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Pelo fim do massacre em Gaza

Colabore com adesão à petição: "Governo de Israel, queremos o fim do massacre em Gaza", assinado, entre outros, por:
David Harvey, Mike Davis, Frei Betto, Chico de Oliveira, Antonino Infranca, Domenico Losurdo, Erminia Maricato, Istvan Mészáros, Leandro Konder, Maria Rita Kehl, Michael Löwy, Vladimir Safatle, Miguel Urbano Rodrigues, Ricardo Antunes e Ruy Braga.
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O genocídio na Palestina

E o Nobel da Paz
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A palestina apagada do google maps

Já passam de 1.200 palestinos mortos na faixa de Gaza desde o dia 8 de julho. Entre eles centenas de crianças. Os bombardeios de Israel não pouparam nem escolas e hospitais, supostamente “bases para terroristas”. Ontem atacaram um abrigo da ONU, matando 19 palestinos. O Comissário da Agência da ONU para os refugiados disse que crianças foram mortas enquanto dormiam. Não satisfeitos, bombardearam também a única usina que fornecia energia elétrica para Gaza.

Às escuras, sem refúgio seguro nem hospitais e com cadáveres espalhados entre os escombros da destruição – este é o retrato da faixa de Gaza.

É possível uma posição de neutralidade? Só para os hipócritas. Neutralidade perante a barbárie e o genocídio equivale a tomar posição a seu favor. Não há meio termo possível em relação a Israel.

O colunista desta Folha Ricardo Melo teve a coragem de defender que a única solução para a questão é o fim do Estado terrorista de Israel. Foi bombardeado pelos sionistas de plantão e pelos defensores da neutralidade. E, como não poderia deixar de ser, acusado de antissemita.

Um pouco de história faz bem ao debate.

O movimento sionista surgiu no final do século 19, movido pelo apelo religioso de retorno à “Terra Prometida”, em referência à colina de Sion em Jerusalém. A proposta era construir colônias judaicas na Palestina, que então já contava com 600 mil habitantes. Ou seja, não se tratava de uma terra despovoada, mas de um povo lá estabelecido há mais de 12 séculos.

Nem todos os sionistas defendiam um Estado judeu na Palestina. Havia formas de sionismo cultural ou religioso que reconheciam a legitimidade dos palestinos sobre seu território. Albert Einstein, por exemplo, foi um dos que rechaçou em várias oportunidades o sionismo político, isto é, um Estado religioso na Palestina e contra os palestinos.

No entanto prevaleceu ao longo dos tempos a posição colonialista. Seu maior representante foi David Ben Gurion que, diante da natural resistência dos palestinos, organizou as primeiras formas de terrorismo sionista, através dos grupos armados Haganá, Stern e Irgun – este último responsável por um ataque à bomba em um hotel de Jerusalém em 1946.

Os palestinos eram então ampla maioria populacional, com apenas 30% de judeus na Palestina até 1947. Porém, por meio das armas, a partir de 1948 – quando há a proclamação do Estado de Israel – a maioria palestina foi sendo expulsa sistematicamente de seu território. Cerca de metade dos palestinos tornaram-se após 1949 refugiados em países árabes vizinhos, especialmente na Jordânia, Síria e Líbano.

A vitória militar dos sionistas só foi possível graças ao contundente apoio militar de países europeus e dos Estados Unidos.

Em 1967, Israel dá o segundo grande golpe. Após o Presidente egípcio Abdel Nasser fechar o golfo de Ácaba para os navios israelenses, os sionistas atacam com decisivo apoio norte-americano, quadruplicando seu território em seis dias, tomando inclusive territórios do Egito e da Síria. Desta forma bélica e imperialista – como corsários dos Estados Unidos – Israel foi formando seu domínio.

Depois de 1967 foram massacres atrás de massacres. Um dos mais cruéis – ao lado do atual – foi no Líbano em 1982. Após invadir Beirute, as tropas comandadas por Ariel Sharon – que veio a ser primeiro-ministro posteriormente – cercaram os campos de refugiados palestinos em Sabra e Chatilla e entregaram milhares de palestinos ao ódio de milicianos da Falange Libanesa. Após 30 horas ininterruptas de massacre, foram 2.400 mortos (de acordo com a Cruz Vermelha) e centenas de torturados, estuprados e mutilados – incluindo evidentemente crianças, mulheres e idosos.

