OS RISCOS DE DESINTEGRAÇÃO DO ORIENTE MÉDIO! Condoleeza Rice, Ex-Secretária de Estado dos EUA A guerra civil na Síria pode vir a ser o último ato na história da desintegração do Oriente Médio tal como o conhecemos. Egito e Irã são Estados com histórias extensas e contínuas e identidades nacionais fortes. A Turquia também. Quase todos os outros Estados importantes da região foram criados modernamente pelos britânicos, que estabeleceram suas fronteiras como se estivessem traçando linhas pretas no verso de um envelope, sem a menor preocupação com diferenças étnicas e sectárias. O desejo de liberdade ganhou força e eclodiu em Túnis e se alastrou pelo Cairo e por Damasco. O perigo é que esses Estados artificiais acabem por se desintegrar. O grande equívoco cometido ao longo desse último ano foi atribuir um caráter humanitário ao conflito com o regime de Bashar Assad. As ações de Damasco foram bárbaras e selvagens e muitas pessoas inocentes foram assassinadas. Mas não estamos diante de um replay do que ocorreu na Líbia. Há muito mais coisas em jogo. O desmoronamento da Síria impele sunitas, xiitas e curdos na direção de uma rede regional de alianças confessionais. O Irã sonha com a expansão de sua influência entre os xiitas, unindo-os sob a bandeira teocrática de Teerã - pondo fim à integridade do Bahrein, da Arábia Saudita, do Iraque e do Líbano. Os iranianos empregam os grupos terroristas, o Hezbollah e as milícias xiitas do sul do Iraque para apregoar sua oferta. A Síria é a ponte para o Oriente Médio árabe. Teerã já não esconde o fato de que suas forças de segurança agem no país para dar sustentação a Assad. Nesse contexto, as aspirações nucleares iranianas são um problema não só para Israel, mas para a região como um todo. E onde estão os EUA? Os americanos passaram 12 meses à espera de que russos e chineses concordassem com ineficazes resoluções da ONU pedindo "o fim do derramamento de sangue", como se Moscou fosse abandonar Assad e Pequim realmente se importasse com o caos que impera no Oriente Médio. Vladimir Putin não é um homem sentimental. Mas enquanto estiver convencido de que Assad consegue se aguentar, não fará nada para enfraquecê-lo. 5. Nos últimos dias, a França resolveu ocupar o vácuo diplomático e reconhecer um recém-formado movimento de oposição que, em termos gerais, pretende representar todos os sírios. Os EUA deveriam seguir o exemplo de Paris, examinar as intenções desse grupo unificado a fim de, eventualmente, armá-lo. O peso e a influência dos EUA se fazem necessários. Agora é preciso agir. |
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O terrorista EUA quer mais mortes
Israel inícia o projeto: Irã é o alvo
Pela primeira vez em quase 40 anos, desde a Guerra do Yom Kipur, em 1973, Israel lançou um míssil antitanques (o novíssimo modelo Tamuz) contra solo sírio depois de ser atingido, pela quarta vez em uma semana, por projéteis lançados do país árabe contra as Colinas de Golã.
A troca de hostilidades tem o potencial de incendiar o Oriente Médio, principalmente se for acompanhada de bombardeios mútuos também na fronteira entre Síria e Turquia.
Liberdade artística x Credos Religiosos
Não é possível dizer se o filme sobre o profeta Maomé foi o responsável pelo ataque ao consulado dos Estados Unidos, em Benghazi, na Líbia, ou apenas um pretexto, mas, independentemente desta conclusão, sua realização é condenável.
Não se justifica que em nome de uma suposta liberdade artística se fira, de maneira grosseira como parece ser o caso, credos religiosos, ainda mais em um momento de tensão, publicamente conhecido, como o que se vive atualmente no mundo em relação ao islamismo.
Qualquer atitude gera consequências, e, no caso do filme, não é preciso ser nenhum vidente para saber que seriam as piores possíveis. Continua>>>
Não se justifica que em nome de uma suposta liberdade artística se fira, de maneira grosseira como parece ser o caso, credos religiosos, ainda mais em um momento de tensão, publicamente conhecido, como o que se vive atualmente no mundo em relação ao islamismo.
Qualquer atitude gera consequências, e, no caso do filme, não é preciso ser nenhum vidente para saber que seriam as piores possíveis. Continua>>>
por Cesar Maia
[...] OS SALAFISTAS E O MUNDO ÁRABE!
1. Na Síria, os Salafistas estão sendo acusados por el-Assad de estarem por detrás das manifestações populares de protesto. No Egito, foram inculpados de promoverem há uns dias o massacre de cristãos coptas reunidos na igreja de San Menas, no Cairo. Os Salafistas consideram que a única e verdadeira interpretação do Islã é a seguida pelas primeiras três gerações de seus líderes. Qualquer desvio no ritual ou na interpretação da fé, ocorrido desde então, é denunciado como uma inovação que atenta contra o Islã.
2. Esteve esse movimento à frente do extremismo islâmico contra as lideranças políticas árabes nos anos 70 e 80. Adquiriu maior projeção recentemente, quando a ele aderiram Osama Bin Laden e seus seguidores de Al Qaeda. No Egito, a maioria de seus adeptos não está envolvida na prática de violência, mas apenas segue uma interpretação da fé semelhante à praticada na Arábia Saudita pelos waabitas.
3. Porém, alguns são intolerantes para com outras tendências islâmicas e outras religiões. São seus alvos principais os cristãos coptas (10% da população total do Egito) e também os muçulmanos sufistas, cuja veneração pelos santos é considerada uma heresia pelos salafistas. Há o justo temor de que, nas eleições parlamentares egípcias de setembro próximo, os Salafistas venham a ganhar maior poder político, que sempre lhes foi negado por Mubarak, que os acusava de serem os autores do atentado contra a vida de seu predecessor, Sadat. Isso poderá ter perigosas repercussões não apenas no Egito, mas em outros países da região, notadamente na Síria e na Arábia Saudita.
Fanatismo
[...] religioso, mal do mundo
O fanatismo religioso segue sendo o principal responsável pelas atrocidades cometidas no mundo. Já foi assim com o 11 de setembro nos EUA e foi da mesma forma nesta sexta-feira no Afeganistão. Assim como também o foi a 20 de março, quando o pastor protestante Wayne Sapp queimou um exemplar do Corão em uma igreja da Flórida. Foi o ato radical do pastor americano que levou a massa ignara da cidade de Mazara-I-Sharif, no Afeganistão, a atacar a representação da ONU e matar oito funcionários da organização. Sendo dois decapitados, segundo as informações. Ato inconcebível. Os funcionários da ONU estão lá para tentar ajudar o país e acabam sendo agredidos de forma covarde. O episódio é a prova maior de que não há o mínimo controle por parte das forças de segurança. Dizia-se que o Afeganistão sob o domínio do Talibã vivia nas trevas. Percebe-se que não é preciso o nefasto regime estar no poder para a população mostrar que ainda vive na Idade Média.
No Iraque, onde a representação da ONU também foi para os ares, vitimando o brasileiro Sérgio Vieira de Mello, não passa uma semana sem que aconteça um atentado que mata 40 ou 50 pessoas. Brigas entre xiitas e sunitas. Com as guerras nesses dois países - Iraque e Afeganistão -, os EUA já gastaram 1 trilhão de dólares. E o resultado é este que se vê. Vão ter que deixar aqueles países sem ter conseguido estruturar segurança para os governos aliados que deixam no poder. Ou melhor, deixam no cargo, porque o poder eles não detêm.
