Zé Dirceu, um extraordinário quadro político
Mostrando postagens com marcador zé dirceu. Mostrar todas as postagens
Mostrando postagens com marcador zé dirceu. Mostrar todas as postagens
Autocrítica, por Aldo Fornazieiri
***
- Se o erro foi ser republicano? inda bem que o PT errou. Se cometeu o mesmo erro? melhor ainda.
Obrigado Dirceu! Obrigado Vacari! Obrigado Dilma! Obrigado Lula e todos que contribuíram para que muitos brasileiros dormissem sem fome!
Obrigado Dirceu! Obrigado Vacari! Obrigado Dilma! Obrigado Lula e todos que contribuíram para que muitos brasileiros dormissem sem fome!
Sempre que alguém se dispõe a falar sobre a necessidade de o PT fazer uma análise crítica e autocrítica profunda de sua trajetória no governo é preciso que se prepare para a saraivada de pedradas que irá receber de setores do partido. Mas, agora, foi nada menos que Zé Dirceu, um ícone histórico do petismo, que cobrou a necessidade de uma autocrítica partidária. Cobrou até mesmo porque ele a fez, como se verá logo adiante.
Antes, contudo, é preciso dizer que Zé Dirceu, sem dúvida, cometeu muitos erros, mas também foi um líder de muitas virtudes. Nem cabe aqui e nem é o tempo de se fazer um balanço dos vícios e virtudes dele. É preciso ter paciência e esperar mais tempo antes que a Coruja de Minerva alce vou ao entardecer do nosso atual período histórico, deste tempo presente. Se é verdade que a prisão e a interdição de Lula e a vitória de Bolsonaro inauguram uma nova fase história, ela, contudo, está dentro do mesmo período que se inciara com a redemocratização, com a Constituição de 1988, com o impeachment de Collor, com os governos de FHC, com os governos petistas, com a crise e o golpe contra Dilma e com a vitória da extrema-direita. Provavelmente, o destino do governo Bolsonaro formará os contornos finais desse período. O papel e a figura de Zé Dirceu, assim como de outras figuras importantes do PT, terão que ser avaliados dentro de todo esse contexto.
Por mais críticas que se possa ter a Zé Dirceu, algumas coisas são inegáveis quanto às suas virtudes: sem ele o PT não seria o que foi e é; junto com Lula, foi artífice do PT que chegou ao poder e que entrou em crise nesse mesmo poder; trata-se de um político com grande capacidade de análise da situação histórica e conjuntural; tem a virtude da coragem, essencial na vida política; adota a crítica e a autocrítica como método de análise e ação política, algo imprescindível às necessárias correções de rumos, pois a ação política sempre está sujeita às interdições do imprevisto, do acaso e do contingente.
Ao emitir uma avaliação sobre o significado da vitória e sobre o futuro do governo Bolsonaro, há poucos dias, no lançamento de seu livro de memórias, Zé Dirceu fez uma autocrítica, pois teve a coragem de dizer que houve uma subestimação do potencial político da extrema-direita. De fato, algumas semanas antes, em entrevista ao El País, Dirceu avaliava que seria "uma questão de tempo o PT tomar o poder" e antevia uma derrota de Bolsonaro.
Já no lançamento do livro de memórias, mesmo classificando o resultado da votação de Haddad como heroico, Dirceu foi contundente tanto nas críticas, quanto nas advertências em relação ao futuro. Abra-se um parêntese aqui para dizer que um líder político sábio e prudente deve se esmerar mais no proferir as advertências e os perigos do que na emissão das promessas e esperanças. As esquerdas sempre erram nisso. Eis as advertências de Zé Dirceu: é preciso não se iludir; o governo Bolsonaro tem base social e popular; tem força e muito tempo pela frente; o governo vai transformar a segurança pública em pauta; "estamos na defensiva. Fomos derrotados. Precisamos de sabedoria política".
Os tons autocríticos de Zé Dirceu em relação à política do PT são os seguintes: o partido perdeu bases para Bolsonaro; a direita chegou no Brasil profundo e o PT não estava lá; o discurso anticorrupção é suporte histórico da ação da direita contra as forças populares; o PT não consegue se defender dos ataques em torno desse tema; em 13,5 anos de poder, o PT se afastou do dia a dia do povo; o PT pouco tem a dizer às famílias que têm filhos drogados e sobre segurança pública; o PT foi derrotado ideologicamente para a direita e o PT não percebeu a importância da guerra do Whatsapp. Defender a democracia, lutar pela liberdade de Lula e pela anulação do processo que o condenou e formar uma frente comum de ação com os partidos progressistas são algumas tarefas que Dirceu apontou como fundamentais na conjuntura que vem pela frente.
O drama de tudo isso é que quando se ouve ou se lê análises e discursos de dirigentes do PT e de outros partidos progressistas não se consegue perceber que o campo progressista e de esquerda precisa de uma reorientação e de uma redefinição de rumos e de reorganização. O tom dos discursos é o mesmo do início do processo do impeachment e do golpe que teve seu capítulo final na vitória de Bolsonaro: anúncio de palavras de ordem triunfalistas que se traduzem em derrotas. Da mesma forma em que os partidos não fizeram análises consistentes da vitória de Bolsonaro para orientar a militância, agora se ouvem e se lêem opiniões arrogantes acerca da composição do ministério e do governo.
Os partidos progressistas e de esquerda precisam responder às seguintes questões: quais foram as razões históricas e conjunturais que determinaram a vitória da extrema-direita; quais foram os erros cometidos pelas esquerdas nos últimos tempos e na campanha eleitoral; quais as perspectivas e as tendências do governo Bolsonaro; quais as ações políticas que os progressistas e as esquerdas devem adotar em face do governo Bolsonaro e de suas perspectivas; como os progressistas e as esquerdas devem se reorganizar para fazer frente à nova fase histórica que se abre. Isto é: onde se organizar; como se organizar; como se comunicar; qual o programa; quais os valores; quais as lutas específicas prioritárias; qual o papel dos movimentos sociais; como travar a luta parlamentar e institucional; qual deve ser a relação e o grau de organização entre os partidos e movimentos progressistas e de esquerda.
São um conjunto de questões para as quais não há respostas. As esquerdas não conseguiram perceber que foi no campo dos valores, na redefinição do conceito de inimigo interno e no conceito de política como guerra que se definiu a estratégia vitoriosa da extrema-direita. Os dirigentes dos partidos, dos sindicatos e de muitos movimentos sociais precisam dar respostas. Sem essas repostas não dirigem. São burocratas de suas organizações. Faz tempo que a militância e o ativismo progressistas e de esquerda carecem de direção e de rumo. Não é nem com palavras de ordem ocas, nem com receituários de políticas públicas e nem com piqueniques cívicos na Avenida Paulista que os dirigentes darão direção e sentido às lutas.
Não basta também uma plataforma e um programa mínimo. É preciso se enraizar na sociedade, nas periferias, chegar lá onde não se tem chegado. É preciso compreender como funcionam e saber usar os novos meios de mediação política entre as pessoas, algo que as esquerdas perderam terreno, pois agem de forma analógica. É preciso compreender que somente a mobilização social e política produz novas lideranças, projeta liderança e reputação política e social. Foi aqui onde a extrema-direita se fez e se projetou. Se persistir a avaliação de que a vitória de Bolsonaro foi a manifestação do desígnio do destino ou de outra força qualquer e não fruto dos erros das esquerdas e dos progressistas e dos acertos estratégicos da direita se estará cavando os sepulcros de novas derrotas.
Zé Dirceu - não temos o direito de errar de novo
O ano de 2017 seguramente se encerra de forma tragicômica, com o espetáculo da Suprema Corte e do Senado fazendo justiça unicamente para Aécio Neves.
