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Luis Nassif: fim do monopólio do urânio fazia parte da fatura da Lava Jato


Desde a visita do Procurador Geral da República Rodrigo Janot ao Departamento de Justiça dos EUA, o tema nuclear já estava na agenda da parceria DoJ-Lava Jato. Alertamos, na época, dando a Janot e à Lava Jato o benefício da dúvida: podia ser que fosse movido pela ignorância, não pela estratégia anti-nacional.
Com a intenção de se abrir a exploração do urânio ao setor privado, vai se confirmando cada vez mais a tese da conspiração antinacional da Lava Jato.
Com o devido cuidado para não embarcar em teorias conspiratórias, vamos a alguma coincidências ligadas ao suposto escândalo na Eletronuclear envolvendo o Almirante Othon Luiz Pereira da Silva.
Ao longo de sua carreira, Othon acumulou um conhecimento único sobre um mercado que, no comércio mundial, equivale a US$ 100 bilhões/ano. Como consultor, teria condições de levantar valores dezenas de vezes superiores aos R$ 4,5 milhões – que teria recebido ao longo de seis ano, conforme despacho do juiz Sérgio Moro, acolhendo denúncia dos procuradores do Ministério Público Federal.
É possível que seja culpado, é possível que não.  O fato objetivo é que sua detenção afeta profundamente o programa nuclear brasileiro, um dos maiores feitos tecnológicos do país.
A gravidade do fato chama mais a atenção sobre a maneira como a força tarefa da Lava Jato chegou a ele.
Seu nome surgiu em uma segunda delação do presidente da Andrade Gutierrez Dalton Avancini. Procuradores exigiram que Dalton apresentasse fatos novos, já que seu depoimento não acrescentava muito ao que já se sabia sobre a Petrobras. A partir da reformulação de sua delação, deflagrou-se a Operação Radioatividade, para investigar suspeitas na área nuclear.
Segundo o repórter Fausto Macedo, do Estadão, “Avancini disse que “ouviu dizer” que havia uma promessa de propina para o militar” (http://migre.me/qZRVL). Segundo o Jornal Nacional, Avancini disse “não saber de efetivamente houve algum repasse de propina a alguém” (http://migre.me/qZSdt).
No seu despacho, o juiz Moro relaciona uma série de pagamentos a empresas de propriedades das filhas de Othon.
Há enorme desproporção entre as supostas propinas e os contratos que teriam beneficiado as empreiteiras. Para contratos que ascendem a mais de um bilhão de reais, o inquérito apura R$ 109 mil pagos pela Camargo Corrêa, R$ 371 mil pela Techint, e R$ 504 mil pela OAS a um escritório de propriedade das filhas de Othon. E constata que a OAS não fez nenhum dos negócios apontados nas investigações (http://migre.me/qZSox).
Uma dos supostos benefícios teria sido a retomada das obras de Angra 3 – uma decisão exclusiva da Presidência da República, do Ministério da Defesa e do Estado Maior das Forças Armadas.
Moro reconhece que os pagamentos podem ter causa lícita, “pela prestação de serviços reais de assessoria ou consultoria ou por eventuais direitos de patentes, pelo menos considerando as conhecidas qualificações técnicas de Othon Luiz”.
Procuradores atestaram que o escritório presta serviços de tradução. Traduções técnicas, ainda mais em áreas da complexidade da nuclear, custam caro.
No entanto, alega “um possível conflito de interesses que coloca em suspeita esses pagamentos.” (http://migre.me/qZS64) Por conta desse possível conflito de interesses, coloca na cadeia o mais relevante cientista militar brasileiro, desde o Almirante Álvaro Alberto e compromete uma tecnologia crítica para o país.

Os caminhos que levaram a Othon

Como se chegou a Othon?
Há uma disputa histórica de autoridades norte-americanas contra o programa nuclear brasileiro. A tecnologia de enriquecimento de urânio foi uma conquista histórica, que envolveu muito sigilo, inclusive a existência de fundos secretos, para possibilitar adquirir equipamentos e peças passando ao pargo do controle da Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA).
Nos primeiros dias de fevereiro passado, o Procurador Geral da República Rodrigo Janot seguiu para os Estados Unidos acompanhando procuradores da Lava Jato.

A ida de Janot e da força tarefa da Lava Jato causou estranheza, expressa por nosso articulista André Araújo, um profundo conhecedor do jogo político internacional e dos mecanismos internos da real politik norte-americana
“O que vai fazer nos EUA a Procuradoria-Geral da República do Brasil? Vai ajudar os americanos na acusação contra a Petrobras? Mas a Petrobras é parte do Estado que lhes paga os salários, está sendo atacada no estrangeiro, eles vão lá ajudar os autores das ações?
Quem deveria ir para os EUA é a Advocacia-Geral da União, orgão que funciona como defensora dos interesses do Estado brasileiro. A AGU poderia ir aos EUA para ser auxiliar da defesa dos advogados da Petrobras porque, salvo melhor juizo, um Estado não vai ao estrangeiro acusar a si mesmo ou ajudar outro Estado a lhe fazer acusações. Quem processa a Petrobras indiretamente está processando o Estado brasileiro.
Fora do Brasil só há um ente que representa o Brasil, o Estado brasileiro, representado pelo Poder Executivo (art.84 da Constituição). Só o Poder Executivo representa o Brasil no exterior, a PGR não é um Estado separado do Brasil.
Quem representa o Brasil em Washington é a Embaixada do Brasil, a quem cabe os contatos com o Governo americano e suas dependências, a Embaixada deveria estar atenta para proteger a Petrobras nos EUA” (http://migre.me/qZSB1).
Em resposta, a Secretaria de Comunicação Social da PGR informou que “o PGR Rodrigo Janot tem agenda separada, não relacionada a esse processo, e manterá encontros no FBI, no Banco Mundial e na OEA” (http://migre.me/qZSEG)
Apesar da nota da Secom, uma das pessoas visitadas foi Leslie Caldwell, procuradora-adjunta encarregada da Divisão Criminal do Departamento de Justiça dos Estados Unidos (http://migre.me/qZSvO).

