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Dirceu faça Gushiken sorrir lá no Céu

O Zé Dirceu é advogado e possui uma oratória brilhante
Chegou o momento do guerreiro sustentar pessoalmente sua inocência caso os Embargos Infringentes sejam legitimados, ficar frente a frente de seus algozes, como num duelo ao por do sol, produzir farto material áudio visual para entupir as redes sociais. 

Dirceu incorpora Zeus para condenar a Suprema Corte de Athenas, infligindo-lha a  maldição de Sócrates. 

Ora, se o julgamento da AP 470 é político chegou o momento do grande enfrentamento, o momento do resgate e da reaproximação da militância progressista de seus verdadeiros líderes. 

O discurso moralista e meia boca dos cinco não chega ao pés de uma boa saraivada de Dirceu! 

Fazer dos limões uma gostosa e refrescante limonada. 

Incendiar corações e mentes, fazer Gushiken sorrir no céu.
por Zé Francisco

O PT não pode servir apenas para disputar eleições


“Ele foi feito sobretudo para a gente estar 24 horas por dia ajudando a organizar a luta do povo brasileiro.” 
Lula aditando a frase acima de 
Luiz Gushiken

José Dirceu - Gushiken nos deixou

O sindicalista, ex-deputado e ex-ministro Luís Gushiken não esta mais entre nós, para nos alegrar e sempre nos fazer refletir. Não dará mais suas broncas homéricas e não nos ensinará mais como viver com dignidade e feliz. Sim isso mesmo, Gushiken sabia, como poucos, ser feliz mesmo nos duros meses finais, quando o visitamos há dias, eu, Aloizio Mercadante, Vagner Freitas, Arthur Henrique e João Felício…
Ele acompanhado de Beth sua esposa, a filha e os filhos, nos deu uma lição de vida, de paixão pela vida e por aquilo a que dedicou sua existência, a luta social e política. Era um humanista sempre em busca da paz, da justiça social e da liberdade. Sindicalista, presidiu seu sindicato (o dos Bancários de São Paulo) onde defendeu os direitos da categoria e, em 1982, enfrentou a ditadura liderando uma greve nacional de três dias que paralisou 700 mil bancários no país.
Fundou a CUT e o PT. Juntos enfrentamos os anos duros da construção do partido e as sucessivas campanhas do candidato Lula. Em 1986 foi deputado à Assembleia Nacional Constituinte e se reelegeu em 1990. Na verdade, elegeu-se e reelegeu-se deputado federal três vezes pelo PT: nas legislaturas 1987-1990 (constituinte); 1991-1994; e 1995-1998.

Gushiken, a mídia e a Justiça: uma parábola do País que temos

O que os anos recentes de um dos grandes líderes sindicais da década de 1980 contam sobre o Brasil de hoje.
Montaigne escreveu que o tamanho do homem se mede na atitude diante da morte, e citava como exemplos Sócrates e Sêneca.

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Os dois morreram serenamente consolando os que os amavam. Sócrates foi obrigado a tomar cicuta por um tribunal de Atenas e Sêneca a cortar os pulsos por ordem de Nero.
Meu pai jamais se queixou em sua agonia, e penso sempre em Montaigne quando me lembro de sua coragem diante da morte, confortando-nos a todos.
Me veio isso ontem à mente ao ler no twitter a notícia de Luís Gushiken morrera aos 63 anos. Depois desmentiram, mas ficou claro que ele vive seus dias finais num quarto do Sírio Libanês, com um câncer inexpugnável.

Gushiken, em estado grave, chama Dirceu, Genoino e Mercadante em hospital

Chamou amigos para visitá-lo no hospital Sírio-Libanês. Internado em estado grave por causa de um câncer, mas lúcido, ele próprio ministrava as doses de morfina para controlar a dor e decidia quando ficava acordado para conversar com os antigos companheiros.
JULGAMENTO
José Genoino o visitou na quarta. Na noite de quinta, Gushiken reuniu em seu quarto José Dirceu, Aloizio Mercadante e dirigentes sindicais como o presidente da CUT, Vagner Freitas. Calmo, fez um balanço de sua vida e do PT. Segundo um dos presentes, disse que o julgamento do mensalão é uma "fase heroica" do partido, que em sua opinião estaria sofrendo um ataque sem precedentes.

Dossiê Gushiken: a verdade que o pig escondeu desde 2006


Estamos acostumados com a palavra dossiê usada para o mal nos meios políticos, talvez por causa do finado ACM avô cultivar a fama de colecionar dossiês para desconstruir adversários políticos. Quem herdou essa fama a partir do final dos anos 90 foi José Serra (PSDB-SP). Mas dossiê é qualquer conjunto de documentos sobre determinado assunto e pode ser usado apenas para bem informar.
 ....

