Mostrando postagens com marcador musica. Mostrar todas as postagens
Mostrando postagens com marcador musica. Mostrar todas as postagens

A música está em tudo

A humanidade é uma ópera-bufa

A imagem pode conter: céu, atividades ao ar livre e água
***
A maneira de você contribuir para manter este blog é clicando no anúncio que te interessa. Obrigado!

Ao maestro Tom Jobim

Google presta homenagem...


Em meio a tantas imagens que por vezes nos agridem na internet, nesta terça-feira (25), o Google presenteou os internautas com uma bonita homenagem ao maestro Tom Jobim.
A página inicial do site traz a imagem de um piano em uma praia que "lembra" uma paisagem carioca. Em cima dele, óculos e um chapéu estilo panamá, marca registrada de Tom.
Tudo isso porque o músico, que morreu em dezembro de 1994, estaria completando 84 anos de idade hoje.
Compositor de grandes sucessos da música brasileira, como Insensatez, Se todos fossem iguais a você, Águas de março, Wave, Só tinha de ser com você, entre outros, Tom se tornou conhecido no mundo todo através da Bossa Nova, no final de década de 50.
Por conta do sucesso do ritmo, gravou um disco ao lado do cantor Frank Sinatra. Ella Fitzgerald também dedicou um álbum inteiro às canções do compositor, nos anos 80.
Essa não é a primeira vez que o Google homenageia uma figura importante da música mundial. No ano passado, foi a vez de lembrar os 70 anos de John Lennon.
por Danilo Casaletti

O tempo não para

Por Leandro Tadeu

um texto de Joao Araujo relembrando seu filho Cazuza
Fui talvez o último a saber do talento de Cazuza. Ele costumava se trancar no quarto para trabalhar e escrever suas letras. Para não ser invasivo, eu respeitava o espaço dele e me mantinha afastado. Também nunca tinha ouvido Cazuza cantar em casa. Por isso, me surpreendi quando o vi cantando Edelweiss num espetáculo no Rio de Janeiro. Nunca pensei que ele tivesse extensão vocal para cantar.
Mais tarde, ao voltar de uma viagem, fiquei novamente surpreso quando Lucinha me disse: “Cazuza vai estrear numa boate em um show com o Barão Vermelho”. Foi um susto maior ainda. Nem sabia que ele tinha entrado para um grupo de rock. Fui ver o show e levei Moraes Moreira comigo. Era tudo muito ruim, o som era de garagem, mas senti que ali naquele palco havia algo mais, um talento, algo mais que um menino curioso para trabalhar com música.
Como pai, é muito difícil obter distanciamento para julgar o trabalho de um filho. A gente acaba embaralhando um pouco as coisas. Mas percebi, como profissional do disco, que Cazuza era talentosíssimo. A época – os anos 80 – ajudou um pouco Cazuza a mostrar esse talento. Era uma época brava, difícil. E a impressão que eu tenho é que, em todos os tempos, o criador se sente muito mais estimulado quando tem algo contra que protestar. Cazuza já era um rebelde por natureza. Um rebelde “sem calça”, como ele mesmo brincava. E a época o ajudou, pois, apesar de não demonstrar, Cazuza era um ser político por excelência, e aquele momento formava um cenário político que lhe permitiu desenvolver uma obra que vai ficar.
Eu me surpreendi foi com o estilo romântico da sua obra. Mas era, na verdade, um lado que Cazuza sempre teve: o da identificação com a música popular brasileira. Eu e Lucinha respirávamos música brasileira. E Cazuza participou de alguma forma disso, o que o levou a buscar como referência autores que não tinha conhecido, como Cartola, Nelson Cavaquinho, Dolores Duran, Lupicínio Rodrigues… Mas, de qualquer forma, levei um susto quando ele compôs canções como Codinome Beija-Flor.
Como pai, tenho profundo orgulho de Cazuza em qualquer tempo ou lugar. Fico feliz quando ouço uma música dele ao entrar no elevador, ao viajar de avião, ao ligar o rádio do meu carro… Ou então quando alguém faz uma menção a mim como o “pai do Cazuza”. Tudo a respeito dele me emociona, e me dá orgulho, esse trabalho que o meu menino fez quase sem a gente ter percebido. Eu gostaria muito de entrar na máquina do tempo e voltar alguns anos, até os anos 80, para poder dar valor mais de perto à obra dele no momento em que ela foi criada. Mas a história nunca é assim. A gente quase sempre passa pela história sem se dar conta de que está vivendo nela.
Fui muito resistente à idéia de Cazuza gravar na Som Livre com o Barão Vermelho. Teve dia em que os produtores Guto Graça Mello e Ezequiel Neves chegaram a ir cinco vezes à minha sala para tentar me convencer. Naquela época, eu ainda não tinha olhado com a devida atenção o trabalho de Cazuza. Ainda não tinha parado para observar a profundidade de suas letras e a consonância política com a época em que elas foram criadas. Só pensava que, como pai, seria cabotino se eu gravasse o Cazuza. Até que Guto e Zeca me venceram pelo cansaço. E o mais gratificante de tudo isso é que nunca houve questionamento sobre o fato de Cazuza ter começado a gravar na Som Livre. Isso me deu o conforto de saber que em nenhum momento eu fui um protetor de Cazuza, mas apenas um instrumento inicial para a veiculação do seu talento.
Quase 20 anos depois sua obra está aí, agora documentada neste livro. E só posso repetir, mais uma vez, que tenho um orgulho grande como pai e profissional. Assim como Renato Russo, Cazuza virou uma referência da geração 80, do rock. E uma referência para as gerações que estão por vir. Com energia e coragem impressionantes, ele inscreveu sua obra no primeiro time da música brasileira. E o tempo, que não pára, se encarregou de provar o talento que já existia desde o seu primeiro show.
P.S. Indispensável registrar a meu ver a importância, entre outros, de Rimbaud, Kerouac, Roberto Frejat, Clarice Lispector, Allan Ginsberg, Ezequiel Neves, Billie Holliday, Chet Baker, Ney Matogrosso, Janis Joplin, Carlos Drumond de Andrade e Caetano Veloso no desenvolvimento da carreira do Cazuza.