Antes valia tudo: ônus da prova cabendo ao acusado, condenação sem provas (por convicção ou pela literatura jurídica), domínio do fato (uma aplicação que nem o autor da teoria aprova) e trânsito em julgado parcial, com execução penal após condenação em segunda instância.
Paralelamente, o país assiste, bestificado, ao festival de compra de votos e de barganhas para livrar o usurpador de ser processado por denúncia apoiada em delações altamente suspeitas, forjadas a fórceps. À base de chantagem, fraude e escutas arquitetadas a quatro mãos, entre a Procuradoria Geral da República e investigados também suspeitos de tramarem nas sombras a montagem de falsas provas e flagrantes.
Tudo pode acontecer. Menos anular delações, por mais ilegais que sejam. Não importa se fraudadas e montadas por meios criminosos, sob a suspeita de colaboração com os delatores, inclusive de membros da própria PGR.
A ladainha é que ilegalidades e práticas condenáveis não contaminam as delações, como se elas se constituíssem em provas em si e de per si, por um sopro divino. Mas o que se constata é a interferência da mão um tanto demoníaca, vingativa e punitiva da PGR.
Enquanto isso, vende-se o país, violentam-se e extinguem-se direitos. Até o da liberdade do próprio trabalho, por meio de um decreto infame, restabelecendo a escravidão.
Nada detém a sanha dos que traíram o juramento constitucional e o pacto social e político que refundou nossa democracia. Por dinheiro e poder, não descartam o uso da força, como alertam seus apaniguados mercenários, pois há que proteger e sustentar o rentismo e a usura, em nome de promessas que jamais serão cumpridas. Como não foram no passado recente, seja na ditadura ou na era FHC.
Não satisfeitos com o golpe, praticam o poder sem limites, delegado por um Congresso Nacional submisso e vendido em praça pública. Não se inibem com a vizinhança de uma Suprema Corte entretida com discursos retóricos sobre a moralidade e os princípios constitucionais que os próprios ministros rasgaram ao darem passagem a um golpe parlamentar agora desmascarado, porque comprado com dinheiro da corrupção. Fato que se tornou público e notório e que todos os integrantes do STF estavam cansados de saber – é vedado a eles o direito de alegar desconhecimento, engano ou engodo.
E a força do poder real se manifesta no mercado, no capital financeiro bancário, nos interesses dos rentistas. Assim como na tecnoburocracia policial e judicial encastelada no Estado, ávida por ascender à faixa do 1% habitada pelos mais ricos, com seus estilos de vida luxuosos e faustosos, almejando ser celebridade. Manifesta-se também na mídia controlada pela família Marinho, uma das mais ricas do país – riqueza conquistada à sombra da ditadura, manchada pelo sangue dos torturados e assassinados, pela corrupção sistêmica e impune da era militar.
Essa tríplice aliança decretou que Lula não pode ser candidato, que nosso povo não pode ser nacionalista, que o Estado não deve e não pode ser de bem-estar social. E que o trabalho e sua renda, como toda renda, devem servir ao deus mercado – leia-se, ao interesse da minoria dominante.
A eleição acontecerá, apesar de desejo explícito das elites de acabarem com ela, seja pelo prolongamento do golpe parlamentar, com um quê de legalidade e moralidade via parlamentarismo e voto distrital.
Mas o medo do povo — afinal, os políticos têm que salvar a própria pele e precisam pensar nas próximas eleições — emperra as reformas “salvadoras” e já derrotou o distritão. E a reação dos trabalhadores das cidades e do campo e das classes médias, duramente atingidos pelas reformas, certamente irá colocar em risco a reeleição de centenas dos hoje servidores fieis do golpista – e que amanhã serão opositores desde sempre.
Tudo estava preparado para a eliminação civil e, se possível, física de Lula, com condenação de dezenas de anos de prisão, sem direito de responder em liberdade, após condenação em segunda instância. Mas eis que o povo não desiste e insiste em eleger Lula presidente pela terceira vez, incapaz de entender os desejos dos senhores da vez. Não por ignorância, mas por desconfiança, conhecimento e experiência passada.
Não podemos nos comportar como se nada tivesse ocorrido. Nem o golpe e nem a perseguição implacável a Lula e ao PT, com sistemática campanha de criminalização do ex-presidente e do nosso partido. Tampouco toda a violência estimulada pela mídia contra nós, desde as manifestações de 2013. Manifestações copiadas e manipuladas pela direita e pelos golpistas com apoio externo – hoje comprovado -, a serviço das privatizações e da entrega do patrimônio nacional. Indignação, revolta e protestos que desapareceram não só da mídia e dos tribunais, mas também das ruas, quando chegou a hora do PSDB, da mídia, dos bancos e da própria Justiça.
Nenhum de nós poderá, de boa-fé, alegar desconhecimento do que significa o golpe em marcha, até pela experiência histórica do caráter violento e da total ausência de qualquer compromisso moral por parte de nossos adversários, da nossa direita e da nossa elite. Eles jamais vacilam e são capazes de toda violência e do uso da força, como vimos várias vezes em nossa história e das quais estamos agora mesmo sendo vítimas.
Daí, a necessidade urgente de dizer em alto e bom som que é preciso se preparar para fazer Lula candidato, garantir seu registro, fazer sua campanha, vencer a eleição e garantir sua posse. Uma vez no governo, garantir o exercício do poder para fazer as mudanças estruturais que o país exige, sob pena de governamos para eles, para gerir sua crise e atender a seus interesses, não os da nação e do povo.
E só há uma forma, uma maneira de garantir a eleição de Lula e o exercício do governo: com poder. E o único que temos para garantir o poder é a consciência política e social de nosso povo, sua organização e mobilização, a luta nas ruas, bairros, fábricas, campos, escritórios, comércios, escolas de todo o país. Começando por organizar um, dois, três…centenas, milhares de comitês em defesa de Lula, com o povo, ao lado do povo e pelo povo trabalhador. Fora disso, vamos lançar nosso país e nosso povo numa aventura e, como sempre acontece, quem pagará o preço da reação dos de cima será o próprio povo trabalhador e seus filhos, incluindo seus legítimos líderes e condutores.
Não temos o direito de errar de novo, como no impeachment, quando não fomos capazes de defender a Constituição e o mandato popular soberano da presidente eleita em 2014.
Que a lição nos ensine que não há alternativa, a não ser a luta e o combate no nosso campo, com nossas armas. E não no campo e com as armas do adversário, ou inimigo – se formos tratá-los como eles nos tratam.
A hora é de definições, de escolher o lado e a luta, criar um, dois, três…muitos comitês, tantos quantos forem necessários para fazer Lula candidato, vencer a eleição, tomar posse e governar com o povo.
Essa parece ser do patriota José Dirceu
Deputado anti-impeachment vence e será candidato do PMDB na Câmara
POR FERNANDO BRITO · 12/07/2016
Marcelo Castro, ex-ministro da Saúde do Governo Dilma, venceu a eleição interna do PMDB para ser o candidato – formalmente – do partido. Teve 28 votos entre os 46 deputados presentes à reunião, da bancada de 66 no total.
Castro votou (veja o vídeo, abaixo) contra o impeachment de Dilma.
Começa agora a corrida para eliminar os “independentes” da disputa de amanhã.
É que, se a esquerda se somar a Castro, embola a disputa por um eventual segundo turno na eleição do novo presidente da Câmara.
A dupla dada como “barbada” para isso – Rogério Rosso e Rodrigo Maia passa a ficar ameaçada.
Não quer dizer que Temer corra o risco de perder.
Mas que tenha de se expor, numa disputa de segundo turno, a apoiar Rosso, o candidato de Cunha, contra um candidato de seu próprio partido.
Se Castro for candidato para valer – e seu voto no impeachment não dá mostras de que seja dado a farsas – além dos votos que teve na reunião de bancada,alguns desgarrados, tem a possibilidade de atingir mais de 120 votos, algo próximo dos 137 contrários à destituição de Dilma Rousseff.