MUDANÇA NA LÍBIA
Os EUA tiraram o corpo fora e passaram para a responsabilidade da Otan o comando das ações na Líbia. Na prática, não muda muito, porque os comandos e os maiores contingentes da organização, tanto em termos bélicos quanto humanos, são americanos. Então, serão esses que continuarão a desenvolver as ações, só que, não em nome dos EUA, mas da Aliança Atlântica. Envolto na contradição de ser o ganhador do Prêmio Nobel da Paz de 2009 e de ter autorizado uma nova guerra, o presidente Barack Obama foi à televisão para dizer que as forças americanas ajudaram a salvar vidas de civis do Leste da Líbia que iriam morrer em função dos ataques das forças de Kadhafi. É verdade, mas, em compensação, conforme denunciou a Igreja Católica em Trípoli, estão ajudando a matar os civis do Oeste, que são atacados pelas forças que são contra Kadhafi. Assim como também morrem civis nos bombardeios feitos contra aviões e tanques líbios. Embora o alvo seja militar, é muito difícil realizar um ataque sem efeito colateral.
Outro problema que desponta é saber quem irá governar a Líbia, após o afastamento de Kadhafi. Obama diz que os árabes devem seguir os exemplos de Brasil e Chile, que saíram de ditaduras para a democracia. A diferença é que brasileiros e chilenos já conheciam a democracia antes e trataram de reconquistá-la. Os árabes nunca conheceram democracia. A composição de seus países, de um modo geral, é feita por tribos ou facções religiosas, que costumam brigar entre si. Para manter a ordem, só um regime de força. Quando tentam impor democracia vira bagunça. Basta ver Iraque. Com a Líbia, possivelmente, não será diferente. Já há especulação de que as tribos vencedoras em Benghazi podem não ser aceitas pelas tribos de Trípoli. Conforme ressaltou o primeiro-ministro da Turquia, Recep Tayyip Erdogan, as intervenções estrangeiras só tendem a aumentar ainda mais as divisões internas dos países árabes. Assim é que a Líbia poderá ser mais um país que o Ocidente terá que ficar tutelando, como o Iraque e o Afeganistão, a um altíssimo custo, tanto em termos políticos e militares, quanto em vidas humanas.
PREOCUPAÇÃO EM ISRAEL
Israel está acompanhando de perto a crise na Síria e vê com apreensão uma possível queda do presidente Bashar Al-Assad. As autoridades israelenses temem que uma liderança mais conservadora assuma o poder, o que seria um risco para a segurança da fronteira no Norte de Israel. Os dois países, que já se enfrentaram três vezes, vivem uma espécie de guerra fria, já que a Síria mantém uma aliança com o Irã, e apoia o grupo Hezbollaz no Líbano. Da mesma forma, há grande preocupação com quem irá assumir o governo no Egito. Pois pode surgir um apoio maior para o grupo radical palestino Hamas. São as pedras do dominó do Oriente Médio que seguem balançando.
Líbia
...Não está fácil
Rebeldes estão perdendo a guerra na Líbia. Só derrubam o ditador com o escancarado apoio das forças dos Estados Unidos, em mais uma guerra contra os árabes. Estados Unidos já estão mandando armas, embora um de seus comandantes militares ache que os rebeldes são dominados pelas facções radicais de muçulmanos. A guerra contra Kadafi não está sendo fácil de vencer, apesar do apoio do governo dos Estados Unidos.
Sem ressonância
Sinal de que o ditador está bem armado e a oposição não tem a ressonância que os americanos achavam entre a população. Isto lembra aqueles cinco gatos pingados com cara de ocidentais pulando, diante de cinegrafistas ianques, numa praça de Bagdá quando Saddam Hussein caiu. O povo iraquiano recebeu os americanos com bombas e mais resistiria, se não tivesse sido esmagado pela superpotência militar.
Lustosa da Costa
Com a CIA por trás dos "rebeldes líbios", cai mais uma máscara da cobiça ao petróleo alheio
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Agora, o próprio presidente dos Estados Unidos da América confessa na maior cara de pau que seu sonho de consumo é derrubar o governo constituído da Líbia. Daí ter introduzido na área, por baixo dos panos, agentes e mercenários da CIA, juntamente com farto arsenal de armas e munições, já que nem os bombardeios mortíferos, nem a guerra midiática encomendada meteram medo em Kadhafi e no seu povo que, como demonstram os fatos reais, parecem decididos a resistir, não importa o sacrifício e as perdas de inocentes atingidos pelos mísseis made in USA de última geração, conforme denúncia endossada pelo insuspeito bispo católico de Trípoli, Giovanni Innocenzo Martinelli.
CIA contrata empresas militares
Agora, a mídia se vê obrigada a revelar, como o NEW YORK TIMES e a Reuters, que desde muitos dias atrás, antes, portanto, da chancela da ONU, os agentes da CIA abarrotados de dólares já estavam infiltrados em Benghazi, em manobras cavilosas para incensar rivalidades tribais e manipular a justa ansiedade de jovens desempregados, com o objetivo de dar um bote que garanta no epílogo das escaramuças o terreno livre para a conquista mansa e inercial das jazidas petrolíferas que somam mais do dobro de todo o estoque do pomposo império decadente, de olho no vasto manancial dos países muçulmanos - mais de dois terços das reservas mundiais conhecidas.
Agora, não tem mais ONU, não tem mais desculpas, não tem mais cortinas de fumaça, não tem mais conversa pra boi dormir. Os Estados Unidos e seus sócios - especialmente França e Inglaterra - estão bancando a contratação das modernas legiões estrangeiras, os mercenários (contractors) das private military company (PMC), montadas pela Halliburton e pela Blackwater, que já terceirizam a matança no Iraque e no Afeganistão. E já submeteram os "rebeldes" ao comando de Khalifah Hifle, agente da CIA, conforme revelou Pepe Escobar do Asia Times, em matéria publicada no site da "redecastorphoto" - http://re decastorphoto.blogspot.com/ 2011/03/tripoli-nova-troia. html.
Já o comando da OTAN desistiu de enviar mais armas aos adversários de Kadhafi, além das que estão entrando pela fronteira do Egito, com ajuda financeira da CIA, França e do Katar. Com informações privilegiadas, teme que esse armamento caia nas mãos das tropas leais ao líder líbio. Na reconquista de posições no Leste, já acercando-se de novo de Benghazi, o Exército e as milícias populares usaram menos a artilharia e surpreenderam com a ajuda da população das cidades reconquistadas.
Na guerra do petróleo, querem excluir a China
O ditador invisível que manipula os cordéis de Barack Obama não gostou de saber que a Chevron e a Occidental Petroleum (Oxy) decidiram em outubro passado fazer as malas da Líbia, abrindo espaço para a China National Petroleum Corp (CNPC), que já participa da exploração em vários países da África do Norte e compra 11% do petróleo líbio, com possibilidade de triplicar a encomenda tão logo haja disponibilidade. Até o levante de fevereiro, 30 mil chineses trabalhavam na Líbia a serviço da CNPC.
Isto porque importar petróleo que ajuda a extrair da Líbia é o melhor negócio da China. Com o preço do barril a mais de US$ 100, o custo da extração não passa de US$ 1,00 por barril. Desse óleo de altíssimo rendimento, 80% vêm do Golfo de Sirte, no leste do país, onde ficam Benghazi e Lanuf Ras, e alguns chefes tribais que sonham com a boa vida monárquica de paxás.
