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Boa noite

Frase da hora

De agora
E para sempre

Alex Castro - como funciona o privilégio

Um filme só sobre homens é um filme.
Um filme só sobre mulheres é um filme feminino.
Um ensaio fotográfico só de mulheres brancas é um ensaio de mulheres.
Um ensaio fotográfico só de mulheres negras é um ensaio negro.
Um romance sobre um casal hétero é um romance.
Um romance sobre um casal homossexual é um romance gay.
Quantas vezes não somos nós mesmas, na nossa fala e nas nossas ações, a perpetuar esse tipo de normatização tirânica?

Ricardo Kotscho - Aécio Campos ou Eduardo Neves: qual é a diferença?

Vira e mexe, eu me confundo com os nomes dos candidatos de oposição, e não é para menos. Ambos jovens e com pinta de galãs, netos de políticos célebres, Aécio Neves e Eduardo Campos _ agora acertei! _ fazem campanhas semelhantes, com o mesmo discurso de ataques ao governo Dilma e as peregrinações pelo alto empresariado industrial e financeiro de São Paulo para vender seu peixe e tornar mais competitivas suas candidaturas.

Até nas poucas propostas apresentadas até aqui, Aécio e Eduardo falam a mesma língua, como destaca o colega Fernando Rodrigues, em sua coluna da "Folha" neste sábado: defendem o fim da reeleição, mandatos de cinco anos e coincidências de disputas eletivas, de vereador a presidente da República.

Sem entrar no mérito da proposta, não se trata propriamente de uma novidade e não é o tipo de mensagem capaz de comover o eleitor a ponto de mudar seu voto. Fora isso, a dupla propõe um ajuste na economia para baixar os juros e a inflação, cortar gastos públicos e ministérios, sem afetar os programas sociais implantados pelos governos petistas, com a manutenção dos níveis de emprego e renda, mas ainda não explicaram como pretendem fazer isso.

Desta forma, como constatou Marcos Coimbra em artigo publicado na última edição da "Carta Capital", "apesar da piora na avaliação da presidenta, a oposição permanece imóvel nas pesquisas eleitorais".

Por isso mesmo, tendo apenas a metade das intenções de voto de Aécio (20 a 11, segundo o último Ibope, frente a 40 de Dilma), a terceira via de Eduardo Campos resolveu esta semana romper o "acordo de cavalheiros" que mantinha com o tucano desde o ano passado. O pretexto foi a disputa estadual em Minas, em que cada um deve lançar o seu próprio candidato, mas o fato é que o ex-governador pernambucano nada tinha a ganhar fazendo parcerias com seu principal concorrente a uma vaga no segundo turno.

Agora, é cada um por si e ambos contra Dilma, diferenciando-se apenas para ver quem bate mais na presidente. É esta a disputa que travarão daqui para a frente, já que o debate político propriamente dito tem se resumido mais a mostrar os erros dos outros do que as próprias virtudes.

Na próxima semana, começam a chegar as seleções que vão disputar a Copa no Brasil. A Câmara já avisou que não haverá sessões em dias de partidas em Brasília e quando a seleção brasileira jogar. Na semana de 16 a 20 de junho, vai ser difícil encontrar algum parlamentar em Brasília. Além disso, é o mês das festas juninas que levam os nobres parlamentares a seus redutos eleitorais, principalmente no nordeste. A CPI da Petrobras já começou esvaziada, com apenas três senadores marcando presença.

Diante deste cenário, a campanha presidencial e os índices nas pesquisas devem ficar congelados até o final da Copa, no dia 13 de julho. Só depois disso, Aécio e Eduardo terão a atenção da plateia para mostrar quais são, afinal, as diferenças nos seus projetos para ocupar a cadeira de Dilma no Palácio do Planalto. O palco daqui para a frente será ocupado por Felipão e seus 23 comandados em busca do hexa.

Eleição 2014

De setembro de 2013 para cá, Aécio Neves, do PSDB, foi de 20% para… 20%, com pequenas variações no intervalo. Ao longo de nove meses, mexeu-se um pouco para a frente, um pouco para trás, e acabou no mesmo lugar.

Eduardo Campos, do PSB, fez igual, embora em patamar inferior. No período, passou de 10% para… 10%. Ele e o tucano disputam o campeonato da estabilidade, ou, mais exatamente, do não crescimento.

Marcos Coimbra

Sem opções para montar chapa de Aécio, tucanos não sabem a quem recorrer

Pré-candidato do PSDB à Presidência da República, o senador Aécio Neves, de Minas Gerais, está às voltas com uma velha maldição tucana: achar um candidato a vice minimamente viável. Não tem sido nada fácil, dadas as opções disponíveis.

A aposta mais recente atende pelo nome de Ronaldo Luís Nazário de Lima, o ex-jogador Ronaldo Fenômeno, dublê de empresário e cristão-novo nos ataques à preparação para a Copa do Mundo – da qual, aliás, ele faz parte – como forma de apoiar o amigo.

Os dois andam juntos desde o tempo que Aécio, governador, também cumpria mandato informal de embaixador de Minas Gerais no Rio. Mas o jogador e o candidato não são só parceiros de baladas, como revelou Ronaldo em entrevista ao jornal Valor Econômico. Também iam à praia, sabe-se agora.

Em 2012, o jornalista Bruno Astuto, da revista Época, havia antecipado essa chapa, supostamente avalizada pelo ex-presidente Fernando Henrique Cardoso. O mesmo balão de ensaio voltou a ser aquecido no último final de semana, em Porto Alegre, quando Aécio compareceu ao lançamento da senadora Ana Amélia Lemos (PP) ao governo gaúcho.

Por afinidade ideológica, Aécio a queria como companheira de chapa. Seria bom para ele reafirmar a opção preferencial pelo Estado mínimo, o neoliberalismo e o empenho em tomar as tais "medidas impopulares", que tem apregoado. Ana Amélia, um símbolo vivo desses ideais, não quis.

Ao ser cogitado, Ronaldo prestou um serviço ao amigo, obrigado a conter o coro de "com quem será" e evitar o assédio de gente como o deputado federal Jair Bolsonaro, do PP do Rio de Janeiro, que se ofereceu para a vaga por ver em Aécio um legítimo representante da direita nacional. Ou mesmo para fugir de aliados sem carisma algum, como o atual governador de Minas, Alberto Pinto Coelho, também do PP.

