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1º tijolaço de 2023


 O novo é o Povo de novo

  Dia 1º, nem precisava ser de janeiro, pleonasmo de começo que a gente nem sabe de quê, porque, mas sente.

Os analistas, especialistas, economistas, cientistas da política, economia e demais istas, todos eles tem razões muito objetivas para suas reservas e pessimismos, mas lhes - para maioria absoluta deles - falta a percepção do que é étereo e ao mesmo tempo real na vida humana, sentimentos que nos moldam, nos movem, aceleram ou freiam.

A vida é feita muito mais disto do que de objetividades, embora elas sejam indispensáveis ferramentas de materialização dos sonhos, como cinzel e talha são para quem esculpe.

Não é, portanto, só um novo presidente que assume a condução da República neste dia, nem mesmo um presidente que traz a saga de um martírio e do milagre em sua trajetória.

Somos nós que reacendemos esperanças depois de anos de treva, que retomamos o amor à civilização, após do horror da barbárie e que queremos reaprender a fé, depois dos tempos de ódio.

Talvez isto esteja além da compreensão da idiotia da objetividade, expressão genial de Nélson Rodrigues, daqueles tantos istas que mencionei. Talvez até em algo o percebam, mas não sejam capazes de dimensioná-lo.

Nada, é claro, é garantido, nada é seguro e fácil.

Mas viemos até aqui e reabrimos o ciclo da esperança, mais sábios do que antes e menos pretensiosos, como só o tempo nos sabe fazer.

A vida já nos deu muito e, por isso, deixou-nos a lembrança de que o impossível é vizinho de porta do necessário.

Nesta Brasília onde todos sempre nos sentimos pequenos, um dia grande se avizinha, o dia em que vamos rever a face da esperança, que andou eclipsada pelo medo.

É dia 1°, é janeiro, é começo, recomeço de um caminho que não vai parar nunca enquanto o Brasil não for o grande, justo e feliz país que tem tudo para ser.

por Fernando Brito

Uma carta a Brizola, por Fernando Brito


Caro Governador,

Só daqui a um tempo, que nem eu tenho como precisar, poderei entregar pessoalmente esta pequena carta.

Como fizemos ao longo de anos, certamente vamos revisar o texto, disputando e remendando algumas palavras, como fizemos durante duas décadas de Tijolaços, por horas seguidas. Mas, como naquela época, espero estar interpretando corretamente seus pensamentos, embora sem a mesma agudeza.

Governador, embora o senhor nos faça muita falta, prefiro que o senhor não esteja mais por aqui.

Porque é muito triste ver o que fizeram ao nosso país. Fome, desamparo, pobreza e miséria por toda a parte, violência política assustadora e muitas regressões ao passado em tudo, até na vacina da pólio, algo monstruoso para nossas crianças.

Fico pensando quantas vezes usaríamos palavras de seu vocabulário incomum: energúmenos e paquidermes iam-lhe sair às dezenas, com seu sotaque inconfundível, para referir-se aos toscos e insensíveis que estão na nata deste país.

Aos 100 anos de vida, até para o senhor, acostumado às lutas mais brutas, seria dose para elefante encarar o que vivemos hoje. Para nós, ao menos, é.

Porque chegamos à fase conclusiva de nossas vidas tendo que, como fazemos hoje, nos apresentar ao combate, em lugar de estarmos numa noite de confraternização de velhos companheiros. Ou não, porque talvez seja exatamente isso que nos torna irmãos: a luta, da qual jamais desertamos.

Não preciso explicar o que se passa – aí de cima o senhor deve estar vendo até mais com mais clareza – e nem ficar falando em ideologia: lembro de sua frase dizendo que ela era indispensável como bússola quando a realidade era nebulosa, mas que quando a visão era limpa e clara, era nos olhos e nas referências sociais que deveríamos confiar.

Está tudo claro, comandante. O povão, como naqueles tempos de suas gloriosas campanhas ao governo do Rio, já escolheu quem será o seu instrumento e ninguém lhe comprou a consciência com um prato de lentilhas – e olhe que a fome é grande.

Escolheu Lula, se não por tantas outras razões, por aquela que, em 89, nos deu o invencível Darcy Ribeiro: a de que da boca do líder metalúrgico,”não ouviremos mais falar do tolo orgulho de sermos a segunda economia agrícola do mundo, produzindo soja para engordar porcos no Japão, mas indiferente à fome do povo”.

Há gente pequena, que se confunde e não segue o chamado que o povo brasileiro nos faz. Gente pretensiosa, que se crê dona da verdade e despreza o processo social que nos deveria conduzir. Gente que prefere ficar à margem e, pior, vociferando contra a escolha popular, esquecendo daquilo que o senhor sempre nos dizia: confiem na sabedoria e na memória popular.

