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Jean Wyllys - Cunha, o impeachment e a hipocrisia de Aécio Neves




Em uma tentativa de justificar a negativa do PSDB a acompanhar o pedido de investigação contra Eduardo Cunha no Conselho de Ética da Câmara dos Deputados, o presidente da sigla e candidato presidencial derrotado nas últimas eleições, Aécio Neves, deu mais uma prova de sua hipocrisia, comparando a atitude dos tucanos com relação a Cunha com a negativa do PSOL a apoiar o impeachment da presidenta Dilma Rousseff. Como se fosse a mesma coisa, ele disse que, assim como o PSDB não assinou a representação do PSOL contra Cunha, o PSOL não assinou os pedidos de impedimento da presidenta.
Alguém deveria explicar ao ex-candidato que Cunha está formalmente denunciado pela Procuradoria General da República, com provas robustas, pelos crimes de corrupção, lavagem de dinheiro e evasão ilegal de divisas. Também foi acusado por delatores da operação lava-jato de ter recebido uma propina de 5 milhões de reais e a justiça suíça informou à justiça brasileira que tem contas secretas nesse país com movimentações de dezenas de milhões, irrigadas por transferências de lobistas ligados a empresas com contratos suspeitos da Petrobrás. Alguém deveria avisar ao senhor Aécio que Cunha mentiu em depoimento dado numa CPI, afirmando que não possuía contas no exterior. Alguém deveria lembrar a Neves que não é a primeira vez que Cunha se envolve em escândalos de corrupção: é assim desde o primeiro cargo que ocupou no Estado, durante o governo Collor, como colaborador de PC Farias.
E alguém deveria explicar ao senhor Aécio que a presidenta Dilma, independentemente da minha opinião sobre seu governo, que acho muito ruim, ou sobre seu programa econômico, que é exatamente o do PSDB (Aécio deveria estar feliz!), não foi acusada de crime algum. Não existe acusação e muito menos provas de que a presidenta tenha participado de qualquer ato de corrupção ou tenha se enriquecido de forma ilícita. E não há, até agora, na opinião do PSOL, motivos constitucionais para o impeachment.
Tem gente que não entende o que significa o impedimento de um/a presidente/a da República. Não é algo que se justifique apenas porque eu não gosto do governo. É um remédio gravíssimo, de última instância, que se aplica em situações de extrema excepcionalidade, quando se dão as situações previstas na constituição e na lei. Não é o caso até o momento.
Se eu não gosto do governo (e eu não gosto!), faço oposição republicana no parlamento e nas ruas: questiono, voto contra os ajustes fiscais (que os tucanos votam a favor), repudio as alianças com o fundamentalismo e o conservadorismo (que os tucanos também praticam), tento mudar as regras que permitem o financiamento empresarial de campanha e dão lugar a esquemas como o Petrolão (regras que os tucanos usam e apoiaram na contrarreforma política), denuncio as políticas repressivas contra trabalhadores, indígenas, pobres (as mesmas dos tucanos). E milito para construir uma alternativa política capaz de derrotar tudo isso que me faz ser oposição à esquerda do governo Dilma (tudo isso em que esse governo parece tucano). Contra os ajustes, os retrocessos, a política anti trabalhista e o conservadorismo, o PSDB não é oposição ao governo Dilma!



O que os tucanos querem é, apenas, derrubar a Dilma para aplicarem eles mesmos essa política que o PSOL critica. Mas uma oposição republicana e democrática não tenta derrubar um governo sem motivos constitucionais, só para ocupar seu lugar. E muito menos faz isso aliado a um deputado acusado de corrupção e lavagem de dinheiro e com contas milionárias secretas na Suíça. Essa é a diferença entre o tipo de oposição que faz o PSDB e o tipo de oposição que faz o PSOL.
Deputado Jean Wyllys
Vice-líder do PSOL na Câmara