O que deve fazer o Governo Temer a desembarcar de vez na candidatura Rosso, para liquidar a fatura.
DEM, PSB e PSDB têm de encarar a realidade: seu papel é de coadjuvantes.
Educação e Política
"Fernando Pimentel (PT), e o Sindicato Único dos Trabalhadores em Educação de Minas Gerais (Sind-UTE)assinaram um acordo que vai possibilitar o pagamento do Piso Salarial Profissional Nacional para os professores, a extinção do regime de subsídio e o descongelamento das carreiras, com isonomia de tratamento para todas as carreiras da Educação e entre servidores ativos e aposentados.
Tanto no portal do governo quanto no do sindicato dos professores o acordo é considerado “histórico”. “Minas Gerais demorou sete anos para cumprir uma lei que é de 2008. Então, o nosso estado está devendo muito à educação. Essa é uma conquista da nossa luta, do esforço que a categoria tem feito para fazer valer os seus direitos. Não estamos assinando esse acordo agora porque temos um governo bonzinho. De fato, reconhecemos o esforço de sua equipe em negociar, mas fizemos muito para conquistar esse momento histórico”, disse a coordenadora-geral do Sind-UTE/MG, Beatriz Cerqueira, em matéria no portal do sindicato.
É verdade: toda conquista dos trabalhadores depende de muita luta. Mas é verdade, também, que o governo de Minas Gerais apostou no diálogo, na recuperação dos salários dos professores e no pagamento do piso nacional, na valorização da carreira, na contratação de novos servidores para a educação no estado, na anistia dos períodos de greve entre 2011 e 2014, na realização de eleições para diretores de escola. Veja aqui a íntegra do acordo aqui.
Não há como não comparar essa notícia às notícias de tiro, porrada e bomba do governo Beto Richa (PSDB) nos professores do Paraná e no silêncio sorridente do governador Alckmin (PSDB) a respeito das justas demandas dos professores estaduais de São Paulo, em greve desde março."
por Zé Dirceu
Zé Dirceu | Um novo acordo partidário e uma nova direção para esse período histórico
Continuamos órfãos de um programa de governo e de reformas. Agora, pensem, até o PMDB reclama dessa ausência. Deve-se a ela a fraqueza do ajuste fiscal, um ajuste descolado de um projeto claro de retomada do crescimento e do desenvolvimento; e também a ausência de propostas de reforma tributária e de como financiar nosso desenvolvimento nesse novo ciclo. A falta de um programa de governo e de reformas abre espaço para episódios como o do fator previdenciário. Mas também cria condições para um debate que leve à construção de alternativas a longo prazo. É urgente que o país enfrente a questão dos juros e câmbio. E também do papel do Estado e do capital financeiro, que busca desconstituir o setor público bancário para impor de vez um monopólio sobre o dinheiro nunca visto em nenhum pais ou época histórica.
A tensão e as divisões no PT aumentam na medida em que as decisões e ações do governo se opõem ao programa partidário ou a decisões da direção. Cria-se, assim — em um período de defensiva, quando o partido mais precisaria de unidade e direção –, um clima de tensão e dissidências, nem sempre contrárias ao ideário petista mas contra medidas propostas pelo governo. Um exemplo: faz tempo que o Diretório Nacional do PT pede uma alternativa para acabar com o fator previdenciário. Logo, os deputados que votaram pelo seu fim podem alegar que seguiram orientação partidária e que os que apoiaram o governo não. E aí cria-se uma situação injusta com os parlamentares que votaram segundo orientação do governo e a bancada arcando com o ônus político do voto contra.
Tudo indica que o PT chegou ao limite na relação com o governo, o governo do próprio PT. E que chegou a hora de uma redefinição e repactuacão partidária. Nada melhor que o congresso partidário de julho para enfrentar os dilemas e desafios do PT, que mais um vez tem um encontro marcado com sua história e com seu legado de governo.
O período atual é o mais grave que o partido enfrentou. Há uma decisão evidente das forças conservadoras de destruir o PT e de derrotar — se não derrubar — o governo Dilma. É preciso combater em diferentes frentes e são necessários um novo acordo partidário e uma nova direção para esse período histórico. Antes que seja tarde.
Dirceu, como o maior amigo e o maior inimigo de Fidel celebraram a paz
por André Araújo
- Poucos políticos brasileiros tem a flexibilidade mental, o auto controle e a mente organizada como o ex-Ministro José Dirceu. A ele se deve a existência do PT, sem sua capacidade de organização de um lado e de estrategia de composição de forças de outro o PT não teria existido e Lula poderia no máximo ser um líder sindical, como Paulinho da Força. Foi graças a Dirceu que o projeto do PT se materializou.
Talvez por isso Zé Dirceu é alvo recorrente das forças antipetistas que se aglutinam de forma cíclica por espasmos.
Antes do PT ganhar a primeira eleição em 2012 o Governo dos EUA estava preocupado com a surgencia de um novo Chavez na América do Sul, seria Lula igual ou pior que Chavez? A importância estratégica do Brasil é muito maior que a Venezuela, Equador e Bolívia somados e multiplicados. A preocupação de Washington era real e justificada.
Quem representava essa nova força de esquerda, qual personagem seria o cérebro do movimento que estava por ganhar o governo do Brasil, aliado histórico dos EUA? Não houve necessidade de pesquisa, o cérebro era Zé Dirceu.
José Dirceu: É hora de ir às ruas e exigir Plebiscito Já!
Apesar de líderes partidários terem anunciado que descartaram a realização do plebiscito da reforma política para valer já em 2014, nem o governo e nem o PT desistiram da consulta. Pelo contrário, já avisaram que vão continuar lutando para tirar o plebiscito do papel.
Os líderes partidários substituíram a ideia de plebiscito pela criação de um grupo de trabalho para debater o tema, com a possibilidade de fazer um referendo depois.
Mas o ministro da Secretaria-Geral da Presidência, Gilberto Carvalho, disse que o governo mantém sua convicção no plebiscito, a melhor maneira de ouvir a voz da população sobre um tema importantíssimo. "Não vamos abandonar de maneira nenhuma a ideia da consulta, a ideia da participação, a ideia da reforma política, são eixos que se estruturam numa perspectiva de mudar de fato aquilo que o povo quer que se mude, que é nossa cultura política no país", diz o ministro.
Tem todo o nosso apoio o ministro. A decisão dos líderes, na verdade, se trata fundamentalmente sobre o PMDB, já que, se ele apoiar a iniciativa de PT-PCdoB-PDT (que querem o plebiscito), com certeza juntos poderiam aprovar a proposta da presidenta Dilma Rousseff.
O PSB,como vemos, ficou contra a consulta popular. Já os demais partidos sempre foram contra a reforma política, com exceções como o DEM.
Não resta ao PT outro caminho que não seja o de apelar para a cidadania e as ruas, ao mesmo tempo que, junto como PCdoB e o PDT, tentar colher assinaturas de 171 deputados para um decreto legislativo convocando o plebiscito.
O PT deve buscar apoio para uma emenda de iniciativa popular convocando um plebiscito para a reforma política, mobilizando a maioria da sociedade, que apoia a consulta e quer as mudanças.
Ir para as ruas do país em busca de milhões de assinaturas exigindo a reforma política via plebiscito.
Combate à corrupção
O ministro Gilberto Carvalho diz que o plebiscito precisa ter efeito nas eleições de 2014. "Não consigo imaginar um combate adequado à corrupção sem uma reforma política. O povo pediu, quer uma mudança política de profundidade. Acho que a presidenta acertou em cheio quando lançou essa proposta porque ela corresponde exatamente ao anseio mais profundo das ruas que é o anseio pela renovação na política", disse.