É claro que não esquecemos das rusgas e conflitos que tivemos com Lula. Mas também lembramos, como se fosse hoje, do momento em que, com tudo isso, o senhor lambeu as feridas da derrota de 89 e não deixou que se desviasse dele um voto sequer dos milhões que vieram do Rio, do Rio Grande, e de onde mais houvesse um brizolista.

Diferenças havia, e não somos, o senhor dizia, todos cordeirinhos brancos e apascentados.

Não! Somos lenha boa, daquela que sai faísca. A fidelidade ao povo brasileiro e ao fio da História, que nunca se desamarrou de nossas vidas, nos traz aqui hoje e nos trará sempre, enquanto vivermos num país não for a pátria da educação, da justiça, da liberdade, pátria de tudo o quanto representam as lutas sociais do povo brasileiro.

Não usurpo, Governador, as suas decisões, ainda mais quando não podem mais ser tomadas neste plano onde ainda estou. Por isso não digo o que o senhor faria. Mas, depois de tantos anos, sei bem de que lado estaria Brizola, o homem que me ensinou que nós somos apenas aprendizes do socialismo, cujo mestre era o próprio povo.

O senhor nos tocou reunir, chefe, e estamos aqui. Não questionamos as decisões do PDT hoje tão pequenino e esmaecido. Como naquela triste descrição de Drummond fez do esbulho da sigla histórica do trabalhismo, nós também não podemos fazer nada mais com as três letras, que a gente tanto amava e que hoje, como doem.

Mas devemos fazer por seu nome o que o senhor fez pelo trabalhismo: não permitir que essa ideia se perca no oportunismo eleitoral e num insano egoísmo pessoal. Não será posto, como nunca o fizeram, a confrontar-se com o povo brasileiro. Muito menos pela mão de quem foi, enquanto o senhor andava por estas plagas, um aliado eventual, mas não seu companheiro de partido, como fomos todos nós.

Nós estamos aqui, governador, para dizer que não será em seu nome ou em nome do brizolismo que se dividirá o povo brasileiro, que se arriscarão as liberdades e a democracia dará uma sobrevida política a este paquiderme energúmeno, que diz “e daí?” para a morte de nossos irmãos.

Não em seu nome, Brizola, não em nosso nome, que é o seu.

Brizola sempre, Lula já.

por Fernando Brito - Tijolaço
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Brizola sempre, Lula já


Uma carta a Brizola

Hoje, ás seis horas da noite, no SENGE [Sindicato dos Engenheiros do Rio de Janeiro], velhos companheiros e apoiadores de Leonel Brizola vão se reunir para assumir e afirmar a decisão de apoiar, já no primeiro turno, a candidatura do ex-presidente Luis Inácio Lula da Silva à presidência. Por causa disso e pelas razões que o próprio texto dirá, resolvi escrever uma carta, que infelizmente não será entregue em mãos do destinatário, àquele que no final de contas é quem nos une e reúne e reunirá nesta tomada de decisão, o próprio Leonel de Moura Brizola.

  Caro Governador,

Só daqui a um tempo, que nem eu tenho como precisar, poderei entregar pessoalmente esta pequena carta.

Como fizemos ao longo de anos, certamente vamos revisar o texto, disputando e remendando algumas palavras, como fizemos durante duas décadas de Tijolaços, por horas seguidas. Mas, como naquela época, espero estar interpretando corretamente seus pensamentos, embora sem a mesma agudeza.

Governador, embora o senhor nos faça muita falta, prefiro que o senhor não esteja mais por aqui.

Porque é muito triste ver o que fizeram ao nosso país. Fome, desamparo, pobreza e miséria por toda a parte, violência política assustadora e muitas regressões ao passado em tudo, até na vacina da pólio, algo monstruoso para nossas crianças.

Fico pensando quantas vezes usaríamos palavras de seu vocabulário incomum: energúmenos e paquidermes iam-lhe sair às dezenas, com seu sotaque inconfundível, para referir-se aos toscos e insensíveis que estão na nata deste país.

Aos 100 anos de vida, até para o senhor, acostumado às lutas mais brutas, seria dose para elefante encarar o que vivemos hoje. Para nós, ao menos, é.

Porque chegamos à fase conclusiva de nossas vidas tendo que, como fazemos hoje, nos apresentar ao combate, em lugar de estarmos numa noite de confraternização de velhos companheiros. Ou não, porque talvez seja exatamente isso que nos torna irmãos: a luta, da qual jamais desertamos.

Não preciso explicar o que se passa – aí de cima o senhor deve estar vendo até mais com mais clareza – e nem ficar falando em ideologia: lembro de sua frase dizendo que ela era indispensável como bússola quando a realidade era nebulosa, mas que quando a visão era limpa e clara, era nos olhos e nas referências sociais que deveríamos confiar.

