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Boa noite
"Gosto de semear esperança, otimismo, justiça, paz e solidariedade. Digo o que penso, com firmeza. Penso, no que faço, com responsabilidade. Vivo com amor. E me esforço para ser cada dia melhor, pois bondade também se aprende", Cora Coralina
***
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Aniversário de Cora Coralina
SABER VIVER
Não sei se a vida é curta
Ou longa demais pra nós,
Mas sei que nada do que vivemos
Tem sentido, se não tocamos o coração das pessoas.
Muitas vezes basta ser:
Colo que acolhe,
Braço que envolve,
Palavra que conforta,
Silêncio que respeita,
Alegria que contagia,
Lágrima que corre,
Olhar que acaricia,
Desejo que sacia,
Amor que promove.
E isso não é coisa de outro mundo,
É o que dá sentido à vida.
É o que faz com que ela
Não seja nem curta, nem longa demais,
Mas que seja intensa, verdadeira e pura,
Enquanto durar.
***
No dia 20 de agosto de 1889 nasceu Ana Lins do Guimarães Peixoto Brêtas, mais conhecida como #CoraCoralina. Mulher simples, poetisa e doceira, teve seu primeiro livro publicado aos 76 anos.
Poesia para vida inteira
Humildade
Cora CoralinaSenhor, fazei com que eu aceite minha pobreza tal como sempre foi.
Poesia da Noite
Digo o que penso, com convicção
Penso no que faço, com esperança
Faço o que devo fazer, com amor e fé
E me esforço para ser cada dia melhor
Pois, bondade também se aprende, não na escola e sim na vida.
Cora Coralina
Poesia da tarde
Não sei se a vida é curta ou longa para nós
[ ou é apenas na medida certa ]
Mas sei que nada do que vivemos tem sentido
Se não tocarmos o coração das pessoas.
E basta ser:
Colo que acolhe
Braço que abraça
Palavra que conforta
Silêncio que acolhe
Alegria que contagia
Lágrima que escorre
Olhar que alivia
Desejo que sacia
Amor que promove, envolve e acaricia
de Cora Coralina
Briguilinks>>>
Poesia
Todas as vidas
Cora Coralina
Vive dentro de mim
uma cabocla velha
de mau-olhado,
acocorada ao pé do borralho,
olhando pra o fogo.
Benze quebranto.
Bota feitiço...
Ogum. Orixá.
Macumba, terreiro.
Ogã, pai-de-santo...
Vive dentro de mim
a lavadeira do Rio Vermelho.
Seu cheiro gostoso
d'água e sabão.
Rodilha de pano.
Trouxa de roupa,
pedra de anil.
Sua coroa verde de são-caetano.
Vive dentro de mim
a mulher cozinheira.
Pimenta e cebola.
Quitute bem-feito.
Panela de barro.
Taipa de lenha.
Cozinha antiga
toda pretinha.
Bem cacheada de picumã.
Pedra pontuda.
Cumbuco de coco.
Pisando alho-sal.
Vive dentro de mim
a mulher do povo.
Bem proletária.
Bem linguaruda,
desabusada, sem preconceitos,
de casca-grossa,
de chinelinha,
e filharada.
Vive dentro de mim
a mulher roceira.
- Enxerto da terra,
meio casmurra.
Trabalhadeira.
Madrugadeira.
Analfabeta.
De pé no chão.
Bem parideira.
Bem chiadeira.
Seus doze filhos,
Seus vinte netos.
Vive dentro de mim
a mulher da vida.
Minha irmãzinha...
tão desprezada,
tão murmurada...
Fingindo alegre seu triste fado.
Todas as vidas dentro de mim:
Na minha vida -
a vida mera das obscuras.
Ana Lins dos Guimarães Peixoto Bretas ou Cora Coralina, (Cidade de Goiás, 20 de agosto de 1889 — Goiânia, 10 de abril de 1985) foi poeta e contista brasileira. Produziu uma obra poética rica em motivos do cotidiano do interior brasileiro, em particular dos becos e ruas históricas de Goiás. Começou a escrever poemas aos 14 anos, porém, Publicou seu primeiro livro em 1965, aos 76 anos.