"Vamos ver que passo podemos dar, há outras possibilidades que temos que discutir com a sociedade. Seguiremos dialogando. O governo abriu os ouvidos para as ruas, teve e tem sensibilidade."
Vamos dar uma ajuda à VEJA, que não informa seus leitores
VEJA registra minha presença em Caracas, onde estou com muito orgulho participando da 18ª edição do Foro de São Paulo com debates sobre temas relativos ao desenvolvimento da democracia e o que os países precisam fazer para sair desse ciclo infernal de crise em cima de crise que o atual estágio de capitalismo mundial nos colocou a todos.
A foto tem muitas personalidades, como o presidente Hugo Chavez (à direita), ministros e líderes de vários países. Mas, para a VEJA, o que importa é a minha presença. Como vocês podem ver estou lá sim, à esquerda e ao alto com muita satisfação. Veja abaixo:
O Foro de São Paulo é formado por partidos de esquerda de todo o mundo. E embora a VEJA não explique, nesta semana, aqui em Caracas, cerca de 600 delegados de quase 100 partidos de esquerda prestigiaram o evento.
Ele foi aberto na 4ª feira (4), sob o lema “Os povos do mundo contra o neoliberalismo e pela paz”, e termina hoje. Dentre outros temas, tratamos da destituição do presidente Fernando Lugo no Paraguai, das eleições de outubro na Venezuela, da reivindicação argentina pelas ilhas Malvinas e das ameaças contra a democracia em vários países.
Vídeo que mostra Carlinhos Cachoeira e Waldomiro Diniz negociando propina é de 2002 e não de 2004, como afirma atualmente parte da imprensa. Outra gravação explica motivação política para divulgação da fita.
Tenho acompanhado o noticiário sobre a operação Monte Carlo, da Polícia Federal, apenas pelos jornais e é preciso corrigir uma série de inverdades que jornalistas e colunistas estão tomando como verdade. Afirmam que a primeira gravação envolvendo Carlinhos Cachoeira é de 2004 com Waldomiro Diniz, então assessor da Casa Civil. Isso é mentira. O vídeo, na verdade, fora gravado em 2002, quando Waldomiro ainda trabalhava na Loterj, no Rio de Janeiro. Portanto, como provou a Justiça, não há qualquer relação com as atividades do governo a partir de 2003.
Havia sim (como ainda há hoje) uma preocupação em me atingir e também ao governo do presidente Lula. Isso ficou claro a partir de uma gravação que mostra o ex-subprocurador-geral da República, José Roberto Santoro, tomando depoimento extraoficialmente de Carlinhos Cachoeira em plena madrugada, em Brasília. Santoro tenta convencer Cachoeira a entregar oficialmente a fita com a gravação feita em 2002 e admite o foco em atingir o governo. Ele também se diz preocupado com a reação de seu chefe, o então procurador-geral da República Cláudio Fontelles, caso flagrasse a negociação com Cachoeira.
O depoimento durou mais de quatro horas. Por volta das 3 da manhã, Santoro narra como seria a reação de Fontelles: “você é subprocurador-geral. Não tem que ficar na Procuradoria, de madrugada tomando depoimento dos outros. Tudo tem um limite”. Mais adiante, Santoro insiste no mesmo ponto: “ele vai chegar aqui e vai dizer ‘o sacana do Santoro resolveu acabar com o governo do PT e para isso arrumou um jornalista, juntaram-se com um bicheiro e resolveram na calada da noite tomar depoimento. Não foi nem durante o dia. Foi às três horas da manhã”. Em outro trecho, diz: “ele vai vir aqui e vai ver tomando depoimento para, desculpe a expressão, ferrar o chefe da Casa Civil da Presidência da República, o homem mais poderoso do governo, ou seja, para derrubar o governo Lula”.
A gravação do depoimento extra-oficial de Cachoeira a Santoro foi levada ao ar pelo Jornal Nacional no dia 30 de março de 2004. Segundo a TV Globo, áudio foi periciado e teve sua autenticidade confirmada. (Confira o vídeo)
Homem mandão
Entrevista do mês: feita por Zé Dirceu com Clara Charf - viúva de Carlos Marighella -
Quem diria que a linda aeromoça alagoana Clara Charf viria, um dia, a se casar com um dos homens mais procurados por mais de uma ditadura deste país, o guerrilheiro baiano Carlos Marighella, fundador da Ação Libertadora Nacional (ALN), uma das dissidências do Partido Comunista Brasileiro!
Foi o que aconteceu e sua vida nada teve de comum. Companheira de um dos mais emblemáticos líderes da esquerda brasileira, Clara viveu as agruras da clandestinidade, viu o sol nascer por trás das grades e foi obrigada a se exilar. Mas quem a vê, hoje, nos seus 86 anos, não enxerga nesta simpática senhora uma gota de rancor em relação às durezas pelas quais passou. Aliás, se surpreenderá com o bom humor e o brilho nos olhos desta sra., uma testemunha ímpar da história deste país.
Mais do que apenas mulher de Marighella, Clara se provou, ela própria, uma ativa militante. Atuante defensora da causa da mulher, faz sua voz ser ouvida seja no PT, seja no Conselho Nacional dos Direitos da Mulher, da Secretaria Especial de Política para as Mulheres da Presidência da República, seja na Associação Mulheres pela Paz ao Redor do Mundo, ou na Comissão de Mortos e Desaparecidos.
Neste 8 de março em que comemoramos o Dia Internacional da Mulher, entrevistamos Clara. Uma prazerosa tarefa, aliás. E quem ler a entrevista abaixo, notará que, além de dar respostas, ela inverte o jogo, é adepta a perguntas e a questionamentos. Como não respondê-los? Confira, a seguir, uma deliciosa conversa com esta grande companheira.
[José Dirceu] Você diria que o Brasil é um país machista?
[ Clara Charf ] Não conheço nenhum país que não seja. Agora, isso não quer dizer que todas as pessoas neste ou naquele país sejam machistas. Essa é uma questão de indivíduos. Muitas pessoas nem sabem o que significa ser machista. Quando eu comecei a militar, machista era um adjetivo que eu nunca tinha ouvido. Existia apenas a noção do “homem mandão”, lá no Nordeste, quando comecei a despertar para algumas coisas.
Lembro que havia uma vizinha nossa, portuguesa, que tinha um marido que era um malandro. Ela ficava o dia todo lavando o terno dele, lavando e passando roupa, cuidando das filhas, fazendo de tudo... Ele saía, belo e formoso, ela só conversava com a minha mãe, por cima do muro. Nunca ia a lugar algum.
Eu ia a pé para o trabalho - era bancária naquela época - e um dia, de repente, olho e lá estava o marido da dona Helena, de terno passado, com chapéu, agarrando uma mulher, em público, ao meio dia. Fiquei possessa! Ao voltar à noite, eu soltei: “Mamãe, eu não vou me casar nunca”. Continua>>>
Raio X do processo que Zé Dirceu responde no STF
São 18 páginas que merecem ser lidas.Retratos do Brasil (RB) traz, na edição deste mês, reportagem sobre a Ação Penal nº 470 - mais conhecida como processo do "mensalão". Recomendo sua leitura, sobretudo para quem não compreende os intrincados trâmites do processo. Trata-se de jornalismo investigativo, de fôlego, daqueles que víamos antigamente quando a imprensa e seus profissionais tinham por principal objetivo esclarecer os seus leitores.
Nesse relato jornalístico vocês poderão entender o que é chamado pela mídia e pela oposição de "mensalão"; quais acusações realmente pesam sobre o PT e suas lideranças; o que foi levantado no decorrer dos últimos sete anos de investigações sobre o caso; e, por que, da noite para o dia, José Dirceu de Oliveira e Silva - este que vos fala - foi transformado em “chefe de quadrilha”, apesar de contar com 40 anos de vida pública em defesa deste país.