Está tudo claro, comandante. O povão, como naqueles tempos de suas gloriosas campanhas ao governo do Rio, já escolheu quem será o seu instrumento e ninguém lhe comprou a consciência com um prato de lentilhas – e olhe que a fome é grande.

Escolheu Lula, se não por tantas outras razões, por aquela que, em 89, nos deu o invencível Darcy Ribeiro: a de que da boca do líder metalúrgico,”não ouviremos mais falar do tolo orgulho de sermos a segunda economia agrícola do mundo, produzindo soja para engordar porcos no Japão, mas indiferente à fome do povo”.

Há gente pequena, que se confunde e não segue o chamado que o povo brasileiro nos faz. Gente pretensiosa, que se crê dona da verdade e despreza o processo social que nos deveria conduzir. Gente que prefere ficar à margem e, pior, vociferando contra a escolha popular, esquecendo daquilo que o senhor sempre nos dizia: confiem na sabedoria e na memória popular.

É claro que não esquecemos das rusgas e conflitos que tivemos com Lula. Mas também lembramos, como se fosse hoje, do momento em que, com tudo isso, o senhor lambeu as feridas da derrota de 89 e não deixou que se desviasse dele um voto sequer dos milhões que vieram do Rio, do Rio Grande, e de onde mais houvesse um brizolista.

Diferenças havia, e não somos, o senhor dizia, todos cordeirinhos brancos e apascentados.

Não! Somos lenha boa, daquela que sai faísca. A fidelidade ao povo brasileiro e ao fio da História, que nunca se desamarrou de nossas vidas, nos traz aqui hoje e nos trará sempre, enquanto vivermos num país não for a pátria da educação, da justiça, da liberdade, pátria de tudo o quanto representam as lutas sociais do povo brasileiro.

Não usurpo, Governador, as suas decisões, ainda mais quando não podem mais ser tomadas neste plano onde ainda estou. Por isso não digo o que o senhor faria. Mas, depois de tantos anos, sei bem de que lado estaria Brizola, o homem que me ensinou que nós somos apenas aprendizes do socialismo, cujo mestre era o próprio povo.

O senhor nos tocou reunir, chefe, e estamos aqui. Não questionamos as decisões do PDT hoje tão pequenino e esmaecido. Como naquela triste descrição de Drummond fez do esbulho da sigla histórica do trabalhismo, nós também não podemos fazer nada mais com as três letras, que a gente tanto amava e que hoje, como doem.

Mas devemos fazer por seu nome o que o senhor fez pelo trabalhismo: não permitir que essa ideia se perca no oportunismo eleitoral e num insano egoísmo pessoal. Não será posto, como nunca o fizeram, a confrontar-se com o povo brasileiro. Muito menos pela mão de quem foi, enquanto o senhor andava por estas plagas, um aliado eventual, mas não seu companheiro de partido, como fomos todos nós.

Nós estamos aqui, governador, para dizer que não será em seu nome ou em nome do brizolismo que se dividirá o povo brasileiro, que se arriscarão as liberdades e a democracia dará uma sobrevida política a este paquiderme energúmeno, que diz “e daí?” para a morte de nossos irmãos.

Não em seu nome, Brizola, não em nosso nome, que é o seu.

Brizola sempre, Lula já.

por Fernando Brito - Tijolaço
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Tijolaço do dia, por Fernando Brito

Contra tudo, é o povão quem está derrotando Bolsonaro

Nunca um candidato teve tanto para vencer eleições quanto Jair Bolsonaro.

Tem um núcleo ativo e aguerrido de apoiadores, tem uma enorme quantidade de parlamentares alinhados à sua candidatura – ao menos formalmente – e a capilaridade que precisa para atingir os “rincões e grotões” que tanto despreza, tem a proteção de um Ministério Público e um Judiciário que engavetam ou freiam a apuração de todas as situações de abuso ou desvio que praticou, tem dinheiro a rodo do Fundo Partidário, tempo de televisão e, além do mais, tem acolhida numa “elite” que, sem qualquer dificuldade, aceita ter um energúmeno tosco como presidente do país.

Sobretudo, tem o candidato que pode dispor, em favor de sua candidatura, de dezenas de bilhões de reais do dinheiro público para influir no voto popular, numa escandalosa tentativa de trocar o voto por pratos de comida para um povo acicatado pela fome.

Apesar disso, porém, é o povão quem, na sua lucidez instintiva, quem está fazendo Jair Bolsonaro para uma derrota inapelável, que as pesquisas desenham.

Os 47% de Lula não contam toda a história.

Porque ele tem 58% entre quem possui apenas o ensino fundamental, 55% dos que recebem o auxílio-emergencial pago pelo governo Bolsonaro, 58% dos que ganham até 1 salário mínimo, 52% entre os pretos e pardos, 63% entre os sofridos nordestinos.