Poema da tarde
Mãe
Renovadora e reveladora do mundo.
A humanidade se renova no teu ventre.
Cria teus filhos, não os entregues à creche.
Creche é fria, impessoal.
Nunca será um lar para teu filho.
Ele, pequenino, precisa de ti.
Não o desligues da tua força maternal.
A humanidade se renova no teu ventre.
Cria teus filhos, não os entregues à creche.
Creche é fria, impessoal.
Nunca será um lar para teu filho.
Ele, pequenino, precisa de ti.
Não o desligues da tua força maternal.
Que pretendes, mulher?
Independência, igualdade de condições...
Empregos fora do lar?
És superior àqueles que procuras imitar.
Tens o dom divino de ser mãe.
Em ti está presente a humanidade.
Independência, igualdade de condições...
Empregos fora do lar?
És superior àqueles que procuras imitar.
Tens o dom divino de ser mãe.
Em ti está presente a humanidade.
Mulher, não te deixes castrar.
Serás um animal somente de prazer e às vezes nem mais isso.
Frígida, bloqueada, teu orgulho te faz calar.
Tumultuada, fingindo ser o que não és.
Roendo o teu osso negro da amargura.
Serás um animal somente de prazer e às vezes nem mais isso.
Frígida, bloqueada, teu orgulho te faz calar.
Tumultuada, fingindo ser o que não és.
Roendo o teu osso negro da amargura.
Cora Coralina - Ana Lins dos Guimarães Peixoto Bretas -, (Cidade de Goiás, 20 de agosto de 1889 — Goiânia, 10 de abril de 1985) poeta e contista brasileira. Produziu uma obra poética rica em motivos do cotidiano do interior brasileiro, em particular dos becos e ruas históricas de Goiás. Começou a escrever aos 14 anos, mas, publicou seu primeiro somente com 76 anos.
Mãe
Renovadora e reveladora do mundo
A humanidade se renova no teu ventre.
Cria teus filhos,
não os entregues à creche.
Creche é fria, impessoal.
Nunca será um lar
para teu filho.
Ele, pequenino, precisa de ti.
Não o desligues da tua força maternal.
Que pretendes, mulher?
Independência, igualdade de condições...
Empregos fora do lar?
És superior àqueles
que procuras imitar.
Tens o dom divino
de ser mãe
Em ti está presente a humanidade.
Mulher, não te deixes castrar.
Serás um animal somente de prazer
e às vezes nem mais isso.
Frígida, bloqueada, teu orgulho te faz calar.
Tumultuada, fingindo ser o que não és.
Roendo o teu osso negro da amargura.
Cora Coralina
A humanidade se renova no teu ventre.
Cria teus filhos,
não os entregues à creche.
Creche é fria, impessoal.
Nunca será um lar
para teu filho.
Ele, pequenino, precisa de ti.
Não o desligues da tua força maternal.
Que pretendes, mulher?
Independência, igualdade de condições...
Empregos fora do lar?
És superior àqueles
que procuras imitar.
Tens o dom divino
de ser mãe
Em ti está presente a humanidade.
Mulher, não te deixes castrar.
Serás um animal somente de prazer
e às vezes nem mais isso.
Frígida, bloqueada, teu orgulho te faz calar.
Tumultuada, fingindo ser o que não és.
Roendo o teu osso negro da amargura.
Literatura
Cora Coralina, uma mulher à frente do seu tempo
“Eu sou aquela mulher que fez a escalada da montanha da vida,
removendo pedras e plantando flores.”
Fernando Pessoa de vez em quando também era Ricardo Reis, Álvaro de Campos ou Alberto Caeiro, seus eternizados “heterônimos”. E eles assinam alguns de seus melhores poemas, sonetos e textos de sua vasta e genial produção intelectual. Ao contrário do grande poeta português, a goiana Ana Lins dos Guimarães Peixoto, nascida em 1889, resolveu ser, ela mesma, a sua grande personagem, viver intensamente o imenso papel que a vida lhe destinava: antes de completar seus quinze anos já era Cora Coralina, nome que Goiás, o Brasil, a poesia e o reconhecimento público consagrariam.