Trocando em miúdos, os alcunhados rebeldes líbios, mesmo já subordinados aos agentes da CIA, vão começar a ser substituídos por contratados dessas empresas militares, que são a última moda em guerra de agressão, com mestrado em Abu Ghraib e Guantánamo, e serão enviados para algum campo de treinamento de país "amigo" para voltarem em outra fasedo conflito, que os senhores das armas desejam demorado.
O orfanato do Itamarati conhece muito bem o Relatório 200 do Project of the New American Century (PNAC) intitulado "Rebuilding Americas Defenses", que cristaliza a teoria das "guerras simultâneas de conquista" e serve de base para a política externa que Obama assinou embaixo. Uma política externa ao gosto do complexo industrial-militar-financeiro e de outros interesses escusos, maliciosamente manipulados pelo sionismo e pelo "Opus Dei".
Ou o Brasil se mexe ou fica mal na fita
A ironia do destino pôs para dar o cavalo de pau na nossa política externa um cara chamado Antônio Patriota, que tem no seu prontuário dois anos como embaixador do Brasil em Washington (2007 a 2009), de onde saltou para a Secretaria Geral do Itamarati já com a encomenda de desmontar o trabalho do embaixador Samuel Guimarães, o grande formulador da doutrina soberana. Daí para virar titular foi mole: o que não faltou foi "QI".
O governo brasileiro tem a obrigação de reverter esse mico que pagou ao abster-se diante de uma resolução que desrespeita a própria Carta da ONU, forjada exclusivamente para embasar um projeto de pirataria de desdobramentos imprevisíveis, até porque os países associados também não se entendem e Obama está em maus lençóis: pesquisa da Associated Press-GfK mostrou que os norte-americanos não apóiam a aventura, enquanto congressistas temem que milhões de dólares saiam pelo ralo e não tenham retorno.
Se quiser fazer alguma coisa de útil, além de declarações lançadas ao vento, a Chancelaria brasileira dispõe de grandes espaços de articulação. A maioria dos países árabes viu que amarrou seu camelo no tronco errado e agora está sem saber o que dizer em casa. Dos 24 integrantes da Liga Árabe, só 6 foram à reunião de Londres, convocada nessa quarta-feira para discutir a hipotética Líbia pós-Kadhafi: Iraque, Jordânia, Emirados Árabes Unidos, Tunísia e Líbano. Nem a Arábia Saudita deu as caras por lá.
O questionamento da intervenção estrangeira com o objetivo agora mais explícito de implantar um governo títere para tomar conta do petróleo alheio é responsabilidade também dos nossos deputados e senadores, das entidades da sociedade civil e dos defensores da soberania brasileira. Com essa crise indisfarçável nas "potências" ocidentais ninguém pode se sentir seguro no domínio de suas riquezas. Pode parecer exagero, mas não me surpreenderia se esses países já não listaram o Brasil em seus projetos coloniais.
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Bussines
não há como o guerra-bussines
Mentiras, hipocrisias e agendas ocultas. Eis os temas dos quais o presidente Barack Obama não tratou, ao explicar aos EUA e ao mundo a sua doutrina para a Líbia. A mente se perde, vacila, ante tais e tantos buracos negros que cercam essa esplêndida guerrinha que não é guerra (é “ação militar com escopo limitado por prazo limitado”, nos termos da Casa Branca) – complicados pela inabilidade do pensamento progressista, que não consegue condenar, ao mesmo tempo, tanto a crueldade do governo de Muammar Gaddafi quanto o “bombardeio humanitário” dos exércitos de EUA-anglo-franceses.
A Resolução n. 1.973 do Conselho de Segurança da ONU operou como cavalo de Tróia: permitiu que o consórcio EUA-anglo-francês – e a Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN) – se convertesse em força aérea da ONU usada para apoiar um levante armado. Aparte nada ter a ver com proteger civis, esse arranjo é absoluta e completamente ilegal em termos da legislação internacional. O objetivo final aí ocultado, que até as crianças subnutridas da África já viram, mas que ninguém assume ou confessa, é mudar o governo na Líbia.
O tenente-general Charles Bouchard do Canadá, comandante da OTAN para a Líbia, que insista o quanto quiser, repetindo que a missão visa exclusivamente a proteger civis. Pois os “civis inocentes” lá estão, dirigindo tanques e disparando Kalashnikovs, brigada de farrapos que, de fato, são soldados em guerra civil. O problema é que, agora, a OTAN foi convertida em força aérea daquele exército, seguindo as pegadas do consórcio EUA-franco-inglês.
Ninguém diz que a “coalizão de vontades” que hoje combate o governo líbio é coalizão de apenas 12 vontades (das 28 vontades representadas na OTAN), mais o Qatar. Isso absolutamente nada tem a ver com a “comunidade internacional”.
O veredicto sobre a zona aérea de exclusão ordenada pela ONU só será conhecido depois que houver governo “rebelde” na Líbia e terminar a guerra civil (se terminar rapidamente). Só então se poderá saber se, algum dia, os Tomahawks e bombas-em-geral foram algum dia justificados; o porquê de os civis de Cyrenaica terem sido “protegidos”, ao mesmo tempo em que os civis em Trípoli foram Tomahawk-eados; quem, afinal eram os ditos “rebeldes” ditos “salvos”; se a coisa toda, desde o início, em algum momento deixou de ser ilegal; como aconteceu de uma resolução do Conselho de Segurança da ONU ser usada para acobertar golpe de Estado (digo, “mudança de regime”); como o caso de amor entre “revolucionários” líbios e o Ocidente pode acabar em divórcio sangrento (lembrem o Afeganistão!); e quais os atores ‘ocidentais’ que lucrarão mais, imensamente, com a exploração de uma nova Líbia – seja unificada seja balkanizada.
Pelo menos por hora, é muito fácil identificar os que já estão lucrando.
O Pentágono
Roberto “O Supremo do Pentágono” Gates disse no fim-de-semana, na maior cara dura, que só há três regimes repressivos em todo o Oriente Médio: Irã, Síria e Líbia. O Pentágono se encarrega agora do elo mais fraco – a Líbia. Os outros dois sempre foram figuras chaves da lista dos neoconservadores, de governos a serem derrubados. Arábia Saudita, Iêmen, Bahrain etc. são exemplos de democracia.
Como nessa guerra de prestidigitação “agora se vê, agora não se vê”, o Pentágono obra para lutar não uma, mas duas guerras. Começou pelo AFRICOM – Comando dos EUA na África –, criado no governo George W Bush, reforçado no governo Obama, e rejeitado por legiões de governos, intelectuais, organizações de direitos humanos e especialistas africanos. Agora, a guerra está em transição, passando para as mãos da OTAN, que é o mesmo que a mão pesada do Pentágono sobre seus asseclas europeus.
É a primeira guerra africana do AFRICOM, comandada agora pelo general Carter Ham diretamente de seu quartel-general nada-africano em Stuttgart. O AFRICOM é fraude, como diz Horace Campbell, professor de estudos afro-norte-americanos e ciência política na Syracuse University: fundamentalmente, é uma frente de operação comercial, para que empresas contratadas pelos militares nos EUA – Dyncorp, MPRI e KBR possam fazer negócios na África. Os estrategistas dos EUA que muito se beneficiaram na porta giratória que se criou entre as privatizações e as guerras estão adorando a intervenção na Líbia, como magnífica oportunidade para dar credibilidade político-militar ao AFRICOM-business.”