Leslie tem ampla experiência em apurações criminais, tendo participado dos trabalhos que terminaram na denúncia da Enron e da Arthur Andersen. Debita-se a ela a destruição de 85 mil empregos por seu estilo implacável, de não saber punir pessoas preservando empresas.
Obama a indicou para o cargo no dia 15  de maio de 2014.
Ocorre que desde 2004 ela era sócia do escritório Morgan Lewis de Nova York, atuando na área de contenciosos (http://migre.me/qZT2S).
Uma das especialidades do escritório é justamente o setor de energia (http://migre.me/qZT62), especificamente nas relações entre setor privado e governo. O sócio Brad Fagg é apresentado como advogado principal para a maioria das instalações comerciais norte-americanas. Sob a liderança de Brad – diz o site do escritório – os clientes ganharam mais de US$ 2 bilhões em decisões na área pública.

O mercado nuclear experimentou um renascimento, a ponto do escritório ter aberto uma filial em Londres para orientar os investidores interessados no setor, depois da desregulamentação do setor de energia no Reino Unido em 2004 (http://migre.me/qZU4M).

O escritório se apresentava como representante de um grade número de empresas que ocupam praticamente todos os segmentos de combustível nuclear, desde a mineração de urânio e enriquecimento para a fabricação de combustíveis.
Não é crível supor que Janot tenha participado de uma conspiração internacional. É mais certo que o açodamento e a desinformação tenham feito Janot tornar-se inadvertidamente um instrumento de um jogo geopolítico internacional, no qual o interesse do país foi jogado para terceiro plano.
***
Por qual razão um país rico como o Brasil tem uma elite tão imunda, imoral e entreguista como esta nossa? O que o povo fez para merecer tão triste sina? A minha mente o que vem é nossa imensa covardia. Triste!
Vida que segue

Roberto Amaral: Desse governo nada se pode esperar em sã consciência.

A quadrilha de Curitiba pratica crime de lesa-pátria 

Confira abaixo, trechos de uma entrevista do ex-ministro da Ciência, Roberto Amaral:


RAO Brasil possui uma das maiores reservas de urânio do mundo e é um dos poucos detentores da tecnologia do seu enriquecimento. em Resende, com tecnologia nossa, que muito devemos à dedicação da Marinha de Guerra do Brasil, são criadas e fabricadas as mais modernas ultracentrífugas do mundo. Nossa produção de urânio enriquecido é fundamental para manter em funcionamento Angra I, Angra II e a futura Angra III, cuja construção está parada. É vital também para o futuro e sempre adiado programa de construção de novas usinas. Os Estados Unidos e seus aliados no monopólio nuclear, a antiga URSS, inclusive tudo fizeram para que não dominássemos essa tecnologia. Dominada, querem impedir que dela nos utilizemos para nosso progresso. O Brasil tem o projeto de equipar-se com submarinos nucleares, um já está em construção, em Itaguaí, no Rio de Janeiro, em consórcio com a França. Como manter esse programa, vital para nossa segurança, especialmente para a segurança do pré-sal, se não tivermos o combustível nuclear? A conspiração antinacional de desmonte de nossos projetos estratégicos, principalmente nas áreas de energia e segurança, está exposta à luz do dia.

CC: Por que o programa nuclear é estratégico? 

RAPorque com a conclusão de Angra 3, o Brasil, que domina a tecnologia de produção do combustível, passará a produzi-lo em escala industrial, privilégio até hoje dos países que têm a bomba atômica, e com eles competirá no mercado mundial. Exatamente por isso é fundamental para eles retardarem a conclusão de Angra 3, e para tanto utilizam o mesmo argumento que levou Angra 2 a ser concluída com atraso de 20 anos: o combate à corrupção. Desta vez, procura-se enlamear a reputação do principal cientista do programa nuclear brasileiro, o almirante Othon (Luiz Pinheiro da Silva), que era o presidente da Eletronuclear, proprietária das usinas. Por conta desse ataque, as obras são paralisadas e não há previsão de recomeço, impondo insuperável prejuízo técnico e financeiro. Quem pagará por isso? O Ministério Público, o Tribunal de Contas ou o juiz Moro vão cobrar de alguém? O programa de construção do submarino de propulsão nuclear foi praticamente desativado, assim como o programa espacial. 

CC: O programa aeroespacial é importante para o Brasil por quais motivos? 

RA: O programa espacial tem como principal protagonista a Embraer, hoje a terceira produtora de aviões comerciais no mercado mundial. Para fragilizá-la, surgem denúncias de corrupção em vendas internacionais, que dão origem a processos milionários na Justiça norte-americana, com a omissão conivente do governo Temer. O programa espacial próprio foi desativado e já se fala em rediscutir a cessão aos EUA da base de lançamento de foguetes de Alcântara, cuja ótima localização, próxima ao Equador, só é rivalizada por Kourou, na Guiana Francesa. Caso se concretize, afastará o Brasil do lucrativo mercado de lançamento de satélites comerciais e deixará o lançamento e operação de nossos satélites estratégicos e militares, como os de comunicação e de rastreamento de nosso território para acompanhamento de safras, acidentes meteorológicos e riquezas do subsolo, entre outros, nas mãos de americanos, russos e chineses. 