Em todos estes grupos, Bolsonaro tem menos de 30%, em geral bem menos que isso.

Todos são dados da pesquisa Ipec de ontem, e podem ser conferidos aqui.

Que vergonha e que denúncia da pequenez da elite brasileira e para os que, mesmo sem pertencer a ela, a seguem, cegamente.

Até mesmo para muitos de nós, jornalistas, que achamos eleições algo que se resolve com quinquilharias e marquetagens e ficamos numa crítica – justa, mas insuficiente – que não enxerga que o mal de Bolsonaro não é o de pretender um Brasil sem seu povão, justamente aquilo que Lula, com todos os erros e limitações – em muitos anos lhe deu.

Sim, isso é o que o Brasil precisa: a esperança e a fome de direitos para seu povo, primeiro passo para qualquer projeto nacional de desenvolvimento, que não é um livrinho que irá suprir.

É isto o que está tendo o poder capaz de reverter todas as vantagens “convencionais” de Bolsonaro.

Poucos entendem que não temos de conduzir o povão, mas deixar que ele nos aponte o caminho.

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Tijolaço do dia, por Fernando Brito


O (pseudo) valentão da rua urra "vem cá, se tu é macho"
  
Faltou a camisa escandalosamente estampada, aberta até o terceiro botão para exibir o cordão dourado. Assim seria mais fácil entender o comportamento de valentão de porta de botequim do sujeito que conspurca a presidência da República desafiando a Justiça Eleitoral.

“Vai cassar meu registro? Duvido que tenha coragem de cassar meu registro. Não estou desafiando ninguém, mas duvido que tenha coragem de cassar”.

Bolsonaro, é claro, sentiu-se atingido pela declaração de Alexandre de Moraes de que candidatos que usassem fake news no processo eleitoral deste ano teriam seu registro cassado. Como não mencionou e nem sequer indicou que este poderia ser o caso do atual presidente, mas disse que isso seria feito independente do cargo que estivesse em disputa, a carapuça serviu so ex-capitão.

A parte mais difícil neste processo é não deixar o sangue ferver e recusar a discussão com o desclassificado que tenta transformar – talvez literalmente – o processo eleitoral em brica de rua.

Todo mundo já viu uma e como é a cabeça dos que, como ele, soltam aqueles “vem cá se tu é homem” para forçar uma resposta de quem interessa fazer ter a iniciativa da agressão.

E, neste caso, achando que tem a proteção de capangas, situação à qual acha que pode levar as Forças Armadas.

É preciso ter o sangue frio e não se abalar e aceitar a provocação.

A cassação de Bolsonaro é a sua derrota eleitoral acachapante.

Até o dia 2 de janeiro, Jair Bolsonaro está blindado de qualquer consequência jurídica, porque tem um capanga como o único legitimado a iniciar uma ação que o responsabilize.

Ele está ficando sem plateia e sua fúria vai se transformando em algo patético.

A vitória em primeiro turno de Lula, cada vez mais se impõe como uma prevenção a tentativas de golpe.

Porque o Brasil não é um botequim.

Fernando Brito

xxx
Deplorável a falta de compostura e comportamento desse verme que ocupa o cargo de presidente da República do Brasil. Esse amoral não tem moral sequer para administrar um mosqueiro no cafundó de Judas. Imundo!
Lula presidente>>> 
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Crônica dominical



Governador, (afinal era assim que sempre o chamava, porque nunca tive idade para chamá-lo de Brizola nem a bajulação de chamá-lo de “chefe”)


Ontem, 21 de junho, se completaram 15 anos desde a última vez que o vi com vida, entrando como um desesperado com um telefone celular no centro cirúrgico do Hospital São Lucas, para colocar o Dr. Adib Jatene em contato com os médicos que tentavam salvar sua vida, algo impossível, como ouvi dele próprio.


Não fiz questão, ontem, porém, de falar de sua morte e deixo para escrever hoje, um dia 22, como era 22 o dia de janeiro de  outro 22, o ano em que o senhor nasceu Itagiba Brizola –  que virou Leonel por artes do Leonel Rocha, insurreto gaúcho de 1923 – na perdida Cruzinha, beirada do distrito de Carazinho, beirada de Passo Fundo.


Tive o privilégio improvável de conviver com o senhor por 22 anos. Diariamente, por 18 destes anos.


Jamais compreendi como o senhor me suportou.


Nossa relação sempre foi elétrica.


Nos momentos de intimidade, o senhor me chamava, lembro todo dia, de “Brito velho”, embora eu tivesse 36, quase 37  anos a menos.