Os Tomahawks do AFRICOM-EUA atingiram também – metaforicamente – a União Africana (UA) a qual, diferente da Liga Árabe, não se deixa facilmente comprar pelo ocidente. As petro-monarquias do Golfo, todas, festejaram o bombardeio; Egito e Tunísia, não.
Só cinco países africanos não são subordinados ao AFRICOM-EUA: Líbia, Sudão, Costa do Marfim, Eritreia e Zimbabwe.
A OTAN
O plano master da OTAN é dominar o Mediterrâneo, como lago da OTAN. Sob essa “ótica” (no jargão do Pentágono), o Mediterrâneo é infinitamente mais importante hoje, como teatro de guerra, que o “AfPak”.
Apenas três, das 20 nações do ou no Mediterrâneo não são da OTAN ou aliadas de seus programas “de parceria”: a Líbia, o Líbano e a Síria. O Líbano já está sob bloqueio da OTAN desde 2006. Atualmente, já há bloqueio também contra a Líbia. Os EUA – via OTAN – já praticamente conseguiram fazer do círculo, o quadrado. Que ninguém se engane: a Síria é o próximo alvo.
A Arábia Saudita
Excelente negócio! O rei Abdullah vê-se livre de Gaddafi, seu arqui-inimigo. A Casa de Saud – do modo abjeto que é sua marca registrada – rende-se ao atraso, para beneficiar o ocidente. A atenção da opinião pública ganha objeto alternativo, para distrair-se: os sauditas invadem o Bahrain, para esmagar movimento popular legítimo, pacífico, pró-democracia.
A Casa de Saud vendeu a ficção segundo a qual “a Liga Árabe” teria votado unanimemente a favor da zona aérea de exclusão. É mentira.
Dos 22 membros da Liga Árabe, só 11 estiveram presentes à sessão que aprovou a “no-fly zone”; seis desses são membros do Conselho de Cooperação do Golfo, gangue da qual a Arábia Saudita é o cão-chefe.
A Casa de Saud teve de aplicar uma chave-de-braço em três. A Síria e a Argélia estavam contra a no-fly zone contra a Líbia. Tradução: só nove, dentre 22 países árabes, votaram a favor de implantar-se a zona aérea de exclusão na Líbia.
Agora, a Arábia Saudita já pode até mandar que o presidente do Conselho de Cooperação do Golfo Abdulrahman al-Attiyah declare sem piscar que “o sistema líbio perdeu a legitimidade”. Sobre a Casa de Saud e os al-Khalifas do Bahrain… não faltará quem os indique para o Hall da Fama da Assistência Humanitária.
O Qatar
O país que hospedará a Copa do Mundo de Futebol de 2022 sabe, sim, amarrar negócios. Seus Mirages já ajudavam a bombardear a Líbia, enquanto Doha preparava-se para vender aos mercados ocidentais o petróleo da Líbia. O Qatar foi o primeiro país a reconhecer o governo dos “rebeldes” líbios como único governo legítimo; fê-lo um dia depois de ter fechado o negócio do varejão do petróleo líbio no ocidente.
Os “rebeldes”
Sem desrespeitar as importantes aspirações democráticas do movimento da juventude líbia, fato é que o grupo mais bem organizado da oposição a Gaddafi é a Frente Nacional de Salvação da Líbia – há anos financiada pela Casa de Saud, pela CIA e pela inteligência francesa. O “rebelde’ “Conselho Nacional do Governo de Transição” é praticamente a velha Frente Nacional, acrescida de alguns militares desertores. A “coalizão” “protege” essa “elite” de “civis inocentes”, hoje.
Nessa linha, o “Conselho Nacional do Governo de Transição” acaba de nomear novo ministro das finanças: Ali Tarhouni, economista formado nos EUA. Foi ele quem disse que vários países ocidentais há lhe haviam dado créditos, sob garantias do fundo soberano líbio; e que os britânicos lhe deram acesso a 1,1 bilhão de dólares do dinheiro de Gaddafi.
Significa que o consórcio EUA-anglo-francês – e agora a OTAN –, só terão de pagar a conta da compra das bombas. No que tenha a ver com histórias da imundície das guerras, essa é impagável: o ocidente está usando o dinheiro da Líbia para pagar um bando de líbios oportunistas interessados em derrubar o governo da Líbia. França e Inglaterra gozam, de tanto que amam as bombas. Nos EUA, os neoconservadores devem estar se estapeando, lá entre eles, de inveja: por que o vice-secretário de Defesa Paul Wolfowitz não teve a mesma ideia, para o Iraque, em 2003?
A França
Oh la la, a coisa bem poderia servir de substrato para romance proustiano. A coleção estrela da primavera francesa nas passarelas parisienses é o show de moda-fantasia de Nicolas Sarkozy: uma zona aérea de exclusão na Líbia, rebordada com ataques-acessórios pelos jatos Mirage/Rafale. Todo o show e pirotecnia foi concebido por Nouri Mesmari, chefe de protocolo de Gaddafi, que desertou e fugiu para a França em outubro de 2010. O serviço secreto italiano vazou para jornalistas e jornais selecionados os detalhes da deserção e da fuga. O papel do DGSE, serviço secreto francês, está mais ou menos explicado no e-jornal (só para assinantes) Maghreb Confidential.
A verdade é que o coq au vin da revolta de Benghazi já estava cozinhando em fogo baixo desde novembro de 2010. Os galos-estrelas foram Nouri Mesmari; Abdullah Gehani, coronel da Força Aérea da Líbia; e o serviço secreto francês. Mesmari era chamado “o WikiLeak líbio”, porque vazou quase todos os segredos militares de Gaddafi. Sarkozy adorou, furioso desde que Gaddafi cancelou gordos contratos para comprar aviões Rafales (para substituir os Mirages líbios que, hoje, estão sendo bombardeados por Mirages franceses) e usinas nucleares francesas.
Isso explica por que Sarkozy, que estava tão animadinho, posando de neoliberador de árabes, foi o primeiro líder europeu a reconhecer “os rebeldes” (para tristeza de muitos, na União Europeia) e o primeiro a bombardear as forças de Gaddafi.
Vê-se aí também exposto o papel do desavergonhado filósofo e autopropagandista Bernard Henri-Levy, que se esfalfou enchendo a mídia mundial com notícias de que ele telefonara a Sarkozy, de Benghazi, e assim despertou o filão humanitário no coração do presidente. Ou Levy é o otário da hora, ou é uma conveniente cereja “intelectual” acrescentada ao já assado bolo-bomba contra Gaddafi.
Ninguém detém Sarkozy, o Terminator. Já avisou todos os governos árabes que estão na mira para serem bombardeados ao estilo Líbia se espancarem manifestantes. Até já avisou que a Costa do Marfim seria “a próxima”. Bahrain e Iêmen, claro, não têm com o que se preocuparem. Quanto aos EUA, mais uma vez os EUA apoiam golpe militar (não deu certo com o Omar “Sheikh al-Tortura” Suleiman no Egito. Talvez funcione na Líbia).
Al-Qaeda
O coringa sempre conveniente renasce. O consórcio EUA-franco-inglês – e agora também a OTAN – outra vez combatem aliados à al-Qaeda, dessa vez representada pela al-Qaeda no Maghreb (AQM).
