mesmo neste espaço de jornal, eu disse que, encerrada a cerimônia democrática, era preciso esquecer o ódio mútuo, a baixaria dos dois lados que antecedeu o ato cívico. Era preciso substituir o ódio (muitas vezes irracional) por tolerância e tentativa de compreensão, em benefício de todos pelos quais os dois lados são responsáveis. Caberia à escolhida estender a mão a quem foi preterido, àqueles que, embora rejeitados, têm o direito de pregar no altar que lhes foi negado. A esses, caberia a oportunidade de oferecer seus préstimos e suas críticas, para que o casamento fosse um sucesso para todos.
Nada disso aconteceu. Você não ofereceu sua mão, não os chamou para conversar; o outro lado também não tomou nenhuma iniciativa para isso, pelo contrário. O desamor se tornou agressivo e ninguém fez nada para que as coisas não caminhassem assim. E agora, perplexa e desnorteada, a grande maioria que não vai às ruas não sabe direito o que pensar disso tudo, se protege do horror no horizonte com um grande medo imparcial. São os mesmos que não os conhecem, mas ouvem falar de Eduardos e Renans que, para armarem suas trapalhadas, se beneficiam do fato de não serem conhecidos, a não ser nas províncias de onde vieram. Parece uma contradição, mas não é: quanto mais não souberem muito bem quem são, mais eles desmantelam os nossos já desmantelados altares dourados, nossas instituições.
Golbery do Couto e Silva, general moderado e esperto, que colaborou com o fim da ditadura militar e com a democratização do país, inventou que a história humana vive de sístoles e diástoles. Para quem nunca precisou fazer um eletro, informo que sístole é quando os músculos cardíacos se contraem e diástole, ao contrário, é quando eles se quedam em repouso. O general queria dizer com isso que, como nossos corações vivem do equilíbrio entre sístoles e diástoles, a história tem momentos de contrações dolorosas, crises provocadas pelo mal funcionamento do órgão, que podem acabar matando o freguês; ou então momentos de alívio e até uma certa harmonia, em que aí o coração corre menos perigo. O Brasil está vivendo um desses graves momentos de sístole, todo cuidado é pouco. É preciso que nossos corações e pensamentos nos ajudem à chegada de uma nova diástole.
Nem sempre se pode fazer o que se quer, sobretudo pessoas que se encontram no seu patamar, minha senhora. Mas é sempre oportuno dar conselhos aos perplexos, àqueles a quem o destino não reservou o sol que esperavam que brilhasse. Os conselhos, às vezes, nos tiram da sombra e nos ajudam a viver.
Se eu fosse você, minha senhora, governava.
* Cacá Diegues é cineasta / carlosdiegues@uol.com.br
Crônica
A mulher feia de cada um
Para-choques de caminhão têm sempre o que dizer, e algumas das suas frases tornaram-se clássicas. Há declarações religiosas, num tom de catequese ressentida (“Deus é maior do que você merece”). Há as frases que tratam das agruras do casamento (“Se casamento fosse coisa boa, não precisava de testemunha”) e das suas consequências indesejáveis (“Deus fez a mãe e o Diabo fez a sogra”). Algumas são sobre o sexo (“Bom é mulher carinhosa e embreagem macia”) e sobre as armadilhas do sexo (“Casamento que começa em motel termina em pensão”), outras são exemplos de sabedoria prática (“Devagar se vai ao longe... mas leva muito tempo”, “Cana dá pinga, pinga demais dá cana”, “Em terra de sapo mosquito não dá rasante” etc) e outras apenas confessionais (“Devo tudo à minha mãe, mas estamos negociando”).A minha frase de para-choque preferida é “Se me virem abraçado com mulher feia, podem apartar que é briga”. Uma frase preconceituosa, é claro. Se você for examiná-la de perto — o que é sempre desaconselhável com qualquer piada — a frase é cruel. A mulher tem muitas maneiras de ser bonita sem, necessariamente, ser vistosa. E há muitas razões para estar abraçado com uma mulher feia sem que seja briga. O importante na frase é o que a mulher feia significa para cada um. A mulher da frase, além de feia, é simbólica. Representa todos os mal-entendidos que queremos evitar a nosso respeito. Ela é a causa que nunca abraçaríamos, embora pareça que sim. Por exemplo: se me virem participando de uma manifestação de rua de que também participe o Jair Bolsonaro ou similar, com faixas pedindo a volta da ditadura militar, podem ter certeza que, ou não sou eu ou entrei na manifestação errada. Os outros manifestantes podem não se incomodar com a companhia, e sua decisão é respeitável. Mas eu sei bem que mulher feia não quero do meu lado.Acho que todo mundo deveria se preocupar com a mulher feia que aparecerá na sua biografia, quando contarem a história destes tempos. Estamos vivendo um preâmbulo de golpe, em que as causas se misturam, a fronteira entre o oportunismo político e moralismo exacerbado se dilui, e as definições são impossíveis — pelo menos definições claras e precisas como as de um para-choque. Mas no futuro cada um terá de dizer se estava dançando ou brigando com mulher feia.