Brito velho, eu sabia, era o Carlos de Brito Velho, seu contemporâneo  e adversário figadal, nas lutas politicas dos gaúchos, nos anos 50.


Nunca me incomodei com isso, ao contrário.


Sempre gostei desta tensão entre nós, que nunca foi agressiva e intolerante.


Eu fazia o papel que me era vital,  o de ser rebelde, e o senhor, o que lhe era o mais raro a um líder político, o de poder continuar a apreciar a rebeldia.


Tenho saudades deste convívio, embora ele fosse absorvente ao ponto de aniquilar a “vida pessoal”.


Minha mulher à época, permita a indiscrição, dizia que “Leonel Brizola é o melhor anticoncepcional que existe”.


Não havia manhã, não havia fim de noite, não havia férias, feriados, lazer.


Nem para mim, nem para o senhor.


Mas existiam as noites de sexta-feira.


E a ‘balada” era escrever a sua coluna nos jornais, o Tijolaço que nomeia este blog, no qual, sem autorização, busco perpetuar o que fomos.


Era uma tortura – deliciosa, confesso – de décadas.


Como o senhor não podia ir a um botequim, o escrever era uma arte de convívio, de conversa, de troca de ideias.


No início, uma aula para mim. O texto ditado pelo, andando, falando como num debate.


“O bem escrito é o bem falado”, dizia.


Depois, com o convívio, o tema sugerido, sabendo que eu caminharia como pelos seus passos, não por o seguir, mas por ter o mesmo rumo.


Depois, a liberdade de tomar as rédeas e ter apenas a sua mão de taura velho a refreá-las, não deixar que o xucrotomasse o freio nos dentes.


Jamais entendi porque o chamavam de autoritário, porque duvido que alguém gozasse tamanha liberdade de falar sobre e pelo outro como tive com o senhor.


Com o devido perdão de meus contemporâneos jornalistas, perdi a conta das “aspas” que formulei em seu nome, como suas declarações.


Obrigado, governador, por ter tido este privilégio, que jamais foi um sofrimento, apesar dos que acham que a política é garantir um fim de vida com sinecuras e privilégios.


Sei, que apesar de todas as suas diferenças com o Lula – dois bicudos não se beijam – ouvi de sua boca sempre o reconhecimento à natureza exótica dos que são flor da terra.


Não falo nunca em seu nome, mas sei que muito do que falo tem a sua alma, sem a sua verve, é claro.


Mas não creio que fôssemos brigar pelo que digo hoje.


Não levo a sério o “Brito Velho”.


Sou um velho agora, tão velho quanto o senhor era quando o conheci, pelo que creio que finalmente confluimos as nossas idades.


Somos jovens, eternamente jovens!


Com um abraço de quem, agora, o tempo permite se dizer seu amigo,


Fernando Brito


Ciro Gomes vira "minion" de si mesmo, por Fernando Brito

Dias atrás, ao comentar a visita de Carlos Lupi, presidente do PDT, a Lula, em Curitiba, disse que esta era a visita que deveria ter sido feita por Ciro Gomes.
Tenho certeza que, a esta altura da crise nacional, Lula teria visitado Ciro, se pudesse. Não pode porque, como grosseiramente disse o irmão Cid Gomes, "está preso, ô babaca".
Hoje, Ciro Gomes fez a demonstração do quanto está correto o que disse e que evitei polemizar com aqueles companheiros que, com sinceridade, embora com razões menores, defendiam sua omissão.
Ciro, permita que desde a minha humildade eu te diga: política não é a arte de guardar rancores e frustrações.
Se fosse, Brizola jamais o teria apoiado depois do que você disse dele, em 1993, como estampa esta manchete de O Globo. Quem me chamou a atenção para ela foi um companheiro de três décadas, so qual quase sempre divergi e com o qual isso jamais foi razão para romper a amizade e o respeito pessoal e político.
Ninguém me contou: eu ouvi o apelo de Brizola a que você desistisse em favor de Lula em 2002 e soube de sua irada reação.
Lupi, com quem tive as maiores divergências e a quem dirigi o meu pedido de desligamento do PDT, depois de mais de 20 anos de militância política, merece o meu respeito: como ex-ministro e integrante do governo de Lula, como você foi, não poderia ter deixado de emprestar sua solidariedade pessoal a Lula, ainda que convidado a visitá-lo.
Agiu como um homem de bem, e você não.
O que você espera ganhar com isso, os ex-bolsonaristas que ainda acham que ele foi um "mal menor" frente ao mais reconhecido presidente da história recente do país?
Você a negaria a visita a um homem submetido à injustiça e ao martírio, como confessa, mesmo que houvesse um convite.
Tomara que não tenha havido.
Seria imerecido

Frase do dia


"Lula está preso, babacas
Mas vocês estão muito mais presos do que ele
Porque estão agrilhoados à sua insignificância de degradação humana."