Dizer que a poeta que assumiu sua personagem era uma mulher à frente de seu tempo é muito pouco. Cora Coralina é atemporal. Os que lerem seus versos, como os que se debruçarem sobre os livros de Machado de Assis ou se extasiarem com as imagens de Cândido Portinari, estarão em contato com o presente e com o futuro, com mestres que jamais perderão a atualidade de suas obras. O “Bruxo do Cosme Velho”, “Candinho” ou a suave doceira e poetisa da bucólica cidade do Goiás Velho, trazem em suas obras a genialidade de tal forma presente, que o tempo passará e eles estarão adiante, no futuro, anos-luz adiantados. Há outros, é claro. Mas exemplifico com três nomes indiscutíveis e dos quais sou profundo e declarado admirador.
Cora Coralina foi uma das maiores figuras de nossa história. Em todo e qualquer aspecto que se lhe explore e investigue a biografia. Precoce? Perde o pai aos dois meses de idade, menina estudiosa e produz seu primeiro conto antes de completar nove anos, quando a República sequer havia sido proclamada. Visionária? Aos dezesseis anos funda um “A Rosa”, um jornal histórico, impresso em papel cor-de-rosa, baratíssimo e de péssima qualidade, mas com um conteúdo de tal forma avançado e artigos tão bem escritos, que lançava em pleno sertão goiano a centelha da liberação da mulher, com força idêntica a de Bertha Lutz, em São Paulo, ou Nair de Teffé, no Rio de Janeiro. A diferença é que Bertha era uma mulher ilustre e de família rica, zoóloga formada na Sorbonne e nossa primeira deputada federal; Nair uma artista de talento, intelectual polêmica e jovem primeira-dama da República (mulher do Marechal Hermes da Fonseca), e Cora Coralina não mais que uma impetuosa adolescente do Brasil profundo, uma moçoila idealista e sonhadora do ainda pouco conhecido sertão goiano.
Antes de completar seus 33 anos de idade, para espanto e pasmo dos que, apenas alguns anos antes acompanhavam sua difícil luta de difusão de suas idéias e de sua produção poética em Goiás, Cora já era uma figura nacional. Conspiravam contra ela uma absoluta ausência de vaidade pessoal e um marido ciumento. Conjugação que não impediram que, ninguém menos que o genial Monteiro Lobato fosse até ela para convidá-la a integrar o seleto grupo de artistas e intelectuais que mudariam para sempre os rumos de nossa cultura com a Semana de Arte Moderna de 1922. Tarsila do Amaral, Anita Malfatti, Clóvis Graciano, Manuel Bandeira, Menotti Del Picchia, Oswald de Andrade, Di Cavalcanti, Cândido Portinari, Ronald de Carvalho, Guilherme de Almeida, Guiomar Novaes, Heitor Villa-Lobos, Flávio de Carvalho, Mário de Andrade, Victor Brecheret, Sérgio Milliet e outros nomes notáveis que decretavam o rompimento irrevogável de nossa vida cultura, de nossas artes plásticas, da música, da poesia e da literatura para com o velho, o ultrapassado, o arcaico, o Brasil que importava cultura européia e a consumia em detrimento de sua já rica e excelente produção nativa. Era o Brasil Novo que, enfim, manifestava-se, que brotava para as artes em pleno século XX, ainda que com quase duas décadas de atraso e diante da descrença e da surpresa da sociedade civil e da imprensa conservadora. Cora Coralina foi escolhida – uma das poucas e boas – para ser uma das personalidades que entrariam para a história por aquela guinada irreversível em nossa vida cultural no verão de 1922, consolidada nas múltiplas atividades desenvolvidas no Teatro Municipal de São Paulo.