by Luis Fernando Veríssimo
10 dicas para fazer o casamento durar
- Duas vezes por semana, vamos a um ótimo restaurante, com uma comida gostosa, uma boa bebida e um bom companheirismo. Ela vai às terças-feiras e eu, às quintas.
- Nós também dormimos em camas separadas: a dela é em Fortaleza e a minha, em SP.
- Eu levo minha mulher a todos os lugares, mas ela sempre acha o caminho de volta.
- Perguntei a ela onde ela gostaria de ir no nosso aniversário de casamento, “em algum lugar que eu não tenha ido há muito tempo!” ela disse. Então, sugeri a cozinha.
- Nós sempre andamos de mãos dadas…Se eu soltar, ela vai às compras!
- Ela tem um liquidificador, uma torradeira e uma máquina de fazer pão, tudo elétrico. Então, ela disse: “nós temos muitos aparelhos, mas não temos lugar pra sentar”. Daí, comprei pra ela uma cadeira elétrica.
- Lembrem-se: o casamento é a causa número 1 para o divórcio. Estatisticamente, 100 % dos divórcios começam com o casamento.
- Eu me casei com a “senhora certa”. Só não sabia que o primeiro nome dela era “sempre”.
- Já faz 18 meses que não falo com minha esposa. É que não gosto de interrompê-la.
- Mas, tenho que admitir: a nossa última briga foi culpa minha. Ela perguntou:
- E eu disse: “Poeira”.
by Luis Fernando Veríssimo
Curtição
Curti o Lobão na (in)Veja.
Acho legal um colunista que não vou ler, escrever numa revistinha que não leio.
by
Sandálias piratas
Arnaldo Jabor como articulista me lembra minha tia Yolanda: velha, rabugenta, fofoqueira, mal comida e sem educação! Ela ja morreu. Ele também!
Artigo semanal de Jânio Freitas
Culpados ou não
Dois erros comprometedores da acusação, cometidos e repetidos pelo procurador-geral Roberto Gurgel e pelo ministro-relator Joaquim Barbosa, no julgamento do mensalão poderiam ser muito úteis aos ansiosos por condenações gerais, prontos a ver possíveis absolvições como tramoia.
A acusação indicou que a SMPB, agência publicitária de Marcos Valério, só realizou cerca 1% do contrato de prestação de serviços com a Câmara dos Deputados, justificando os restantes 99%, para efeito de recebimento, com alegadas subcontratações de empresas.
A investigação que concluiu pela existência desse desvio criminoso foi da Polícia Federal, no seu inquérito sobre o mensalão. Iniciado o julgamento, várias vezes ouvimos e lemos sobre o desvio só possível com o conluio entre a agência e, na Câmara, interessados em retribuição por sua conivência.
O percentual impressionou muito. Mas o desvio não foi de 99%.
O ministro Ricardo Lewandowski, revisor da acusação feita pelo relator e, por tabela, da acusação apresentada pelo procurador-geral, deu-se ao trabalho de verificar os pagamentos feitos pela SMPB, para as tais subcontratações referidas pela acusação.
Concluiu que os pagamentos por serviços de terceiros, alegados pela agência, estavam bastante aquém do apresentado na acusação: cerca de 87% do contratado com a Câmara.
