Insônia


Não durmo, nem espero dormir.
Nem na morte espero dormir.
Espera-me uma insônia da largura dos astros,
E um bocejo inútil do comprimento do mundo.

Não durmo; não posso ler quando acordo de noite,
Não posso escrever quando acordo de noite,
Não posso pensar quando acordo de noite —
Meu Deus, nem posso sonhar quando acordo de noite!

Ah, o ópio de ser outra pessoa qualquer!

Não durmo, jazo, cadáver acordado, sentindo,
E o meu sentimento é um pensamento vazio.
Passam por mim, transtornadas, coisas que me sucederam
— Todas aquelas de que me arrependo e me culpo;
Passam por mim, transtornadas, coisas que me não sucederam
— Todas aquelas de que me arrependo e me culpo;
Passam por mim, transtornadas, coisas que não são nada,
E até dessas me arrependo, me culpo, e não durmo.

Não tenho força para ter energia para acender um cigarro.
Fito a parede fronteira do quarto como se fosse o universo.
Lá fora há o silêncio dessa coisa toda.
Um grande silêncio apavorante noutra ocasião qualquer,
Noutra ocasião qualquer em que eu pudesse sentir.

Estou escrevendo versos realmente simpáticos —
Versos a dizer que não tenho nada que dizer,
Versos a teimar em dizer isso,
Versos, versos, versos, versos, versos...
Tantos versos...
E a verdade toda, e a vida toda fora deles e de mim!

Tenho sono, não durmo, sinto e não sei em que sentir.
Sou uma sensação sem pessoa correspondente,
Uma abstração de autoconsciência sem de quê,
Salvo o necessário para sentir consciência,
Salvo — sei lá salvo o quê...

Não durmo. Não durmo. Não durmo.
Que grande sono em toda a cabeça e em cima dos olhos e na alma!
Que grande sono em tudo exceto no poder dormir!

Ó madrugada, tardas tanto... Vem...
Vem, inutilmente,
Trazer-me outro dia igual a este, a ser seguido por outra noite igual a esta...
Vem trazer-me a alegria dessa esperança triste,
Porque sempre és alegre, e sempre trazes esperança,
Segundo a velha literatura das sensações.

Vem, traz a esperança, vem, traz a esperança.
O meu cansaço entra pelo colchão dentro.
Doem-me as costas de não estar deitado de lado.
Se estivesse deitado de lado doíam-me as costas de estar deitado de lado.
Vem, madrugada, chega!

Que horas são? Não sei.
Não tenho energia para estender uma mão para o relógio,
Não tenho energia para nada, para mais nada...
Só para estes versos, escritos no dia seguinte.
Sim, escritos no dia seguinte.
Todos os versos são sempre escritos no dia seguinte.

Noite absoluta, sossego absoluto, lá fora.
Paz em toda a Natureza.
A Humanidade repousa e esquece as suas amarguras.
Exatamente.
A Humanidade esquece as suas alegrias e amarguras.
Costuma dizer-se isto.
A Humanidade esquece, sim, a Humanidade esquece,
Mas mesmo acordada a Humanidade esquece.
Exatamente. Mas não durmo.


Álvaro de Campos

Qualé a tua Nassif?