Abdel-Hakim al-Hasidi, líder dos “rebeldes” líbios – que combateu ao lado dos Talibã no Afeganistão – confirmou, com detalhes, para a mídia italiana, que recrutara pessoalmente “cerca de 25” jihadistas na região de Derna no leste da Líbia para combater os EUA no Iraque; e que agora “eles estão na linha de frente em Adjabiya”.
Isso, depois de o presidente do Chad Idriss Deby ter dito que a al-Qaeda no Maghreb assaltou arsenais militares na Cyrenaica e provavelmente já têm alguns mísseis terra-ar. No início de março, a al-Qaeda no Mahgreb apoiou publicamente os “rebeldes”. O fantasma de Osama bin Laden deve estar rindo como o gato Cheshire de Alice; mais uma vez, conseguiu por o Pentágono a trabalhar para ele.
Os privatizadores da água
Poucos no ocidente sabem que a Líbia – como o Egito – repousa sobre o Sistema Aquífero do Arenito Núbio [ing. Nubian Sandstone Aquifer]: é um oceano de extremamente valiosíssima água doce. Ah, sim, sim, essa guerra de prestidigitação “agora se vê, agora não se vê”, é crucial guerra pela crucial água.
O controle do aquífero é patrimônio sem preço: além da água para beber, o prestígio para dominar: a EUA-França-Inglaterra “resgatando” valiosos recursos naturais, das mãos dos árabes “selvagens”.
É um Aquedutostão – enterrado fundo no coração do deserto. São 4.000 quilômetros de dutos. É o Maior Projeto de Rio Criado pelo Homem [ing. Great Man-Made River Project (GMMRP)], que Gaddafi construiu por 25 bilhões de dólares sem tomar emprestado nem um centavo nem do FMI nem do Banco Mundial (mais um exemplo de barbárie de Gaddafi, que não se deve deixar vazar para o resto do mundo subdesenvolvido).
O sistema GMMRP fornece água para Trípoli, Benghazi e todo o litoral da Líbia. A quantidade de água disponível, estimada por especialistas, é o equivalente à toda a água que corre pelo Nilo por 200 anos. Comparem-se esses números os números das chamadas “Três Irmãs” – empresas Veolia (ex-Vivendi), Suez Ondeo (ex-Generale des Eaux) e Saur – as empresas francesas que controlam mais de 40% do mercado global de água.
Todos os olhos devem-se focar, atentos, para ver se algum dos aquedutos da GMMRP serão bombardeados. Cenário altamente possível, caso sejam bombardeados, é que imediatamente comecem a ser negociados os gordos contratos de “reconstrução” – que beneficiarão a França. Será o passo final para privatizar toda aquela – até o momento gratuita – água. Da doutrina do choque, chegamos à doutrina da água.
Essa lista dos que ganham com a guerra está longe de ser completa – ainda não se sabe quem ficará nem com o petróleo nem com o gás natural da Líbia. Enquanto isso, o show (das bombas) tem de continuar. Não há business como o guerra-business.
por Pepe Escobar, Asia Times Online
Traduzido pelo Coletivo da Vila Vudu
Petróleo
Esta guerra de Barack Obama não tem nem o pretexto falaz de George Bush de que se trata de aniquilar tirano que detinha armas de destruição em massa em seus arsenais, o que se verificou, depois, ser mentira. Ele, para atender aos fazedores de guerra que dela necessitam para acrescer a fortuna e ativar a economia, primeiro afirmou que movia guerra ao presidente da Líbia para defender sua população civil. Quando sua fortaleza de navios bombardeou Trípoli, a capital, a desculpa não podia ser aceita. Aí ele passou a dizer que era levado a pegar em armas para sustentação de valores democráticos dos Estados Unidos.
Por que só agora a ditadura de Kadafi, com 41 anos de tranquila existência, passou a perturbá-lo? Por que não defende tais valores na Arábia Saudita, entregue, há muito, a atrasados sheiques que não respeitam a democracia nem as mulheres? Por que ali o petróleo é barato e na quantidade necessária aos Estados Unidos para fazer andar seus automóveis de passeio que gastam combustível como transatlânticos. Como disse ontem, a diferença entre Obama e Bush é que o primeiro, antes de baixar o cacete sobre orientais, para lhes roubar petróleo, pede desculpas. O outro era na grossura. Quando jogava bombas de uma tonelada sobre residências de iraquianas, apenas dizia que queria derrubar o ditador e implantar a democracia. À base do porrete.
Petróleo
Yanques rasgam a fantasia em relação a Líbia
Numa entrevista coletiva na Casa Branca, ontem 3ª feira, o presidente Barack Obama não esperou nem os EUA e demais potências domesticarem a OTAN e, contradizendo a Organização, anunciou que pode - portanto, pretende - armar, sim, os rebeldes líbios para derrubar o presidente Muamar Kaddhafi do poder em Trípoli.
Já o resto do mundo continua esperando que ele faça o mesmo com os rebeldes que se mantém nas ruas e em manifestações cobram democracia e liberdade no Bahrein, Iêmen, Síria, Jordânia, e quem sabe, se vierem a ocorrer um dia...também, na Arábia Saudita. Mas, aí, para estes, nada, só silêncio dos EUA e cia. Para estes, só repressão via ditaduras e monarquias aliadas e sustentadas por Washington.
Ditador amigo, garantia de acesso a petróleo
Dos EUA não são nada boas as notícias em relação à Líbia, porque além do aviso de Obama ontem, tem-se quase diariamente as ameaças da Secretária de Estado, a belicista Hillary Clinton que, dia sim e outro também reitera: os aliados continuarão bombardeando o país até que o presidente líbio "cumpra a decisão da ONU".
A decisão, para a sra. Hillary, é a Resolução 1973 que criou aquela ficção de "zona de exclusão aérea" que Tio Sam e aliados diziam que estabeleceriam sobre a Líbia. Mas, que eles também não cumprem já que a Resolução não tratava nem da deposição de presidente nem de apoio a rebeldes líbios, mas sim de proteção à população civil líbia.
Proteção, eu repito, não de bombardeios aéreos e invasão do país por terra e mar para para, ao final e como eu escrevi ontem, se sobrar Líbia, colocar no poder um ditador amigo e ter acesso fácil ao seu petróleo.
Já o resto do mundo continua esperando que ele faça o mesmo com os rebeldes que se mantém nas ruas e em manifestações cobram democracia e liberdade no Bahrein, Iêmen, Síria, Jordânia, e quem sabe, se vierem a ocorrer um dia...também, na Arábia Saudita. Mas, aí, para estes, nada, só silêncio dos EUA e cia. Para estes, só repressão via ditaduras e monarquias aliadas e sustentadas por Washington.
Ditador amigo, garantia de acesso a petróleo
Dos EUA não são nada boas as notícias em relação à Líbia, porque além do aviso de Obama ontem, tem-se quase diariamente as ameaças da Secretária de Estado, a belicista Hillary Clinton que, dia sim e outro também reitera: os aliados continuarão bombardeando o país até que o presidente líbio "cumpra a decisão da ONU".
A decisão, para a sra. Hillary, é a Resolução 1973 que criou aquela ficção de "zona de exclusão aérea" que Tio Sam e aliados diziam que estabeleceriam sobre a Líbia. Mas, que eles também não cumprem já que a Resolução não tratava nem da deposição de presidente nem de apoio a rebeldes líbios, mas sim de proteção à população civil líbia.