Hoje há 4,5 milhões de refugiados palestinos segundo a ONU. Este número só tende a aumentar pela política higienista de Israel.

Caminhamos neste momento em Gaza para o maior genocídio do século 21. E há os que insistem no cínico argumento do direito à autodefesa de Israel. Quem ao longo da história sempre atacou agora vem falar em defesa?

Tudo isso perante a passividade complacente da maior parte dos líderes políticos do mundo. O Brasil limitou-se a chamar o embaixador para esclarecimentos. Foi chamado de “anão diplomático” pelo governo de Israel e nada respondeu. Romper relações políticas e econômicas com Israel é uma atitude urgente e de ordem humanitária.

A hipocrisia chega ao máximo quando acusa os críticos do terrorismo israelense de antissemitas. O antissemitismo, assim como todas as formas de ódio racial, religioso e étnico, deve ser veementemente condenado. Agora, utilizar o antissemitismo ou o execrável genocídio nazista aos judeus como argumento para continuar massacrando os palestinos é inaceitável.

É uma inversão de valores. Ou melhor, é a história contada pelos vencedores. Como disse certa vez Robert McNamara, Secretário de Defesa dos Estados Unidos durante a Guerra do Vietnã, se o Japão vencesse a Segunda Guerra, Roosevelt seria condenado por crimes de guerra contra a humanidade e não condecorado com títulos e bustos pelo mundo. A história é contada pelos vencedores.

É possível que Benjamin Netanyahu, comandante do massacre em Gaza, ainda receba o Prêmio Nobel da Paz. E que os palestinos, após desaparecerem do mapa, passem para a história como um povo bárbaro e terrorista.


O massacre em Gaza e a retórica da auto defesa

Esta não é, nem de longe, a primeira edição do massacre promovido por Israel em Gaza. Desde 2000, as forças israelenses mataram por volta de 4 mil palestinos e feriram outros 20 mil, mas isso quase nunca é mencionado nas reportagens sobre o assunto

Apesar das centenas de mortes (30% de crianças) e dos milhares de feridos que aumentam a cada dia, após a intensificação dos ataques por terra, mar e água das Forças Militares de Israel contra Gaza (prisão a céu aberto), o que mais se ouve é que Israel tem o direito de se defender. Ou então as atitudes se assemelham ao estilo da diplomacia brasileira, que condenou o “ataque desproporcional” à Faixa de Gaza e diz apoiar os direitos dos palestinos, mas intensificou o seu comércio e ações de cooperação militar com Israel nos últimos anos.

A versão espalhada por Israel, e prontamente incorporada pela grande mídia, é a de que o “novo ciclo de violência” teve inicio com o sequestro que culminou na morte de três jovens judeus. Mas como há cidadãos em Israel comprometidos com os direitos humanos e com a verdade, descobriu-se que o governo israelense segurou a informação de que os jovens judeus sequestrados já estavam mortos. O primeiro-ministro Netanyahu deu ordens para que o serviço de inteligência escondesse a noticia e divulgasse ao público que Israel estava “agindo no pressuposto de que eles estivessem vivos”. Uma mentira para prolongar o estado de incerteza em relação aos jovens com o objetivo de induzir o sentimento de vingança, além de justificar ação de busca em milhares de casas, prendendo e interrogando (varias denúncias de tortura) centenas de pessoas.

De repente, sem apresentar nenhuma prova, o porta-voz do Exército israelense, brigadeiro-general Moti Almoz, aparece num programa de rádio declarando: “Fomos instruídos pelo escalão político para atacar duramente o Hamas”. E assim tiveram início os ataques em Gaza, numa clara demonstração de punição coletiva a todos os palestinos naquele território.

Ora, dirão alguns que o cenário atual não difere em nada do que acontece há muito tempo. Sim, tem todo sentido a irritação do jornalista inglês Robert Fisk quando este lembra que, desde 2000, as forças israelenses mataram por volta de 4 mil palestinos e feriram outros 20 mil, e que quase não se faz menção a isso nas inúmeras reportagens que lemos sobre o mais recente massacre em Gaza.