Governo Dilma empoderou delegados da PF em processo obscuro

Jornal GGN - A aprovação da Medida Provisória 657/14 pelo Senado na última terça-feira (11) acendeu um debate sobre a obscuridade do processo que levou os ministérios sob comando da presidente Dilma Rousseff (PT) a romper com acordos e esvaziar grupos de trabalho formados com a intenção de reestruturar a carreira dos servidores da Polícia Federal. Editada às pressas, a MP deixou de lado as demais categorias que formam a PF - escrivães, agentes e papiloscopista - para beneficiar apenas e subitamente os delegados da corporação.
“A partir do momento que a presidente sancionar a MP - o texto aguarda até o início de dezembro pela rubrica de Dilma - ela só vai fortalecer um modelo de segurança pública que prejudica a sociedade, e fortalecerá um cargo que concentrará informações de investigações importantes e que poderão - não estou dizendo que vão - usá-las de maneira imprópria”, disse ao GGN o presidente da Federação Nacional dos Policiais Federal (Fenapef), Jones Leal.
A MP consiste em pelo menos três pontos que foram elogiadas pelos delegados:
- Estabelece que o diretor-geral da PF deverá ser escolhido pelo presidente da República entre delegados de classe especial, tornando, portanto, o cargo máximo na corporação é privativo aos delegados mais experientes - Na prática, a escolha já vem ocorrendo sob esse critério há alguns anos.
- Determina que o concurso público para entrar na carreira de delegado deve exigir o diploma de bacharel em Direito e experiência jurídica ou policial de três anos;
- Obriga que a OAB acompanhe todas as fases do concurso público.
À parte os motivos para contestar o teor da MP, a Fenapef coloca em xeque, principalmente, o modo como o governo Dilma encampou o processo. Há meses, os ministério do Planejamento e Justiça discutiam com as diversas categorias da Polícia Federal a reestruturação das carreiras. Esse trabalho, segundo Leal, teve inicio antes das eleições presidenciais e tinha o prazo de 150 dias - até o final de novembro - para apresentar resultados. Mas, em meio à disputa acirrada pelo Palácio do Planalto, a MP foi editada e enviada ao Legislativo para ser votada em tempo recorde.
“Nós somos contra porque acordamos com o governo que nenhum instrumento legal, nenhuma medida provisória, nenhum projeto de lei seria encaminhado antes da conclusão dos grupos de trabalhos que estão em andamento. E esses grupos de trabalho têm o prazo final estabelecido em 30 de novembro. Ou seja, o que foi acertado era que antes dos fins das eleições, nada seria feito antes da conclusão desses grupos”.
Argumentos contra
Na visão de Leal, a MP 657 prejudica a Polícia Federal como um todo principalmente por dificultar a mudança estrutural necessária à revitalização da de segurança pública do País. 
Em um ofício distribuído no Senado antes da votação da MP 657, as associações nacional dos Procuradores da República, dos membros do Ministério Público, dos Procuradores do Trabalho e do Ministério Público do Distrito Federal e Territórios declararam que são contrários à MP pelos seguintes argumentos:
1- A tramitação da matéria foi acelerada e houve pouca discussão. “A MP foi editada no dia 14 de outubro. Sua Comissão Especial foi instalada no dia 29 de outubro e o relatório foi apresentado e aprovado no dia 30 de outubro. Agentes, peritos, escrivães e papiloscopistas não foram ouvidos.”
2- É inconstitucional por não ser “urgente e relevante”, pois o artigo 62 da Constitucional determina que Medidas Provisórias devem ter esse caráter. “A reestruturação dos cargos do departamento de Polícia Federal não atende a esse critérios."
3 - Fortalece um modelo de investigação obsoleto. “A opção por um procedimento investigatório judicialiforme – como o inquérito policial – não leva ao aprimoramento do combate ao crime. Considerando apenas os inquéritos  policiais por crime de homicídio, por exemplo, a estimativa atual é de que apenas de 5% a 8% sejam esclarecidos pela polícia no Brasil – percentual que é de 90% no Reino Unido, 80% na França e 65% nos Estados Unidos."
“Para investigar bem não é preciso cursar Direito. Quem atua na área criminal sabe que o inquérito policial é composto em sua maioria de atos burocráticos, com ofícios, despachos, mandados, análises jurídicas e carimbos. Prioriza-se a formalidade em lugar da apuração dos fatos”, endossaram.
Para Leal, a medida provisória tem como objetivo alçar os delegados à carreira jurídica e, dessa maneira, abrir janela para que a categoria possa demandar a discussão da PEC 240/2013, que versa sobre funcionários de carreira jurídica receberem até 90,25% do salário de um ministro do Supremo Tribunal Federal.
“No primeiro dia de Medida Provisória, os deputados desengavetaram uma PEC, formaram uma comissão e pleitearam os 90,25% para os delegados. Ou seja, essa MP não tem nada de bom para a sociedade. Estamos retroagindo no tempo, reforçando uma segurança pública do tempo do império português”, disparou o presidente da Fenapef.
Motivação política?
No mesmo texto, o agente lembra que a Folha de S. Paulo publicou na edição do dia 14 de outubro a fala de Fernando Francischini (Solidariedade) sobre o assunto. Teria dito o deputado delegado que o governo teve que editar uma MP às pressas, “porque sabia que ia ser uma pancadaria. Botamos o governo de joelhos”.
Para Leal, a forma como a MP foi encaminhada dá sinais de que houve alguma pressão de ordem política e motivação eleitoral por trás das decisões. “Não temos na história uma Medida Provisória tão célere como esta, que já está na mesa da presidente desde ontem (12/11). Alguma coisa me parece estranha. Não temo como afirmar o que aconteceu, mas a gente se baliza nas palavras do deputado Francischini”, comentou.
Outro lado
Para o juiz de direito do Paraná Sergio Bernardinetti, a MP não apresenta nenhuma grande novidade, pois apenas versa sobre o que já é de conhecimento, de prática e constitucional. Além disso, não prejudica as demais categorias, que terão opotunidade de discutir vantagens próprias com o governo federal. “Exceto por essa grande conquista, no sentido de ser o Diretor-Geral necessariamente um DPF, a MPV 657/2014 nada fez além de dizer o óbvio. Não pode ser motivo 
de desunião das classes policiais.”
“Todos estes cargos, seja de delegado, de escrivão, de agente, são acessíveis a todos os brasileiros, mediante concurso público. Quem quiser ser escrivão, presta o concurso para escrivão. Quem quer ser delegado, presta concurso para delegado. Cada um tem suas atribuições, suas prerrogativas e sua parcela de autonomia, com absoluta interdependência.”
“(...) Nosso sistema Constitucional não permite, sob pena de grave desvio de função, a movimentação horizontal entre carreiras distintas. Não é uma questão de vaidades, de valores, ou de capacidade. É uma questão de legalidade”, explicou.
A OAB de São Paulo emitiu uma nota favorável à MP.