Fernando Brito - Tijolaço

Todo mundo quer ser bom, mas da lua só vemos um lado
Vida que segue...

Cirion


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Ciro, o coqueiro-anão, verga-se aos ventos e vira minion
A volta de Ciro Gomes à política que ele abandonou no período decisivo para o país causa tristeza e constrangimento.
O povo brasileiro, derrotado por uma avalanche de histeria criada pela mídia e pela justiça, ameaçado por um governante que a todos inspira medo do autoritarismo, da perseguição política, do obscurantismo das ideias, não merecia ver uma de suas referências políticas reduzir-se ao comportamento de garoto birrento e mimado.
Ciro pode ter todas as divergências do mundo com o PT. É legítimo. Mas o que está fazendo com declarações estúpidas e grosseiras – como gritar, histericamente, que “Lula está preso, babaca”.
Houve e há muita gente presa sem que isso represente vergonha. A história da humanidade está mais cheia de heróis presos, talvez, do que reverenciados pelo poder.
Ciro oscila entre a mesquinhez e a burrice. Mas sempre dentro da sua pequenez, como quem não consegue entender a política como um processo social, muito mais que pessoal.
Ou como a austeridade não se confunde com moralismo barato.
Convivi, por mais de 20 anos, com um homem de práticas austeras como jamais vi na política e que nunca desceu a este udenismo de ocasião.
Ciro diz que o admira mas não tem o sentido da história e, por isso, jamais consegue pensar em ponto grande.
Infelizmente, isso não é tudo o que se pode dizer de suas atitudes.
Bater nos indefesos e perseguidos é coisa de gente mesquinha e deformada.
Comemorar, mesmo que indiretamente, a prisão e a nova condenação de um homem de 73 anos, virtualmente atirado a terminar seus dias numa cela, ainda mais quando este homem foi seu parceiro, seu chefe e que era – ou ao menos pensava ser- seu amigo,  é algo que não merece palavra menor que sórdido.
Não à toa veio pretender liderar o PDT após a morte de Brizola, não antes.
Tal como Cristovam Buarque tentou fazer, para tornar-se, hoje, uma figura melancólica.
Nenhum dos dois estava disposto a resistir à Síndrome de Estocolmo e sestrosos, apaixonarem-se pelos que nos sequestram a mente.
Ciro Gomes é também um homem condenado ao limbo da microscopia. Jamais será aceito pela direita, avança a passos para ser desprezado pela esquerda.
Mas o que é fatal é mesmo sua capacidade adquirida de ser entre as palmeiras que se vergam ao vento dominante, um coqueiro-anão.
Fernando Brito - Tijolaço
Vida que segue...


Lula e o Brasil da esperança que vai morrendo


Há menos de dez anos, discutíamos o progresso, os avanços do país, jovens pobres e negros ingressando na Universidade, pobreza minguante; até uma marca de uísque fantasiava um gigante de pedra erguendo-se, uma revista estrangeira dava jatos ao Cristo Redentor, rumo ao céu.
Hoje, falamos de mais armas, mais cadeias, de menos  direitos, de aposentadorias e pensões menores que o mínimo, de trabalhar até morrer e de deixar para os filhos um trabalho quase escravos.
Muitos, cujo ódio lhes habita a alma, banidos dela qualquer sonho ou compaixão, festejam os tempos de moralidade, onde a corrupção não mais assaltaria os dinheiros públicos, permitindo as escolas, estradas e hospitais “padrão Fifa”, tão inexistentes quanto o tal “padrão”, que só encobre negócios milionários dos flamantes picaretas que dirigem o futebol-marketing.
É terrivelmente verdadeira a questão que Laura Carvalho coloca em seu artigo, hoje, na Folha:
Independentemente do peso atribuído às múltiplas causas da crise – entre erros de governos e choques externos e internos -, fica uma sugestão para as agências de checagem: quanto representa o custo total para os cofres públicos atribuído a atos de corrupção nas investigações em curso em relação ao déficit público ou à queda no PIB de 2015-2016?
Assim como os ataques a imigrantes, vendidos como “ladrões de emprego” nos EUA e na Europa, a “roubalheira do PT” como causa da crise é apenas uma simplificação sórdida forjada para alimentar uma parte da população sedenta por identificar o grupo de culpados a ser combatido. 
A esta altura, a humanidade já deveria ter aprendido que uma mentira, por ser repetida mil vezes, não se torna verdade.
Não, Laura, isso não foi e nem será aprendido nestes tempos em que a principal atividade da mídia – pior, do pensamento único refeito da economia para o comportamento – é a de escolher culpados universais e salvadores que não salvam.
O que “atrapalha” o Brasil passou a ser tudo aquilo que produziu nosso parco desenvolvimento: o Estado, os direitos sociais, um mínimo de inclusão dos miseráveis, as liberdades públicas e as garantias individuais, a Universidade, os resquícios de uma pretensão a nos firmarmos como Nação.
Na “pauta de costumes”  – só de haver um troço destes já causa calafrios – quer-se o direito de carregar um trabuco no porta-luvas, definir a cor das roupas de “príncipes e princesas” que viverão no Reino da Selva e expulsar os “marxistas globalistas” que devem estar escondidos sob as carteiras escolares, ensinando que a terra é redonda e promovendo o turismo bestialógico.
Não há simbolo mais completo desta autofágica regressão do que o único que, nas últimas décadas, foi capaz de encarnar um Brasil tão grande como é esteja numa minúscula cela em Curitiba, só maior do que as idéias miúdas dos que vêem nisso uma “grande conquista” nacional.
O gigante deve voltar a ser pedra, muda, parada, inerte e, princialmente, mantido fora das vistas, para que não seja um monumento assustador na planície da mediocridade.
Trocamos sonhos por pesadelos, talvez por, de nosso modo, acharmos que desejos bastam para fazer realidades.
por Fernando Brito - Tijolaço
Vida que segue...