De certa forma sim, é bem semelhante, mas agora nota-se uma vigorosa e orquestrada estratégia de mídia que pode ser encontrada em documento elaborado (The Israel Project’s 2009 Global Language Dictionary) após a guerra de Gaza de 2008, cujo objetivo principal é orientar os partidários das ações de militares de Israel a usar certas perguntas, palavras e frases com a intenção de ganhar os corações e mentes do público. Um código de conduta que nos ensina a desviar a atenção, ou mesmo justificar, os mortos, feridos e desabrigados palestinos.

Reparem que vocês vão encontrar, de uma forma geral, essas orientações tanto em declarações diplomáticas de vários governos, em textos de analistas e jornalistas, como também nos debates nas redes sociais.

Frank Luntz, um sionista republicano, foi encarregado por líderes políticos dos EUA e de Israel de preparar um guia de mídia (media guide) a fim de neutralizar os críticos do uso da força por parte de Israel e, ao mesmo tempo, promover a imagem de país agredido na mídia. No texto constam as palavras e frases que “funcionam” e as que não funcionam quando a mensagem de justificativa do uso da força se dirige à opinião pública ocidental. Vejam alguns exemplos: “os norte-americanos concordam que Israel tem o direito de defender suas fronteiras. Mas evite tentar definir como as fronteiras deveriam ser… não faça referência às fronteiras antes ou depois de 1967, pois isso só serve para lembrá-los da história militar de Israel”.

O guia chama atenção aos detalhes que terão impactos significativos para ganhar o apoio do público. Preste a atenção, diz o manual, que é bem diferente afirmar que “Israel não deve bombardear Gaza” do que dizer “Israel não deve ser forçado a uma situação na qual terá que bombardear Gaza”. Notem que a construção da frase tem o objetivo de mostrar que Israel tem por objetivo a paz e, portanto, se reage com o uso da força, é porque não há alternativa possível diante de um inimigo que só deseja a guerra (veja).

Da mesma forma, o manual solicita, novamente, atenção quando vai se referir ao Hamas e seus foguetes. Não diga que o Hamas “dispara aleatoriamente contra Israel”. A palavra chave é “deliberada”. Diga “Hamas deliberadamente lança foguetes contra cidades israelenses, comunidades e populações civis”. Além disso, o guia indica que você deve “pintar um quadro vívido de como é a vida de civis israelenses sob a constante ameaça de ataque de foguetes”. Sugere ainda algumas perguntas que induzem a pessoa a não ter outra alternativa a não ser consentir com o que Israel faz. “Imagine se milhares de foguetes fossem disparados em sua comunidade todos os dias e todas as noites. O que seu país deveria fazer? O que você deveria fazer? Não temos o dever de proteger os nossos cidadãos?”.

O manual alerta que não se deve entrar nos debates sobre proporcionalidade ou ações preventivas – em vez disso, use outra palavra, mais importante para o público, que gera imensa credibilidade: Paz. Tente promover empatia: “Toda a vida humana é preciosa. Entendemos que a perda de uma vida palestina inocente é tão trágica como a perda de uma vida israelense”; admita que “a ação de Israel nem sempre é bem sucedida em impedir mortes de civis”; mencione que Israel está “comprometido a fazer tudo ao nosso alcance para a prevenção de mortes de civis.”

Já ouviu ou leu algo parecido com isso? Acredito que sim. Do presidente dos EUA ao blogueiro especialista, a cartilha é seguida, às vezes de forma sutil, em outras nem tanto. Notem que o manual abomina o bom senso e o contexto histórico. Experimente fazer algumas perguntas.

Afirmação repetida ad nauseam: Israel tem o direito de se defender. Perguntas: alguém disse algo em contrário? É um direito de Israel, ou é de todos os povos e nações, incluindo os palestinos? Alguma vez Israel foi impedido de realizar esse direito? Ora, se não há nenhum sentido nessa pergunta, por que ela é feita?

Sem os fatos, a propaganda nos induz a elaborar hipóteses a respeito das supostas intencionalidades, sem imputar as responsabilidades políticas a quem criou um ambiente propício à violência. Os jornalistas não deveriam partir de fatos estabelecidos? A Palestina é um território ocupado? Gaza está sitiada? São fatos verificáveis. É possível analisar qualquer acontecimento separadamente de uma das formas mais violentas de domínio político e econômico que é a ocupação? Ocupação refere-se às questões relacionadas a muçulmanos, judeus e árabes ou é um modelo de dominação histórica que independe de questões étnicas ou religiosas?