CC: Há quem considere a defesa do petróleo como anacrônica, dada a possibilidade de substitui-lo por outras fontes de energia. 

RAO petróleo continuará por muitas décadas fonte essencial para a produção de energia no mundo. A descoberta do pré-sal, a mais importante do planeta nos últimos 30 anos, além de propiciar nossa independência em termos de energia, nos colocaria no patamar dos produtores do Oriente Médio e a Rússia. A transformação da Petrobras, âncora do desenvolvimento industrial brasileiro, em mera produtora de óleo bruto, complementada pela entrega do pré-sal às petroleiras privadas estrangeiras, significará 70 anos de retrocesso em nossa política industrial. 

CC: Se acrescentarmos o impacto da Lava Jato na controladora da Odebrecht Defesa e Tecnologia, coordenadora do projeto de submarino nuclear, quais as probabilidades de sobrevivência deste? 

RAÉ importante esclarecer que a coordenação do programa de construção de submarinos não é da Odebrecht, e sim da Coordenadoria-Geral do Programa de Desenvolvimento de Submarino com Propulsão Nuclear, organização da Marinha criada com esta finalidade. Nesse programa, a Nuclep, empresa estatal, é a responsável pela fabricação dos cascos resistentes dos submarinos e de componentes da planta de propulsão do submarino nuclear. A Odebrecht participa como integrante da Itaguaí Construções Navais, que é uma Sociedade de Propósito Específico formada também pelo estaleiro francês DCNS e pela Marinha do Brasil, esta com poder de veto (golden share). A ICN está encarregada da montagem, conclusão da fabricação e entrega dos submarinos à Marinha. Com tantos parceiros estratégicos envolvidos, há motivos para acreditar na sua continuidade, sem interrupções, do ponto de vista técnico, mas isso de nada valerá se a decisão política do governo for pela sua desativação. 



Tísicos anunciam descoberta da provável partícula do diabo

O CETIP - Centro Europeu de Tísicos Pilantras - acreditam que a chamada "partícula de Deus" ou "bóson de Higgs", que pode explicar os fundamentos do universo, é algo real e estão para apresentar as provas ao mundo. Tísicos do maior colisor de partículas do mundo  anunciaram hoje, quarta-feira, que quase confirmaram o primeiro princípio da teoria que pode dar contorno ao conhecimento científico de toda a matéria.
 O foco da atenção, o bóson de Higgs, é uma partícula subatômica, cuja existência poderia explicar por que alguns objetos no universo têm massa, enquanto outros possuem apenas energia. Trata-se de uma peça crucial, e ainda não encontrada, para a compreensão dos cientistas sobre como o universo foi criado e sua descoberta pode representar uma das maiores realizações da física moderna
Blablablá e?...
- O que criou esta partícula?...

Hipocrisia não tem limite

A Índia lançou um míssil de longo alcance [5000 km] com capacidade para carregar ogivas nucleares. Alguém leu, viu, ouviu os EUA, Israel, AIEA - Agência Internacional de Energia Atômica - ameaçar o país com sanções econômicas e até ataque "preventivo"? Eu não li, não vi nem ouvi nenhum latido neste sentido. Fosse o Irã...

E ainda tem babaca que acredita que os países que possuem bombas atômicas estejam preocupados com a segurança mundial. Eles estão sim - covardes como são - lutando para impor suas vontades e exercer seus poderios bélicos. Exemplo maior é o massacre praticado pelo Estado de Israel contra os palestinos. Enquanto eles dispõem das armas mais modernas que existem, fazem o possível e impossível  para que os "terroristas" continuem armados até os dentes com baladeiras -quando muito.

Hipócritas!

Maioria dos israelenses são contra atacar o Irã


Pesquisa avaliou também que o apoio ao partido de direita Likud aumentou entre a população
Uma pesquisa do jornal Ha’aretz apontou que mais da metade dos israelenses são contrários a ataques contra o Irã. De acordo com o diário do país, 58% dos entrevistados não apóiam ações militares contra os iranianos, mesmo após a crescente tensão entre os dois países nos últimos meses.
A percepção dos entrevistados na pesquisas é de que o país não deve dar o primeiro passo caso os Estados Unidos, aliado dos israelenses, não intercedam militarmente contra o Irã.
Na última segunda (05/03), o primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, afirmou que o país tem o direito de se defender da ameaça que, segundo ele, o país persa representa. O premiê disse ainda que “o tempo do Irã está se esgotando”.
“Israel esperou a diplomacia funcionar, esperou as sanções funcionarem. Nenhum de nós pode esperar muito mais. Como premiê, jamais deixarei meu povo viver á sombra da aniquilação”, afirmou Netanyahu durante encontro com o presidente norte-americano, Barack Obama.
Os israelenses acusam os iranianos de desenvolverem seu programa nuclear com fins bélicos, levando perigo ao estado judeu. O Irã nega as acusações e reitera constantemente que seu programa não produz bombas nucleares.
Apesar disso, a tanto a comunidade europeia quanto os EUA aprovaram nos últimos meses duras sanções que visam forçar os iranianos a debaterem a questão e exporem detalhes sobre seu programa nuclear.
Na última terça-feira (06), a chefe de política externa da UE, Catherine Ashton, afirmou que retomaria o diálogo com os iranianos a respeito de sua produção nuclear. O encontro, no entanto, ainda não tem data marcada.
A pesquisa do Há’aretz avaliou também que o apoio ao partido de direita Likud, liderado pelo premiê atual, cresceu entre a população. Além disso, mais da metade dos entrevistados disseram confiar em Netanyahu e no ministro de Defesa, Ehud Barak, para lidar com a questão iraniana.