Impedida pelo marido, o advogado Cantídio Brêtas, Cora não saiu de Jaboticabal, no norte de São Paulo, onde então já residiam. Mas seu nome foi lembrado e citado. O reconhecimento explícito de seu talento e incomensurável valor, deu-se ainda em plena juventude, num país onde isso costuma demorar muito tempo... Cora foi mais que uma poetisa gerada no ventre de Goiás. Foi o único nome fora do eixo Rio-São Paulo chamado pelos maiores artistas e intelectuais daquela brilhante e revolucionária Semana de Arte Moderna a integrar o seleto grupo que mudaria os rumos de nossa vida artística e cultural.
Suave, brejeira, mãe e esposa dedicada, tão avançada ao defender ideais feministas na adolescência e tão desconcertante ao não aceitar o convite de Monteiro Lobato para não desagradar o cioso marido, Cora surpreende de novo em 1932, quando se alista nas forças de São Paulo e vai lutar na revolução constitucionalista. Foi enfermeira, atendendo soldados feridos nas trincheiras. Foi costureira, cozendo uniformes para as tropas de São Paulo. Se lhe dessem um fuzil, certamente, teria defendido seus ideais de liberdade e justiça.
Primeira intelectual goiana a ser reconhecida pelo Brasil e o mundo, Cora Coralina teve sua vasta obra poética aplaudida pela crítica e admirada por Jorge Amado e Carlos Drummond de Andrade, seus íntimos amigos. Prêmio Juca Pato, da União Brasileira dos Escritores e da Folha de S. Paulo, foi a “Intelectual do Ano” de 1983.
Esta semana relembramos mais um aniversário de sua morte. Já lá se vão quase três décadas de sua partida. Parece-me que foi ontem. A memória de sua simplicidade, de seu rosto vincado pelo tempo e marcado pela história, o branco a cobrir como neve seus cabelos, o olhar sereno e tão doce quanto os doces que ela fazia num enorme tacho, sua obra admirável e festejada, a lembrança de nossa amada terra goiana, seu exemplo de vida fecundo e belo.
Tudo isso me faz desconfiar que Cora Coralina vive ainda - quem sabe? - entre nós, seja no verso genial, seja no exemplo generoso.
Poesia
Este é um poema de amor
tão meigo, tão terno, tão teu...
É uma oferenda aos teus momentos
de luta e de brisa e de céu...
E eu,
quero te servir a poesia
numa concha azul do mar
ou numa cesta de flores do campo.
Talvez tu possas entender o meu amor.
Mas se isso não acontecer,
não importa.
Já está declarado e estampado
nas linhas e entrelinhas
deste pequeno poema,
o verso; te deixará pasmo, surpreso, perplexo...
eu te amo, perdoa-me, eu te amo!!!
tão meigo, tão terno, tão teu...
É uma oferenda aos teus momentos
de luta e de brisa e de céu...
E eu,
quero te servir a poesia
numa concha azul do mar
ou numa cesta de flores do campo.
Talvez tu possas entender o meu amor.
Mas se isso não acontecer,
não importa.
Já está declarado e estampado
nas linhas e entrelinhas
deste pequeno poema,
o verso; te deixará pasmo, surpreso, perplexo...
eu te amo, perdoa-me, eu te amo!!!
Cora Coralina
Humildade
Senhor, fazei com que eu aceite
minha pobreza tal como sempre foi.
Que não sinta o que não tenho.
Não lamente o que podia ter
e se perdeu por caminhos errados
e nunca mais voltou.
Dai, Senhor, que minha humildade
seja como a chuva desejada
caindo mansa,
longa noite escura
numa terra sedenta
e num telhado velho.
Que eu possa agradecer a Vós,
minha cama estreita,
minhas coisinhas pobres,
minha casa de chão,
pedras e tábuas remontadas.
E ter sempre um feixe de lenha
debaixo do meu fogão de taipa,
e acender, eu mesma,
o fogo alegre da minha casa
na manhã de um novo dia que começa.
Cora Coralina
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