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Caso Celso Daniel: deem um fim à ignomínia e à infâmia


Novamente volta ao noticiário o julgamento dos réus acusados de seqüestrar e assassinar Celso Daniel, prefeito de Santo André (SP), filiado e militante do PT, coordenador do programa de governo na campanha do presidente Lula em 2002, provavelmente - para não dizer, seguramente - futuro ministro. Grande amigo e companheiro de todos nós, vítimas como ele de um crime covarde e bárbaro.

Foram feitos dois inquéritos, ou seja, duas investigações pela polícia civil do governo tucano de São Paulo. Os segundos (inquerito e investigação) ocorreram a pedido dos irmãos de Celso, com promotor e delegado praticamente escolhidos a dedo para assegurar a isenção e eficiência das apurações.

Os dois concluíram por crime comum e apontaram os responsáveis pelo seqüestro e assassinato, repito vil e covarde, de Celso. No entanto, agora, sem base nenhuma em fatos, evidências provas e indícios, novos ou velhos e desconsiderando o inquérito e os autos do processo, um promotor abusando de sua autoridade volta a falar em crime político e procura envolver o PT numa suposta associação entre o crime e o desvio de recursos para o partido.

Francisco Daniel retratou-se dessa acusação

Quem fez essa acusação foi Francisco Daniel, irmão de Celso, agora secundado por Bruno Daniel, o outro irmão. Eu processei Francisco, já que ele dizia que ouvira do Chefe de Gabinete da Presidência da República, Gilberto Carvalho a informação de que recursos oriundos de contribuições ilegais de empresas da cidade com contratos com a prefeitura eram enviados ao PT e que foram entregues a mim - ele fala de R$ 1,2 milhão. Gilberto nega isso.

Depois de anos consegui levar Francisco, como se diz às barras do tribunal. Ele retratou-se em juízo, retirou as acusações, inocentou-me. A sentença do juiz é pública, está à disposição da imprensa. Mas, toda vez que o assunto é retomado eu sou obrigado a protestar já que a midia não deu nenhum destaque a retratação de Francisco, apesar do amplo destaque dado durante anos à calúnia contra mim.

Como acontece agora, de novo, quando o primeiro réu é condenado justamente pelo crime de seqüestro e assassinato e a midia volta a dar destaque não aos dois inquéritos e investigações que concluíram por crime comum, nem à retratação de Francisco, mas novamente às calúnias do promotor.

Bruno Daniel implorou-me para não pocessar seu irmão

Já as declarações de Bruno Daniel não passam de uma repetição das afirmações que seu irmão fez e depois se retratou. Aliás, Bruno me procurou no 2º turno das eleições presidenciais de 2002 implorando para eu não processar seu irmão Francisco.

Declarou-me que o irmão, na verdade por razões políticas e por necessidades financeiras tinha sido induzido a montar a farsa de uma suposta confissão de Gilberto Carvalho para atingir o PT. Infelizmente eu, de boa fé acreditei nas nobres intenções de Bruno.

O mesmo Bruno, dois anos depois foi depor na CPI dos Bingos, aquela farsa montada pelos tucanos e pelo então PFL, comandada pelo hoje desmoralizado e derrotado  senador Efraim Moraes (DEM-PB), numa tentativa de recriar a farsa do crime político e da corrupção do PT para tentar nos envolver no seqüestro e assassinato do  Celso.

Atentam contra a memória e a história de Celso

O fato é que tragicamente, com objetivos políticos, articulados com o tucanato e contando com a conivência de parte da mídia, os irmãos de Celso Daniel continuam tentando atingir seu partido, sua memória e seus companheiros. Os tucanos, aliás, usaram a questão ainda agora na última campanha, num vale tudo na tentativa de assassinar de novo Celso Daniel.

Somos vítimas e não réus - nós e o PT. Celso Daniel é um patrimônio do partido. Com  ele perdemos parte da história do PT e de nossas vidas. É preciso dar um basta a essa ignomínia e infâmia montada em cima de sua história e de sua memória.


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Um dos assassinos de Celso Daniel é condenado a 18 anos de prisão

Marcos Roberto Bispo dos Santos, o Marquinhos, foi condenado nesta quinta-feira a 18 anos de prisão pela morte do então prefeito de Santo André, Celso Daniel, em janeiro de 2002. Ele foi o primeiro dos sete réus a ser levado a julgamento.
Os jurados concordaram com a tese do Ministério Público de que o crime foi cometido por encomenda e em troca de pagamento de recompensa, o que elevou a pena do réu. A sentença foi lida pelo juiz Antonio Hristov às 17h30.
O julgamento começou pouco antes das 10h. Não houve depoimento de testemunhas, apenas debates entre a defesa e a acusação.
O promotor Francisco Cembranelli sustentou que o crime foi cometido a mando de Sérgio Gomes da Silva, o Sombra, amigo e ex-assessor do prefeito.
Celso Daniel teria decidido tomar providências para interromper um esquema de corrupção na administração municipal, que era comandado por Sombra e abastecia também caixas de campanha do PT, inclusive o da candidatura do presidente Luiz Inácio Lula da Silva a presidente, em 2002.
Marquinhos teria participado da captura do prefeito na ação do dia 18 de janeiro de 2002. Ele estava ao volante de um dos três carros usados pelo bando.
A defesa argumentou que não havia prova da participação de Marquinhos no caso e que o depoimento à polícia em que ele confessou a participação no assassinato foi obtido mediante tortura. Em depoimento em juízo, ele mudou a versão e negou envolvimento.
Marquinhos foi o único a ser julgado agora porque os outros seis réus do processo, incluindo Sombra, recorreram da sentença judicial que os mandou a júri popular. A expectativa é que eles sejam julgados apenas em 2012.
de Sérgio Roxo, O Globo

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