A escolha de Ronaldo, contudo, é condizente com os planos que Aécio costuma fazer quando lhe faltam opções. Para o governo do Rio, ele tentou, sem sucesso, um esportista de sucesso semelhante ao de Ronaldo, mas afeito a cortadas e bolas levantadas na rede: Bernardo Rocha de Rezende, o Bernardinho.

O técnico da seleção brasileira masculina de voleibol, em entrevista ao Valor, declinou ao convite de forma retumbante. "Deixar minha vida, que é onde ganho dinheiro junto com meus patrocinadores, e viver pisando em ovos, com cartão de gastos corporativo, sem saber o que pode gastar ou não pode gastar, divulgar meu patrimônio. Ia dar uma confusão", previu.

O fato é que vice não é coadjuvante. Não precisa ser amigo e sim influenciar pessoas. A vaga representa o apoio de um setor da sociedade ou de um partido político articulado nacionalmente. Basta ver o peso de Marina Silva na campanha de Eduardo Campos, pré-candidato do PSB.

Aécio sabe que lançar mão de uma chapa puro sangue seria um limitador, mesmo se a escolha pender para a deputada Mara Gabrilli, do PSDB de São Paulo, que representa o importante segmento social das pessoas com deficiência. A opção por Aloysio Nunes Ferreira ou, se Aécio tiver coragem, José Serra, serviria apenas para acomodar a dissidência à candidatura de Aécio dentro do PSDB.

A ex-ministra do Supremo Tribunal Federal Ellen Gracie, também cogitada, faria falta na chapa tucana no Rio de Janeiro. E os boatos sobre o nome de FHC apenas sinalizam como a situação está difícil para achar um nome.

Aécio se auto intitulou "candidato do agronegócio" e tem procurado empresários diariamente. Mas cometeu o erro de criticar o Programa de Sustentação do Investimento (PSI), que tem sido a base da política industrial e fornecedora de maquinário para os agricultores. Erros como este, o de recitar a pauta dos bancos, dificulta ter um "representante do PIB", como se costuma dizer, ao seu lado.

Talvez lhe reste mesmo Bolsonaro. Aliás, um parceiro ideal para quem pretende reduzir o Ministério da Justiça ao da Segurança.

Da Redação, da Agência PT de Notícia

Sobre orgulho e vergonha

Comentário do amigo navegante Luis Fernando no Conversa Afiada

Perguntem aos 9,5 milhões de estudantes matriculados no Enem se sentem Orgulho ou Vergonha do país.

Perguntem aos milhares de operários da construção civil, crescente a cada dia, se sentem Orgulho ou Vergonha.

Perguntem aos milhões de trabalhadores que compraram carro 0 nos últimos anos se sentem Orgulho ou Vergonha.

Perguntem aos mais humildes atendidos pelo Mais Médicos se estão sentindo Orgulho ou Vergonha.

Perguntem aos jovens formados pelo Pronatec se sentem Orgulho ou Vergonha.

Perguntem aos milhares de empregados da Petrobras se sentem Orgulho ou Vergonha.

Perguntem aos mais de 50 mil trabalhadores da construção naval se estão Orgulhosos ou Envergonhados.

Pergunte à dona Luiza Trajano, representante dos grandes empresários brasileiros, se sente Orgulho ou Vergonha do Brasil.

Perguntem aos milhares de brasileiros que foram ao feirão da Caixa se estão Orgulhosos ou morrendo de Vergonha ao comprar sua casa própria.

Perguntem aos milhões de beneficiados pelo Minha Casa Minha vida se estão sentindo Orgulho ou Vergonha.

Agora, pergunte também:

Perguntem aos funcionários da globo se sentem Orgulho ou Vergonha de serem vítimas de irregularidades trabalhistas de seus patrões.

Perguntem aos ex-funcionários, recentemente demitidos da Abril, se estão Orgulhosos ou Envergonhados da empresa que trabalhavam.

Perguntem aos chefões da mídia se estão orgulhosos ou envergonhados da queda acentuada de sua audiência.

Perguntem aos funcionários públicos mineiros se estão orgulhosos ou envergonhados do tratamento dedicado a eles pelo governo do estado.

Perguntem ao povo paulistano se sentem Orgulho ou Vergonha de pagar por uma água que não chega em sua torneira.

Quem sente vergonha desse país é aquele doutorzinho que não atende os mais humildes e agora tem o Juan, a Margarida, o Pablo para fazê-lo.

É a dondoca do trânsito que para seu carro importado no sinal e se enraivece ao ver parando ao seu lado um trabalhador simples com seu 0 quilômetro do lado dela.

Sente vergonha do Brasil aquele representante da Big House que pega um avião pra Miami e que olha para o lado e lá está o porteiro do prédio vizinho indo fazer as mesmas compras que ele.

No Brasil de hoje, ocorreu uma inversão canina curiosa.

Nós, cidadão comuns e trabalhadores viramos cães de raça.

Os mais abastados, transformaram-se em simples vira-latas.

Haddad, exclusivo: 'é 'impróprio caracterizar os protestos de motoristas e cobradores como greve''

Boletim de notícias da Rede Brasil Atual - nº50 - São Paulo, 26/mai/2014
http://www.redebrasilatual.com.br/politica/2014/03/sem-acordo-sobre-neutralidade-marco-civil-fica-para-proxima-semana-na-camara-9665.html

Haddad: é 'impróprio' caracterizar os protestos de motoristas e cobradores como greve

Em entrevista à RBA e à TVT, prefeito de São Paulo afirma que atitudes da semana passada são 'incompatíveis com a razoabilidade' e diz que 'histeria do mercado' travou debate sobre renegociação da dívida
http://www.redebrasilatual.com.br/blogs/helena/2014/05/sabesp-erra-com-campanha-de-descontos-e-insiste-em-erros-antigos-1744.html

Sabesp erra com campanha de descontos. E insiste em erros antigos

http://www.redebrasilatual.com.br/blogs/blog-do-velho-mundo/2014/05/no-parlamento-europeu-lado-conservador-mantem-hegemonia-8669.html

Blog do Velho mundo. No Parlamento Europeu, lado conservador mantém hegemonia

http://www.redebrasilatual.com.br/blogs/copa-na-rede/2014/05/rio-de-janeiro-cidade-sede-da-copa-novo-maracana-cercado-de-controversias-remocoes-9838.html

Rio de Janeiro: novo Maracanã cercado de controvérsias e críticas por remoções forçadas

http://www.redebrasilatual.com.br/trabalho/2014/05/estudo-indica-estabilidade-no-tempo-medio-de-permanencia-do-brasileiro-no-emprego-4676.html