Como admitir que um inquérito policial apresente dado inverídico, embora de fácil precisão, com gravíssimo comprometimento das pessoas investigadas?
E como explicar que o Ministério Público, nas pessoas do procurador-geral e dos seus auxiliares, acuse e peça condenações sem antes submeter ao seu exame as afirmações policiais? E o que dizer da inclusão do dado inverídico, supõe-se que também por falta de exame, na acusação produzida pelo relator? Isso já no âmbito das atribuições do Supremo Tribunal Federal.
O erro de percentual está associado a outro, de gravidade maior. Assim como não houve os 99%, não houve a fraude descrita na acusação, ao que constatou o ministro revisor.
Os pagamentos às supostas empresas subcontratadas foi, de fato, pagamento de publicidade institucional da Câmara de Deputados nos principais meios de comunicação, com o registro dos respectivos valores. O percentual gasto foi adequado à média de 85% citada por publicitários ouvidos para o processo.
Faltasse a verificação feita pelo revisor Lewandowski, o dado falso induziria a condenações -se do deputado João Paulo Cunha, de Marcos Valério ou de quem quer que fosse já é outro assunto.
Importa é que, a ocorrer, seriam condenações injustas feitas pelo Supremo Tribunal Federal. Por desvio de veracidade.
Uma das principais qualidades da democracia é o julgamento que tanto pode absolver como condenar, segundo os fatos conhecidos e a razão. É o que o nosso pedaço de democracia deve exigir do julgamento do mensalão.
Vivem em Marte?...
por Terezinha Maria Scher Pereira
O que me intriga em relação à Folha de São Paulo é pouca preocupação dos responsáveis com a reputação de um jornal que já teve momentos de honra, ao se colocar, um dia, a favor da redemocratização do país.
A Folha hoje demonstra um desprezo arrogante pelo povo brasileiro que aprova o governo de Lula, pelo fato indiscutível de que a vida dos mais pobres melhorou.
Os enfatuados colunistas e editorialistas do jornal não se envergonham de ostentar um pouco caso, de resto, ridículo [quem lê a Folha?] em relação ao sentimento real da maior parte da nação? Em que mundo vive essa gente? No Brasil não parece ser.
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Pig e o livre direito do esperniandes
De quando em vez leio colunistas cobrarem de Lula a demissão ou afastamento dos ministros ou auxiliares acusados de corrupção pelo Pig. Será que estes jornalistas falam isto com sinceridade ou é a mando do patrão? Se o presidente seguisse estes conselhos, com quem ele governaria?...
Exclusivamente com os indicados da Veja, da Folha de São Paulo, do Estadão, do O Globo e demais veículos de comunicação da tucademopiganalhada golpista?...
Os indicados por eles com certeza seriam paladinos da moral e da ética, pessoas ilibadas e onestas sem uma macula no currículo.
Acontece que Lula foi eleito para governar o país e para o bem da nação e maioria da população...Lula governa.
Que o pig consiga um candidato para defender suas propostas e interesses e seja eleito pela maioria [democracia], e se cure deste complexo de sendo minoria se comportar como maioria fosse.
A esta corja resta exercer o direito universal do esperniandes livre.
Dá-lhes Lula!
Dá-lhes Dilma!
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A altenativa é muito pior
Você eu não sei, mas quanto mais candidatos ridículos pedindo voto, mais eu gosto.
O ideal seria que todos os candidatos fossem sérios e capazes, apresentassem suas credenciais e seus programas de maneira convincente ou no mínimo bem articulada, e representassem alguma coisa além da sua própria ambição, ou seu próprio delírio.
O ideal seria uma democracia perfeita, em que a escolha fosse entre os melhores. Mas uma democracia perfeita, como é inviável, está apenas a um passo de democracia nenhuma.
Os candidatos inacreditáveis que infestam os horários eleitorais com suas promessas malucas, suas caras assustadas e seus truques patéticos são, na verdade, guardiões da democracia possível. Sua existência garante que estamos salvos de qualquer pretensão ciceroniana a governos só de iluminados.
Pense nisso na próxima vez que aparecer um candidato na TV pedindo seu voto porque é um bom filho ou um bom jogador de boliche.
A alternativa ao ridículo é muito pior.
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