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Leonídio Paulo Ferreira: os ricos não pagam a crise


Célebre por viver numa mansão de 27 andares com fama de ser a casa mais cara do mundo, o indiano Mukesh Ambani é o único dos 20 maiores magnatas mundiais que viu a fortuna em 2012 crescer abaixo do ritmo da economia do seu país. É que o ano que passou foi mesmo muito bom para os mais ricos. Fantástico ao ponto de nos primeiros 40 da lista elaborada pela Bloomberg só a australiana Gina Rinehart ter visto a riqueza minguar (-1,2%), espécie de mini castigo à mulher que herdou tudo mas manda trabalhar e parar de beber os que invejam os seus 14 mil milhões de euros.
Carlos Slim continua a ser o homem mais rico do planeta, com uma fortuna avaliada em 57 mil milhões de euros, mais 10,2% do que há um ano. No mesmo tempo, a economia do seu México terá crescido 4%. Quanto a Bill Gates, por enquanto o vice-rei dos magnatas, festejou um acréscimo de riqueza de 5,3%, bem mais do dobro do que Barack Obama conseguiu para a América.
O mais incrível desempenho vem de Amancio Ortega, terceiro homem mais abastado do mundo, que viu os seus milhares de milhões aumentarem 16,8% ao longo de 2012. Não esquecer que o dono da Zara vem de uma Espanha que enfrenta a recessão.
Claro que vivemos num mundo globalizado e que o dinheiro que os ricos ganham é conseguido muitas vezes fora de portas. O caso de Ortega é exemplar: é na Ásia que os negócios correm melhor ao filho de um ferroviário que começou por costurar na sala. Mas a economia mundial só cresceu 3,2% no ano passado e pelo menos os dez principais magnatas fizeram bastante melhor.

Os 10 mais ricos do Brasil

Um cearense tá na lista

1º - Eike Batista (R$ 30,26 bilhões)
2º - Jorge Paulo Lemann (R$ 29,30 bilhões)
3º - Joseph Safra (R$ 25,97 bilhões)
4º - Antônio E. de Moraes (R$ 21 bilhões)
5º - Marcel Telles (R$ 13,43 bilhões)
6º - Roberto Irineu Marinho (R$ 12,86 bilhões)
7º - Carlos Alberto Sicupira (R$ 11,87 bilhões)
8º - Norberto Odebrecht (R$ 9,10 bilhões)
9º - Francisco Ivens de Sá Dias Branco (R$ 7,32 bilhões)
10º - Abilio Diniz (R$ 6,80 bilhões)

Dinheiro: o que não se fará por ele?

Granolina, Chinfre e Badaruco 

A prevalecer o que a Ciência já sugeriu, o último homem na Terra poderá fechar os olhos extremamente rico e só. Então o dinheiro dará seu último suspiro. Até lá, a moeda seguirá fazendo pobres e ricos, dividindo mais que enriquecendo, matando e aprofundando fossos.


Dinheiro se lava, se ganha, se perde, se guarda, se esconde, se pega emprestado. Dinheiro se rouba, se vende e se compra. Joga-se para cima na TV, em estratégia cruel para se ganhar muitas vezes mais. Dinheiro se chama de várias maneiras – dando pulinhos, rezando, ingerindo soluções, distribuindo correntes e pirâmides virtuais. Apela-se para pai Toninho, lança-se mão de prato de louça, mel, açúcar cristal, água – tudo ao pé de uma árvore em lua de fase crescente. O que não se fará por dinheiro?
Diante do apelo de emissora de rádio, um cidadão de 40 anos de idade levaria cinco horas para medir, palmo a palmo, os 2 mil 750 metros da Avenida Paulista para ganhar  um automóvel. Para por a mão em cerca de 2 mil euros, mulheres búlgaras disputariam corrida calçando sapatos de salto alto. Faz-se por dinheiro o que não se faria para salvar uma vida: mergulha-se esgoto adentro, manipula-se e até se comem insetos repugnantes, chega-se ao desmaio pela exaustão física.
Interessante lembrar que toda a riqueza do mundo está no mesmo lugar desde sempre. Ou seja, no mundo. Exceção feita a quantidade ínfima que viaja pelo espaço a bordo de uma dessas naves que jamais retornarão, todo o ouro que a natureza nos deu e nos dá continua aqui, entre nós. O que destoa é o acúmulo das riquezas em tão poucas mãos.
Gente que briga, que mata, que trapaceia, que conspira, que trai, que explora – tudo isto permite associar o dinheiro também ao que há de pior.
A internet está repleta de generosas almas dispostas a ensinar o pulo do gato aos inábeis. Quer ganhar dinheiro, ficar rico sem sair de casa? Pois há milhares de resultados para essa solução miraculosa em site de busca. Nas ruas, nas praças, em folhetos pregados nos postes – para todo lado alguém sempre achará indicativo de que é ali o caminho das pedras. Basta ter dinheiro para aprender a ganhar dinheiro. Simples.
O número de pobres pode chegar (e até ultrapassar) os 2 bilhões dentro de apenas três anos, com um quinto dos habitantes da Terra vivendo com menos de um dólar por dia? Dinheiro é o problema número um dos relacionamentos? Pois há escolas que ensinam a lidar com o vil metal. E especialistas que descobriram que a exibição de imagens de dinheiro motiva as pessoas a trabalharem mais, aplicando-se pela ambição. Mais ou menos como a cenoura à testa do burro, que andará até cair para alcançá-la.
Apesar de perseguir o dinheiro há tempos, o caro leitor só lhe percebe modesta sombra? Pois procure por tucun, xartante, changa e pecúnia. Ou granolina, chinfre e badaruco. Tudo é a moeda de troca, a mola do mundo pela qual até se finge amor. Aqui no entanto a diferença é estelar.
Pois se por dinheiro se mata, por amor se dá a vida.