Os piores dias do rock and roll


Dois acontecimentos marcaram o mundo da música no mês de dezembro de maneira trágica. O primeiro, completou 40 anos neste domingo (6). Nessa data, em 1969, os Rolling Stones faziam aquele que seria considerado o pior dia do rock and roll. No autódromo de Altamont, na Califórnia, um festival acontecia meses depois do triunfante Woodstock. Além dos Stones, bandas como Santana, Jefferson Airplane e Crosby, Stills & Nash também se apresentaram.


  • Leia os outros colunistas



  • O lema "Paz e Amor" não se aplicou ao concerto de Altamont, pois a produção contratou como seguranças membros da gangue de motociclistas Hell's Angels (dizem que por míseros 500 dólares). Os caras entravam no meio da multidão com suas motos e saíam dando porrada em todo mundo que encostasse nelas. Enquanto o público se espremia na frente do palco para ver os Rolling Stones, o pau comia lá embaixo com os Hell's Angels. Mick Jagger chegou a parar o show por várias vezes e pedir "paz", mas o tumulto era tanto que não existia mais controle.

    Essas imagens da tragédia foram registradas no filme "Gimme Shelter" (1970) e até hoje é deprimente ver como aquilo aconteceu. Enquanto os Stones cantavam "Simpathy For The Devil" as brigas esquentaram. Quando a banda começou "Under My Thumb" - tocada ao vivo pela primeira vez naquela ocasião - o jovem negro Meredith Hunter foi brutalmente assassinado a facadas pela gangue dos Hell's Angles. Dias depois, Keith Richards declarou que foi um grande erro colocarem os Hell's Angels para fazerem a segurança do evento. Antes dos Stones se apresentarem nesse festival de Altamont, à tarde, Marty Balin, o vocalista do Jefferson Airplane, havia sido agredido por um membro do Hell's Angel. O grupo californiano Grateful Dead, que também estava escalado para tocar no evento, foi mais esperto, quando percebeu a violência, abortou a apresentação.

    O segundo fato trágico do mês foi o assassinato de John Lennon, no dia 8 de dezembro de 1980. Pela manhã, John Lennon fotografava ao lado de Yoko Ono para aquela que seria a capa mais importante da história da revista norte-americana Rolling Stone. Mais tarde, ele e Yoko foram ao estúdio para completar a gravação da música que ela havia feito, "Walking on Thin Ice", em que John tocava guitarra. Na volta para casa, John Lennon foi covardemente assassinado a tiros por um suposto fã psicopata que o abordou na entrada do prédio Dakota, onde John morava com Yoko e seu filho Sean, de cinco anos.

    O crime ocorreu por volta das 22 horas - John quis chegar cedo para dar um beijo de boa noite em seu filho Sean - quando Mark Chapman abordou o casal. Yoko entrou primeiro no prédio e Lennon ficou para trás, sendo atingido por quatro tiros. Imediatamente o ex-Beatle foi levado ao Roosevelt Hospital, mas não resistiu aos ferimentos - um deles atingiu a veia aorta e ele perdeu 80% do sangue. O assassino foi tão frio que sentou no chão e esperou a polícia chegar. Quando o porteiro do Dakota lhe perguntou, "Você sabe o que fez?", ele respondeu friamente: "Sim, eu matei John Lennon".

    É absolutamente revoltante até hoje ler esse tipo de declaração. John Lennon foi cremado, Yoko preferiu não fazer um funeral , apenas declarou em uma nota aos fãs. "John amou e rezou pela raça humana, apenas façam o mesmo por ele. Com amor Yoko e Sean".

    É com lágrimas nos olhos que termino esse texto, pois a morte de Lennon foi um dos momentos mais tristes de minha vida. A partir desse dia, o Natal não fez mais sentido para mim e passei a pensar melhor nos versos de "Happy Xmas (War is Over)".