Crônica do dia


Mateus, Drummond e o leiteiro que morreu
Mateus  Batista Rodrigues, de Goiânia, subiu ao telhado com a agilidade de seus 22 anos, para instalar um aparelho de ar condicionado, destes de “unidade externa”, na casa de uma senhora, que, caprichosa, na certa não queria o monstrengo na fachada.
Como o moço de Drummond, que era  leiteiro, acordava bem cedinho para distribuir leite bom para gente ruim, Mateus levava ar fresco para gente de cabeça quente, como há tanta neste país.
Tinha um ano apenas a mais que o leiteiro do poeta, moço morador na Rua Namur, empregado no entreposto, com 21 anos de idade, e decerto não sabia bem quanto bem faria,  pondo talvez amores onde antes haveria suores e maus humores.
Também não sabia, como o leiteiro, que havia um vizinho assustado, daqueles que, diz o mestre,  logo faz saltar da gaveta para a mão o revólver, porque ladrão se pega com tiro.
Ainda mais, porque era guarda, e guarda sempre ele tinha razão.
E Mateus, do mesmo jeito, estatelou-se no chão. Em lugar do leite e sangue com que Drummond fez a cor da aurora, talvez os canos de cobre que emendava tenham cintilado como o sol que seus olhos viram sumir, devagar, num reverso de amanhecer.
Deu mais sorte o goiano que o mineiro, está brigando num hospital para, de pulmão perfurado, respirar por sua, quem sabe, longa vida, porque a dona do telhado impediu o segundo tiro.
O vizinho assustadiço, no poema de Drummond, foge pra rua: “Meu Deus, matei um inocente./Bala que mata gatuno/também serve pra furtar/a vida de nosso irmão.”
Este outro vizinho também fugiu, mas talvez sem doer-lhe sequer a consciência: “Quem manda andar lá por cima/onde só os gatos vão/Menino apanhando pipa/é aprendiz de ladrão.”
E acabou a poesia, porque o seu juiz mandou: susto, medo, emoção ou surpresa perdoam o furo em Mateus, que não mais galgará telhados para trazer o ar fresco, tão bom quanto o leite fresquinho do leiteiro.
Fernando Brito - Tijolaço
Vida que segue...



Firmeza e serenidade para resistir, por Fernando Brito

As urnas falaram e por mais que doam a angústia e o receio com o que está por vir, não é hora de lamúrias e recriminações.
É hora de firmeza e serenidade, porque são elas que nos podem manter lúcidos e fortes para enfrentar o que virá e não se iludam com as declarações moderadas de Jair Bolsonaro nesta noite, na entrevista às televisões, entremeadas de clamores a Deus.
É mais próximo da realidade o Bolsonaro da live do Facebook: raivoso, ressentido, ameaçador.
Ainda que tivesse um programa econômico que fosse além do “liberou geral” para o mercado, não é provável que algum efeito se possa fazer sentir para a população, embora a turma do dinheiro vá fazer a festa amanhã.
A bandeira que pode desfraldar e, até, encaminhar antecipadamente ao Congresso é a do afrouxamento do controle da posse de armas.
Vai ter o auxílio “luxuoso” de Sérgio Moro e do Judiciário que se prevalecerão do resultado eleitoral para tornar maior e mais fundo o processo de perseguição a Lula.
Estes tempos terão, ainda, no ódio o combustível desta gente.
Vai ser preciso que passem os dias. Curemos nossas feridas com coragem para que possamos resistir.
Não é possível governar o Brasil com “lives” e “whatsapp”.
Tijolaço