São fatos

A Dilma permitiu que a aceleração do desmatamento da selva amazônica acontecesse, justamente para secar São Paulo. Com isso eles acreditavam que enfraqueceriam o Psdb e elegeriam Alexandre Padilha governador do Estado.
O problema é que essa estratégia monstruosa foi combatida por Marina Silva, por isso eles se livraram dela. 
O plano de secar São Paulo deu certo.
O que deu errado para o PT é que não elegeru o governador.
Isso é fato.
Não duvide.
Se disserem ao contrário é boato.


*Dilma Invocada: Vou convidar o Psol para integrar o governo

Nosso segundo mandato e governo terá o horizonte voltado ainda mais à esquerda. Convidarei o Psol para integrar e indicar um representante do partido para um Ministério ou Secretaria com Status de Ministério. 
Minha parte farei. 
Espero que o convite seja aceito.

* Perfil criado pelo blogueiro Briguilino


PF a serviço do Psdb

do Observatório da Imprensa

De onde vem os factóides

Não há nada mais interessante nos jornais de quinta-feira (13/11) do que a reportagem do Estado de S.Paulo revelando que os delegados federais responsáveis pela Operação Lava-Jato compunham uma espécie de comitê informal do candidato Aécio Neves à Presidência da República enquanto vazavam seletivamente para a imprensa dados do inquérito. A repórter Julia Duailibi teve acesso a perfis restritos do Facebook, nos quais autoridades da Superintendência da Polícia Federal do Paraná agem como os mais fanáticos ativistas da polarização política que marcou a campanha eleitoral.

O texto não explica como a jornalista teve acesso ao material, nem quando, o que autoriza o leitor a considerar que o jornal podia já saber, na ocasião, que a fonte das especulações publicadas pela revista Veja na véspera da eleição era o próprio núcleo de investigações, atuando a serviço do candidato do PSDB. Segundo o relato, praticamente todos os agentes envolvidos na apuração, inclusive o chefe da Delegacia de Repressão a Crimes Fazendários e a titular da delegacia de Repressão a Crimes Financeiros e Desvios de Recursos Públicos do Paraná, onde estão os principais inquéritos da operação, agiam como cabos eleitorais na rede social.