Assassinatos seletivos

Isto serve para provocar a guerra
Esta circulando pelos blogs e redes sociais trecho de um programa de TV paga [Manhattan Conection, ver vídeo acima] em que um dos comentaristas, Sr. Caio Blinder, apóia o “assassinato” de cientistas que participam do “programa de enriquecimento de urânio do Estado Terrorista iraniano”. Argumenta que é “preciso matar gente agora” para evitar mais mortes do futuro, além do que, acrescenta, “você intimida outros cientistas”.
O tema já foi intensamente debatido nos EUA, em 2007, quando o professor de direito Glenn Reynolds criticou o presidente Bush por não fazer o suficiente para parar o programa nuclear iraniano (vejam só Bush acusado de ser soft demais!) e, em seguida, defendeu que os EUA deveriam assassinar líderes religiosos e cientistas nucleares iranianos com o objetivo de intimidar o governo do Irã. Portanto, se nos EUA a justificativa para esse tipo de crime não é algo incomum, no Brasil — salvo engano meu — é a primeira vez que aparece publicamente nos meios de comunicação e por isso julgo necessário tecer algumas considerações.
No dia 11 de janeiro de 2012, Ahmadi Roshan, engenheiro químico da usina de enriquecimento de urânio de Natanz, foi assassinado nas ruas de Teerã após explosão de uma bomba em seu carro. É mais um de uma série de acontecimentos similares. Em dezembro de 2011, sete pessoas morreram em uma explosão em Yazd. Em 28 de novembro, uma bomba explodiu nas instalações nucleares em Isfahan. Em 12 de novembro, 17 pessoas foram mortas por uma explosão perto de Teerã. Em 29 de novembro de 2010, o cientista Shahriari foi morto da mesma forma como Roshan, com uma bomba plantada em seu carro. Em todos os casos as autoridades dos EUA e de Israel negaram veementemente qualquer envolvimento.
Mas qual é o problema? De forma declarada ou encoberta tanto EUA, como Israel, sempre adotaram a tática do assassinato seletivo. Desde 11 de setembro, o governo dos EUA tem realizado operações similares (“assassinatos seletivos”) mesmo fora dos campos de batalha do Afeganistão e do Iraque, como no Iêmen, Paquistão, Somália, Síria e possivelmente em outros lugares, causando a morte de mais de 2 mil supostos terroristas e de incontáveis vitimas civis. A justificativa está fundamentada numa autorização legal, aprovada na Câmara e no Senado, atribuindo ao Presidente o poder para adotar as medidas que julgue necessárias para impedir ou prevenir atos de terrorismo internacional contra os Estados Unidos.
É importante notar que até pouco tempo atrás a justificativa para assassinar civis pressupunha a participação direta desses nas hostilidades. Quando se diz que um assassinato seletivo é “necessário” entende-se que matar era a única maneira de evitar um ataque iminente. Mas no caso dos cientistas é praticamente impossível afirmar que matá-los era necessário para impedir o Irã de lançar um ataque nuclear iminente contra Israel ou qualquer outro país. A não ser que haja uma nova doutrina em formação: “assassinato seletivo preventivo”.
Voltando ao porta-voz brasileiro dos fundamentalistas norte-americanos, o Sr. Blinder, que é uma pessoa bem informada, sabe que além da quantidade e qualidade de urânio ou plutônio, a produção de armas nucleares também requer os meios para levá-las ao seu destino (mísseis e ogivas). Portanto, é um projeto que envolve grande quantidade de cientistas, engenheiros e operadores. Levando à extremidade lógica o argumento dos fundamentalistas, será preciso assassinar mais algumas centenas ou mesmo milhares de pessoas. Claro, com o nobre objetivo de evitar mais mortes! Aliás, 90% das mortes de norte-americanos no mundo ocorrem devido à utilização de armas e munições produzidas no próprio EUA.
Portanto, somos tentados a concluir que os responsáveis pela indústria bélica (armas leves) nos EUA deveriam ser assassinados, pois evitaria a morte de milhares de norte-americanos? A ser levada a sério essa proposta (assassinato de cientistas), não é improvável que os congressos científicos internacionais acabem se convertendo em um verdadeiro festival de tiroteios e bombas.
Aliás, o suposto efeito da intimidação, pressuposto dessas ações, está gerando um efeito oposto. Cerca de 1.300 estudantes universitários iranianos pediram para mudar as suas áreas de estudo para o campo das ciências nucleares após o assassinato. Veja só Sr Blinder! Será preciso eliminar esses estudantes também porque um dia eles serão cúmplices do projeto nuclear iraniano!
Dentro da mesma linha de raciocínio o proprietário do Atlanta Jewish Times, Andrew Adler, pediu desculpas na semana passada depois de sugerir que o assassinato do presidente Obama era uma opção que deveria ser considerada pelo governo israelense, conforme relatado pelo Huffington Post. De acordo com Adler, Israel tem apenas três opções disponíveis para se manter seguro: 1. atacar Hezbollah e o Hamas, 2. destruir as instalações nucleares do Irã; 3. assassinar Obama!
Estranhamente o “assassinato seletivo” ocorreu três dias após a afirmação do secretario de Defesa dos EUA de que era improvável que os iranianos estivessem tentando desenvolver uma arma nuclear e no momento em que governo iraniano reiniciava as negociações com o grupo (P5 +1) para autorizar a realização de uma visita de delegados da Agência Internacional de Energia Atômica em seu pais.
Fica claro que o objetivo do assassinato dos cientistas é provocar uma forte reação da linha dura iraniana justificando, dessa forma, os famosos ataques preventivos. De acordo com reportagem na Foreign Policy, que teve acesso a memorandos elaborados pelo governo Bush, a Mossad usa as credenciais da CIA para recrutar membros da organização Jundallah (considerada terrorista pelo governo dos EUA) para lançar ataques contra o Irã. Como notou o analista internacional, Pierre Sprey, vivemos um daqueles raros e perigosos momentos da história, quando o “Big Oil” e os israelenses estão pressionando a Casa Branca na mesma direção. A última vez que isso aconteceu resultou na invasão do Iraque.
(*) Professor de Relações Internacionais da PUC (SP) e do Programa de Pós-Graduação San Tiago Dantas (Unesp, Unicamp e PUC-SP).