Tempo de permanência do brasileiro no emprego é o maior desde 2002

http://www.redebrasilatual.com.br/politica/2014/05/aumento-no-numero-de-pedidos-de-tropas-do-exercito-nos-estados-provoca-criticas-5664.html

Aumento no número de pedidos de tropas do Exército por estados provoca críticas

http://www.redebrasilatual.com.br/politica/2014/05/mensalao-cnbb-critica-desejo-de-vinganca-alimentado-por-barbosa-8860.html

Mensalão: CNBB critica 'desejo de vingança e justiçamento' alimentado por Barbosa

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A artilharia política no Facebook

Com quase 100 milhões de usuários no Brasil, a rede social ganha peso no jogo eleitoral e projeta novos protagonistas no debate. Mas, como em toda  guerra real ou virtual, a verdade é a primeira vítima

Por Knan Truffi e Rodrigo Martins

SE A INTERNET SERVIU de palco para importantes batalhas nas eleições de 2010, poucos duvidam de um papel ainda mais decisivo na corrida presidencial deste ano. A quatro meses das eleições, a movimentação dos partidos políticos nas redes sociais é intensa. A candidata à reeleição Dilma Rousseff, do PT e os presidenciáveis Aécio Neves (PSDB) e Eduardo Campos (PSB) começaram a montar seus bunkers digitais, com uma previsão de gastos superior a 30 milhões de reais. Não é um tiro no escuro. Atualmente, 105 milhões de brasileiros têm acesso à internet, atesta o bope Media. Desse universo, ao menos 76 milhões desfrutam de conexão doméstica. E o mesmo número de cidadãos com contas ativas no Facebook, segundo o último balanço da companhia, divulgado em setembro do ano passado.

A rede social criada por Mark Zuckerberg é, por sinal a menina dos olhos dos marqueteiros digitais. Não apenas pela impressionante expansão no País - em 2010, havia pouco mais de 8,8 milhões de brasileiros cadastrados no Facebook mas pelo inestimável patamar a lançado por determinadas páginas a partir de investimentos relativamente modestos. O fenômeno da TV Revolta é emblemático. Notabilizada por um disfarce de niilismo político cujo objetivo, no fundo, é atacar o PT, a página tem mais de 3,5 milhões de seguidores e alcança mais de 27 milhões de internautas.

O número varia ao longo do dia e está estampado no índice "falando sobre isso" do Facebook. Tal indicador mede, na prática, a quantidade de usuários que compartilham, comentam, respondem ou interagem de alguma maneira com qualquer evento ou assunto relacionado ao conteúdo da página. Por esse quesito, a TV Revolta supera de longe perfis como o do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (167 mil "falando sobre isso"), da presidenta Dilma Rousseff (215 mil) ou até do presidente dos Estados Unidos, Barack Obama (715 mil).

Além disso, nm público de 27milhões é superior àquele de muitos dos telejornais de maior audiência da tevê aberta.

De janeiro a abril deste ano, o Jornal Nacional, da Rede Globo, registrou média de 25,4 pontos no Ibope. Cada ponto representa 217460 domicílios e 641.286 indivíduos no Painel Nacional de Televisão (PNT), amostra que estima a audiência em todo o Brasil. Ou seja, o telejornal é visto, em média, por 16,2 milhões de brasileiros diariamente, bem abaixo do número de internautas que, de alguma forma, têm acesso ao conteúdo do TV Revolta.

"E verdade que a exposição na televisão é de outra natureza, os indivíduos param para assistir ao telejornal. Mas não é uma comparação absurda, pois o Facebook permite a interação entre os usuários, e tem muita gente dedicando seu tempo à TV Revolta, seja para compartilhar, curtir seus conteúdos, seja para criticar", avalia Fábio Malini, coordenador do Laboratório de Estudos sobre Imagem e Ciber cultura da Universidade Federal do Espírito Santo.

(Labic). A pedido de CartaCapital o especialista mapeou o espectro conservador no Facebook. Identificou mais de 1,1 mil páginas, com 56,4 milhões de seguidores. Juntas, somavam mais de 42,5 milhões de usuários comentando seus posts na quinta-feira 22. E a TV Revolta correspondia a cerca de 60% dessa interação.

O canal desenvolve uma estratégia peculiar: combinar humor de gosto duvidoso com militância política. Ao mesmo tempo que reproduz piadas toscas e vídeos apelativos, compartilha supostas denúncias, muitas vezes apócrifas, e ataques contra políticos. Os alvos preferidos são o govern

Dilma Rousseff e o PT. Na TV Revolta são veiculadas montagens simples, com frases curtas, contra, entre outros, o Bolsa Família e o Marco Civil da Internet, além de chacotas sobre a prisão de condenados no "mensalão". O perfil também elegeu um ídolo, o presidente do Supremo Tribunal Federal, Joaquim Barbosa.

Não são poucos os exemplos de frases falsas atribuídas a autoridades, além de informações adulteradas ou incorretas. Uma das montagens traz a imagem de Barbosa com o dedo em riste. como se apontasse para o internauta, acompanhada da seguinte frase: "Eu mandei cassar mandatos, mandei prender mensaleíros e apliquei punições aos criminosos. Agora, se você votar nesses tipos de malandros de novo, o problema é seu". Recentemente, atribuiu a Lula a declaração de que o Bolsa Família é uma ferramenta para ""controlar o povo". Basta uma rápida pesquisa no Google para perceber a fraude. A TV Revolta usou um vídeo antigo do ex-presidente no qual ele fala sobre a compra de votos no interior do País, em uma época em que ainda não existia o benefício.

Apesar de mentirosa, a publicação fez com que mais de 22 mil internautas recomendassem a "notícia" aos amigos. Sem contar os mais de 600 usuários que "curtiram" o conteúdo e os outros 195 comentários raivosos deixados na página contra o ex-presidente. Ninguém da comunidade da TV Revolta parece duvidar da informação, mas o próprio autor da página admite sua "criatividade" na hora de publicar. "Entretenimento informação trabalham juntos desde a popularização do cinema "

O responsável pelo canal é João Vitor Almeida Lima. Radialista de 32 anos, ex-sonoplasta da MTV e TV Bandeirantes, Lima mora em São Paulo. Apesar de aparecer sem máscara ou trajes diferentes nos vídeos compartilhados pelo Facebook, diz interpretar um personagem fictício criado em 2009: o João Revolta. Nos vídeos, opina sobre política ou problemas atuais, quase sempre contra o governo ou algum projeto petista. "A filosofia de João Revolta é usar a linguagem informal para atrair o telespectador", disse Lima ao siteyouPix.