Proteção, eu repito, não de bombardeios aéreos e invasão do país por terra e mar para para, ao final e como eu escrevi ontem, se sobrar Líbia, colocar no poder um ditador amigo e ter acesso fácil ao seu petróleo.
por Alon Feurwerker
Não é bem politicamente correto escrever sobre diversão numa guerra. Mas que é divertido é, observar o contorcionismo dos premidos a tomar posição em cada um dos conflitos no mundo árabe e islâmico.
Alguns exultaram quando a coisa começou na Tunísia e propagou para o Egito. Eram, para esses alguns, as massas árabes despertando do sono, para pôr termo à dominação imperialista e à opressão de elites políticas, econômicas e militares aliadas aos Estados Unidos.
Eram os tempos de uma Praça Tahrir intocável. E a esperança desses alguns cresceu quando o tsunami chegou ao Bahrein, estrategicamente posto entre a sunita Arábia Saudita e o xiita Irã.
Ali coabitam uma grande base militar americana e um abacaxi político: a minoria sunita oprime a maioria xiita. Mais ou menos como era o Iraque antes da invasão americana.
Derrubado e enforcado Sadam Hussein, veio um sistema eleitoral que transferiu o governo à coligação majoritária curdo-xiita.
Para esses alguns tudo ia bem no tsunami árabe, inclusive com focos de perturbação na ultrapetrolífera Arábia Saudita, até que começou a ir mal. A convulsão propagou-se para a Líbia do aliado Muamar Gadafi e deu um salto de qualidade.
Virou guerra civil, facilitada pelo fato de a Líbia não ser propriamente um país. É (ou era) uma aglomeração de tribos mantida pela força da ditadura. Como o Iraque de Hussein antes do desembarque americano.
E vieram a reunião do Conselho de Segurança que autorizou a intervenção externa contra Gadafi, a intervenção em si e a propagação do tsunami para a Síria, coisa que nove entre dez analistas consideravam altamente improvável.
Na Síria, quem controla o poder ditatorial é uma minoria alauíta xiita, que oprime a maioria sunita.
Depois da Líbia e da Síria, esses alguns não estão mais tão felizes assim com as revoltas no mundo árabe e islâmico.
No caso líbio, aliás, houve quem tentasse bloquear no CS a autorização para a guerra contra Gadafi, mas não acharam sócios. Ninguém quis ficar sócio do genocídio da oposição líbia.
Os candidatos a espertos, incluído o Brasil, lavaram as mãos e reservaram-se o direito de reclamar depois, para emitir as conhecidas declarações de princípio cujo efeito prático é nenhum.
O Brasil superou-se quando pediu um cessar-fogo “no mais breve prazo possível”. Cessar-fogo ou é imediato ou não faz sentido. Quem vai definir, a cada momento, se já é “possível”?
A fila andou e esses alguns perceberam que a onda revolucionária árabe, esperada para pôr fim à influência neocolonial, pode bem transformar-se num ativo do chamado Ocidente para derrubar regimes despóticos que estejam a incomodar o Ocidente.
No fim, quem vai poder mais chorará menos. Na Líbia, Gadafi, sua ditadura cleptocrático-familiar e seu Livro Verde já carimbaram o passaporte. A dúvida é como vai ser o desfecho.
A Síria entrou na alça de mira e outros já pegaram o papel na maquininha que distribui senhas. Não é mesmo fácil achar um jeito de torcer sem sustos nessa confusão levantina.
Petróleo , Direito e Democracia
Perguntei a um yanque se é crime roubar, ele respondeu:
- Sim!
Perguntei, roubar petróleo também?
- Não. se apossar e desfrutar das benesses que o petróleo proporciona é um direito que nos assiste!
por Pedro Porfírio
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"Kadhafi representa o controle dos recursos da Líbia por líbios e para líbios. Quando ele chegou ao poder dez por cento da população sabia ler e escrever. Hoje, é cerca de 90 por cento a taxa de alfabetização. As mulheres, hoje, têm direitos e podem ir à escola e conseguir um emprego. A qualidade de vida é de cerca de 100 vezes maior do que existia sob o domínio do rei Idris I".
Timothy Bancroft-Hinchey, em "Líbia, toda a verdade", publicado no Pravda, da Rússia.
Só no primeiro dia, 110 mísseis Tomahawk (que custam US$ 1,5 milhão de dólares cada) foram disparados por navios e submarinos americanos, matando 42 civis líbios |
Essas incursões mortíferas das grandes potências à Líbia compõem uma requintada farsa que cristaliza um perigoso procedimento de múltiplas facetas. O mais acintoso é a leitura de conveniência que fazem de uma resolução mal acabada do Conselho de Segurança da ONU, graças à qual bombardeios de aviões e mísseis, violando o prescrito, operam uma verdadeira intervenção estrangeira, visando a derrubada do líder Muamar Kadhafi e usando os bandos sediciosos como suas colunas em terra.
É uma fraude calculada que só foi possível devido à colaboração, pela omissão, de países que sabiam claramente da falácia dessa impostura, chamada zona de exclusão aérea. Sabiam, disseram que ia dar no que deu, mas preferiram fugir da raia, chancelando a agressão.
A resolução da ONU é um primor de cinismo direcionado, ao abrir brechas para manipulações ao gosto dos agressores, o que, diga-se de passagem, pelo menos no que diz respeito à França, foi só um tapa-buraco burocrático. Seus aviões já estavam agindo mesmo antes da formalização da carta branca.
O resultado concreto desse conluio é a recomposição dos grupos revoltosos, que iam ser derrotados no sábado em que começaram as incursões estrangeiras. Não se pode dizer que essa ofensiva atípica esteja predestinada a uma vitória, nos termos sonhados pela chamada "coalizão". No entanto, haja o que houver, a Líbia sairá totalmente fragilizada desses episódios, tornando-se vulnerável à saciedade das potências coloniais.
Insegurança para todos
Essa fraude remete a muitas reflexões. Que país pode se sentir seguro diante de um quadro tão farsesco? Tudo o que se alegava era que uma força internacional seria necessária para proteger civis dos ataques do exército regular. A primeira mentira aí é que não há civis nas praças, como aconteceu no Egito. Há, sim, grupos fortemente armados no exercício de ataques com armas pesadas. Grupos que têm em suas fileiras muitos militares desertores, inclusive de artilharia.
Isso a mídia mercenária não pôde esconder. Ao contrário, toda hora exibe "rebeldes" dando tiros à toa como se tivessem munição de sobra.
Pior ainda é o próprio estatuto casuístico de que se serviu o Conselho de Segurança. O direito internacional terá de presumir sua interferência em conflitos entre países ou em missões de paz, desde que solicitadas por governos constituídos. Não é o caso da Líbia.
Nas matanças de Gaza, nada se fez
Foi, sim, o caso do morticínio promovido em Gaza pela aviação e por foguetes israelenses do dia 28 de dezembro de 2008 a 18 de janeiro de 2009, 21 dias de atrocidades, com um total de 1.412 palestinos mortos. Nesse longo período, o Conselho de Segurança babou e os EUA usaram seu poder de veto para impedir todo e qualquer ato que freasse a ação ensandecida promovida por Israel. A lixeira de Jerusalém, aliás, coleciona dezenas de resoluções da ONU em todos os níveis, e não aparece uma viva alma para chamar seu governo às falas. E a mídia não fala mais nisso.
A fraude que está ensejando matanças indiscriminadas na Líbia também assinala com ênfase a falência do instituto da soberania nacional. Você estará sendo levianamente irresponsável se considerar que o bombardeio em outro país, para favorecer insurretos, tem algum escopo moral.