Japão

[...] prevê crise nuclear até janeiro de 2012

Empresa que administra usina de Fukushima quer estabilizar vazamento de radiação em 2 etapas; para moradores, prazo é muito longo

A Tepco - Tokyo Eletric Power -, empresa que administra a usina de Fukushima, prevê até 9 meses para controlar a crise nuclear provocada pelo acidente no complexo. 

A companhia pretende reduzir o vazamento de radiação e estabilizar os 6 reatores afetados pelo terremoto seguido de tsunami de 11 de março, que deixou 28 mil mortos e desaparecidos. 

A notícia frustrou as mais de 80 mil pessoas que moram em um raio de 20 km e tiveram de deixar suas casas. 

Os reparos serão feitos em duas fases. 

A primeira, de três meses consiste no resfriamento dos reatores e das piscinas onde é armazenado o combustível. 

Na segunda etapa de até seis meses, técnicos controlarão a liberação de material radioativo e desligarão os reatores.

Fukushima

[...] DUAS GRANDES QUESTÕES NO USO DA ENERGIA NUCLEAR
O grande nó do uso da energia atômica é a contaminação radioativa. Parece óbvio, mas há mais a considerar. É claro que a produção de energia é enorme na indústria nuclear e que nossa civilização precisa de fontes abundantes de energia: não poderá haver desenvolvimento sem isso. Mas o passivo ambiental em casos de desastres é tão grande, que mesmo eventos de baixa probabilidade deveriam ser levados em conta.
E a outra grande questão em Fukushima é a irresponsabilidade com que todas as autoridades envolvidas, governo e iniciativa privada japoneses, lidaram com a emergência. Precisaram de desmentidos externos, de outros países, para admitirem que a situação saíra realmente de controle. E foi do mesmo jeito também em Chernobyl. É assim que a questão nuclear vai ser tratada nos países quando 'o bicho pegar'?
Ficamos então com dois enormes problemas para aceitar o uso da energia nuclear: o grande estrago que eventos de baixíssima probabilidade podem trazer, quando eles finalmente acontecerem (e no longo prazo eles sempre acontecem), e o grande estrago sobreposto ao acidente por si mesmo, pelo manejo irresponsável dos que deveriam saber lidar com a catástrofe, o que acrescenta mais calamidade à uma situação já aterrorizante.
Não tenho resposta para o enigma da necessidade energética contraposto ao perigo de certas fontes de energia, mas acredito que soluções vão acontecer, de uma maneira ou de outra. Só espero que a 'solução' do nosso tempo não seja como a da civilização maia, com suas cidades abandonadas no meio da selva na época em que os espanhóis chegaram, onde construções vazias testemunhavam que existira vida, conhecimento e desenvolvimento, mas que tudo se perdera. E não acho que nossas cidades poderão ficar vazias por que alegremente e ecologicamente reverteremos à natureza (seja lá o que isso for). Mas por que elas, as cidades, poderão ficar inabitáveis.

Fukushima

[...]um acidente pior que Chernobyl
Cadê os otimistas com a energia nuclear que estavam aqui?
O acidente nuclear de Fukushima é pior do que o de Chernobyl, foi o que alertou o pesquisador Edmund Lengfelder, do Instituto Otto Hug de Munique. Há mais de 20 anos ele pesquisa os efeitos de Chernobyl, chamava a atenção para o fato de que a área próxima a Fukushima tem uma densidade populacional, muito maior do que a da usina na Ucrânia.(http://oglobo.globo.com/mundo/mat/2011/03/16/parte-do-japao-pode-ficar-i... )
Em 17 de março, a embaixada americana recomendou aos seus cidadãos que evacuassem de uma área distante de 50 milhas (80 km) da usina, quatro vezes o raio de evacuação inicial estabelecido pelo governo japonês, 20 km, depois ampliado para 30 km.

Mais de dois milhões de pessoas vivem na área de evacuação recomendada pelas autoridades americanas. É muita gente para ser retirada, mesmo para uma economia cheia de recursos como a japonesa.
Agora o governo japonês amplia a área de evacuação para metade do que os americanos recomendam, apenas 40 km:
"Nesta segunda-feira, o principal órgão regulador da energia nuclear nos EUA afirmou que a crise japonesa encontra-se em situação "estática, mas não estável", e ressaltou que não vai mudar a recomendação para que cidadãos americanos mantenham um raio de cerca de 80 quilômetros da área do acidente, ocorrido após o terremoto e a tsunami de 11 de março no nordeste do Japão.
Autoridades japonesas decidiram ampliar o raio de segurança da usina para 40 quilômetros". ( http://oglobo.globo.com/mundo/mat/2011/04/11/japao-eleva-gravidade-da-cr... )
Desde 23 de março se tinha conhecimento que o acidente de Fukushima alcançava nível 7:
Uma entrevista esclarecedora:
Yuli Andreyev: "Na indústria nuclear não há organismos independentes"
"O reator mais perigoso de Fukushima é o 3, porque emprega combustível de urânio e plutônio", assegura.
Ele passou cinco anos em Chernobyl. Foi vicediretor do Spetsatom, organismo soviético de combate à acidentes nucleares e conhece a fundo a Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA).
Veja apresentações de multimídia para entender os fatos:

