Tijolaço do dia, por Fernando Brito

Contra tudo, é o povão quem está derrotando Bolsonaro

Nunca um candidato teve tanto para vencer eleições quanto Jair Bolsonaro.

Tem um núcleo ativo e aguerrido de apoiadores, tem uma enorme quantidade de parlamentares alinhados à sua candidatura – ao menos formalmente – e a capilaridade que precisa para atingir os “rincões e grotões” que tanto despreza, tem a proteção de um Ministério Público e um Judiciário que engavetam ou freiam a apuração de todas as situações de abuso ou desvio que praticou, tem dinheiro a rodo do Fundo Partidário, tempo de televisão e, além do mais, tem acolhida numa “elite” que, sem qualquer dificuldade, aceita ter um energúmeno tosco como presidente do país.

Sobretudo, tem o candidato que pode dispor, em favor de sua candidatura, de dezenas de bilhões de reais do dinheiro público para influir no voto popular, numa escandalosa tentativa de trocar o voto por pratos de comida para um povo acicatado pela fome.

Apesar disso, porém, é o povão quem, na sua lucidez instintiva, quem está fazendo Jair Bolsonaro para uma derrota inapelável, que as pesquisas desenham.

Os 47% de Lula não contam toda a história.

Porque ele tem 58% entre quem possui apenas o ensino fundamental, 55% dos que recebem o auxílio-emergencial pago pelo governo Bolsonaro, 58% dos que ganham até 1 salário mínimo, 52% entre os pretos e pardos, 63% entre os sofridos nordestinos.

Em todos estes grupos, Bolsonaro tem menos de 30%, em geral bem menos que isso.

Todos são dados da pesquisa Ipec de ontem, e podem ser conferidos aqui.

Que vergonha e que denúncia da pequenez da elite brasileira e para os que, mesmo sem pertencer a ela, a seguem, cegamente.

Até mesmo para muitos de nós, jornalistas, que achamos eleições algo que se resolve com quinquilharias e marquetagens e ficamos numa crítica – justa, mas insuficiente – que não enxerga que o mal de Bolsonaro não é o de pretender um Brasil sem seu povão, justamente aquilo que Lula, com todos os erros e limitações – em muitos anos lhe deu.

Sim, isso é o que o Brasil precisa: a esperança e a fome de direitos para seu povo, primeiro passo para qualquer projeto nacional de desenvolvimento, que não é um livrinho que irá suprir.

É isto o que está tendo o poder capaz de reverter todas as vantagens “convencionais” de Bolsonaro.

Poucos entendem que não temos de conduzir o povão, mas deixar que ele nos aponte o caminho.

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Um comentário:

  1. Começo a achar q Deus é brasileiro..

    Bolsonaro assumiu um país carente de tanta coisa que pensei que seria fácil pro seu grupo mostrar serviço, e com isso ficar mais de década no Poder pra desfazer muito dos direitos conquistados por gerações de milhões de brasileiros.

    O Brasil de 2019 estava tomado de ira, de mentira, de manipulação, QQ oposição ao ogro porco ou estava amordaçada, ou fragilizada, desacreditada.

    Não tardou e apareceram as revelações do Queiroz e do intercept/Valter delgati. Mesmo assim o porco, como que numa Golden shower permanente, desdenhava na cara do povo todo dia muitas das suas insanidades que antes, alguns adeptos diziam tratarem-se de excentricidades.

    Ainda inabalado na popularidade, Bozo viu surgir em 2020 a Covid, daí pensei comigo, santo Cristo, com muito pouco esse maluco ainda vai se tornar um herói pra esse povo que já perdia da memória o que seria se ser um verdadeiro lider, e que convenhamos, QQ político por mais despreparado que fosse - pensei - saberia conduzir esse povo a um porto seguro em plena pandemia, pra daí consagrar-se a herói vitalício.

    Felizmente, abençoado por Deus, o país continuou a sofrer toda sorte de agressão e de desarrazoados partido desse criminoso, dele e dos seus familiares e grupo TB.

    Evidente que não seria pouca coisa que levaria o Animal à lona, em verdade foram necessários 685 mil mortes, perda de direitos, sucateamento do Estado, humilhação diuturna, anticiência permanente e uma tremenda SORTE por tb ter vindo a guerra da Ucrânia acompanhada da disparada de câmbio, juros, dos preços dos combustíveis e dos alimentos, tudo isso pro povo finalmente acordar e perceber que o genocida continuaria, se não fosse impedido, a nos levar pra onde ele sempre desejou, pro precipício, pra aniquilação, pra guerra civil (que ainda não está totalmente descartada, diga-se).

    Enfim, antes tarde do que nunca, e hoje eu agradeço a Deus, ao Covid e a Putin, ou a QQ outra entidade que, sabedora de quem se tratava (no mínimo do procurador do tinhoso) soube mexer os ingredientes do destino pra que essa população, mesmo que ainda cega em cerca de 1/3 dos seus membros, conseguisse entender dos riscos que corria (e ainda corre, embora menos), entidade que ao que parece ajudou-nos a desnudar a maldade que este Ser carrega, e que insiste em propagar por onde quer que apareça.

    Oxalá que assim permaneça, e que a partir de 02/10 a imensa maioria dos brasileiros possa manter acesa a esperança acreditando que, apesar de tudo pelo que ainda passamos, "o bem sempre vence" no final.

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