Vale a pena incluir ativos do Brasil no portfólio este ano, seja renda fixa ou variável. Esta é a indicação feita para cerca de cem investidores em conferência realizada ontem pelo JP Morgan Asset Management, a gestora de recursos do maior banco americano em ativos, que tem US$ 3,4 bilhões de recursos em gestão e supervisão no mundo.
Em renda fixa, apesar da queda do juro básico — que foi de 10,5% ao ano em janeiro para 7,25% ao ano em novembro de 2012 —, o Brasil ainda se manteve como o país com melhor retorno dos títulos públicos. Em dezembro, a diferença do rendimento dos ativos brasileiros frente aos americanos era de 7,8 pontos percentuais, a maior entre 15 países.
A Índia tinha uma diferença de 7,4 pontos percentuais, enquanto a da Rússia era de 5,6 pontos percentuais e a da China, de 2,5 pontos percentuais. “Vale a pena ainda estender o duration no Brasil”, destaca Julio Callegari, diretor da mesa de Renda Fixa Brasil da gestora. Como as principais economias mundiais não devem elevar o juro neste ano, entre elas os Estados Unidos, o spread do pagamento de títulos públicos brasileiros deve se manter.
O Federal Reserve (Fed, banco central americano) já sinalizou que pensará em elevar o juro apenas quando a taxa de desemprego cair a 6,5% ou a inflação passar de 2,5% e, mesmo com a perspectiva de que a economia americana cresça 2,5% neste ano, essas condições não serão atingidas. “Por lá, outro processo de renegociação da dívida americana pode gerar instabilidade para os investidores, mas de uma forma ou de outra vai ser resolvido”, diz o presidente da gestora no Brasil, Cassio Calil.
No Brasil, também não há perspectiva de elevação do juro, de acordo com a gestora, uma vez que o governo tem instrumentos para controlar a inflação, que embora não venha a sair do controle, continuará a ser uma preocupação por não ter um caráter pontual. “Os investidores devem continuar se protegendo do cenário inflacionário, seja com título soberano ou crédito ligado à inflação", diz Callegari.
No caso da renda variável, a bolsa brasileira teve um dos piores desempenhos entre os emergentes em 2012. O Ibovespa, principal indicador da BM&FBovespa, subiu 7,4%, enquanto no mercado chinês o índice Hang Seng (Hong Kong) teve avanço de 22,91% e o indiano (CNX-100) avançou 30,60%. “Apesar da volatilidade, 2012 foi o primeiro ano positivo desde 2009. O Brasil ficou barato frente aos pares”, diz Jorge Oliveira, gestor de Renda Variável.
“O cenário-base a trabalhar é de crescimento menor, inflação um pouco maior, real mais desvalorizado e grau de intervenção maior.”
No início do ano passado, a perspectiva era de que o lucro das empresas listadas no Brasil aumentasse 30% e, ao final do ano, notou-se uma queda de 20%. Para 2013, no entanto, é esperada alta de 12%, sem contar proventos. “O grande atrativo para a bolsa é o ambiente de juro baixo, que está empurrando os investidores para ativos de maior risco.”
O gestor indica investimento em empresas cíclicas, como as de commodities — tendo em vista o dólar mais valorizado e o crescimento da economia chinesa —, além das empresas que geram lucro e têm caixa elevado. “Existem empresas que parecem caras em relação ao histórico, mas que têm potencial de valorização.” Oliveira destaca que este ano deve ser de retomada de IPOs (ofertas públicas iniciais) na BM&FBovespa, alguns deles interessantes. “É onde está a oportunidade de investir em empresas que, daqui dois anos, podem dobrar de valor.
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