Sejamos francos, é possível delimitar com precisão quando teve início o “novo ciclo de violência”? Foi com o ato de terror que culminou na morte de três jovens judeus, ou quando dois adolescentes palestinos foram assassinados por franco-atiradores israelenses no dia de Nakba? Ou, ainda, com os 19 palestinos mortos pelo exército israelense nos três primeiros meses de 2014?

Parafraseando Eliot, é forçoso reconhecer que, depois de percorrer todo esse tenebroso caminho com milhares de mortos, feridos e refugiados, deveríamos voltar ao inicio, quando tudo começou, como se fosse a primeira vez. Esse início chama-se OCUPAÇÃO, que foi muito bem ilustrado por Robert Fisk abordando o recente episódio.

“Os israelenses de Sderot estão recebendo tiros de rojões dos palestinos de Gaza, e agora os palestinos estão sendo bombardeados com bombas de fósforo e de fragmentação pelos israelenses. É. Mas como e por que há hoje 1 milhão e meio de palestinos apertados naquela estreita Faixa de Gaza?”.

Reginaldo Nasser - professor do curso de Relações Internacionais da PUC-SP e do programa de Pós-Graduação San Tiago Dantas (Unesp, Unicamp e PUC-SP). Mantém o blogue “As palavras e as coisas” no Portal Fórum.



Rodrigo Vianna: Massacre em Gaza

Os humorristas de Israel: anões fora-da-lei

A cultura judaica já produziu bons comediantes. Alguns associam o humor a reflexões existenciais, sendo capazes de rir de si próprios - como Woody Allen.
O porta-voz do Estado israelense parece ser herdeiro de um outro tipo de humor. Em vez de rir de si próprio, prefere transformar em piada o assassinato de milhares de mulheres e crianças palestinas na faixa de Gaza.
Palmor: quem é o anão fora-da-lei?
A nota do governo brasileiro, que condenou de forma veemente o ataque brutal a Gaza e apontou o uso “desproporcional” da força por parte do governo israelense, fez com que o porta-voz Yigal Palmor manifestasse toda sua veia humorística: “desproporcional é perder de 7 a 1″, disse.
Israel já havia chamado o Brasil de “anão diplomático” e“politicamente irrelevante”, recebendo a justa resposta de  Marco Aurelio Garcia (que você pode ler aqui, na íntegra):
“É evidente que o governo brasileiro não busca a “relevância” que a chancelaria israelense tem ganhado nos últimos anos. Menos ainda a “relevância” militar que está sendo exibida vis-à-vis populações indefesas.  Como temos posições claras sobre a situação do Oriente Médio – reconhecimento do direito de Israel e Palestina a viverem em paz e segurança – temos sido igualmente claros na condenação de toda ação terrorista, parta ela de grupos fundamentalistas ou de organizações estatais.”

A vitória da Palestina

Na visão do músico Gilad Atzmon

No discurso que fez à nação o primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu reconheceu ontem que a guerra contra Gaza é uma batalha pela existência do Estado Judeu. Netanyahu está certo. E Israel não pode vencer essa batalha; não pode sequer definir que vitória poderia advir dessa batalha. Claro que a batalha não se trava pela posse dos túneis ou pela operação subterrânea da resistência: os túneis são armas da resistência, não são a resistência. Os militantes do Hamás e de Gaza atraíram Israel para uma zona de batalha na qual Israel jamais vencerá; e o Hamas impôs as condições, escolheu o campo e escreveu os termos que exige para concluir esse ciclo de violência.

Por dez dias, Netanyahu fez tudo que pôde para evitar a operação por terra, pelo exército de Israel. Ele sabia que Israel não conhece resposta militar à resistência palestina. Netanyahu sabia que uma derrota em solo erradicaria o pouco que resta do poder de contenção que o exército israelense ainda tem.

Há cinco dias, Israel – pelo menos aos olhos dos próprios apoiadores – estaria no comando da situação. Via seus cidadãos convertidos em alvos de fogo infinito de foguetes, mas ainda mostrava alguma moderação, só matando palestinos civis bem de longe, o que ajudava a preservar uma fantasia de força, de poder. Tudo isso mudou rapidamente, a partir do início da operação em terra lançada por Israel.

Agora, mais uma vez, Israel está envolvida em colossais crimes de guerra, crimes contra a humanidade, crimes contra população civil. E, pelo menos estrategicamente, seus comandos de elite da infantaria estão sendo dizimados nas batalha cara-a-cara em Gaza.