Personagem ou não, a repercussão e o tom das críticas do radialista chamaram a atenção do exército de militantes do PT na web. Insatisfeitos com as mensagens disseminadas na página, os petistas fizeram inúmeros comentários no perfil da TV Revolta. E passaram a denunciá-la. E evidente que estamos fazendo uma campanha contra o PT, já que 99,9% do nosso público apoia e quer a derrota do PT nas próximas eleições", escreveu Lima.

O caso também alertou aliados do governo. Eles se impressionam com o crescimento exponencial da audiência do perfil. O portal Vermelho, do PCdoB, aliado de primeira hora do PT, publicou reportagem na qual afirma que não seria possível uma página subir tanto em audiência sem um investimento pesado. Um mecanismo criado pelo Facebook permite que empresas tenham suas publicações exibidas na lista de interesses de usuários comuns, desde que paguem por isso. O criador da TV Revolta assegura, porém, que a expansão da página é "orgânica", gerada pela procura natural por um assunto ou conteúdo na internet.

Se é verdade, trata-se de um fenômeno único. De acordo com dados da Social Bakers, uma das maiores empresas na análise de dados de redes sociais, a TV Revolta foi a página na categoria mídia que mais cresceu na rede social no mundo na segunda semana de maio. Superou o próprio Facebook, segundo colocado na lista. Entre as páginas brasileiras figura no topo até mesmo na categoria geral, que inclui perfis de marcas, mídias, entretenimento, celebridades e esportes. E ainda o segundo perfil no Brasil que mais aumentou seu número de fãs no Facebook no último mês, atrás da página brasileira da Fifa na rede social.

E para fazer frente às campanhas difamatórias que os petistas justificam o elevado investimento em sua campanha virtual, cerca de 12 milhões de reais. A Pepper Interativa, que cuidou da campanha de Dilma em 2010, ficou responsável pelos canais do PT na internet e pela administração dos perfis da presidenta no Facebook e no Twitter. A agência dispõe de ferramentas capazes de rastrear robôs, perfis falsos e centrais de boataria. As informações são repassadas para a militância petista, encarregada de desfazer os boatos e denunciar o jogo sujo dos adversários. A coordenação da campanha de Dilma na internet, contudo, está nas mãos de Franklin Martins, ex-ministro de Lula.

"Esperamos usar as redes sociais para o debate de ideias. Se o outro lado apelar para o jogo sujo, vamos denunciar. A internet não é um terreno de bobos", afirma Martins. "Em 2010, José Serra usou a internet para discutir religião, aborto, temas sem a menor relação com a disputa eleitoral, apenas para difundir o medo na população. E o que houve depois? Perdeu as eleições, não conseguiu nem se eleger prefeito em São Paulo "

O jogo promete ser duro. Na noite da segunda-feira 19, Jeferson Monteiro, o jovem e talentoso criador do perfil satírico Dilma Bolada, com mais de 1,1 milhão de seguidores, revelou ter recebido propostas para atuar na campanha do PSDB. "Primeiro, fui procurado por uma agência de publicidade. Ela disse que a equipe do Aécio Neves estava interessada em comprar a página. Especularam que poderia ganhar 500 mil reais, Jamais tive a intenção de vendê-la, mesmo assim dei corda à negociação, para ver até onde ia a cara de pau desses tucanos. Foi quando fui procurado pelo Pedro Guadalupe" resumiu a CartaCapital.

Profissional de marketing digital, Guadalupe tem dois sites registrados em seu nome para fazer oposição à presidenta (Dilma Mente e Muda Mesmo). Coleciona dezenas de jingles políticos que satirizam problemas na gestão petista, além de páginas no Facebook para repercutir o conteúdo. Assessorou ainda a Juventude do PSDB a montar o site PTbras, para explorar as denúncias contra o governo no escândalo da estatal petrolífera. Apesar da longa lista de trabalhos prestados, Guadalupe alega ter feito tudo de graça, para agradar a um cliente em potencial. "Eu queria mostrar meu trabalho para o PSDB. Tinha um plano de bolar alguma coisa para trabalhar no marketing da campanha."

Ele admite ter negociado com o criador de Dilma Bolada, mas assegura nunca ter falado em nome do PSDB. "Nunca nem vi o Aécio pessoalmente", argumenta. Guadalupe já trabalhou na campanha do PT pela prefeitura de Belo Horizonte em 2012. Mas decidiu mudar de lado. "A comunicação do PT é todo estruturada na internet. Como eu vou competir com o Franklin Martins, o Sérgio Amadeu e o Arnaldo Branco? Onde eu poderia conseguir espaço em campanha de internet? No PSDB."

O projeto foi para o ralo. O marqueteiro de Aécio Neves, Paulo Vasconcelos, teve de apagar o incêndio e negou que a campanha tivesse incentivado qualquer aproximação com Jeferson Monteiro. Ficou o dito pelo não dito, para a paz de Xico Graziano, coordenador da campanha de internet de Aécio.

No início de abril, ao inaugurar o portal www.mineiro.brasileiroaecio.com.br, Graziano não perdeu a oportunidade de atacar a militância virtual do PT. "Eu monitoro as redes sociais e vejo o jogo sujo que existe. Perfis diferentes disseminam a mesma mensagem dezenas de vezes. A guerrilha do PT posta vídeos antigos e planta as mesmas infâmias de sempre." Dias depois, teria o telhado de vidro exposto. Seu filho, Daniel Graziano, acabou convocado pela polícia para esclarecer os boatos que ajudou a difundir pela internet contra Fabio Luís Lula da Silva, o Lulinha. No afã de denunciar a "fortuna" acumulada pelo filho do ex-presidente Lula, Grazianinho atribui a Lulinha a propriedade de mansões e vastas propriedades rurais. Uma das áreas mostradas pertence, na verdade, à Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz, de Piracicaba (SP).

No front tucano, calcula-se valor semelhante para a campanha na internet: 12 milhões de reais. Nas eleições anteriores, o PSDB gastou 7,9 milhões. A juventude do partido planeja reunir ao menos 5 milhões de militantes para atuar nas redes sociais.