Greenpeace

Olá, ciberativista
No começo desta semana, uma equipe de ativistas e cientistas do Greenpeace foi à região próxima a Fukushima, no Japão, para investigar os reais níveis de radiação decorrentes do acidente nuclear. O resultado não é nada bom. Jacob Namminga, um dos integrantes de nossa equipe, mandou seu relato via Skype no dia 26 de março:

“Estamos em Yonezawa, 45 km a noroeste de Fukushima. Trouxemos bastante comida de Osaka para evitar os alimentos produzidos por aqui, especialmente o leite, por conta do alto teor de contaminação. Ontem estivemos em um abrigo onde estão 500 pessoas, 300 delas refugiadas da radiação. Durante o dia os aparelhos de medição de radiação ficam ligados e o alarme soa o tempo todo avisando de níveis altos de radiação. As paisagens montanhosas deste lado do Japão são muito bonitas, pena que o olhar sempre se desvia para o medidor de contaminação”.

Dias depois, nossa equipe trouxe os primeiros resultados do trabalho. Na cidade de Iitate, a 40 km da usina, eles detectaram níveis de radiação acima do que é considerado seguro para seres humanos. O alerta foi confirmado pela Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA) no dia 31 de março, porém o governo mantém a área de evacuação somente a 20 km da usina, colocando a saúde de seus cidadãos em risco grave. O Greenpeace continuará na área avaliando os impactos do acidente.

Aparentemente o descaso com a população é comum na realidade japonesa tanto quanto é na brasileira. Aqui, o governo se recusa a repensar o programa nuclear brasileiro e mantém comunidades próximas das usinas Angra 1 e 2 sob ameaça – além de continuar o plano de construir ali uma terceira usina e outras no Nordeste. Isso no país com um dos maiores potenciais de geração de energia renovável do mundo.

Mais de 18 mil pessoas já assinaram a petição pedindo à presidente Dilma que pare o investimento em energia nuclear e opte por fontes renováveis, como vento e sol. Precisamos fortalecer nossa mensagem e dizer a ela que nós, brasileiros, não precisamos de nuclear. Assine a petição.

Ricardo Baitelo

Abraços,
Ricardo Baitelo
Coordenador de campanha de energia
Greenpeace Brasil

Vida Orgânica

...direto de Berlim
Dura vida orgânica

Tentou inventar uma história de que a partir dali, 8 das 17 usinas nucleares da Alemanha seriam “fechadas para balanço” por causa da alta probabilidade de acidentes. Tudo para conquistar votos nas eleiçoes estaduais de Baden-Württemberg e da Renânia-Palatinado e tentar evitar a vitória do Partido Verde. Mas não deu certo.

O resultado das eleições mostrou uma vitória histórica dos verdes. A ala ambiental alemã está em polvorosa. É a primeira vez na história da Alemanha que o partido consegue eleger um ministro-presidente para um Estado.
Nunca a causa verde foi tão popular no país. E o mais importante de tudo: é muito errado estar contra ela, não importa qual seja o seu argumento. Militantes contra a energia nuclear estão aí para provar! O Wall Street Journal já havia escrito em editorial que, depois do nacional-socialismo e do comunismo, os alemães encontraram finalmente uma ideologia pela qual podem se apresentar como mocinhos para o mundo. Faz sentido!
Ser bio é super cool. São tantos os apelos ideológicos, que estou pensando em adotar fraldas de pano quando nascer um rebento meu. Porque afinal, fraldas descartáveis são para os fracos.
No meio de toda essa euforia verde, eu me pergunto: o quão verdes realmente são os alemães? Eu tento economizar água tomando banhos rápidos de 7 minutos ou lavando o banheiro com pouquíssima matéria líquida. E sei que eles podem ir além disso. Mas não tenho certeza que seja pela causa, e sim pela conta de água - bem cara por aqui. 
Leia mais Aqui

por Luis Fernando Verissimo

Tétrico trio

Você imaginaria que uma nação traumatizada por dois ataques atômicos que mataram e mutilaram milhares dos seus cidadãos seria a última a recorrer a usinas nucleares para sua energia. Mas o Japão é um dos países (outro é a França) que aderiram com mais entusiasmo à tecnologia nuclear, desmentindo a velha máxima do gato escaldado e da água fria.