Apesar da clara superioridade tecnológica de Israel e do maior poder de fogo, os militantes palestinos estão derrotando Israel na guerra de solo. E já conseguiram levar a guerra para território israelense. E a chuva de foguetes sobre Telavive não dá sinais de arrefecer.

A derrota do exército de Israel em Gaza deixa sem qualquer esperança o Estado Judeu. A moral é simples. Se você insiste em viver em terra dos outros, a força militar é ingrediente essencial para impedir que os roubados lutem pelos próprios direitos.

O nível de baixas no exército israelense e as filas de soldados da elite israelense voltando para casa em caixões é mensagem muito clara para israelenses e palestinos: a superioridade militar de Israel é coisa do passado. Não há futuro para o Estado-Só-de-Judeus na Palestina. Se quiserem, que tentem noutro lugar.




[*] Gilad Atzmon (músico e escritor) nasceu em Israel em 1963 e estudou na Academia Rubin de Música, Jerusalém (Composição e Jazz). Multi-instrumentista, toca saxofones, clarinete e instrumentos de sopro étnicos .Seu álbum Exile foi o álbum de jazz BBC do ano em 2003. Ele foi descrito por John Lewis no The Guardian como “o mais hardest-gigging homem do jazz britânico”. Atzmon viaja extensivamente pelo mundo tocando em festivais, salas de concertos e clubes. Até 1994, foi produtor-arranjador de vários projetos de dança e rock israelenses, realizando na Europa e nos EUA a reprodução de música étnica, bem como rock e jazz. Anima seu blog com vários artigos políticos.
Tradução: Vila Vudu

A Rússia deve pagar por seus atos

...E Israel?

A Casa Branca - Obama exige que O Kremilim - Putin responda pela queda do MH17, mas defende e apóia o genocídio israezista na Palestina


O presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, em discurso na Casa Branca, afirma que a Rússia deve arcar com as consequências dos atos seus. Certo, todos devem arcar com as consequências de seus atos. Os EUA inclusive. Quando, a propósito, os EUA responderão pela destruição do Iraque? O sr. José Manuel Mourão, da União Europeia, diz, em entrevista à Folha de S.Paulo em 17 de julho, que “A Rússia tem de decidir se quer fazer parte da comunidade internacional – respeitando valores e princípios – ou se se quer isolar e seguir um rumo diferente”. E quais são os "valores e princípios" dessa comunidade internacional? Não disse e não lhe foi perguntado.

Dizem os EUA e a OTAN que a Rússia estimulou a insurgência que resultou no levante da Crimeia e seu pedido de retorno ao território russo (ao qual pertencia até 1974), reintegração que a Rússia aceitou de pronto, formalizando-a em ato de seu Parlamento (algo que lembra a anexação de quase metade do México pelos EUA…). Diz-se ainda que a Rússia alimenta os insurgentes em Donetsk que permanecem em luta contra as tropas de Kiev. Um avião da Malaysia Airlines foi abatido no espaço aéreo ucraniano quando sobrevoava o território conflagrado, obra provável dos rebeldes. Daí a condenação internacional, daí os embargos políticos e econômicos que se acumulam contra o governo Putin. Assim a Rússia sofre as consequências de seus atos.

Sabe-se que Israel (protegido política e militarmente pelos EUA) ocupa territórios de países como a Síria ao arrepio de resoluções do Conselho de Segurança e da Assembleia Geral da ONU e de decisões da Corte Internacional de Justiça.

Israel está, sistematicamente, instalando colonos em territórios árabes. Israel, com sua moderna força aérea e sua marinha, está assassinando civis na faixa de Gaza, bombardeando bairros residenciais densamente povoados, escolas e hospitais. Bombardeou, até, uma praia na qual crianças se divertiam. Pode chamar-se esse ataque de estratégia de defesa? Israel, com seus bravos soldados dentro de potentes tanques de guerra, está invadindo a faixa de Gaza para enfrentar (isto é, assassinar) civis desarmados.