O macarthismo tupiniquim

por Jean Wyllys


Sim, as expressões de ódio estão saindo do controle neste país. Sim, o macarthismo tupiniquim e sua patrulha ideológica odiosa deixaram de ser algo irrelevante na cena política.
Sim, os níveis de desumanidade e desrespeito não se limitam mais às redes sociais digitais (Facebook, Twitter, Instagram e caixas de comentários de sites e blogs).
Sim, boa parte da chamada “grande imprensa” e sua cobertura sempre partidária, parcial e muitas vezes desonesta e manipuladora dos fatos da política, bem como muitos de seus articulistas e comentaristas antiéticos e arrivistas, têm culpa nessas expressões de barbárie e incivilidade por partes desses imbecis proto-facistas que desconhecem ou ignoram a dor de pessoas diante da morte de um ente querido – e são essa parte da imprensa e seus articulistas que engendram essas pessoas nefastas que insultam quem pensa diferente deles em restaurantes, hospitais, aeroportos e velórios.
Sim, os discursos de hipócritas como Fernando Henrique Cardoso, Aécio Neves, Aloysio Nunes, José Serra, Mendonça Filho, Nilson Leitão e Carlos Sampaio estimulam esse clima de ódio no convívio social contra humanistas e pessoas politicamente de esquerda.
Sim, as coisas não ficarão por aí se algo não for feito já e esses atores políticos agirem de maneira mais honesta e responsável! – e os corvos que estes hipócritas (todos de partidos com envolvimento em diferentes esquemas de corrupção!) e boa parte da “grande imprensa” estão criando comerão seus olhos (se é que já não estão comendo!).
Sim, as autoridades desse país precisam dar uma resposta imediata a manifestações de ódio, desumanidade e incivilidade como essa! Sim, precisamos dizer não a esse estado de barbárie!
Eu sou do PSOL e faço oposição ao governo do PT-PMDB; critico duramente seus erros, mas jamais vou compactuar com o antipetismo fascista e hipócrita que tem se expressado em parte da imprensa, nas redes sociais digitais e em ambientes sociais.
Fazer oposição ao PT não significa cair na burrice, lambuzar-se no ódio nem estimular a violência contra petistas. Há que se ter limite para isso! O problema não é a presença do mal, mas a ausência do bem!
no Facebook



Carta para além do muro (ou porque agora Dilma) por Jean Wyllys

O muro não é meu lugar, definitivamente. Nunca gostei de muros, nem dos reais nem dos imaginários ou metafóricos. Sempre preferi as pontes ou as portas e janelas abertas, reais ou imaginárias. Estas representam a comunicação e, logo, o entendimento. Mas quando, infelizmente, no lugar delas se ergue um muro, não posso tentar me equilibrar sobre ele. O certo é avaliar com discernimento e escolher o lado do muro que está mais de acordo com o que se espera da vida. O correto é tomar posição; posicionar-se mesmo que a posição tomada não seja a ideal, mas a mais próxima disso. Jamais lavar as mãos como Pilatos – o que custou a execução de Jesus – ou sugerir dividir o bebê disputado por duas mães ao meio.

Sei que cada escolha é uma renúncia. E, por isso, estou preparado para os insultos e ataques dos que gostariam que eu fizesse escolha semelhante às suas.

Por respeito à democracia interna do meu partido, aguardei a deliberação da direção nacional para dividir, com vocês, minha posição sobre o segundo turno. E agora que o PSOL já se expressou, eu também o faço.

Antes de mais nada, quero dizer que estou muito feliz e orgulhoso pelo papel cumprido ao longo de toda a campanha por Luciana Genro. Jamais um(a) candidato(a) presidencial tinha assumido em todos os debates, entrevistas e discursos – e, sobretudo, no programa de governo apresentado – um compromisso tão claro com a defesa dos direitos humanos de todos e de todas. Luciana foi a primeira candidata a falar as palavras "transfobia" e "homofobia" num debate presidencial, além de defender abertamente o casamento civil igualitário, a lei de identidade de gênero e a criminalização da homofobia nos termos em que eu mesmo a defendo; mas também foi a primeira a defender, sem eufemismos, as legalizações do aborto e da maconha como meios eficazes de reduzir a mortalidade da população pobre e negra, a taxação das grandes fortunas, a desmilitarização da polícia e outras pautas que considero fundamentais. O PSOL saiu da eleição fortalecido.

