Depois das diversas comemorações e homenagens aos 30 anos do show Massafeira Livre que aconteceram em março passado, será finalmente lançado oficialmente o álbum duplo Massafeira em CD remasterizado. A nova edição do disco, um dos registros mais importantes da música cearense, vem encartado no Livro "Massafeira 30 Anos - Som Imagem Movimento Gente".
O lançamento será marcado por um evento multimídia, reunindo também artistas do coletivo ManiFesta, no sábado, 18 de setembro, a partir das 18 h, em várias dependências do Theatro José de Alencar. Com entrada franca, todos os espaços do TJA serão ocupados por artistas da música, dança, literatura, teatro, intervenções, teatro, cinema e vídeo e exposições de fotografias, quadros e esculturas.
No palco principal, acontecerá um encontro de gerações musicais em que se apresentarão Ednardo, Rodger Rogério, Calé Alencar, Lúcio Ricardo, Chico Pio, Régis e Rogério, alguns dos remanescentes do Massafeira Livre, e artistas que se destacam na atual cena musical cearense, como Vitoriano, Daniel Medina, Breculê, Jonathan Doll, Coletivo Bora! e Renegados, para citar alguns. A programação começa ao final da tarde, e, se estendendo até 6 da manhã de domingo.
Imagens inéditas filmadas durante a Massafeira Livre em 1979, em negativo 16mm, serão exibidas durante o evento. Com a intenção de dar continuidade ao documentário, será realizado durante a noite um filme coletivo ao vivo, em que o público poderá colaborar levando suas filmadoras, máquinas fotográficas e até câmeras de celular, para captar imagens durante a realização do evento.
Livro
Reunindo textos de diversos autores, como Calé Alencar, Rosemberg Cariry, Brandão, Mona Gadelha, Ruy Vasconcelos, Michel Platini, Gilmar de Carvalho, Henilton Menezes, Eleuda de Carvalho e Fausto Nilo, o livro foi organizado pelo cantor e compositor Ednardo, que também contribuiu com um texto. A publicação conta com muitas imagens inéditas, fotos registradas por Gentil Barreira, ilustrações assinadas por Brandão, fotogramas do filme realizado por Ednardo durante a Massafeira, imagens de Rosemberg Cariry, além de trabalhos de vários outros artistas.
A oportunidade de avaliar a importância do resgate e da permanência da Massafeira até os dias de hoje vem abrir espaço para a discussão sobre as políticas culturais e a movimentação artística local, propondo a criação de novos projetos que proporcionem um funcionamento mais efetivo de toda a cadeia produtiva das artes no Ceará. Esse esforço já possibilitou a criação de grupos como a ACR, Associação Cultural Cearense do Rock (1998); Acemus, Associação Cearense dos Músicos (1997); Clube Caiubi de Compositores (1998); Bora! Ceará Autoral Criativo (março de 2010) e, mais recentemente, ManiFesta.
Para Ednardo, o lançamento do pacote Massafeira Livre em livro e CD representa a realização de um sonho. "Além do registro de todo esse material iconográfico e em áudio, inclusive vai ser exibido sábado um filme inédito gravado na Massafeira. Creio que vai dar um gás para essas novas gerações que vieram de trinta anos para cá, como um parâmetro de empolgação e que assim eles reconheçam que podemos repetir isso coletivamente outras vezes".
Sobre esse intercâmbio com o novíssimo Pessoal do Ceará, Ednardo acredita que é importante que os artistas de sua geração se envolvam musicalmente com os atuais e trabalhem juntos também nos palcos. "Creio que os integrantes do ManiFesta vão dar uma gigantesca contribuição ao evento, com o mesmo entusiasmo que ocorreu na Massafeira", aposta o compositor. "É uma nova galera que está surgindo e pode dar continuidade ao espírito da Massafeira, essa energia de estoque que o sol tem para se pôr e nascer no dia seguinte", filosofou o autor de "Terral" e "Pavão Mysteriozo".
Fique por dentro
Em março de 1979, o Theatro José de Alencar, em Fortaleza, abriu suas portas durante quatro dias para mais de 400 artistas, entre músicos, poetas, atores, dançarinos, artistas plásticos, fotógrafos e cineastas, engajados em apresentar suas manifestações artísticas autorais. Foi a Massafeira Livre, um movimento cultural coletivo, que envolveu um grande público e revolucionou o conceito das apresentações tradicionais no Ceará, estendendo o evento por mais de 6 horas em cada dia.
Como a música teve um destaque especial, o movimento gerou um disco duplo que em 1980 lançou grandes nomes da cultura cearense e deixou marcada na história a determinação desses jovens artistas. Na época, já eram destaques nacionais e cantam no disco intérpretes e compositores como Ednardo, Belchior, Fagner, Rodger Rogério, Teti e Petrúcio Maia. O álbum duplo também tinha as vozes dos então novatos Lúcio Ricardo, Ângela Linhares, Chico Pio, Ana Fonteles, Régis & Rogério, Tânia Cabral, Calé Alencar, Mona Gadelha, Pachelly Jamacaru, Ferreirinha (hoje Francisco Casaverde), Graco, Vicente Lopes, Wagner Costa, hoje Tazo Costa e Sérgio Pinheiro, entre outros.
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