Na última incursão por terra (2009) Israel assassinou cerca de 1.300 palestinos. Para a atual razzia Israel promete “uma estreita coordenação entre as unidades militares, incluindo tanques, infantaria, corpo de engenheiros e inteligência, combinado com apoio aéreo e naval. Mais 18 mil reservistas foram convocados, além dos 48 mil já deslocados”, segundo o jornal O Globo. Repórter da Rede Globo, presente no cenário das ações, fala em “um dos maiores aparatos militares do mundo". Isto tudo para quê? Para enfrentar militantes palestinos, ‘armados’ com fuzis. Esses ataques, diante da inércia criminosa do ‘mundo civilizado’, tornaram-se sistemáticos. Há anos. No ‘conflito’ deste mês já morreram mais de 500 palestinos, na sua quase totalidade civis (75% segundo a ONU), muitas mulheres e crianças, e morreu um único civil israelense. A isso pode-se chamar de puro exercício do direito à ‘legítima defesa’?

De um lado, uma população pobre, de quem a tragédia histórica roubou a esperança; de outro, uma nação rica e poderosamente armada, até com artefatos nucleares. A desproporcionalidade de forças não causa horror. No lado palestino não morrem nem europeus nem norte-americanos. Ninguém de olhos azuis. Morrem, apenas, árabes, árabes pobres, quase sempre mal vestidos, e isso não conta para as estatísticas de nosso humanismo cínico.

No fundo, é terrível dizê-lo, há um quê de racismo.

Nem Obama nem Manuel Mourão nos dizem que Israel deve assumir as consequências de seus atos, pelos quais, aliás, jamais respondeu. Não foi por puro humanismo – o fim da Guerra – que os EUA soltaram duas bombas atômicas sobre Hiroshima e Nagasaki matando centenas de milhares de civis japoneses, quando a Guerra que queriam terminar já havia terminado? Não foram os EUA que invadiram o Vietnã (defendendo-se de quê?) e massacraram suas populações com bombardeios indiscriminados e descargas de napalm? Quando assumirão as consequências de seus atos? Melhor perguntando: quando a cínica ‘ordem mundial’ terá condições morais de exigir que todos os criminosos – estadistas e países--, assumam as consequências de seus atos?

Como a União Europeia silencia diante do genocídio de nossos dias, conclui-se que o genocídio não agride nem os ‘valores', nem os ‘princípios' da ‘comunidade internacional’, essa coisa abstrata e cínica.

O primeiro-ministro de Israel é hoje um homem feliz; graças ao radicalismo do Hamas (e da indiferença dos Estados árabes, acovardados) foi-lhe dado exercer na plenitude seus instintos mais primitivos.

Não se trata de defender o Hamas, mas de poupar o povo palestino: antes tiraram-lhe a terra, depois a possibilidade de organizar-se como Estado. Agora retiram-lhe o único bem que lhes resta, a vida. Na verdade, o massacre dos palestinos começou imediatamente antes da fundação do Estado de Israel, quando milhares foram obrigados a deixar suas casas.

Hoje, Israel é um Estado marginal, pois vive à margem do direito internacional, à margem das resoluções da Assembleia Geral da ONU, à margem das declarações de direitos humanos, à margem do princípio da não-agressão, da não-intervenção, um inimigo declarado da paz. Trata-se de Estado militarista, administrado por fanáticos da direita mais obscura. A rigor, se não fosse um paradoxo, o que se deveria afirmar é que esse Estado judeu nada tem a ver com a cultura e o martírio de judeus na sua história de milênios.

E que nos diz a ‘opinião pública’ internacional?

Existe mesmo uma opinião pública internacional se o que se conhece é, no Brasil e em todo o mundo, a opinião publicada, produto de uma imprensa crescentemente (e perigosamente) internacionalizada, que, esquecida do passado, e assim quase suicida, alimenta o que há de mais reacionário que possa existir sobre a face da terra?

Que fazer? Como enfrentar a monstruosa aliança da grande imprensa com o capitalismo financeiro internacional e deste com o complexo industrial militar que depende da Guerra – da destruição, dos assassinatos, da devastação de países e do massacre de povos e nações – para sobreviver, ter lucros e alimentar o capitalismo financeiro que alimenta a imprensa em todo o mundo?

Já houve tempo em que o mundo se indignava, se horrorizava. Nesse tempo, um filósofo de 90 anos – um inglês desarmado, preocupado com a vida e a moral, sir Bertrand Russell – criou um Tribunal para julgar os crimes de Guerra dos EUA contra o Vietnã. Esse Tribunal tinha mais força do que o de Nuremberg, pois não precisava do poder das armas para ditar sentenças.