Em março 2006, após deixar o ministério no primeiro governo Lula, Luiz Gushiken elaborou e tornou público um dossiê sobre si mesmo, com o título "CPI DOS CORREIOS - SECOM/GUSHIKEN - FATOS e VERDADE".

O documento apresentava as acusações falsas espalhadas pela velha imprensa e pelos parlamentares da oposição contra ele, seguido das respectivas respostas, uma a uma, para restabelecer a verdade, com documentos anexos.

Provavelmente pouca gente tomou conhecimento desse dossiê e seu conteúdo, pois a mesma imprensa que o acusou, recusou-se a dar-lhe o direito de resposta minimamente proporcional aos danos.

Além disso, restabelecer a verdade sobre aqueles acontecimentos não atendia aos interesses eleitorais da velha imprensa oligárquica naquela eleição de 2006. Dane-se a verdade, era o lema nas redações inescrupulosas.

Talvez por isso, pela imprensa continuar tratando-o como "mensaleiro", o então Procurador-Geral, sob pressão do clamor da imprensa pela condenação de um ex-ministro do governo Lula, o manteve na denúncia e o STF acatou, mesmo quando já estava mais do que claro sua inocência. O erro só está sendo corrigido agora, com até o Procurador-Geral pedindo sua absolvição.

Hoje, aquele dossiê ganhou valor histórico, por documentar o obscurantismo golpista e a prática de torturas sobre a honra alheia aplicadas pelos maiores veículos de comunicação do país.

Curioso notar que Gushiken chefiou a secretaria de comunicação do governo Lula, de 2003 a 2005, setor que se relacionava institucionalmente com os órgãos de imprensa. Para ser tratado com a deslealdade com que foi, deve ter contrariado o bolso de muito barão da mídia.
 