Agora Fukushima, onde ainda não sabem se haverá uma grande tragédia ou apenas um grande susto, poderá se juntar a Hiroshima e Nagasaki num tétrico trio de lugares destruídos, com a diferença que em Hiroshima e Nagasaki a destruição veio do alto e no caso de Fukushima viria do chão e do mar, com o movimento das placas tectônicas substituindo os bombardeiros americanos e a fúria da Natureza substituindo a fúria da guerra.
Os japoneses alegam que o país não tem alternativas viáveis para produzir a energia de que necessita e que suas centrais nucleares são construídas para resistir aos previsíveis terremotos, mas também já surgiram denúncias de falsificações de relatórios de segurança e outras falcatruas na administração das usinas, inclusive a de Fukushima. O que só prova que a estupidez humana é a mesma, seja pilotando um B-29 ou maquiando a ameaça do envenenamento por acidente de uma população.
O NOME
Ajudaria a compreender melhor os acontecimentos no Oriente Médio se pelo menos a imprensa brasileira chegasse a um acordo sobre a grafia correta do nome do homem oscilante, mas ainda forte, da Líbia. Afinal, é Kadafi, Kadaffi, Kaddafi, Gadafi, Gadaffi, Gaddafi, Qaddafi, Qadaffi, Qadafi ou o quê?
Quanto ao seu primeiro nome, Muammar, parece não haver duvida, se bem que haveria uma corrente propensa a eliminar um dos "emes" para não complicar a coisa, ou complicá-la ainda mais.
Mas e o sobrenome? O da carteirinha do clube, o do CPF? Algum repórter mais empreendedor poderia tentar acessar a certidão de nascimento do, do, enfim, do cara, ou, se conseguisse se aproximar dele, perguntar como ele se chama e pedir "Soletra!". Fora isso, proponho uma reunião dos jornais para padronizar o uso do nome do ditador, sob pena de a situação ficar insustentável, levando à discórdia entre editores e revisores e à perplexidade entre leitores.
Se não se chegar a uma grafia comum do nome se poderia adotar outro, de comum acordo. Como, por exemplo, sei lá. Souza.
A ROSA
(Da série "Poesia numa hora destas?!")
Pétalas cobrindo pétalas
corredores secretos
circundando um vão...
A rosa não é uma flor,
a rosa é uma conspiração! 

Japão

É PROVÁVEL TER HAVIDO FISSURA CAUSADA PELA EXPLOSÃO DA CENTRAL!
          
Alejandra Portatadino, Engenheira Membro da American Society of Mechanical Engineers da "Ong Greencross" - (Clarín, 14).
      
1. O Japão tem sua matriz energética baseada principalmente na geração de energia nuclear, produzidas por 54 usinas nucleares, e seu maior problema é que estão em áreas chamadas "geologicamente instáveis". Uma central de usina nuclear funciona como uma caldeira, cujo núcleo ou gerador de calor é alimentado pela fissão nuclear - choque e liberação de nêutrons - produzidos pelo urânio. Devemos levar em consideração que a energia gerada por 1 kg de urânio é equivalente a 1.000 toneladas de carvão.
      
2. O choque, e a posterior fissão, produzem uma grande quantidade de energia térmica. O urânio é encontrado na natureza em uma de suas formas, o U238. Quando este é centrifugado, se converte no que conhecemos como urânio enriquecido ou U235, que é o utilizado nas centrais do Japão. Para resfriar estas centrais, conhecidas como PWR – Água de Alta Pressão – tem que se ter circuitos de refrigeração forçada, que é água a 150 atmosferas, pois a temperatura atinge 320º C. Quando se interrompe o fluxo de refrigeração, o reator aumenta a temperatura até 800 °C.
      
3. A água é utilizada não somente como elemento refrigerante, mas também como elemento "moderador", já que controla a velocidade dos nêutrons para que a fissão seja controlada. Quando não existe nem moderador nem refrigerante, a reação se acelera e, em função dela, se produz césio 237 e estrôncio 90, que se depositam nos ossos agravando o dano. O Japão diz que está tudo sob controle, mas segundo informes teria sido detectado césio 137, material radioativo.
      
4. O único local que produz este elemento é o núcleo do reator, portanto, deve haver uma fissura causada pela explosão da central, o que agrava a situação. A distância para a qual se deve evacuar a população quando é detectado césio 137 é de 30 km. Estima-se que a vida útil do césio-137 na atmosfera é de 30 anos. Não sabemos ao certo como o Japão está lidando com a crise, uma  vez que a área está isolada, mas é um fato significativo que os EUA estejam enviando líquido refrigerante, que geralmente é usado com base de ácido bórico mais água, pois o boro é exclusivo para absorver nêutrons e melhorar a refrigeração.

por Alon Feuerwerker

Uma questão de segurança

O impressionante terremoto no Japão e a consequência para os equipamentos nucleares daquele país vão provocar reflexões adicionais sobre o programa nuclear brasileiro.

A energia nuclear para fins pacíficos é essencial, e nenhum país deve ser impedido de acesso à tecnologia, nas condições impostas pela necessidade de evitar a proliferação bélica.

No nosso caso a questão é bem central para a estratégia de abastecimento de energia.

Nosso maior potencial de energia limpa, ainda inexplorada, está na Amazônia. Mas a construção de usinas hidroelétricas no norte do país enfrenta dura resistência ambiental.

O governo tem lutado e buscado avançar, mas o exemplo de Belo Monte mostra que as dificuldades tendem a crescer.

Desde a crise de abastecimento no começo da década passada os governos brasileiros recorrem à termoleletricidade.

Foi assim com Fernando Henrique Cardoso, na origem do problema, e foi também assim com Luiz Inácio Lula da Silva, administração em que o ramo estava a cargo da hoje presidente Dilma Rousseff.

Termoeletricidade no Brasil é um contrassenso, principalmente por queimar combustíveis fósseis.

Mais ou menos poluentes, são todos mais prejudiciais ao meio ambiente do que, por exemplo, a hidroeletricidade.

As pressões sociais têm imposto restrições ao tamanho dos reservatórios das hidroelétricas, para adaptá-las a critérios de correção ambiental e social.

Certas fontes, como solar e eólica (ventos), ainda não demonstraram capacidade de suprir a demanda, então uma alternativa bastante discutida nos últimos anos é a nuclear.

Que enfrenta também forte resistência dos ambientalistas, notadamente pelo desafio de armazenar em segurança o lixo atômico.