No caso específico, autoridades mais lúcidas já vinham antevendo as intenções das potências ocidentais em embarcar na onda de descontentamentos em alguns países árabes para alvejar aquele que ia melhor das pernas na consecução de um projeto social de grande alcance: Kadhafi inverteu as taxas de analfabetismo - de 90 para 10%, registra o mais alto IDH da África, (0,755,em 53° lugar no mundo, comparável aos 0,699 do Brasil, em 73°) e está num processo de modernização que prevê grandes investimentos, incluindo a construção de 1 milhão de casas em dez anos para uma população total de 6,5 milhões.
A Líbia de Kadhafi administrava com equilíbrio as rivalidades tribais atávicas e ainda oferecia refúgio para 1 milhão e meio de egípcios e outros milhares de africanos. Com a sedição de Benghazi, reacenderam-se feridas a partir de algumas tribos da região da Cirenaica, uma das três províncias do país.
Obama despontou até seus correligionários
A fraude que deu na agressão à Líbia aconteceu quando Barack Obama visitava à América Latina, de olho no petróleo do pré-sal brasileiro e na transformação da China no principal comprador do Brasil, Chile e Argentina. Essa visita foi tão burlesca que, depois dela, o governo anunciou a importação de álcool dos Estados Unidos, algo jamais pensado, mas causado pela ganância dos usineiros brasileiros (isso ainda vou comentar).
O títere da ditadura invisível quer porque quer criar fatos sensacionais para recuperar a imagem desbotada, e está tomando atitudes tão desesperadas que conseguiu irritar até os aliados: em geral, decisões dessa natureza são previamente submetidas ao Congresso.
O deputado Dennis Kucinich, do seu partido, aventou a possibilidade de pedir o seu impeachment por conta de sua atitude irresponsável sob todos os aspectos. Com o apoio dos também democratas Barbara Lee, Mike Honda, Lynn Woolsey e Raúl Grijalva ele acusou Obama de "mergulhar outra vez os Estados Unidos numa guerra que não podemos financiar". O grupo foi mais além ao afirmar que o deslumbrado presidente entrou numa "guerra precipitadamente com um conhecimento limitado da situação no terreno e sem uma estratégia de saída".
Até mesmo na mídia norte-americano houve restrições a essa ordem de agressão. O analista político Michael Walzer questionou: "O objetivo é resgatar uma rebelião fracassada, que as tropas ocidentais façam o que os rebeldes não puderam fazer sozinhos: derrubar Kadafi? Ou é apenas mantê-los lutando pelo maior tempo possível, com a esperança de que a rebelião pegue fogo e os líbios dêem cabo em Kadafi por si mesmos? Ou é apenas chegar a um cessar-fogo? Parece que nem os envolvidos no ataque são capazes de responder a essas questões".
Apesar da boa vontade de alguns jornalistas, quem realmente ordenou a primeira carga pesada de mísseis foi Obama. Só que sua atitude foi tão indigna que ele tenta dar a entender que está tirando o corpo fora - mais uma grosseira lorota que quem tem o mínino de tutano não pode engolir.
Já Nicolas Sarkozi amarga uma sucessão de derrotas em eleições locais e dificilmente será reeleito, conforme as tendências registradas hoje. Ele apela e tenta reacender nos franceses de centro e da direita o velho gosto colonial compensatório, em meio aos escândalos de corrupção, favorecimentos e subtração de direitos sociais. Não é diferente a atitude do premier britânico, David Cameron, que neste sábado foi alvo de umas das maiores manifestações de rua em Londres, em protesto contra os cortes orçamentários, que afetarão a vida dos ingleses.
A vacilação que pode custar caro ao Brasil
Essa fraude também arranhou a política externa brasileira, que nos últimos anos havia resgatado o sonho iniciado com Jânio Quadros, João Goulart, Afonso Arinos e Santiago Dantas. Graças a uma ostensiva priorização dos nossos interesses, o Brasil vinha sendo uma referência obrigatória juntamente com seus parceiros do BRIC (Rússia, Índia e China).
Só se pode atribuir a vacilação no Conselho de Segurança à inexperiência da presidente Dilma Rousseff e a incompetência do seu chanceler Antônio Patriota, um diplomata medíocre, que parece saído do "orfanato" - como o ex-chanceler Azeredo da Silveira definia o Itamarati acuado no tempo da ditadura.
Junto com essa decisão, o Brasil também entrou na pilha das manobras contra o governo do Irã, embarcando na velha tática de brandir a questão dos "direitos humanos",como fenda para forjar a intervenção externa nesse país. O governo Dilma não pode cair numa esparrela: por que também não votam uma investigação sobre as bárbaras violações na prisão de Guantánamo, que o próprio Obama prometeu desativar e deixou o dito pelo não dito? E no Iraque? E O tratamento perverso dispensado aos palestinos e árabes em geral pela polícia política de Israel? Eles podem barbarizar? O Brasil nada faz contra tais perversidades, apesar do acúmulo de denúncias?
Visto para além dessas agressões moralmente insustentáveis contra a Líbia, o mundo que acredita na soberania dos povos está perigosamente vulnerável. Nós já vivemos ameaça semelhante, em 1964, só que não foi preciso o apoio da frota norte-americana estacionada de frente para o nosso litoral. Aqui, derrubaram o governo no grito.
Líbia
UM NOVO ATOLEIRO?
1. As tropas de Gadafi realizaram, ontem, repetidos ataques contra Misrata, a terceira cidade do país. Não cessaram também os combates nas cercanias de Benghazi. Mesmo diante das críticas da Liga Árabe, da Rússia e da China, o Ministro dos Negócios Estrangeiros da França, Alain Juppé, qualificou a operação militar de “sucesso”, uma vez que ela teria evitado um “banho de sangue”. A opinião pública francesa começou a criticar a posição belicosa de Sarkozy, num momento em que se amplia o desgaste interno de sua imagem.
2. Começaram a aparecer fissuras nas posições dos EUA e dos países europeus. Consta que a OTAN apoiaria a operação militar dentro de poucos dias. Mas isso é visto com preocupação pela França, pois os países árabes de uma maneira geral são contrários à intervenção da aliança atlântica. As operações da coligação (EUA, França e Reino Unido) estão sendo coordenadas pelos QGs norte-americanos de Ramstein (Alemanha) e Nápoles (Itália).
3. A Itália chegou mesmo a ameaçar a retomar o controle da base norte-americana posta à disposição da coligação. "Isso não deveria ser uma guerra contra a Líbia, mas a estrita aplicação da resolução da ONU”, considerou ainda o Ministro dos Negócios Estrangeiros da Itália, Franco Frattini. O Secretário de Defesa dos EUA manifestou o interesse de a coordenação das operações militares passar para a França, ou para o Reino Unido, ou mesmo para a OTAN.
4. Os canais de televisão norte-americanos estão começando a criticar a operação na Líbia, que estaria segundo eles a se transformar em mais um campo de batalha dos EUA sem desenlace no curto prazo. Chegam mesmo a lembrar os casos do Iraque e do Afeganistão, onde suas tropas estão atoladas há alguns anos. Deputados pedem que o Congresso dos EUA, debata a situação. A Noruega suspendeu sua participação nas operações da Líbia, retirando da base na Itália seus aviões F-16. A Alemanha e, sobretudo a Turquia reiteraram que não desejam o envolvimento da OTAN, “se for para intervir com bombardeios como ocorreu nos últimos dias”.