Entre as manifestações coletadas pela repórter há xingamentos vulgares à presidente Dilma Rousseff e ao ex-presidente Lula da Silva, e elogios de todo tipo a Aécio Neves – entre eles uma página em que o ex-governador de Minas aparece em montagem de fotografias na companhia de mulheres atraentes. Nessa página, o responsável pela Delegacia Regional de Combate ao Crime Organizado, a quem estão vinculados os delegados empenhados na Operação Lava-Jato, escreveu: “Esse é o cara!”

Os policiais citados participam de um grupo fechado autointitulado Organização de Combate à Corrupção (OCC), cujo símbolo é uma caricatura da presidente da República com dois grandes dentes incisivos e coberta por uma faixa onde se lê: “Fora, PT!” O conteúdo repete factoides, mitos, boatos e todo o arsenal usado durante a campanha eleitoral contra a reeleição da presidente.

 A página inicial da organização ainda pode ser acessada (ver aqui) no Facebook, embora a participação seja exclusiva para inscritos sob convite, e apresenta a OCC como “um instituto de orientação da cidadania, da democracia, da promoção do desenvolvimento econômico e social e de outros valores universais”.

Ela remete ao blog da suposta entidade (ver aqui), onde se desenvolvem campanhas em defesa da ditadura militar, teorias conspiratórias e textos que procuram desacreditar alguns profissionais da imprensa – num deles, os autores expõem os repórteres Gustavo Uribe, da Folha de S.Paulo, e Ricardo Chapola, do Estado de S.Paulo.

A OCC tem todas as características de outra organização de extrema-direita que atuou como força auxiliar da repressão nos tempos da ditadura militar: o CCC (Comando de Caça aos Comunistas) também começou como uma entidade da sociedade civil preocupada com a defesa de supostos “valores universais” e acabou transformado em milícia terrorista, praticando ações extremas como a depredação de uma emissora de rádio, atentados a bomba e o assassinato de um padre católico no Recife.

A reportagem inclui entrevistas com especialistas em Direito Administrativo e Penal para os quais o posicionamento político de delegados na condução de uma investigação pode colocar em xeque a neutralidade e conduzir até mesmo à nulidade de um inquérito. Alguns dos consultados citam a Operação Satiagraha, que levou à destituição e condenação do delegado federal Protógenes Queiroz por vazamento de informações sigilosas. Como se sabe, com essa justificativa a Operação Satiagraha foi esvaziada por decisão do Supremo Tribunal Federal, deixando livre o principal acusado, o banqueiro Daniel Dantas.

A revelação feita pelo Estado de S.Paulo e o que se pode apurar sobre os personagens dessa história compõem um escândalo dentro do escândalo da Petrobras e expõem a perigosa contaminação de toda uma superintendência regional da Polícia Federal por interesses externos ao da atividade policial, o que coloca em dúvida a qualificação de seus agentes para conduzir essa investigação, e, por consequência, de todo o noticiário que se seguiu.

Além disso, revela de onde vêm os factoides utilizados pela imprensa para exercer sua influência em questões importantes para a sociedade brasileira, como a eleição para a Presidência da República.