O terremoto/tsunami japonês coloca, para nós aqui, um ponto adicional no debate. A preliminar de qualquer decisão é a existir uma defesa civil eficiente, provada e que consiga a confiança da sociedade.

Tenho sido favorável à construção de usinas nucleares no Brasil, pois parece haver algo de obscurantismo na rejeição pura e simples de uma tecnologia.

Nos transgênicos o Brasil superou o desafio, com resultados benéficos para nossa agricultura. Uma decisão adotada lá atras e que agora mostra plena utilidade, nesta era de crescente demanda por alimentos.

O problema não está nas tecnologias, mas na capacidade de usá-las de modo ambiental e socialmente responsável.

As recentes chuvas no Rio de Janeiro exibiram o total despreparo e irresponsabilidade das autoridades daquele estado e da maioria dos municípios atingidos. Revelou-se também que um plano federal para prevenir consequências de desastres vinha dormindo havia anos na gaveta.

O grande número de mortes não teve maiores consequências políticas, pois ali a mão federal e a estadual se lavaram mutuamente. Afinal são aliados.

Agora temos a promessa de que, finalmente, vai acontecer. Vamos ter um bom sistema de alerta. Dados os antecedentes, a sociedade tem o direito de desconfiar. Os governos, em primeiro lugar o federal, precisam mostrar serviço. Para só depois pedir crédito de confiança.

O debate sobre construir maciçamente usinas nucleares é complexo, mas tem uma preliminar. Um país onde qualquer chuva mais forte em certas regiões é sinônimo de mortes em profusão tem providências anteriores a adotar.

Principismo e Pragmatismo

A presidente eleita, Dilma Rousseff, procurou demarcar terreno num assunto delicado, os direitos humanos no Irã. Delicado pelo tema em si e por um fato singelo: as relações com os iranianos têm sido um banco de areia movediça para a diplomacia, e não apenas a nossa. A regra é a esfinge persa devorar os candidatos a decifrá-la.

O Itamaraty fez uma aposta de como lidar com Teerã, e o presidente que sai embarcou nela com gosto. Teria voltado para casa com o troféu, se as grandes potências tivessem aceitado aproveitar a janela de oportunidade.

Infelizmente, para o Palácio do Planalto e o Itamaraty, aconteceu ali um duplo infortúnio. Nem os iranianos transmitiram a necessária confiança, nem as autoridades brasileiras exibiram suficiente habilidade. Prevaleceu o fototropismo. Promoveram a solenidade de comemoração antes do problema resolvido. Deu no que deu.

Mas isso é passado, e se eventualmente o affair acabar num desfecho negociado o presidente que sai colherá os frutos para a História. Para a presidente que entra, o problema é mais prático.

Já que nos meteram num assunto -a atitude do mundo diante do programa nuclear do Irã- para o qual não tinhamos sido convidados, trata-se de achar o melhor jeito de tudo acabar bem.

O que seria "tudo acabar bem"? Para uma parte do establishment político-militar nacional, se o Irã alcançar o domínio da bomba será uma bela oportunidade de darmos tchauzinho ao Tratado de Não Proliferação (TNP).

Já outros acreditam que o melhor será aderirmos rapidamente ao protocolo adicional do TNP, e termos em mãos um instrumento decisivo na estratégia de garantir que a América do Sul permaneça o único continente sem armas de destruição em massa.

É ótimo -para os cidadãos iranianos- que a presidente Dilma defenda os direitos humanos no Irã. Mas não é suficiente. É preciso saber o que o novo governo brasileiro vai fazer com outro desafio, a ameaça de proliferação nuclear na vizinhança. Por que "na vizinhança"? As relações hemisféricas do presidente Mahmoud Ahmadinejad são autoexplicativas.

O Brasil tem dito que busca um mundo desnuclearizado. Até aí há consenso. As diferenças começam a aparecer quando se discute o melhor caminho para alcançar a meta.

Uns, como Barack Obama, defendem que mais ninguém obtenha a tecnologia bélica. E que a partir dessa premissa se promova progressivamente a renúncia coletiva. Outros líderes, como o presidente brasileiro que sai, ensaiam um discurso mais oblíquo. Os detentores da bomba não teriam "moral" para tentar impedir os demais de seguir pelo mesmo caminho.

Uma defesa indireta do armamento geral -ou pelo menos da ameaça de armamento geral- como melhor caminho para o desarmamento geral.

O que Dilma pensa disso? Os debates eleitorais não foram suficientes para esclarecer.

A presidente eleita tende a levar uma vantagem sobre o antecessor. Parece menos instada a uma política externa de viés presidencial, e parece ter o espírito menos vulnerável à necessidade compulsiva do reconhecimento.

Sempre haverá a tentação de "desafiar o império" para colher aqui dentro os frutos propagandísticos, mas a vaga de candidato brasileiro a guia genial dos povos já está ocupada. O que talvez vá ser útil para a presidente que entra.

Uma diplomacia menos presidencial e mais profissional exigirá, a cada momento, saber onde fica o legítimo interesse nacional. Não há receitas prontas.

Nos direitos humanos, por exemplo, não haverá como Dilma replicar a indignação em todas as circunstâncias. Os interesses, especialmente comerciais, sempre farão valer seu peso.

O principismo tampouco será possível na posição a adotar sobre a soberania dos povos. O Brasil vem de reconhecer o Estado Palestino, mas não apoia a independência de Kosovo, nem vê legitimidade nas aspirações autonomistas do Tibete. E a amicíssima Turquia veta a independência na nação curda.

Pragmatismo. Política externa é assunto para ser decidido caso a caso, conforme o interesse nacional. Dilma está em situação confortável para reajustar a situação por esse parâmetro.