É preciso, sempre, buscar razões para continuar alimentando esperanças.

Leia mais em www.ramaral.org


"Palestinos querem morrer", Israel faz o favor de mata-los!

O jornalista da casa Jake Tapper entrevista Diana Buttu, ex-conselheira da Organização para a Libertação da Palestina (OLP). Depois de ter falhado em convencê-la da total inocência de Israel, ele diz que o Hamas está instruindo mulheres e crianças a permanecerem em suas casas enquanto Israel as bombardeia. Ela responde expressando dúvida da vontade palestina de morrer. "Não", diz Tapper, "os Palestinos vivem numa cultura de martírio; eles querem morrer".

William Westmoreland, comandante das tropas norte-americanas na Guerra do Vietnã - na qual os EUA mataram 4 milhões de homens, mulheres e crianças -, disse certa vez: "os orientais não colocam um preço tão alto quanto os ocidentais na vida. A vida é barata no Oriente".

O general britânico Banastre Tarleton (1754-1833) se levantou no Parlamento e defendeu o tráfico de escravos baseado no fato de que os africanos não se importavam em ser escravos.

William McKinley, presidente norte-americano de 1897 a 1901, disse que os filipinos "marronzinhos" apreciam ser conquistados e dominados.

A culpabilização das vítimas, visão de que os oprimidos não se importam em serem abusados, tem um longo histórico de uso afim de desviar os olhos do mal que está sendo feito.

Poderosa igualmente é a visão de que nenhum mal está sendo feito: Diane Sawyer do ABC News disse aos seus espectadores que as cenas de destruição em Gaza eram, na verdade, em Israel e foi forçada a se desculpar, mas ainda sem evidenciar que cenas como aquela não existem em Israel. Preferiu deixar a impressão que um simples erro trocou fotos similares de um país para outro.

Pesquisas descobriram que boa parte da população norte-americana crê que o Iraque se beneficiou com a guerra que os destruiu e que os iraquianos são agradecidos, enquanto os EUA sofreram com a guerra.

É com bilhões de dólares em armamentos fornecidos como cortesia pelos contribuintes estadunidenses que os militares de Israel estão bombardeando bairros na Gaza ocupada. A ocupação contínua está na raíz da crise, mas essa reviravolta para uma violência em maior escala foi produzida por fraude. O governo de Israel soube que 3 israelitas foram mortos, culparam o Hamas e falsamente alegaram que os jovens ainda estariam vivos. Essa fraude foi usada para justificar uma 'missão de resgate' que deixou vários mortos e presos.

A violência em pequena escala da Palestina não se compara com a brutalidade israelense. Essa comparação é profundamente imoral assim como absurdamente contraprodutiva. Mas se assassinatos individuais justificaram a matança das guerras, os EUA teriam que iniciar uma guerra contra si mesmo todos os dias. E são os armamentos norte-americanos, fornecidos sob o pretexto de 'ajuda', que estão destruindo casas de inocentes em Gaza.

David Swandon é jornalista e ativista político norte-americano. A tradução é de Isabela Palhares.



Poema para Palestina

 

Por que Israel mata crianças:
porque crianças são o futuro.
Por que Israel mata mulheres:
porque mulheres são reprodutoras de palestinos, de vida palestina, de futuro palestino. 

Por que mulheres velhas:
porque são a memória. 

Por que mulheres jovens:
porque são esperança de futuro. 

É isso: é matar o passado
e a esperança de futuro. 

Não me peçam pra defender isso.

(Copiei de Janeslei Albuquerque)

Genocídio Palestino

Já há uma semana Israel reiniciou os bombardeios à Faixa de Gaza, onde moram quase dois milhões de palestinos. Alguns dizem que é maior prisão a ceu aberto do mundo. Quase cem pessoas morreram, em especial crianças e idosos. E o mundo assiste alado a mais uma barbaridade cometida por esse governo fascista que governa Israel.


O povo palestino é milenar. Mora na Palestina e cultiva as suas terras há mais e dez mil anos. A cidade mais antiga do mundo, que é citada na Bíblia inclusive, Jericó, é palestina e tem dez milênios de existência. Esse povo descende dos antigos filisteus. Posteriormente, com o Império Árabe-Islâmico a partir de 630, toda a região foi sendo arabizada.