Agora, no segundo turno, a eleição é entre os dois candidatos que a população escolheu: Dilma Rousseff e Aécio Neves. E eu não vou fugir dessa escolha porque, embora tenha fortes críticas a ambos, acredito que existam diferenças importantes entre eles.

A candidatura de Aécio Neves – com o provável apoio de Marina Silva (e o já declarado apoio dos fundamentalistas MAL-AFAIA e Pastor Everaldo; do ultrarreacionário Levy Fidélix; da quadrilha de difamadores fascistas que tem por sobrenome Bolsonaro e do PSB dos pastores obscurantistas Eurico e Isidoro) – representa um retrocesso: conservadorismo moral, política econômica ultraliberal, menos políticas sociais e de inclusão, mais criminalização dos movimentos sociais, mais corrupção (sim, ao contrário do que sugere parte da imprensa, o PT é um partido menos enredado em esquemas de corrupção que o PSDB), mais repressão à dissidência política e menos direitos civis.

Mesmo com todos as críticas que eu fiz, faço e continuarei fazendo aos governos do PT, a memória da época do tucanato me lembra o quanto tudo pode piorar. Por outro lado, Aécio representa uma coligação de partidos de ultradireita, com uma base ainda mais conservadora que a do governo Dilma no Parlamento. Esse alinhamento político-ideológico à direita entre Executivo e Legislativo é um perigo para a democracia.

Vocês, que acompanham meus posicionamentos no Congresso, na imprensa e aqui sabem o quanto eu fui crítico, durante esses quatro anos, das claudicações e recuos do governo Dilma e do tipo de governabilidade que o PT construiu. Mas sabem, também, que tenho horror a esse antipetismo de leitor da revista marrom, por seu conteúdo udenista, fundamentalista religioso, classista e ultraliberal em matéria econômico-social. Considero-o uma ameaça às conquistas já feitas, que não são todas as que eu desejo, mas existem e são importantes, principalmente para os mais pobres. As manifestações de racismo e classismo que vi nos últimos dias nas redes sociais contra o povo nordestino, do qual faço parte como baiano radicado no Rio, mais ainda me horrorizam.

Por isso, aderindo à posição da direção nacional do PSOL, que declarou "Nenhum voto em Aécio", eu declaro que, neste segundo turno das eleições, eu voto em Dilma e a apoio, mesmo assegurando a vocês, desde já, que farei oposição à esquerda ao seu governo (logo, uma oposição pautada na justiça, na ética, nas minhas convicções e no republicanismo), apoiando aquilo que é coerente com as bandeiras que defendo e me opondo ao que considero contrário aos interesses da população em geral e daqueles que eu represento no Congresso, como sempre fiz.

Hoje, antes de dividir estas palavras com vocês, entrei em contato com a coordenação de campanha da presidenta Dilma para antecipar minha posição e cobrar, dela, um compromisso claro com agendas mínimas que são muito caras a mim e a todas as que me confiaram seu voto.

E a presidenta Dilma, após argumentar que pouco avançou na garantia de direitos humanos de minorias porque, no primeiro mandato, teve de levar em conta o equilíbrio de forças em sua base e priorizar as políticas sociais mais urgentes, garantiu que, desta vez, vai:

1. fazer todos os esforços que lhe cabem como presidenta para convencer sua base a criminalizar a homofobia em consonância com a defesa de um estado penal mínimo;

2. fazer todos os esforços que lhe cabem como presidenta para mobilizar sua base no Legislativo para legalizar algo que já é uma realidade jurídica: o casamento CIVIL igualitário (ela ressaltou, contudo, que vai tranquilizar os religiosos de que jamais fará qualquer ação no sentido de constranger igrejas a realizarem cerimônias de casamento; a presidenta deixou claro que seu compromisso é com a legalização do CASAMENTO CIVIL – aquele que pode ser dissolvido pelo divórcio – entre pessoas do mesmo sexo);

3. realizar maior investimento de recursos nas políticas de prevenção e tratamento das DSTs/Aids, levando em conta as populações mais vulneráveis à doença;

4. dar maior atenção às reivindicações dos povos indígenas, conciliando o atendimento a essas reivindicações com o desenvolvimento sustentável;

5. e implementar o Plano Nacional de Educação (PNE) de modo a assegurar a todos e todas uma educação inclusiva de qualidade, sem discriminações às pessoas com deficiências físicas e cognitivas, LGBTs e adeptos de religiões minoritárias, como as religiões de matriz africana.