A estratégia de Campos para a internet é a maior incógnita. Não há definição de como serão integradas as equipes da Rede Sustentabilidade, de Marina Silva, e do PSB. Coincidência ou não, Campos deu sua primeira patinada justa mente nas redes sociais. Na quinta-feira 15, publicou uma foto dentro de um jatinho, em meio à onda de violência no estado de Pernambuco gerada pela greve da Polícia M 1 ita r. Campos confia, porém, na adesão e na força dos "marineiros". Isso porque a militância da ex-ministra do Meio Ambiente tem o mesmo perfil do "exército petista" na internet quando o assunto é engajamento. O coordenador de comunicação da Rede, Cassio Martinho, assegura: trata-se de apoiadores independentes."Para quem está de fora, parece alguma coisa organizada por uma inteligência central, mas na verdade esse é o fenômeno da internet, a emergência de um ator coletivo sem coordenação." isso não significa que o PSB não dê a devida atenção ao jogo eleitoral na internet. Estão previstos gastos de 8,5 milhões na área. Após investir em publicidade paga para aumentar o número de seguidores de seu perfil no Facebook, a equipe de Campos adotou a postura de responder cada comentário enviado ao ex-governador na rede social. Não passa um sem resposta. "Como posso ter certeza de que você não é o plano B do Lula se até bem pouco tempo você apoiava a Dilma?", perguntou uma mulher identificada como Tânia Guerra, em 20 de maio. A resposta veio 30 minutos depois: "Sabe quando a gente se compromete com um propósito, mas que com o tempo não gera os resultados esperados? Essa é a nossa relação com o PT".

O Facebook no Brasil está ciente dos desafios que terá pela frente e pretende manter uma equipe 24 horas por dia para analisar todo o conteúdo relativo a eleições que deve ser publicado pelos usuários nos próximos meses. "No ano passado, o termo "eleições" foi o segundo mais falado na plataforma no âmbito global. Acreditamos que 2014 será o ano das "eleições sociais" no Brasil", afirmou a empresa em nota encaminhada a CartaCapital. A rede social diz estar preparada para acatar as decisões da Justiça Eleitoral, mas indica a disposição de não aceitar pedidos específicos de partidos. "O Facebook não age espontaneamente sobre conteúdo que esteja de acordo com suas políticas e termos. Neste caso, é necessária a determinação de uma autoridade que tenha a atribuição de avaliar se o conteúdo é legal ou não,"

Outra preocupação, não menos importante, é com a emergência do discurso do ódio durante o período eleitoral. "O debate político nas redes sociais anda tão hostil que cria um ambiente propício para atuação de grupos extremistas e neonazistas. Há células bastante ativas no Facebook e no Twitter, algumas com treinamento para militar e histórico de violência", alerta Thiago Tavares Nunes de Oliveira, presidente da Safernet, entidade sem fins lucrativos que monitora e denuncia crimes na internet. "Esses grupos adoram se envolver em polêmicas eleitorais para chamar atenção, e dom na m bem alinguagem de internet. Inclusive com a utilização de memes e vídeos apelativos para difundir mensagens racistas ou homofóbicas" O anonimato costuma servir de elixir aos covardes e conforto para os ignorantes. Resta uma pergunta: é possível construir uma democracia a partir do rancor e da desinformação? •

Revista Carta Capital 25/05/2014 – disponível na web (EBC)

http://www.asmetro.org.br/portal/21-clipping/3671-revista-carta-capital-a-artilharia-politica-no-facebook-as-particularidades-da-eleicao-cerco-inutil-ao-caixa-2

Advogado de Pizzolato rebate STF

Patricia Faermann no Jornal GGN

- Henrique Pizzolato já tem elementos de prova suficientes para a Revisão Criminal do julgamento da Ação Penal 470, afirmou o seu advogado Marthius Sávio Lobato, em entrevista ao Jornal GGN. A defesa rebateu os argumentos apresentados pelos técnicos do Supremo Tribunal Federal, publicados pelo blog, na coluna da última sexta-feira "Henrique Pizolatto e o fator Gushiken".

Na coluna, foram apresentadas provas e circunstâncias repassadas pelos técnicos, sustentados na fragilidade dos depoimentos do ex-diretor de Marketing do Banco do Brasil, que ocasionou a sua condenação. A seguir, apresentamos as respostas de Marthius Sávio Lobato para os questionamentos levantados:

- Há evidências de que ele não tinha a prerrogativa de, sozinho, autorizar despesas ou antecipar pagamentos. A alegação dos técnicos é que o erro teria sido não incriminar os demais funcionários que assinaram os documentos.

Defesa: Nós informamos. Não só informamos, como também eu levei como testemunha, por exemplo, o Cláudio Vasconcelos que assinou a nota técnica. Isso está na minha defesa, eu coloco que foi assinado com mais três. Cláudio Vasconcelos confirmou e ainda disse que a determinação de liberação daquele valor foi feito por Léo Batista.

Douglas Macedo prestou depoimento e também afirmou a mesma coisa.

Eu levei o vice-presidente do Banco do Brasil, o Salinas, que na época fez auditoria do banco, quando prestou depoimento era vice-presidente de Tecnologia, ele afirmou que as notas técnicas são assinadas por mais de uma pessoa, porque nem o presidente assina sozinho.

Então, a prova de que foi mais de uma pessoa tinha. O que me espantou foi Lewandowski não avisar isso. Apresentar as notas e dizer que não tinha mais ninguém.

Falta de autonomia de Pizzolato

Defesa: O fundo Visanet não era vinculado ao Marketing, mas ao Varejo. Então, o diretor de Marketing não tinha intenção nenhuma no fundo.

Dentro do Banco do Brasil e, isso, o próprio Cláudio Vasconcelos e o Douglas Macedo, no depoimento de testemunhas deles, confirmaram, nota técnica é uma ordem de trabalho. Nesse caso específico do Marketing, Léo Batista era quem elaborava nota técnica, como representante do Banco do Brasil no fundo Visanet. Ele comunicava o diretor de Varejo, que comunicava o Pizzolato, diretor de Marketing, que analisava se a proposta de Marketing feita pelo gerente executivo estava correta.

Quando Léo Batista falava "pague-se", ia para o Comitê de Marketing dentro do fundo Visanet, composto por mais de 4 diretores do fundo, que analisavam a nota e falavam: "manda pagar".

Havia uma cadeia de sucessões de atos. Então, se aquele ato inicial é o ato ilícito, participou um monte de gente nele.

 - Ponto central  da acusação foram os R$ 320 mil recebidos por Pizzolato de Marcos Valério. No dizer de um dos advogados que analisou a questão, "em nenhum momento Pizzolato se ajudou". Ou seja, apresentou explicações plausíveis para a história.