RB começa a matéria lembrando o clima no país quando da aceitação da denúncia pelo STF. Traz importantes informações - não apenas sobre os acontecimentos - mas sobre os principais nomes envolvidos: além de mim, o do parlamentar Roberto Jefferson (PTB), que teve seu mandato cassado exatamente por não ter apresentado provas que sustentassem a tese do mensalão; o do publicitário Marcos Valério; e o do ex-tesoureiro petista e amigo Delúbio Soares (PT).
Falácia
A reportagem explica - ponto a ponto - a denúncia. Informa que se trata de dois delitos de tipos diferentes: o de “caixa dois”, já admitido pelo PT; e a tese do PT ter "formado uma ´organização criminosa´ com apoio do governo federal e da mais alta direção do partido a fim de violar as mais diversas leis, principalmente pela corrupção do processo legislativo, com o suborno de deputados e senadores para que votassem com o governo". É nisso que se consiste a falácia chamada de "mensalão".
Aguardo com serenidade e tranquilidade o processo começar. Como sempre afirmei neste blog, sou inocente e quero que o julgamento ocorra o mais rápido possível. No ano passado, todos os réus foram ouvidos e apresentarem suas testemunhas. Não há nada que me desabone ou prove algo contra mim. Não há e não haverá, insisto.
Acessem aqui o texto "Com a faca no pescoço, ou sem a faca?" disponível no site da RB. E não deixem de comprar a revista nas bancas, e ler a íntegra da reportagem "Mensalão, sete anos de escândalos".
por Zé Dirceu
Duas notícias que a rivistinha e o Pig não gostam dar
A primeira é que fui absolvido em mais um processo judicial em Brasília, parte dos vários que moveram contra mim quando de minha saída do governo e de cassação do meu mandato de deputado federal. Tenho sido absolvido em todos os julgados desde então. A segunda notícia é que a VEJA foi condenada a pagar indenização por danos morais ao deputado Carlos Augusto Abicalil (PT/MT).
No meu caso, a Justiça Federal concluiu “não haver qualquer indício de ato de improbidade” cometido por mim durante o período em que fui ministro de Estado, em que exerci a chefia da Casa Civil da Presidência da República, no primeiro governo Lula. Por isso determinou a retirada de meu nome de processo movido na 9ª Vara Federal Judiciária do Distrito Federal.
A ação por improbidade administrativa havia sido proposta pelo Ministério Público Federal – o mesmo que, sem relacionar nenhum fato concreto, nenhuma prova, acusou-me de comandar um suposto esquema de compra de votos.
Propuseram cinco ações sobre os mesmos fatos
Esta denúncia, que a mídia chama de mensalão, jamais foi comprovada, mas deu origem ao processo em tramitação no Supremo Tribunal Federal (STF) e a mais cinco contra mim - entre estes o que agora acaba de inocentar-me.
Em sentença publicada no Diário da Justiça, o juiz da 9ª Vara, Alaor Piacini, acolheu defesa e me excluiu liminarmente da ação. Considerou não haver quaisquer indícios de ato de improbidade praticados por mim e criticou os procuradores da República por proporem cinco ações de improbidade versando sobre os mesmos fatos.
No caso do deputado Carlos Abicalil, a indenização por danos morais é de R$ 20 mil, a ser paga solidariamente pela Editora Abril e pelos autores da reportagem "Não li e não gostei" veiculada na VEJA edição de nº 1938, veiculada em 11 de janeiro de 2006.
Sobre Abicalil, informações inverídicas e injuriosas
Na matéria os repórteres afirmam que Abicalil teria sido escalado para integrar a CPI dos Correios (2005) com a incumbência de tentar melar o andamento das investigações em relação ao chamado "mensalão". A justiça reconheceu que a revista publicou afirmações inverídicas e injuriosas.
Na sentença o juiz considerou que houve extrapolação da ré (VEJA) no seu direito de informar e noticiar fatos. De acordo com o magistrado, ao atribuírem a pecha de "especialista em trabalhos sujos" ao deputado, os autores do texto lançaram conceitos lesivos à honra do parlamentar.
O relator do recurso confirmou a condenação imposta pelo juiz afirmando: "a dignidade da pessoa humana é um bem tão importante que está garantido na Constituição Federal. A liberdade de imprensa não autoriza o uso de palavras injuriosas que acarretem danos à honra e à imagem dos indivíduos".
por Zé Dirceu
Por que o ódio do Pig a Zé Dirceu?
Foram raras as ocasiões,
O comando dessa unanimidade é pautado por um curioso senso de urgência. Não há pressa para atenuar os problemas estruturais do país e suas estruturas arcaicas. Só se fala em ação imediata quando o assunto é condenar o “chefe da quadrilha”, montada a partir do Palácio do Planalto para comprar apoio político no Congresso. Poucas vezes, em um lance da política, tantos conseguem perder ao mesmo tempo e na mesma dimensão. Na sua sanha inquisitorial, a grande imprensa dá mostras de pusilanimidade, de um espetáculo de fraqueza para dentro de si mesma e de leviandade para fora. Sai em frangalhos, mas persevera no que considera uma questão de honra.
Pouco importa que falte materialidade e provas, é preciso requentar o noticiário para criar condições políticas que permitam ir adiante. Mas afinal o que move o ódio a José Dirceu? O que o torna inimigo público de um esquema de forças que, em passado recente, foi impecável em sua trajetória de encurralar o país, em nome do desvairado fundamentalismo de mercado?
Desde 2002, paira sobre Dirceu o estigma de maquiavelismo. Seria apenas um homem de poder, basicamente orientado para sua conservação, um homem do contingente, que não faz política para a história? Os fatos e o decurso do tempo respondem à acusação. O que torna impossível à grande imprensa aceitar um retrato favorável do ex-ministro é a sua originalidade como operador político de esquerda.
Todos sabemos que um fato notável da política brasileira é que, apesar de sucessivos deslocamentos políticos, desde a redemocratização do país, a hegemonia dos processos de transição encontra-se com a mesma burguesia, condutora do golpe de 1964. Hábil nas transações com o capital estrangeiro, das quais auferiu vantagens para fortalecimento próprio, a burguesia brasileira não foi menos sagaz no manejo do jogo político.
Comprova-o a obra-prima que foi a eleição de Tancredo Neves (por mecanismo antidemocrático imposto pelo regime militar), os anos Collor e os dois mandatos de FHC. Para termos noção do que isso representou, até o PT, oposto à coligação tancredista, não deixou de sentir a sua pressão, que lhe provocou rachaduras parlamentares e perda de apoio em setores expressivos da classe média.
Desde a política de alianças que levou Lula à presidência, em 2002, às articulações na Casa Civil, Dirceu frustrou expectativas que alimentavam os cálculos das elites desde sempre encasteladas nas estruturas do Estado. O PT que chegava ao poder seria um partido atordoado por suas divisões internas e mergulhado em indefinições estratégicas. Um desvio de curso que não teria vida longa.
A direita apostava na incapacidade do PT em administrar o pragmatismo de um estado corrupto e patrimonialista, como o nosso. Lembram-se do Bornhausen e do Delfim? Previam, no máximo, dois anos de governo para o PT em meio a crises institucionais. Coube ao Zé Dirceu, o "mensaleiro", a função de viabilizar a governabilidade de Lula e não permitir que esse governo fosse vítima de crises agudas e sucessivas.
Quando Dilma Vana Rousseff, oito anos depois, foi eleita a primeira mulher presidente da República do Brasil, com mais de dez pontos de vantagem sobre seu adversário, José Serra, muitos exaltaram a força do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Do alto de seu capital político, Lula teria passado por cima do PT, escolhido sua candidata e conseguido eleger como sucessora uma ex-assessora de perfil técnico, estabelecendo um fato inédito: o terceiro mandato presidencial consecutivo para um mesmo partido eleito democraticamente.