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Fernando Brito: porque jamais nos vencerão

Se o Brasil tivesse uma imprensa digna da sua missão de informar, o Brasil não estaria à beira de cair sob o tacão do fascismo.
Se o Brasil tivesse instituições dignas de sua missão constitucional, não estaria na iminência de viver sob uma ditadura.
Se o Brasil tivesse liberais dignos de princípios e não amantes da velhacaria e de interesses eleitoreiros não estaria ao ponto de descer para a treva do autoritarismo.
Se Brasil tivesse uma elite econômica que amasse o país que sustenta sua fartura não estaria a um passo de regressarmos a escravatura.
Mas este país não os tem e por isso assistimos, indefesos, vê-lo atirado no lixo, submetido a um governante tosco, primário, imbecil, capaz de negar o direito mais básico que tem cada ser humano que aqui vive: o direito de ser brasileiro.
Quem assistir ao vídeo onde o Sr. Jair Bolsonaro despeja, com um discurso gutural o seu desejo de expulsar do país todos aqueles que não concordarem ou se submeterem a sua vontade fascista não pode deixar de perceber quão escura é a treva em que ele lançará esse país.
Desde Médici ninguém ameaçava um brasileiro com o exílio.
Mesmo os "bem-postos" – juízes, promotores, deputados, empresários, "mercadistas" – que odeiam o povo simples e humilde desse país não podem deixar de ver que vamos ser mergulhados na selva da violência estatal, numa situação em que as grandes maiorias da população serão submetidas à alternativa entre a vassalagem ou a insurreição.
As altas patentes militares, que aderem e se submetem a um capitãozinho "bunda-suja", que há 30 anos garatujava no papel  planos de explodir bombas em quartéis para obter salário melhor –  se não sabem, deveriam saber  – enfiaram as forças armadas na idolatria da indisciplina, da conspiração, da deformação de só ter coragem de apontar as armas para seu próprio povo, o que as decai à condição que Caxias rejeitou, a de capitães do mato.
Errem. Suicidem-se. Escondam numa votação escandalosamente manipulada, onde a boa-fé do povo brasileiro aceita ver como "corruptos" os que nem de longe, mesmo na sua vileza, os que praticam a mais vil das corrupções: a de vender o Brasil, a de vender os direitos do nosso povo, a de vender o sagrado bem da liberdade para instaurar um governo de pústulas, de tatibitatis, de gente microcéfala e, pior, genuflexa ao ponto de bater continência para a bandeira norte-americana.
É de repetir Castro Alves e gritar para que Andrada arranque dos ares seu pendão para que não sirva de mortalha às liberdades.
O nazismo teve seu ápice, teve multidões, teve seus braços erguidos no "heil" de milhares encantados, hipnotizados.
Os que ousaram resistir teriam passado anos como ratos em suas tocas não fosse o fato de que eram homens e mulheres cercados pelos ratos.
Quis-se avançar como um Brasil de todos. Ninguém foi perseguido, nenhuma bolsa foi saqueada, nem mesmo os salões foram violados. Apenas – e muito timidamente entreabriu-se suas portas para que outros pudessem entrar.
Será que é ofensa demais ver o rosto cafuzo, mulato, crestado do sol ao seu lado no shopping, no avião, na loja? É tanto o desprezo à carne da qual se nutrem ao sangue do qual bebem, aos pobres que os fazem ricos?
Eis, senhores, numa palavra, a torpeza de seu crime. Querem a morte de quem os nutre, de quem lhes constrói as casas de luxo, as mansões, de quem compra seus produtos, de quem é escorchado por seus bancos, de quem consome as porcarias que colocam no mercado? Querem o sangue de quem nunca lhes tirou uma gota de seu champanhe?
Há, porém, uma arma mortal e sem defesa, apontada contra os senhores.
Chama-se história, responde pelo nome de marcha incontível dos povos pelos seus direitos e liberdades. Neguem-na, persigam-na, prendam-na, exilem-na: nada adiantará.
Ela triunfa. Sempre haverá festa quando ela voltar e vocês se forem. É certo que haverá dores, haverá filhos separados dos pais, haverá vidas interrompidas, algumas perdidas.
Ainda há tempo para um difícil acesso de lucidez, tão mais difícil quanto mais covardes são aqueles que poderiam provoca-lo.
Mesmo assim, a causa de vocês é perdida, inviável, perversa. Há e haverá sempre brasileiros que não se vergarão que seja de onde for, estarão de pé, a enfrenta-los. Vocês não têm mais a censura e o silêncio que tiveram, há meio século para implantar uma ditadura.
Vocês são os zumbis do tempo que se foi e não adianta que avancem como hordas ameaçadoras.
Nós somos a vida e a humanidade, e a vida humana triunfará.