Defesa: Esses valores eram retirados do Banco Rural para pagar as campanhas. Tanto que Delúbio, no seu depoimento, disse que, no Rio de Janeiro, entre os que pegaram dinheiro para o PT estava o Pizzolato. Ele confirmou.

 - O cheque foi preenchido até com centavos. Se fosse contribuição partidária não haveria necessidade de centavos. Era muito mais condizente com uma comissão do que com uma contribuição de campanha.

Defesa: Eles não mostram, por exemplo, que esse valor é um percentual de um lucro eventualmente liberado de R$ 73 milhões de aplicação. Ninguém recebe uma propina de um percentual de uma aplicação. Nunca vi isso. E, pelo contrário, ninguém recebe propina com centavos. É o contrário do que eles estão falando. Isso eu usei muito na minha defesa. Ninguém coloca centavos em uma propina.

Tem um dado interessante, que inclusive foi objeto do meu pedido de vista no inquérito 2474, que eu descobri quando vi o relatório do Zampronha¹, com relação aos R$ 326 mil. Dois dias antes desses R$ 326 mil do Banco Rural no Rio de Janeiro, tem uma liberação de valor igual ao que o Pizzolato pegou, mas aqui em Brasília para o diretor do Marcos Valério. Isso aparece no relatório do Zampronha. O valor é igual, inclusive os centavos.

Esse diretor pegou o dinheiro, passou também para o PT e não foi enquadrado. E o valor é idêntico. Então, tem uma identidade de valor que não pode querer apontar como propina.

Pelos depoimentos todos, seriam os valores que pagariam algumas despesas de campanha. Quando liberou para o diretor aqui em Brasília, ele ia pegar esse dinheiro, passar para o PT pagar uma dívida naquele valor.

Também não é contribuição partidária. Foi pagamento de dívida de campanha, pago com o caixa 2. Não era para contabilizar em uma doação no partido. Foi realmente um dinheiro que era tirado para fazer caixa 2. Por isso, inclusive, que o Supremo acabou absolvendo João Paulo Cunha de lavagem de dinheiro.

Compra de apartamento no mesmo período

Defesa: A Receita Federal investigou e Pizzolato comprovou. Não pagou nem em dinheiro, mas em cheque. Na época, ele era diretor do Conselho Administrativo da Previ, participava de conselhos, então a renda mensal era em torno de R$ 50 mil. Não é uma renda desprezível e a Receita Federal deixou claro que o apartamento é compatível. Não teve pagamentos por fora.

Tanto que o Ministério Público, depois dessa investigação, não fala mais nada sobre o apartamento. Nem nas razões finais, nem em outro local.

- No depoimento prestado ao juiz, Pizzolato não soube informar o nome da Secretária de Valério. Informou que a ligação recebida, com prefixo 031, não constava da sua agenda, não sendo possível identificar. O juiz insistiu com ele como seria possível receber um telefonema, sem saber quem era a pessoa, e mandar retirar documentos que ele nem sabia quais seriam.

- A mesma dúvida em relação à não identificação do emissário do PT. E aí bateu o fator Gushiken. Se Pizzolato não teve dúvidas em mencionar (e incriminar) o próprio Gushiken, qual a razão para poupar o emissário do PT? Firmou-se a convicção de que Pizzolato teria criado a versão.

Defesa: Basta fazer o link com as declarações do próprio Delúbio. Foi ele quem mandava fazer o pagamento e disse que Pizzolato recebeu, então confirma com o que ele falou. Onde está a prova de que aquilo foi propina? Não tem. Tem aí uma ilação: ele fez isso.

Mas aí, se aponta que ele fez, não fez sozinho.

O Art. 18 do Código Penal coloca, e isso o Supremo tem posição pacífica, de que havendo coautoria, todos têm que ser julgado conjuntamente por pena de nulidade no processo. Então, se houve comprovação de que mais de um cometeu ilícito, têm que ser julgados conjuntamente.

O Cláudio Vasconcelos está na 12ª Vara Federal. E o Robalinho² disse que eles estariam ali na primeira instância porque não tinham foro privilegiado. Ora, Pizzolato também não.

É o que eu falei no embargo de declaração. O que não pode é um ser julgado lá em cima e outro lá embaixo.

Agora, por que o Pizzolato não foi? Porque ele era um petista. Inclusive na minha defesa eu digo que a denúncia é um ilusionismo inverídico. Eles fantasiaram, botaram uma imagem, uma sombra, para montar a história. A história de que o petista fazia a liberação do dinheiro.

Só que aí tem outra contradição. Se ele era petista, entrou lá para liberar esse dinheiro público, então ele estava dentro de uma quadrilha. Por que ele não foi enquadrado como quadrilha? Ele teria que estar, junto com todos, com Marcos Valério, José Dirceu, Delúbio e etc.

Eu já tenho motivo para Revisão Criminal, quando eu descubro que tem um inquérito onde estão sendo investigados coautores do crime. Violou o art 18 do Código Penal, e o art 76 e 77 do Código de Processo Penal.

 - Não se considerou que os recursos da Visanet eram públicos. De fato, o Banco do Brasil fez um aporte inicial no fundo Visanet, mas recebeu dividendos em valor maior. Para se enquadrar em peculato basta o crime ser cometido por funcionário público, independentemente da natureza dos recursos ser pública ou privada.

Defesa: Não houve aporte. O Banco do Brasil não colocou dinheiro. Ele deu a carteira de clientes. Esse que era o grande lance do fundo internacional, os bancos não davam dinheiro, mas teriam um percentual sobre o número de clientes que detinham.

O fundo não é público porque é composto de um percentual da compra de cada cartão, então no Visanet, 0,01% de cada compra vai para o fundo, mais 0,01% da taxa de administração. Quanto mais cartões eles fizessem, mais 0,01% da compra iam para esse fundo e mais poderia se usar, independente do dinheiro do banco. Por isso que era vinculado à propaganda.

Nesse caso, nem entraria como crime de peculato porque o Banco do Brasil pode dispor de um percentual, mas o dinheiro não é dele.

Pela tese, inclusive de Ayres Britto, que diz que só porque a companhia é brasileira que era dinheiro público – é um absurdo um instrutor em direito constitucional falar uma coisa dessa – eu poderia chegar a conclusão, então, que todo mundo que tem dinheiro dentro do Banco do Brasil, como correntista, esse valor é público.

Mas mesmo se eu considerasse que pode se ter peculato, somente cometeria esse crime quem tem poder de liberar. Quem tinha era Léo Batista, não Pizzolato. Nesse caso, eu poderia até enquadrá-lo como prevaricação. Ou como peculato culposo, não doloso. Porque ele não teria fiscalizado direito a liberação.