Nada disso está incorreto, mas peca pela incompletude. Ferido, contundido nos seus direitos, o operador político José Dirceu teve um papel fundamental para o aprofundamento da democracia brasileira. Talvez, quando o então presidente do TSE, Ricardo Lewandowski, confirmou oficialmente a vitória de Dilma, Dirceu tenha cantarolado os versos de Aldir Blanc: “Mas sei / que uma dor assim pungente / não há de ser inutilmente”.
Questões de justiça são questões de princípio. Ao contrário do que pensam a imprensa golpista, seus intelectuais orgânicos e acadêmicos subservientes.
na conturbada história política brasileira, houve tamanha unanimidade em torno de qual deve ser o destino de um ator político relevante. Diariamente, em colunas e editorias dos jornalões, em solenidades com acadêmicos e políticos de extração conservadora, em convescotes de fim-de-semana da burguesia "cansada", todos os que chegam aos holofotes da mídia proferem a mesmíssima sentença: é preciso banir de uma vez por todas da vida pública o ex-ministro
Zé Dirceu.O comando dessa unanimidade é pautado por um curioso senso de urgência. Não há pressa para atenuar os problemas estruturais do país e suas estruturas arcaicas. Só se fala em ação imediata quando o assunto é condenar o “chefe da quadrilha”, montada a partir do Palácio do Planalto para comprar apoio político no Congresso. Poucas vezes, em um lance da política, tantos conseguem perder ao mesmo tempo e na mesma dimensão. Na sua sanha inquisitorial, a grande imprensa dá mostras de pusilanimidade, de um espetáculo de fraqueza para dentro de si mesma e de leviandade para fora. Sai em frangalhos, mas persevera no que considera uma questão de honra.
Pouco importa que falte materialidade e provas, é preciso requentar o noticiário para criar condições políticas que permitam ir adiante. Mas afinal o que move o ódio a José Dirceu? O que o torna inimigo público de um esquema de forças que, em passado recente, foi impecável em sua trajetória de encurralar o país, em nome do desvairado fundamentalismo de mercado?
Desde 2002, paira sobre Dirceu o estigma de maquiavelismo. Seria apenas um homem de poder, basicamente orientado para sua conservação, um homem do contingente, que não faz política para a história? Os fatos e o decurso do tempo respondem à acusação. O que torna impossível à grande imprensa aceitar um retrato favorável do ex-ministro é a sua originalidade como operador político de esquerda.
Todos sabemos que um fato notável da política brasileira é que, apesar de sucessivos deslocamentos políticos, desde a redemocratização do país, a hegemonia dos processos de transição encontra-se com a mesma burguesia, condutora do golpe de 1964. Hábil nas transações com o capital estrangeiro, das quais auferiu vantagens para fortalecimento próprio, a burguesia brasileira não foi menos sagaz no manejo do jogo político.
Comprova-o a obra-prima que foi a eleição de Tancredo Neves (por mecanismo antidemocrático imposto pelo regime militar), os anos Collor e os dois mandatos de FHC. Para termos noção do que isso representou, até o PT, oposto à coligação tancredista, não deixou de sentir a sua pressão, que lhe provocou rachaduras parlamentares e perda de apoio em setores expressivos da classe média.
Desde a política de alianças que levou Lula à presidência, em 2002, às articulações na Casa Civil, Dirceu frustrou expectativas que alimentavam os cálculos das elites desde sempre encasteladas nas estruturas do Estado. O PT que chegava ao poder seria um partido atordoado por suas divisões internas e mergulhado em indefinições estratégicas. Um desvio de curso que não teria vida longa.
A direita apostava na incapacidade do PT em administrar o pragmatismo de um estado corrupto e patrimonialista, como o nosso. Lembram-se do Bornhausen e do Delfim? Previam, no máximo, dois anos de governo para o PT em meio a crises institucionais. Coube ao Zé Dirceu, o "mensaleiro", a função de viabilizar a governabilidade de Lula e não permitir que esse governo fosse vítima de crises agudas e sucessivas.
Quando Dilma Vana Rousseff, oito anos depois, foi eleita a primeira mulher presidente da República do Brasil, com mais de dez pontos de vantagem sobre seu adversário, José Serra, muitos exaltaram a força do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Do alto de seu capital político, Lula teria passado por cima do PT, escolhido sua candidata e conseguido eleger como sucessora uma ex-assessora de perfil técnico, estabelecendo um fato inédito: o terceiro mandato presidencial consecutivo para um mesmo partido eleito democraticamente.
Nada disso está incorreto, mas peca pela incompletude. Ferido, contundido nos seus direitos, o operador político José Dirceu teve um papel fundamental para o aprofundamento da democracia brasileira. Talvez, quando o então presidente do TSE, Ricardo Lewandowski, confirmou oficialmente a vitória de Dilma, Dirceu tenha cantarolado os versos de Aldir Blanc: “Mas sei / que uma dor assim pungente / não há de ser inutilmente”.
Questões de justiça são questões de princípio. Ao contrário do que pensam a imprensa golpista, seus intelectuais orgânicos e acadêmicos subservientes.
por Gilson Caroni
Biografia de Dilma Rousseff
[...] A vida quer é coragem
O livro “A vida quer é coragem”, do jornalista Ricardo Batista Amaral, sobre a trajetória da cidadã, da ministra e, até então, da candidata à presidência da República, Dilma Rousseff, será lançado esta semana. Amanhã, no Rio de Janeiro, na Livraria da Travessa, e, na sexta-feira, em Brasília, no Bar Brahma.
Segundo o autor, as 336 páginas oferecem ao leitor uma “reportagem”. Sua narrativa foge da fórmula das biografias autorizadas, mas contempla a preocupação de contextualizar historicamente os momentos da história recente do Brasil.
Quem o ler verá que o livro, basicamente, abrange três fases da vida de Dilma Rousseff. Sua trajetória pessoal até ser convidada a trabalhar na equipe de ministros do governo Lula, seu papel no governo Lula e a campanha, seus bastidores e circunstâncias.
Senso de lealdade
Amaral ressalta ao longo do texto algumas características que, para ele, definem sua personagem: o senso de lealdade de Dilma Rousseff, tanto na vida pessoal, quanto na vida política; a capacidade de recomeçar do zero em vários momentos; e sua ligação profunda na luta contra a desigualdade.
Segundo o autor, as 336 páginas oferecem ao leitor uma “reportagem”. Sua narrativa foge da fórmula das biografias autorizadas, mas contempla a preocupação de contextualizar historicamente os momentos da história recente do Brasil.
Quem o ler verá que o livro, basicamente, abrange três fases da vida de Dilma Rousseff. Sua trajetória pessoal até ser convidada a trabalhar na equipe de ministros do governo Lula, seu papel no governo Lula e a campanha, seus bastidores e circunstâncias.
Senso de lealdade
Amaral ressalta ao longo do texto algumas características que, para ele, definem sua personagem: o senso de lealdade de Dilma Rousseff, tanto na vida pessoal, quanto na vida política; a capacidade de recomeçar do zero em vários momentos; e sua ligação profunda na luta contra a desigualdade.
Entre as imagens compiladas por Amaral, uma ganhou as páginas dos jornais e a blogosfera esta semana, antecedendo o lançamento do livro. Ela retrata a jovem Dilma Rousseff, em 1970, aos 22 anos, diante da Primeira Auditoria Militar (Rio). A militante foi levada aos juízes militares dez meses depois de ter sido presa por agentes militares do DOI-Codi de São Paulo, onde foi submetida a 22 dias de tortura.