O rei do coitadismo de direita

por Paulo Nogueira - Diário do Centro do Mundo

Danilo Gentili conseguiu duas façanhas em sua carreira como apresentador: transformar Jô Soares, por comparação, num gênio, e virar o maior expoente do coitadismo de direita no país.
A julgar pelo que ele apregoa, trata-se de um dos homens mais perseguidos do planeta. Gentili está em listas negras sinistras, tem seu perfil no Facebook derrubado, é processado. Possui absoluta liberdade para falar o que quiser, mas insiste que vivemos numa ditadura bolivariana.
É uma tática manjada. Encontre o regime, o país ou a pessoa mais execráveis da história e diga que é isso o que temos hoje, sem que haja necessidade de qualquer prova. Estamos em Cuba, na Alemanha nazista, na Venezuela, na Coreia do Norte, na União Soviética. Quem manda aqui é Hitler, Fidel Castro, Pol Pot.
Quando ele é criticado, o que é normal numa democracia, grita que não é justo. Um marciano burro que pousasse na Avenida Paulista e o escutasse haveria de pensar que Gentili está preso numa cela, seminu, num pau de arara, subjugado.
Ele insiste que nasceu num “cortiço” e se fez através do esforço próprio, como se fosse o único caso em 500 anos num país de 200 milhões de funcionários públicos recebedores do Bolsa Família. Seu apelido “Palmito” é uma prova de que sofre preconceito racial. Portanto, qual o problema de oferecer banana a um negro?


Meritocrata caçado de maneira inclemente pelo abominável estado, Gentili trabalha numa emissora que, em 2012, recebeu 153,5 milhões de reais em verbas publicitárias do governo federal, valor que provavelmente cresceu de maneira inercial desde então. Seu salário vem daí e não das empresas Jequiti ou do Banco Panamericano. Mas isso não é assunto para um mártir.
Como todo coitadista, Danilo Gentili esconde um desejo autoritário de ver seus desejos atendidos e seus inimigos destruídos. Em sua falta de imaginação, cria uma distopia rasa em que luta contra um inimigo poderoso.
É preciso espalhar a tese de que a liberdade está constantemente ameaçada. Não há nuances e espaço para a dúvida. Gentili e seus amigos vivem de vender a ideia de que são pobres inocentes quando, na realidade, os inocentes são os que acreditam em sua mistificação meia boca.
A vitimização pode ser um grande negócio, desde que haja um número suficiente de bobos para chorar por você.

The i-piauí Herald

Dilma nega que pedirá demissão

CUBA - Em meio a uma campanha de demissões voluntárias que culminou no forte boato de que o mais alto cargo do Executivo ficaria vago, Dilma Rousseff afirmou que não é Maria-vai-com-as-outras. "Todos nós aqui sabemos que cada um de nós escolhe – a vida faz a gente escolher – nossas escolhas”, esclareceu. "Ora uma, ora outra. Ponderações."
Intérpretes do Planalto decodificaram a fala da presidenta e concluíram que Dilma apenas negou os rumores de que sua exoneração seria iminente. Em seguida, dois dos intérpretes pediram demissão.
Atordoado com a ineficiência petista em transformar o Brasil numa imensa Cuba, Fidel Castro também jogou a toalha e optou pela aposentadoria por tempo de serviço. Num discurso que durou três semanas, o ex-ditador pediu que Dilma se ilumine e escolha um corpo de guerrilheiros capaz de resgatar a credibilidade de seu governo junto a campesinos, operários e socialistas em geral.

Frases e versos do poeta Manoel de Barros

- "É mais fácil fazer da tolice um regalo do que da sensatez."
- "Há muitas maneiras sérias de não dizer nada, mas só a poesia é verdadeira."
- "Ao poeta faz bem desexplicar tanto quanto escurecer acende os vaga-lumes."
- "Para ter mais certezas tenho que me saber de imperfeições."
- "Noventa por cento do que escrevo é invenção. Só dez por cento é mentira."
- "Prezo insetos mais que aviões."
- "A maior riqueza do homem é sua incompletude."
- "Poesia é quando a tarde está competente para dálias."
- "As coisas que não têm nome são mais pronunciadas por crianças."
- "O mundo não foi feito em alfabeto. Senão que primeiro em água e luz. Depois árvore."
- "Poderoso pra mim não é aquele que descobre ouro. Para mim poderoso é aquele que descobre as insignificâncias (do mundo e as nossas)."
- "Fui criado no mato e aprendi a gostar das coisinhas do chão antes que das coisas celestiais."
- "Quando as aves falam com as pedras e as rãs com as águas - é de poesia que estão falando."
- "Quem anda no trilho é trem de ferro, sou água que corre entre pedras: liberdade caça jeito."
- "A reta é uma curva que não sonha."