E tem relevância, sim, a natureza jurídica do fundo. Porque se ele é privado, você não pode fazer enquadramento de um crime contra a administração pública.

Outra coisa, por que essa tese? Porque se é privado, não teve mensalão. Não sustenta a teoria, derrota o mensalão. Então, falar juridicamente que pouco importa se o fundo é público ou privado é falacioso. Porque não vincula só Henrique, mas todo o processo.

Se o dinheiro é privado, como teve crime contra a administração pública? Teve realmente um caixa 2. Aí, você poderia dizer: pontualmente, o Henrique, em tese, cometeu um peculato. Mas seria ele e não teria o foro privilegiado no Supremo, seria julgado em primeira instância.

Isso remete a uma teia de nulidades processuais inimaginável.

Já tirou a quadrilha e não tem dinheiro público, onde está o mensalão? Onde está o motivo de os 40 estarem juntos no mesmo processo? Não tem mais justificativa.

***

¹ Trata-se de um relatório sigiloso do delegado da Polícia Federal Luís Flávio Zampronha, que acompanhou as investigações do mensalão. O relatório ficou pronto em 2011, mas não foi utilizado nos autos do processo da Ação Penal 470, sendo remetido para o inquérito 2474, mantido em segredo de justiça.

² José Robalinho Cavalcanti é o procurador que atua no processo aberto em agosto de 2006, na 12ª Vara da Justiça Federal de Brasília, contra Cláudio de Castro Vasconcelos por iniciativa do então procurador geral Antônio Fernando.

Advogado de Pizzolato rebate STF

Patricia Faermann no Jornal GGN

- Henrique Pizzolato já tem elementos de prova suficientes para a Revisão Criminal do julgamento da Ação Penal 470, afirmou o seu advogado Marthius Sávio Lobato, em entrevista ao Jornal GGN. A defesa rebateu os argumentos apresentados pelos técnicos do Supremo Tribunal Federal, publicados pelo blog, na coluna da última sexta-feira "Henrique Pizolatto e o fator Gushiken".

Na coluna, foram apresentadas provas e circunstâncias repassadas pelos técnicos, sustentados na fragilidade dos depoimentos do ex-diretor de Marketing do Banco do Brasil, que ocasionou a sua condenação. A seguir, apresentamos as respostas de Marthius Sávio Lobato para os questionamentos levantados:

- Há evidências de que ele não tinha a prerrogativa de, sozinho, autorizar despesas ou antecipar pagamentos. A alegação dos técnicos é que o erro teria sido não incriminar os demais funcionários que assinaram os documentos.

Defesa: Nós informamos. Não só informamos, como também eu levei como testemunha, por exemplo, o Cláudio Vasconcelos que assinou a nota técnica. Isso está na minha defesa, eu coloco que foi assinado com mais três. Cláudio Vasconcelos confirmou e ainda disse que a determinação de liberação daquele valor foi feito por Léo Batista.

Douglas Macedo prestou depoimento e também afirmou a mesma coisa.

Eu levei o vice-presidente do Banco do Brasil, o Salinas, que na época fez auditoria do banco, quando prestou depoimento era vice-presidente de Tecnologia, ele afirmou que as notas técnicas são assinadas por mais de uma pessoa, porque nem o presidente assina sozinho.

Então, a prova de que foi mais de uma pessoa tinha. O que me espantou foi Lewandowski não avisar isso. Apresentar as notas e dizer que não tinha mais ninguém.

Falta de autonomia de Pizzolato

Defesa: O fundo Visanet não era vinculado ao Marketing, mas ao Varejo. Então, o diretor de Marketing não tinha intenção nenhuma no fundo.

Dentro do Banco do Brasil e, isso, o próprio Cláudio Vasconcelos e o Douglas Macedo, no depoimento de testemunhas deles, confirmaram, nota técnica é uma ordem de trabalho. Nesse caso específico do Marketing, Léo Batista era quem elaborava nota técnica, como representante do Banco do Brasil no fundo Visanet. Ele comunicava o diretor de Varejo, que comunicava o Pizzolato, diretor de Marketing, que analisava se a proposta de Marketing feita pelo gerente executivo estava correta.

Quando Léo Batista falava "pague-se", ia para o Comitê de Marketing dentro do fundo Visanet, composto por mais de 4 diretores do fundo, que analisavam a nota e falavam: "manda pagar".

Havia uma cadeia de sucessões de atos. Então, se aquele ato inicial é o ato ilícito, participou um monte de gente nele.

 - Ponto central  da acusação foram os R$ 320 mil recebidos por Pizzolato de Marcos Valério. No dizer de um dos advogados que analisou a questão, "em nenhum momento Pizzolato se ajudou". Ou seja, apresentou explicações plausíveis para a história.

Defesa: Esses valores eram retirados do Banco Rural para pagar as campanhas. Tanto que Delúbio, no seu depoimento, disse que, no Rio de Janeiro, entre os que pegaram dinheiro para o PT estava o Pizzolato. Ele confirmou.

 - O cheque foi preenchido até com centavos. Se fosse contribuição partidária não haveria necessidade de centavos. Era muito mais condizente com uma comissão do que com uma contribuição de campanha.

Defesa: Eles não mostram, por exemplo, que esse valor é um percentual de um lucro eventualmente liberado de R$ 73 milhões de aplicação. Ninguém recebe uma propina de um percentual de uma aplicação. Nunca vi isso. E, pelo contrário, ninguém recebe propina com centavos. É o contrário do que eles estão falando. Isso eu usei muito na minha defesa. Ninguém coloca centavos em uma propina.

Tem um dado interessante, que inclusive foi objeto do meu pedido de vista no inquérito 2474, que eu descobri quando vi o relatório do Zampronha¹, com relação aos R$ 326 mil. Dois dias antes desses R$ 326 mil do Banco Rural no Rio de Janeiro, tem uma liberação de valor igual ao que o Pizzolato pegou, mas aqui em Brasília para o diretor do Marcos Valério. Isso aparece no relatório do Zampronha. O valor é igual, inclusive os centavos.

Esse diretor pegou o dinheiro, passou também para o PT e não foi enquadrado. E o valor é idêntico. Então, tem uma identidade de valor que não pode querer apontar como propina.

Pelos depoimentos todos, seriam os valores que pagariam algumas despesas de campanha. Quando liberou para o diretor aqui em Brasília, ele ia pegar esse dinheiro, passar para o PT pagar uma dívida naquele valor.