A obra foi publicada pela editora Primeira Pessoa, um dos selos da Sextante, a R$ 39,90.
por Zé Dirceu
por José Dirceu
A revistinha mais uma vez estampa em suas páginas mentiras e calúnias contra mim
Em reportagem intitulada “A trama dos falsários”, a revista afirma que parlamentares do PT de Minas teriam participado da criação da chamada “lista de Furnas”, que conteria nomes de parlamentares, principalmente ligados ao PSDB e ao DEM, supostamente beneficiados por doações ilegais nas eleições de 2002.
Uma foto minha ocupa toda a página inicial da matéria. Não tenho relação com o caso. Apenas os leitores que chegarem ao último parágrafo encontrarão menção a mim, quando a revista afirma que tive encontros com o William dos Santos, advogado de Nilton Monteiro, autor da denúncia da “lista de Furnas".
A revista requenta ilações já feitas pela imprensa em 2009, respondidas por mim à época. Fui procurado, então, pelo advogado Wiliam Santos, que representava Nilton Monteiro. Ele queria que eu participasse da defesa de seu cliente. Disse-lhe taxativamente que não tinha tempo para tratar do assunto, nem interesse.
Omissões e agressões, práticas comuns da Veja contra mim
A revista, também, omite do leitor a informação de que na época a direção do PT agiu com cautela em relação às denúncias sobre a "lista de Furnas", pedindo investigações, inclusive sobre a autenticidade dos documentos.
Esse é mais um episódio na escalada de agressões que Veja tem praticado contra mim.
As seguidas tentativas da revista contra a minha imagem ganharam contornos criminais quando foi descoberto, em agosto pp., que o jornalista Gustavo Ribeiro tentou invadir o quarto do hotel no qual eu me hospedava em Brasília. Como era de se esperar, o crime virou caso de polícia e agora está na alçada da Justiça do Distrito Federal. O autor da reportagem desta semana é exatamente Gustavo Ribeiro.
A revista Veja ultrapassou todos os limites. O texto desta semana revela que além de atacar a minha biografia, o PT e os governos de Lula e Dilma, a revista busca me retaliar pelo processo contra Gustavo Ribeiro e influenciar o STF em relação ao meu julgamento. As tentativas não vão prosperar.
Uma foto minha ocupa toda a página inicial da matéria. Não tenho relação com o caso. Apenas os leitores que chegarem ao último parágrafo encontrarão menção a mim, quando a revista afirma que tive encontros com o William dos Santos, advogado de Nilton Monteiro, autor da denúncia da “lista de Furnas".
A revista requenta ilações já feitas pela imprensa em 2009, respondidas por mim à época. Fui procurado, então, pelo advogado Wiliam Santos, que representava Nilton Monteiro. Ele queria que eu participasse da defesa de seu cliente. Disse-lhe taxativamente que não tinha tempo para tratar do assunto, nem interesse.
Omissões e agressões, práticas comuns da Veja contra mim
A revista, também, omite do leitor a informação de que na época a direção do PT agiu com cautela em relação às denúncias sobre a "lista de Furnas", pedindo investigações, inclusive sobre a autenticidade dos documentos.
Esse é mais um episódio na escalada de agressões que Veja tem praticado contra mim.
As seguidas tentativas da revista contra a minha imagem ganharam contornos criminais quando foi descoberto, em agosto pp., que o jornalista Gustavo Ribeiro tentou invadir o quarto do hotel no qual eu me hospedava em Brasília. Como era de se esperar, o crime virou caso de polícia e agora está na alçada da Justiça do Distrito Federal. O autor da reportagem desta semana é exatamente Gustavo Ribeiro.
A revista Veja ultrapassou todos os limites. O texto desta semana revela que além de atacar a minha biografia, o PT e os governos de Lula e Dilma, a revista busca me retaliar pelo processo contra Gustavo Ribeiro e influenciar o STF em relação ao meu julgamento. As tentativas não vão prosperar.
Ficha Limpa
[...] A crucial decisão do STF sobre esta lei
O julgamento está previsto para hoje, mas outros ministros pediram ao presidente Peluso que adie a decisão para depois da posse da nova ministra do STF, Rosa Maria Weber Candiota, escolhida essa semana pela presidenta Dilma Rousseff para a vaga da ministra aposentada Ellen Gracie.
Na decisão tomada hoje, ou no futuro, será ótimo que a lei seja mantida, que essa questão fique devidamente dirimida, e que a Ficha Limpa vigore a partir dos prazos constitucionais legais, sem o caráter de retroatividade, já que lei não pode retroagir para período anterior à sua aprovação.
Que o Supremo mantenha a Lei da Ficha Limpa
Assim, vamos torcer para que o Supremo mantenha a Lei da Ficha Limpa, mas sem nenhum artigo que contrarie a Constituição, sem nada contra a legalidade e o Estado Democrático de Direito. Não pode nem deve persistir no país dispositivos legais dúbios.
A manutenção destes encerra o risco de reedição dos recentes episódios de denuncismo e caça às bruxas, de tentativas de linchamento público de autoridades, e de substituição do papel da justiça pela mídia, ou pela formação de uma falsa opinião pública manipulável.
Deixar que isso aconteça remonta aos piores momentos do Brasil, quando o udenismo tentava se impor pela violência do denuncismo. Aceitar essas práticas e deixar criar esse tipo de clima é esquecer que a velha e em nada saudosa UDN somente chegou ao poder pelo golpe em 1964, depois de muito rondar os quartéis e de chafurdar nos chamados mares de lama que ela mesmo inventava.
Fora do recurso às armas, esse udenismo só chegou ao poder pelas urnas uma única vez, com a farsa janista (1960). Mas, tentam agora, reeditar aqueles tempos e o último episódio cômico e farsesco dessa série é a falsa e criminosa denúncia contra o governador do Distrito Federal, Agnelo Queiroz (PT). Ela foi feita por duas deputadas distritais comandadas pelo esquema político que governou Brasília nos últimos anos e foi derrotado nas urnas em 2010.
No final da tarde de ontem o denunciante usado pelas duas deputadas veio a público desmentir a denúncia contra o governador Agnelo. Na prática, acusou as deputadas de forjarem tudo - o que não muda o caráter de manipulação e os prejuízos políticos já causados ao acusado pelo denuncismo udenista irresponsável.
Sem falar na tentativa de envolver o ministro Carlos Lupi em denúncias de irregularidades no Ministério do Trabalho. E apesar de reconhecer que não há nada contra o ministro, a oposição continua pedindo sua demissão ou que seja investigado. Mesmo depois do próprio Ministério Público Federal (MPF), através do procurador-geral, afirmar não haver indícios que justifiquem uma investigação.
Refletir na decisão: golpismo e exemplos estão aí
Lembrei o perigo, o verdadeiro golpismo, contido no denuncismo udenista, e citei dois exemplos para ilustrar a importância do STF, caso delibere hoje sobre a Ficha Limpa, aproveitar a oportunidade para situar a Lei em seus devidos termos - e tempos - legais.
Como guardião da legalidade e da Constituição cabe-lhe decidir se a Lei da Ficha Limpa pode retroagir em sua vigência e tomar como definitivas e transitadas em julgado decisões adotadas ainda em 2ª instância judicial (e quando cabem recursos).
Cabe-lhe deliberar e por um ponto final quanto às divergências sobre a vigência de decisões contrárias ao espírito e a letra da Constituição e a vontade do constituinte.
Zé Dirceu
Blogueiros independentes
[...] A grande novidade da blogosfera são os blogueiros independentes, aqueles que estão à margem dos jornalões, que não têm rabo preso com ninguém, a não ser com a própria consciência. Mês passado conheci dezenas deles que, assim como eu, usam a Internet para veicular opiniões e debater visões de mundo negligenciadas pela mídia, ou a ela contrárias. Esse universo de autores ousaram, inclusive, discutir, em Brasília, durante II Encontro de Blogueiros Progressistas, o papel político da mídia tradicional.