Escute, com atenção



Bjs, Te Amo!

Saul Leblon: Dilma pode escolher

Ser Francisco ou Berbóglio

na Carta Maior

A história não é fatalidade. Um exemplo de quem mudou suas circunstâncias? O Papa, que deixou de ser Bergóglio para se tornar Francisco.


A incerteza que  antecede as definições do segundo governo Dilma mantém o Brasil em suspenso à direita e à esquerda.


Mercados financeiros giram feito barata tonta ao sabor dos mais desencontrados boatos.


Vendidos suplicam por um boato baixista; comprados dão a vida por uma puxada nas cotações. Ganha-se na diferença diária entre um zunzum e outro.


Especulações sobre o comando da economia oscilam entre o tudo e o nada, muito pelo contrário.


Há lastro.


Dilma, escuta o Zé

Oposição perdeu eleição mas quer que governo aplique seu programa recessivo


Seu candidato derrotado à presidência da República, senador Aécio Neves (PSDB-MG), mesmo em sua condição de presidente nacional de seu partido, admite que ainda não sabe quais são as medidas em estudo pelo PSDB frente à questão. Mas anuncia que o partido vai entrar na justiça contra alteração da meta de superávit.
É reforçado nessa linha errática pelo ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, para quem a presidenta Dilma está quebrando o país ao tentar flexibilizar a meta fiscal.  “A situação do país é difícil, eles não têm como cumprir o superávit fiscal. Eles têm que reconhecer isso. Dilma disse que eu quebrei o Brasil três vezes. Não sei quando, mas agora ela está quebrando”, afirmou ontem o ex-presidente.
Como ele mesmo lembrou, de quebrar o país ele entende, já demonstrou saber fazer como ninguém, tem autoridade no assunto: quebrou o Brasil três vezes durante seu governo e foi de pires na mão pedir dinheiro, socorro ao FMI.


E vem com estultices jurídicas e políticas…
Os dois contam com o socorro do ministro Augusto Nardes, presidente do TCU – hoje um reconhecido e notório aparelho da oposição – que vive exigindo transparência nas contas públicas e agora entra na campanha do contra e vem com essa história de que é preciso “acabar com a contabilidade criativa no governo”.
Engrossam o coro, entram todos na campanha do contra justo agora que a presidenta da República encaminha para o Congresso uma proposta de mudança da Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO) assumindo o superavit zero. Ou seja, que o pais não fará superávit e não terá déficit operacional. Portanto, em outras palavras, assume que o país não se endividará para pagar os juros da dívida interna.
O governo simplesmente adota uma medida necessária para não agravar o baixo crescimento e para evitar uma recessão com desemprego, queda da renda e da arrecadação, agravamento da dívida e do déficit públicos. E quando o governo faz isso legalmente, aberto, transparente e dá todas as explicações, a oposição articulada com o presidente do TCU e a mídia ameaça o governo com obstrução no Congresso e medidas judiciais com base na Lei de Responsabilidade Fiscal (LRF).
É demais! Coincidentemente a oposição e o presidente do TCU vem a público e propõem a mesma estultice jurídica e política! A questão, então, amigos, é uma só: a oposição perdeu a eleição, no entanto pretende e quer na marra que o governo aplique o seu programa recessivo. Pode um negócio desses?

Briguilinas do dia


  • Do mensalão e do cerco a Petrobras, Marx diria que é a primeira vez que uma farsa se repete como tal - Napoleão Brumário
  • A Marta Suplicy será uma menina do Jô - March
  •  Alguns juízes acham que são deuses. Os donos da mídia tem certeza - Revenger




Recadinho do dia

Lu, para você sempre lembrar

Ciro Gomes: Ele é o Picareta Mor

[...] Este cara deve ser assim, entre mil picaretas, o Picareta Mor!