Por tudo isso, sobretudo por causa desse compromisso, eu voto em Dilma e apoio sua reeleição. Se ela não cumprir serei o primeiro a cobrar junto a vocês.



Marina, você não merece a confiança do povo brasileiro!

por Jean Wyllys, no Facebook.

Em “nota de esclarecimento”, Marina Silva desmente seu próprio programa de governo e afirma que não apoia o casamento civil igualitário, mas uma lei segregacionista de “união civil”. Vocês já imaginaram um candidato presidencial dizendo que é contra o direito dos negros ao casamento civil, mas apoiaria uma “lei de união de negros”? A nova política da Marina é tão velha que lembra os argumentos dos racistas americanos de meados do século XX. Contudo, o pior é que ela brincou com as esperanças de milhões de pessoas! E isso é cruel, Marina!
Bastaram quatro tuites do pastor Malafaia para que, em apenas 24 horas, a candidata se esquecesse dos compromissos de ontem, anunciados em um ato público transmitido por televisão, e desmentisse seu próprio programa de governo, impresso em cores e divulgado pelas redes. Marina também retirou do programa o compromisso com a aprovação da lei João Nery, a elaboração de materiais didáticos sobre diversidade sexual, a criminalização da homofobia e da transfobia e outras propostas. Só deixou frases bonitas, mas deletou todas as propostas realmente importantes. E ela ainda nem se elegeu! O que esperar então dela se eleita presidenta quando a bancada fundamentalista, a bancada ruralista e outros grupos de pressão começarem a condicionar o apoio a seu governo? Tem políticos que renunciam a seus compromissos de campanha e descumprem suas promessas depois de eleitos. Marina já fez isso mais de um mês antes do primeiro turno. Que medo!
Como todos sabem, minha candidata presidencial é Luciana Genro. Ela SEMPRE defendeu todos os direitos da comunidade LGBT e foi a primeira candidata na história do Brasil que teve a coragem de pautar esses temas no debate presidencial da Band. Contudo, ontem, quando consultado pela imprensa, apesar da minha desconfiança com relação à Marina, elogiei o programa apresentado pelo PSB (apenas no que dizia respeito aos direitos da população LGBT, já que discordo profundamente de muitas outras propostas neoliberais e regressivas nele contidas). Fiz isso porque acho que os posicionamentos corretos devem ser reconhecidos, mesmo que provenham de um/a adversário/a.
É com essa autoridade, de quem agiu de boa fé, que agora digo: Marina, você não merece a confiança do povo brasileiro! Você mentiu a todos nós e brincou com a esperança de milhões de pessoas.


Jean Wylltys - ter orgulho de ser negro, homossexual e gordo


Após a retirada de tramitação do PLC 122, que criminaliza a homofobia. o deputado federal Jean Wylltys (PSOL-RJ) passou a sofrer uma série de ataques. Aqui, sua resposta.
Mais uma vez está  curso principalmente no Twitter uma tentativa de me difamar por meio da deturpação de minhas palavras (digo "mais uma vez" porque já houve outras e ainda hoje eu tenho que desmentir, para um ou outro desatento, ofensas à Bíblia e aos cristão atribuídas a mim pelos canalhas difamadores ligados e associados ao pastor da mala cheia, ao deputado que pede a senha do cartão de crédito aos fieis e à família de parlamentares que defende a tortura e a ditadura militar - e são esses mesmo canalhas que estão tentando me difamar agora, deturpando o que eu disse para ingênuos, desatentos e incapazes de interpretar texto).
A tentativa de me difamar parte do seguinte episódio:
O PLC 122 (projeto de lei anti-discriminação de minorias estigmatizadas) foi, infelizmente, apensado ao projeto de reforma do Código Penal, saindo de tramitação. Por conta disso, eu fiz umas postagens no Twitter defendendo o projeto e explicando que seu mérito pode ser incorporado ao Código Penal, resultando num tiro pela culatra da arma dos reacionários homofóbicos que desejavam enterrá-lo.