A íntegra do documento pode ser lida aqui: http://goo.gl/CntYh

O desagravo de Ricardo Lewandovski a Luiz Gushiken


[...]deve servir de advertência a quem acompanha seriamente a denúncia do mensalão. O ministro foi além de Joaquim Barbosa e do procurador Roberto Gurgel, que pediram a absolvição de Gushiken por falta de provas.
Lewandovski disse que o ex-ministro deveria ser proclamado inocente.
Na verdade, a única base da denúncia contra Gushiken desapareceu há muito tempo. Responsável pelo marketing do Visanet, centro dos desvios para Marcos Valério, Henrique Pizzolato disse que recebera ordens de Gushiken ao depor na CPMI dos Correios. Mais tarde, depondo na Justiça, Pizzolato se retratou e disse que faltara com a verdade. Admitiu, como Lewandovski recordou no julgamento, que fora pressionado, sentiu medo e ficou  confuso durante a CPMI.
Todos sabiam disso  e assim mesmo Gushiken foi indiciado.  Quando os  advogados de Gushiken protestaram contra a falta de qualquer prova, a resposta é que, se ele fosse mesmo inocente,  acabaria absolvido mais tarde.
Homens públicos devem ter uma pele dura e grossa para enfrentar ataques inevitáveis.  Concordo. A coisa é um pouco mais séria, porém.
Gushiken passou os últimos sete anos com a vida revirada pelo avesso. Teve até contas de um jantar em São Paulo examinadas pelo TCU e divulgada pelos jornais, naquele tom de suspeita – e preconceito – de quem se permite  identificar sinais de deslumbramento e novo riquismo em todo cidadão que entrou na vida pública pela porta de serviço das organizações populares, em seu caso, o movimento sindical.  Até a marca de vinho era tratada como esbanjamento.  Certa vez, uma diária de hotel, a preço médio, foi  publicada como se fosse gasto exagerado, seguindo a máxima do baixo jornalismo  de que nenhuma publicação  perde dinheiro quando aposta na ingenuidade de seus leitores.
Uma revista  publicou uma reportagem onde as palavras de Pizzolato a CPI eram tratadas como verdade factual. Gushiken resolveu acionar a publicação cobrando uma indenização. Foi tratado como inimigo da liberdade de imprensa, claro. Perdeu a causa.
Falando sobre o mensalão e sobre a pressão sobre a justiça, Luiz Flávio Gomes, antigo juiz e estudioso da profissão, escreveu recentemente sobre o mensalão:
“Muitos juízes estão sendo estigmatizados pelo populismo penal midiático e isso coloca em risco, cada vez mais, a garantia da justiça imparcial e independente. O risco sério é a célebre frase ’Há juízes em Berlim’ (que glorifica a função da magistratura de tutela dos direitos e garantias das pessoas frente aos poderes constituídos) transformar-se num vazio infinito com a consequente regressão da sociedade para a era selvagem da lei do mais forte, onde ganha não a justiça, sim, quem tem maior poder de pressão. “
Conheci Alceni Guerra, deputado do PFL do Paraná, alvo de denúncias furiosas durante o governo Collor. Quando se descobriu que nada se podia provar contra ele, Alceni foi inocentado e tornou-se um símbolo da precipitação e da falta de cuidado. Não aguardou sete anos. Os mesmos veículos que divulgaram denuncias contra ele fizeram questão de retratar-se, talvez porque Alceni, um raro exemplar de político  conservador com consciência social – votou vários benefícios  na Constituinte – representava forças que se pretendia preservar e recompor assim que fosse possível, após  o impeachment de Collor.
Havia duas razões especiais  para manter Gushiken no centro da acusação, mesmo depois que ficou claro que nada havia de concreto contra ele. Uma causa era política. Com uma ligação histórica com Lula, que lhe deu um posto estratégico na coordenação da campanha de 2002, manter a acusação era uma forma de manter a denúncia perto do presidente.
Ajudava a incluir um membro do primeiro escalão naquilo que o procurador” geral chamou de “quadrilha”e “organização criminosa.“
Considerando que José Dirceu, o outro acusado com patente ministerial, só foi denunciado  por uma testemunha especialista em auto-desmentidos como Roberto Jefferson, a presença de Gushiken dava um pouco de tonelagem a história, concorda?
Outro motivo é que Gushiken foi um adversário irredutível das pretensões do banqueiro Daniel Dantas em manter o controle da Brasil Telecom, graças a um acordo de acionistas que lhe dava um poder de mando incompatível com sua participação como acionista. E aí nós chegamos a um aspecto muito curioso sobre aquilo que o juiz Luiz Flavio Gomes chamou de populismo penal midiático.
Está provado que Daniel Dantas participou do esquema Marcos Valério. Não foram somente os 3,6 milhões de reais. O inquérito do delegado Luiz Zampronha, da Polícia Federal, mostra que, sob controle de Daniel Dantas, a Brasil Telecom assinou um contrato de R$ 50 milhões com as agências de Valério. É isso aí: R$ 50 milhões. Está lá, na investigação da PF.
Ainda assim, Daniel Dantas ficou fora da lista dos acusados e suspeitos.  Mas se Pizzolato pode ser acusado e possivelmente será condenado por desvio de dinheiro público, é de se perguntar por que os recursos privados que Daniel Dantas mobilizou não lhe trouxeram a menor dor de cabeça neste caso. Não quero julgar por antecipação, sei que há muitas questões envolvidas quando se fala no nome deste banqueiro e sinto sono quando penso nelas. Daniel Dantas foi inocentado de várias acusações que lhe foram feitas.
O barulho da Operação Satiagraha mostrou-se inversamente proporcional a capacidade de apresentar provas contra os principais envolvidos.   Mas   é curioso.
Banqueiro com cadeira reservada no núcleo das privatizações do governo FHC, Daniel Dantas   também queria favores especiais do governo Lula. Pagou com contrato.  Está no inquérito, que Zampronha elaborou e enviou para o procurador Roberto Gurgel. Zampronha observa que a vontade de se acertar com Valério era tamanha que a turma sequer pediu uma avaliação técnica – mesmo meio fajuta, só para manter as aparências – da agência que fazia o serviço anterior. Mesmo assim, nada lhe aconteceu. Não precisou sequer dar maiores explicações. Nada.
Confesso que até agora não encontrei uma boa explicação a respeito.
Será que dinheiro privado é mais inocente?
Será que vale aqui a regra de que acusado de corruptor é menos culpado do que o corrupto?
É engraçado nosso populismo penal midiático, vamos combinar.
Gushiken foi tratado como culpado até que a inanição absoluta das acusações falasse por si. No auge das denúncias contra ele, dois jornalistas de São Paulo foram autorizados a fazer uma devassa nos arquivos da Secretaria de Comunicações, procurando provas para incriminá-lo. O próprio Gushiken autorizou o levantamento, sem impor condições. Os jornalistas nada encontraram mas sequer fizeram a gentileza de registrar publicamente o fato. É certo que não seria possível chegar a uma conclusão definitiva a partir daí. Mas,  naquelas circunstâncias, seria pelo menos um indício de inocência, se é que isso existe, não é mesmo?
A tardia declaração de inocência de Gushiken é uma lição do populismo penal midiático. A vítima não é só o ministro.
É você.

Indignação genuína

Na voragem das denúncias, abalou-se um dos pilares do Estado de Direito, o da presunção de inocência, uma vez que a mera acusação foi transformada no equivalente à prova de culpa”.
Luiz Gushiken