Eu conheço esse cara desde o governo Collor. Ele operava no escândalo do PC Farias na Telerj. Depois tava enrolado no fundo de pensão da Cedae do governo Garotinho e aí vem vindo. Depois tava enrolado no governo Lula com Furnas e agora enrolado até o gogó em tudo em quanto. E ele é o que banca os colegas. Todo mundo sabe disso. Antigamente, o picareta achava a sombra, procurava ali o bastidor, ia fazendo as picaretagens dele escondido. Agora não! Quer ser o presidente da Câmara. Se o PT mais a Dilma aceitarem, eu rompo e vou pra oposição. Claramente. Pouco importa a boa-fé do meu irmão Cid Gomes. Eu enchi”...




Palavras de ministros, por Jânio de Freitas

no Folha de São Paulo

Aos olhares simplificadores, as atitudes da ex-ministra Marta Suplicy e do Gilberto Carvalho pareceram críticas de igual intenção. E até de igual importância. Muitos precisam alegrar-se com o que apareça, para reconstruir-se depois de lançarem a desconstrução como programa eleitoral. E ruírem.

Se alguém esperasse que Marta Suplicy se demitisse com uma carta de agradecimento pela oportunidade recebida, poderia supor também algum significado maior na carta pontiaguda que cravou na presidente e, claro, divulgou na internet. Mas Marta Suplicy foi só a Marta Suplicy.

Gilberto Carvalho também foi Gilberto Carvalho. Calmo, delicado, com a franqueza de sempre, disse verdades sobre o governo, sobre a Presidência de que é o secretário-geral e sobre Dilma Rousseff. Suas constatações resultam em críticas que são inquestionáveis no fundamento e não ficam nas estreitezas temáticas dos economistas e dos jornalistas.

Dilma Rousseff não lidou bem com os políticos, de fato, em seu primeiro mandato. A par da maneira de ser, e de ter com políticos uma experiência sobretudo de convívio entre companheiros, Dilma sucedeu o traquejo e flexibilidade de Lula. Contraste estiolante. O mesmo em relação ao que Gilberto Carvalho chamou de "movimentos sociais", em cujas "demandas [Dilma] avançou pouco". Nesse quesito, Dilma e o governo apegaram-se a poucas diretrizes, com realce para a distribuição de renda pelos salários e a saúde pelo Mais Médicos. O demais ficou por conta dos seus responsáveis, com resultados variáveis.

O apoio para tornar os assentamentos produtivos pode ter aumentado, mas a reforma agrária como um todo "não foi o que os movimentos esperavam". Muito longe disso. E mais longe ainda, sem possibilidade de ressalva alguma, foi o descaso com a demarcação de terras indígenas e com a proteção devida às aldeias sob o tiro de tomadores de terras, quando não caem por fome e doença mortíferas.

O crescimento da "resistência ideológica e econômica fortíssima à questão indígena" leva Gilberto Carvalho a uma conclusão mais ampla, como causa: "A direita cresce porque cresce". Mas a verdade é pior. No problema dos indígenas, a ação "da direita" cresceu porque o governo lhe cedeu espaço e força. E é duvidoso que busque recuperá-los.


Gilberto Carvalho acentua a deficiência, com resultados graves, "de diálogo com os principais atores na economia", por falta de "competência e clareza" do governo. Sem dúvida. Nesse caso, ainda que mantido o diagnóstico do ministro, a responsabilidade deve ser compartilhada pelos dois lados. Os "principais atores na economia" investiram muito na pressão e na chantagem. No país em que ter dinheiro é tudo, os portadores deste justificado sentimento, ainda por cima, chegaram a Dilma viciados por 16 anos de Fernando Henrique e Lula e respectivas curvaturas.

Nesse capítulo, cabe um acréscimo à deficiência de diálogo citada pelo ministro: a deficiência de comunicação com o país foi imensa. Dilma e o governo pagaram, pagam e pagarão muito por isso. E o país também.

A propósito, Gilberto Carvallho fez, à margem do seu tema, uma afirmação também útil, quando indagado se continuaria ministro: "Qualquer ministro que falar qualquer coisa [sobre o novo ministério] estará falando bobagem". Imagina os jornalistas.

Charge do dia