Também não é contribuição partidária. Foi pagamento de dívida de campanha, pago com o caixa 2. Não era para contabilizar em uma doação no partido. Foi realmente um dinheiro que era tirado para fazer caixa 2. Por isso, inclusive, que o Supremo acabou absolvendo João Paulo Cunha de lavagem de dinheiro.

Compra de apartamento no mesmo período

Defesa: A Receita Federal investigou e Pizzolato comprovou. Não pagou nem em dinheiro, mas em cheque. Na época, ele era diretor do Conselho Administrativo da Previ, participava de conselhos, então a renda mensal era em torno de R$ 50 mil. Não é uma renda desprezível e a Receita Federal deixou claro que o apartamento é compatível. Não teve pagamentos por fora.

Tanto que o Ministério Público, depois dessa investigação, não fala mais nada sobre o apartamento. Nem nas razões finais, nem em outro local.

- No depoimento prestado ao juiz, Pizzolato não soube informar o nome da Secretária de Valério. Informou que a ligação recebida, com prefixo 031, não constava da sua agenda, não sendo possível identificar. O juiz insistiu com ele como seria possível receber um telefonema, sem saber quem era a pessoa, e mandar retirar documentos que ele nem sabia quais seriam.

- A mesma dúvida em relação à não identificação do emissário do PT. E aí bateu o fator Gushiken. Se Pizzolato não teve dúvidas em mencionar (e incriminar) o próprio Gushiken, qual a razão para poupar o emissário do PT? Firmou-se a convicção de que Pizzolato teria criado a versão.

Defesa: Basta fazer o link com as declarações do próprio Delúbio. Foi ele quem mandava fazer o pagamento e disse que Pizzolato recebeu, então confirma com o que ele falou. Onde está a prova de que aquilo foi propina? Não tem. Tem aí uma ilação: ele fez isso.

Mas aí, se aponta que ele fez, não fez sozinho.

O Art. 18 do Código Penal coloca, e isso o Supremo tem posição pacífica, de que havendo coautoria, todos têm que ser julgado conjuntamente por pena de nulidade no processo. Então, se houve comprovação de que mais de um cometeu ilícito, têm que ser julgados conjuntamente.

O Cláudio Vasconcelos está na 12ª Vara Federal. E o Robalinho² disse que eles estariam ali na primeira instância porque não tinham foro privilegiado. Ora, Pizzolato também não.

É o que eu falei no embargo de declaração. O que não pode é um ser julgado lá em cima e outro lá embaixo.

Agora, por que o Pizzolato não foi? Porque ele era um petista. Inclusive na minha defesa eu digo que a denúncia é um ilusionismo inverídico. Eles fantasiaram, botaram uma imagem, uma sombra, para montar a história. A história de que o petista fazia a liberação do dinheiro.

Só que aí tem outra contradição. Se ele era petista, entrou lá para liberar esse dinheiro público, então ele estava dentro de uma quadrilha. Por que ele não foi enquadrado como quadrilha? Ele teria que estar, junto com todos, com Marcos Valério, José Dirceu, Delúbio e etc.

Eu já tenho motivo para Revisão Criminal, quando eu descubro que tem um inquérito onde estão sendo investigados coautores do crime. Violou o art 18 do Código Penal, e o art 76 e 77 do Código de Processo Penal.

 - Não se considerou que os recursos da Visanet eram públicos. De fato, o Banco do Brasil fez um aporte inicial no fundo Visanet, mas recebeu dividendos em valor maior. Para se enquadrar em peculato basta o crime ser cometido por funcionário público, independentemente da natureza dos recursos ser pública ou privada.

Defesa: Não houve aporte. O Banco do Brasil não colocou dinheiro. Ele deu a carteira de clientes. Esse que era o grande lance do fundo internacional, os bancos não davam dinheiro, mas teriam um percentual sobre o número de clientes que detinham.

O fundo não é público porque é composto de um percentual da compra de cada cartão, então no Visanet, 0,01% de cada compra vai para o fundo, mais 0,01% da taxa de administração. Quanto mais cartões eles fizessem, mais 0,01% da compra iam para esse fundo e mais poderia se usar, independente do dinheiro do banco. Por isso que era vinculado à propaganda.

Nesse caso, nem entraria como crime de peculato porque o Banco do Brasil pode dispor de um percentual, mas o dinheiro não é dele.

Pela tese, inclusive de Ayres Britto, que diz que só porque a companhia é brasileira que era dinheiro público – é um absurdo um instrutor em direito constitucional falar uma coisa dessa – eu poderia chegar a conclusão, então, que todo mundo que tem dinheiro dentro do Banco do Brasil, como correntista, esse valor é público.

Mas mesmo se eu considerasse que pode se ter peculato, somente cometeria esse crime quem tem poder de liberar. Quem tinha era Léo Batista, não Pizzolato. Nesse caso, eu poderia até enquadrá-lo como prevaricação. Ou como peculato culposo, não doloso. Porque ele não teria fiscalizado direito a liberação.

E tem relevância, sim, a natureza jurídica do fundo. Porque se ele é privado, você não pode fazer enquadramento de um crime contra a administração pública.

Outra coisa, por que essa tese? Porque se é privado, não teve mensalão. Não sustenta a teoria, derrota o mensalão. Então, falar juridicamente que pouco importa se o fundo é público ou privado é falacioso. Porque não vincula só Henrique, mas todo o processo.

Se o dinheiro é privado, como teve crime contra a administração pública? Teve realmente um caixa 2. Aí, você poderia dizer: pontualmente, o Henrique, em tese, cometeu um peculato. Mas seria ele e não teria o foro privilegiado no Supremo, seria julgado em primeira instância.

Isso remete a uma teia de nulidades processuais inimaginável.

Já tirou a quadrilha e não tem dinheiro público, onde está o mensalão? Onde está o motivo de os 40 estarem juntos no mesmo processo? Não tem mais justificativa.

***

¹ Trata-se de um relatório sigiloso do delegado da Polícia Federal Luís Flávio Zampronha, que acompanhou as investigações do mensalão. O relatório ficou pronto em 2011, mas não foi utilizado nos autos do processo da Ação Penal 470, sendo remetido para o inquérito 2474, mantido em segredo de justiça.

² José Robalinho Cavalcanti é o procurador que atua no processo aberto em agosto de 2006, na 12ª Vara da Justiça Federal de Brasília, contra Cláudio de Castro Vasconcelos por iniciativa do então procurador geral Antônio Fernando.