Naquela ocasião, durante três dias, blogueiros, militantes de movimentos sociais e representantes do poder público debateram os caminhos e desafios da Internet. E a fantástica experiência de, a despeito da velha imprensa, ser um autor independente na Internet, com uma relação direta com milhares de leitores, sem qualquer mediação.
Como diz o ex-presidente Lula, o papel da blogosfera é ser uma alternativa para que a sociedade formule e veicule suas próprias ideias. Para ele, este é um espaço em que o cidadão pode exercer o seu direito de ser também um formador de opinião pública.
Democratização da comunicação
Aproveito, aqui, para retomar as bandeiras defendidas no II Encontro de Blogueiros Progressistas: a democratização dos meios de comunicação, um novo marco regulatório no setor e a difusão da internet banda larga no país. Na blogosfera, além dos blogueiros independentes, o que há de mais importante é o debate que eles propiciam.
Naquela ocasião, durante três dias, blogueiros, militantes de movimentos sociais e representantes do poder público debateram os caminhos e desafios da Internet. E a fantástica experiência de, a despeito da velha imprensa, ser um autor independente na Internet, com uma relação direta com milhares de leitores, sem qualquer mediação.
Como diz o ex-presidente Lula, o papel da blogosfera é ser uma alternativa para que a sociedade formule e veicule suas próprias ideias. Para ele, este é um espaço em que o cidadão pode exercer o seu direito de ser também um formador de opinião pública.
Democratização da comunicação
Aproveito, aqui, para retomar as bandeiras defendidas no II Encontro de Blogueiros Progressistas: a democratização dos meios de comunicação, um novo marco regulatório no setor e a difusão da internet banda larga no país. Na blogosfera, além dos blogueiros independentes, o que há de mais importante é o debate que eles propiciam.
Zé Dirceu
Pig e oposição quer transformar trâmites do processo [mensalão] em julgamento definitivo
Depois da divulgação das alegações finais do Procurador-Geral da República - no que me diz respeito, uma mera repetição da denúncia que seu antecessor fez ao Supremo Tribunal Federal (STF) - uma parte da mídia transformou as alegações do Procurador-Geral em julgamento definitivo.
O acolhimento da denúncia pelo STF - repito o que tantas vezes já fui levado a dizer - não significa culpabilidade comprovada. Por exigência constitucional, esta só pode ser apurada no devido processo legal. Apesar disso, e do sagrado direito de todo e qualquer cidadão à presunção da inocência, dois jornais (Folha e O Globo) em editoriais neste domingo transformaram as alegações da PGR em julgamento definitivo.
Como, aliás, já tinham feito quando do acolhimento da denúncia pelo STF, desconhecendo que quem julga é a Suprema Corte e não a PGR. O Procurador-Geral acusa e deve apresentar fatos, provas e indícios. Estes, no meu caso, tanto nas alegações de agora quanto na denúncia, não existem, por mais que os editorais e o discurso político da mídia e da oposição digam o contrário.
Não há uma única prova sobre minha participação
Certos articulistas, inclusive, passaram a divulgar como última palavra sobre meu julgamento as alegações finais da PGR que não acrescentou nada à denúncia, já que durante os quatro anos de instrução do processo, de oitivas das testemunhas, de juntada de provas, e de perícias realizadas, nada, absolutamente nada mesmo foi acrescentado sobre minha participação.
Por isso, desafio os jornais e articulistas - que em seus editoriais e artigos afirmaram que há fatos, provas e indícios de minha participação nos fatos denunciados e investigados - a apontar, seja na alegação final da Procuradoria Geral da República, seja na instrução processual, uma prova e um indício que seja de minha participação ou culpabilidade.
Sou inocente e, portanto, obrigado e me defender de público. Vou fazê-lo para evitar a tentativa ilegal e ilegítima de transformar meu julgamento num juízo político, o que nossa Constituição e Estado de Direito não permitem em hipótese alguma. Mais do que isso, repudiam até em seus fundamentos democráticos.
Objetivo é atingir o PT, o governo e as transformações sociais
Não custa recordar que tive o meu mandato de deputado federal cassado sem provas pela Câmara e que nesses seis anos sofri um verdadeiro linchamento público. Fui pré-julgado e condenado sem direito à defesa e ao devido processo legal pela maior parte da mídia.
Daí, minha indignação a esta violência que cometem contra as nossas leis e Constituição, contra os direitos individuais e a liberdade de expressão. Adotam um comportamento que é, na prática, uma traição aos princípios constitucionais que regem nossa democracia. Seu objetivo já é mais do que conhecido: buscam de forma canhestra pressionar o STF a fazer um julgamento político, o que temos certeza absoluta que não acontecerá.
Sem contar o outro e inarredável propósito com que tratam dessa forma a questão: atingir a imagem do Partido dos Trabalhadores e tentar inviabilizar o projeto de transformação social do país, em implantação pelos governos liderados pelo meu partido.
Zé Dirceu
José Dirceu critica divisão na Câmara Federal
“Posso falar porque não sou mais deputado. A bem da verdade, a nossa bancada não é nenhum exemplo de união”
Raphael Di Cunto | VALOR
O ex-presidente nacional do PT José Dirceu criticou ontem os desentendimentos entre os parlamentares petistas na Câmara dos Deputados, que podem, segundo ele, levar a mais derrotas no Congresso.
“Posso falar porque não sou mais deputado. A bem da verdade, a nossa bancada não é nenhum exemplo de união”, afirmou o ex-chefe da Casa Civil, em debate no Sindicato dos Químicos de São Paulo.
Antes mesmo do ex-ministro das Relações Institucionais Luiz Sérgio perder o cargo e ir para o Ministério da Pesca, os grupos do presidente da Câmara, Marco Maia (PT-RS), e do líder do governo na Câmara, Cândido Vaccarezza (PT-SP), já disputavam o posto, que ficou com a ex-senadora Ideli Salvatti (PT).
A divisão da bancada, de acordo com Dirceu, ameaça projetos importantes para o partido. É o caso da reforma política, que, na avaliação do ex-presidente do partido, tem pontos defendidos pelo PT que correm risco de ser derrotados.
“Entramos falando grosso, exigindo voto em lista. Agora, já estamos preocupados em manter o voto proporcional [para o Legislativo], o financiamento público [de campanha] e a fidelidade partidária”, disse o ex-deputado no debate. Ele não quis falar com a imprensa.
Outro ex-presidente da legenda, o deputado federal Ricardo Berzoini (SP) defendeu o diálogo com a oposição para aprovar projetos de interesse do partido.
“Se não houver nenhuma negociação política, a reforma pode acabar novamente perdendo a oportunidade de vir a acontecer”, afirmou.
Berzoini também apoiou a posição do PT durante a crise envolvendo o ex-ministro da Casa Civil Antonio Palocci, que pediu demissão após reportagem da “Folha de S. Paulo” mostrar que seu patrimônio cresceu mais de 20 vezes em quatro anos, na época em que ele era deputado federal e que trabalhou na campanha da presidente Dilma Rousseff (PT).
Segundo Berzoini, o partido prestou toda ajuda possível para ele por conta de sua história na sigla:
“O partido foi politicamente solidário a Palocci, mas obviamente não vamos ser solidários a questões que não conhecemos.”
Palocci deu explicações sobre a evolução de seu patrimônio, mas negou-se a divulgar a lista de empresas para as quais teria prestado consultoria, com o argumento de que havia cláusula de confidencialidade.
Já o deputado federal Carlos Zarattini (PT-SP), que assistia o debate, argumentou que o partido ficou do lado do ex-ministro por ele ser parte importante da administração da presidente Dilma Rousseff (PT):
“Nós acompanhamos o governo, não acompanhamos o Palocci.”
Assinar:
Postagens (Atom)