5. A União Europeia adotou, ontem, sanções reforçadas contra a Líbia e se afirmou preparada para conceder ajuda humanitária. Porém, não escondeu as profundas divisões em seu seio no tocante à forma das operações militares conduzidas ate agora. Embora a Rússia não tivesse aposto seu veto à resolução do Conselho de Segurança, Vladimir Putin observou parecerem as operações militares “a um apelo às cruzadas na época da Idade Média”.
6. O Secretário Geral da Liga Árabe, Amr Moussa, que havia apoiado a instauração da zona de exclusão aérea, agora está contra os bombardeios indiscriminados, que inclusive atingiram alvos civis. O Conselho de Segurança da ONU deve reunir-se para reexaminar a situação na Líbia. De acordo com o Quai d'Orsay, uma vintena de aviões franceses e quatro aviões canadenses realizaram 55 missões desde o sábado. Porém, ontem, segunda-feira, não se efetuou nenhuma missão... Por quê?
7. O Brasil pediu um cessar fogo geral na Líbia.
Petróleo
...é o alvo
Não podendo invadir o Irã e sofrer revés mais humilhante que o do Vietnã, o presidente dos Estados Unidos, no Brasil, decretou guerra da Otan à Líbia, todos de olho em seu ouro negro e na mesma riqueza recém-descoberta pelo Brasil. Há 40 anos, a tirania de Kadafi está no poder sem que o governo americano se lembrasse de poupar seus governados de torturas e de maus-tratos. Só agora se preocupa com isso. Por que não poupou a população do Iraque das centenas de milhares de mortos, apenas para se apoderar de sua riqueza? O que os americanos querem mesmo é tomar o petróleo do pré sal. Contra isto, devemos todos nos prevenir.
Lustosa da Costa
Crônica de duas farsas que se entrelaçam no cinismo e na covardia
Os bombardeios da Líbia liberaram os poderosos para novas agressões
“Eu não sei o que será da Líbia nas próximas horas. Mas lamento profundamente que os governos pusilânimes com assento no Conselho de Segurança da ONU tenham cedido às pressões da França, Inglaterra e Estados Unidos, aprovando uma resolução que permite tudo, inclusive a intervenção militar, para o gáudio dos senhores das armas desse ocidente decadente e sem pudor. Fal
ar de zona de exclusão aérea é balela, é eufemismo típico de quem não tem o menor recato e acha que tem algum mandato divino para meter o bedelho no país dos outros, sobretudo quando esse país dos outros é um reservatório incomensurável de petróleo”.Da minha coluna de 17 de março de 2011
Confesso que estou em dúvida sobre qual farsa comentar: se a representação burlesca protagonizada pelo preposto do grande ditador invisível, que destacou a renúncia gaiata de nossa soberania, estuprada pelo FBI por dois dias; ou essa macabra tragédia que configura a mais pérfida agressão estrangeira de alguns países sob batuta da fina flor do crime oficial.
Os dois embustes se entrelaçam até fisicamente: Barack Obama deu a entender que determinou os bombardeios da Líbia (já decididos antes mesmo da Resolução do Conselho de Segurança) quando trocava figurinhas com nossa surpreendente presidente Dilma. Em ambos os casos, que consagram o cinismo e a covardia, nossa mídia deu mostras da sua essência irresponsavelmente mercenária e irremediavelmente comprometida, ao ponto de noticiar o massacre de inocentes em Trípoli como ações para proteger civis.
Desde o sábado, dia 19 de março, mergulhei numa profunda crise existencial provocada pela mais dramática impotência. Quarenta e oito horas antes havia escrito que aquela resolução da ONU era uma carta branca para dar um verniz “legal” à agressão tramada desde as primeiras agitações no mundo ára be. Disse que a agressão estava em marcha.
Tinha razão e isso me abalou. Mergulhei numa terrível depressão ao constatar que nada podia fazer para mudar o rumo dos acontecimentos. Entre uma data e outra fiz aniversário, sem festas, como seria aconselhável. Mas a folhinha andou. E mostrou que hoje o mundo está mais degenerado do que antes. O desrespeito pela verdade campeia como uma massa envenenada irradiada aos quatro ventos. A vida humana se animalizou na renúncia dos valores essenciais que sempre serviram de bússolas.
Tudo o que vi e ouvi nesses dias me provocou torturantes sensações de vômito. Teve um certo momento em que tive vontade de chorar. Não podia imaginar jamais que o nosso governo se agachasse a tanto. Um vexame. Policiais alienígenas revistando ministros de Estado brasileiros, aqui, onde se crêem autoridades.
O histrião foi recebido num ritual da mais flagrante insolência. Exibiu-se e foi-se sem dizer a que veio. Não disse ele, nem disseram igualmente seus anfitriões. Mas a gente conseguiu ler nas entrelinhas o grande golpe que armou e que só explicitou entre quatro paredes no secreto colóquio com a nossa inexperiente chefa do Estado brasileiro.
Ele veio aqui em busca do ouro e faz qualquer negócio para dele se apoderar, inclusive brindar algumas vantagens pessoais para os que facilitarem a cobiça. Está mal na fita por lá e conta com uma reviravolta às nossas custas. Faz bico com as nossas pretensões e joga pesado com a idiotia que grassa.
Já nossa chefia parece que bebeu e ainda está de porre. Quer por que quer um apoio a algo que decididamente significa COISA NENHUMA.Ou você vê algum ganho significativo em sentar como membro permanente do Conselho de Segurança da ONU?
Se souber, pelo amor de Deus, me informe. Até prova em contrário, essa parece uma tremenda conversa fiada, uma cortina de fumaça, & nbsp;um desejo diversionista absolutamente despropositado. Mas que é usado com a chancela até de professores de relações internacionais, que, igualmente, não explicam patavina, revelando as fábricas de encher linguiças em que se transformaram nossas universidades.
Mesmo se fosse top de linha, o Conselho de Segurança da ONU não confere a nenhum país permanente poderes capazes de melhorar a vida dos seus cidadãos. Não tem serventia conforme sua carta e ainda só serve para dar uma casca protetora ao decidido no complexo de poder das grandes corporações, representadas por indignos chefes de Estado, sempre de olho no alheio e no mar das propinas em dólares.
Agora mesmo, esse Conselho de Segurança, com o Brasil presente e acovardado, chancelou a fraude bélica que está tentando o que uma súcia de mercenários não conseguiu: afastar os obstáculos à conquista dos poços de petróleo líbios, instalando naquele país um governo títere e manso, como no Iraque e nesses sultanatos de nababos devassos e opressores.
Não adianta aqui repetir o óbvio sobre o cinismo que reveste a violação da soberania de um Estado constituído. Todo mundo sabe que a gana do Ocidente é a Líbia, que estava reconquistando uma posição proeminente no mundo do petróleo, graças a investimentos consideráveis em sua infra-estrutura, na educação e nas áreas sociais.
A derrubada de Muamar Kadhafi e a implantação de um regime fantoche têm preocupações mais qualitativas do que quantitativas. Obtém-se com o milionário bombardeio (cada míssil custa um milhão e meio de dólares) o repeteco da “legitimação” do “direito de agressão internacional”, conferido aos Estados Unidos e associados.
Enquanto isso, uma corriola de imbecis encastelados continuará possuindo o controle da mídia e inundando de sandices as descuidadas mentes cidadãs.
E mais: veja em Porfírio Livre cenas que a mídia não mostra: a execução de soldados líbios prisioneiros dos insurgentes que se apresentam como a inocente população civil.
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