No entanto, um projeto de colonização da região foi traçado já a partir de meados do século XIX, cujo objetivo seria tomar a Palestina para o povo judeu. Segundo esses e o velho testamento eles seriam o povo eleito, escolhido por deus para ter aquelas terras. Costumo dizer sempre: nada contra que cada deus prometa terras para os povos que neles acreditam. O que não se pode fazer é prometer terras de um povo que mora nelas há milhares de anos.

O movimento político que alguns judeus iniciaram para a tomada da Palestina leva o nome de “sionismo”. Isso nada tem a ver com judaísmo, também esta uma religião milenar. Aliás, boa parte dos 25 milhões de judeus no mundo nunca atenderam ao apelo dessa gente para mudarem-se para a Palestina. O que se chama Israel hoje tem em torno e sete milhões de judeus apenas e ainda assim vindo de mais de 70 países.

Mas, para que esses líderes sionistas pudessem levar adiante o seu projeto colonial de toda a região, eles precisavam aliar com o imperialismo inglês, que dominou a região entre 1920 e 1947. E foi o que fizeram. Um censo realizado por volta de 1910, atestou o que nós sempre soubemos: existiam morando na Palestina apenas 5% de judeus e todo o restante eram palestinos.

No entanto, essa realidade foi sendo alterada. Iniciaram inclusive perseguições de judeus em toda a Europa para forçar a migração judaica para a região. A situação foi ficando tão explosiva que a própria ONU – que também não era dona daquelas terras – decidiu dividir a Palestina e criar dois estados, o de Israel e o da Palestina. Os judeus ficaram com a maior parte, 54% e os donos da terra com 46%. Quando a Inglaterra se retira da Palestina em 15 de maio de 1948, imediatamente os sionistas proclamam a instalação de Israel. 

A partir daí, os sionistas iniciam uma guerra contra os árabes e palestinos para tomar o restante das terras. Abocanharam 76% do total. Quase 500 aldeias palestinas foram destruídas, suas casas demolidas e suas famílias expulsas. No mundo hoje são seis milhões de palestinos vivendo o exílio. Mas Israel nunca se contentou cm isso. Quer sempre mais.

Nesses 66 anos da Nakba (que significa em árabe “catástrofe”), as coisas s pioraram. Ninguém segura Israel. Nem mesmo os Estados Unidos. São mais de 300 resoluções da ONU contra Israel, mas este estado bandido não acata nenhuma. E em apenas duas os Estados Unidos votaram a favor: 228 e 334, que assegura aos palestinos o direito de retorno. Mas nunca foram cumpridas.

Não bastasse a ocupação, os sionistas perpetram periodicamente massacres contra a população palestina. São dezenas. Os mais famosos foram o de Deir Yassim em abril de 1947, Sabra e Shatila (Líbano), em 1982, Gaza em janeiro de 2009. Neste último, tal qual faz agora, Israel bombardeou aquela pequena região por 22 dias seguidos. 

Agora, mais uma vez, esse estado pária, governado por sionistas fascistas, ataca mais uma vez. As imagens nas TVs são impressionantes. Ficamos chocados com as crianças mortas. Destroem hospitais e escolas de forma proposital. São covardes, pois os pilotos que despejam bombas o fazem de avião e bem alto. Os palestinos são completamente indefesos. Não possuem seu exército, nem armas, nem bateria antiaérea. 

O mundo precisa parar Israel. A tal da comunidade internacional precisa dar um basta às barbaridades e ao genocídio que Israel vem cometendo. É preciso libertar os quase dez mil presos palestinos. É preciso derrubar o muro de 700 Km que Israel construiu embargado pela ONU e pelo Tribunal Internacional de Justiça. É preciso instalar o Estado da Palestina. Israel precisa ter suas fronteiras definidas. E a Palestina precisa voltar aos mapas escolares. Hoje, ela não existe, mas quase dez milhões de palestinos vivem naquelas terras. Por isso a nossa integral solidariedade a esse povo.

* Sociólogo, Professor, Escritor e Arabista. Colunista da Revista Sociologia da Editora Escala, da Fundação Maurício Grabois e do Vermelho. Foi professor de Sociologia e Ciência Política da UNIMEPentre 1986 e 2006. Presidiu o Sindicato dos Sociólogos do Estado de São Paulo de 2007 a 2010.Recebe mensagens pelo correio eletrônico lejeunemgxc@uol.com.br.
by Leujene Mirhan