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Dilma invocada, sobre a votação de hoje na Câmara Federal

Vamos ver se os ratos do PMDB tem mesmo disposição de abandonar um navio e embarcar numa canoa furada.

Mensagem da noite


Se você ama uma pessoa diga a ela, todos os dias, de todas as formas em todas as oportunidades. Não espere o depois, o dia de amanhã, pois poderá ser tarde demais. Existem pessoas que desistem de um grande amor, ou o deixam morrer, pelo fato de não se entregarem como deveriam, por não se dedicar plenamente e não prestar atenção nos detalhes. Você deixa de se importar e acaba colocando outras coisas no lugar, e isto não é bom. Não há durabilidade sem cuidados. Você pode não estar percebendo, mas a ausência e o esfriamento subitamente começarão a aparecer.

Thaís Fernanda

Vem rir no blog

Mimica animada

EUA não é mais aquele - Crimeia declara independência da Ucrânia

Decisão foi tomada pelo parlamento neste terça-feira, antes mesmo do referendo marcado para o próximo domingo; dos 100 membros do parlamento, 78 votaram a favor da decisão, que está de acordo com normas internacionais; golpe de Estado na Ucrânia, que teve apoio do Ocidente, produziu um país menor; representantes do parlamento também anunciaram que adotarão o rublo, moeda da Rússia, como sua divisa

247 - Terminou mal a aventura do governo de Barack Obama no Leste Europeu. Nesta terça-feira, a Crimeia declarou sua independência da Ucrânia, cujo governo democraticamente eleito foi derrubado por um golpe de Estado apoiado pelo Ocidente.

A decisão da Crimeia, tomada por 78 dos 100 representantes do parlamento, veio antes mesmo do referendo marcado para o próximo domindo que irá definir se a região será anexada pela Rússia.

Leia, abaixo, um trecho da declaração do parlamento:

"Nós, os membros do parlamento da República Autônoma da Cirmeia e do conselho da cidade de Sebastopol, tendo em vista o capítulo das Nações Unidas e diversos documentos internacionais, assim como a confirmação do status de Kosovo pela corte internacional de Justiça das Nações Unidas, em 22 de julho de 2010, que determina que a declaração unilateral de independência por uma parte de um país não viola nenhuma norma internacional, tomamos esta decisão". 

A partir de agora, a Crimeia já se declara uma República Independente – e não mais autônoma. Outra decisão tomada foi a adoção do rublo, moeda da Rússia, como sua divisa. No domingo, um referendo irá determinar se a Crimeia será ou não anexada à Rússia – proposta que conta com amplo apoio popular.

CNI - INDÚSTRIA INICIA 2014 COM CRESCIMENTO NOS PRINCIPAIS INDICADORES

A utilização da capacidade instalada da indústria (UCI) registrou o melhor resultado em nove meses, em janeiro, com 82,7%. Esses e outros índices foram divulgados hoje (11) pela Confederação Nacional da Indústria (CNI) e estão na pesquisa Indicadores Industriais. O número é importante porque significa que a indústria está ampliando o uso do seu parque fabril. Em janeiro do ano passado, o indicador registrou 83,5%, mas não foi mais repetido nos meses seguintes.

“No ano de 2013 foi muito comum a ocorrência de resultados diversos. Uns [indicadores] com crescimento e outros com queda. O conjunto não foi muito definido, mas janeiro [2014] foi muito positivo. Embora, na comparação com 2013, vemos um resultado negativo no indicador de horas trabalhadas”, disse Flávio Castelo Branco, gerente executivo da CNI.

O faturamento real da indústria, em dados dessazonalizados, também cresceu, alcançando 1,6%, em comparação a dezembro passado e 2,4% ante o mesmo período de 2013, indicou a pesquisa. As horas trabalhadas, na mesma comparação, cresceram 1,4%, em dezembro, mas caíram 0,9% ante a janeiro do ano passado, sendo que o emprego subiu 0,3%, em janeiro, em comparação também a dezembro, e 1,5%, em comparação ao mesmo período do ano anterior.

“O emprego já vinha mostrando resultados positivos. E isso se reflete no resultado da massa salarial, como é possível ver nos números”, disse Castelo Branco.  No caso da massa salarial, o crescimento chegou a 0,9%, ante dezembro, e 6,7%, em comparação a janeiro de 2013. O rendimento médio real ficou em 1,1% e 5,1%, respectivamente.

“Quando nós olhamos para o resultado, há uma heterogeneidade nos dados. Ainda não caracteriza um revigoramento. Permanece em nível abaixo do que trabalhamos nos últimos dois, três anos”, avalia o economista.

Ele acredita que os dados de fevereiro devem ser novamente positivos, pois o carnaval neste ano ocorreu em março. Castelo Branco disse ainda que eventuais problemas com a economia da argentina serão compensados com o crescimento da economia mundial, especialmente a Europa e os Estados Unidos.

“Eu creio que a gente tenha que olhar por tipo de produto. Mas, no caso dos manufaturados, isso se reflete na indústria. No caso de commodities, isso vai depender da demanda da China. Mas acho que ela vai crescer acima de 7%, e os preços devem se manter de certa forma estabilizados”, destacou.
Vinicius Lisbôa – Repórter da Agência Brasil Edição: José Romildo

Adaptando Heitor Cony de 64 aos dias de hoje

Que os *caranguejos continuem andando para trás. Nós andaremos para a frente, apesar dos descaminhos e das ameaças. Pois é na frente que encontraremos a nossa missão, o nosso destino. É na frente que está a nossa glória.

*Caranguejos = PSDB/PSB E CIA

PMDB, PSB, PSDB & Cia - Farinha farta, meu pirão primeiro

Corrida aos lotes do poder é o retrato da sanha fisiológica que assola o país e ameaça a democracia


 Quem imaginou que o grito das ruas ecoou na Praça dos Três Poderes está redondamente enganado. Antes, pelo contrário, acostumada ao uso inveterado das máquinas públicas como alavancas dos seus interesses pecuniários, a laia que avilta a democracia com o uso delituoso de mandatos adquiridos a peso de ouro está mais preocupada é em meter a mão no erário para disputar mais uma eleição com bastante bala na agulha.
 
Na convenção do PMDB do insaciável Eduardo Cunha, Dilma fez mais uma aposta nessa aliança de escopo primariamente fisiológico. 
 
 Essa briga de poder protagonizada por figuras sem a menor reputação, como esse Eduardo Cunha, é o espelho quebrado de uma máfia política sem qualquer recato. Esses parlamentares vivem de chantagens explícitas do tipo: ou me dão isso e aquilo ou vamos botar alguém do governo que esteja vulnerável contra a parede.  Se forem servidos, fica o dito pelo não dito e os questionamentos e denúncias vão a arquivo. É uma extorsão política pra lá de rotineira.
É deprimente ver que a cobertura dessa mídia de superfície dá todo destaque do mundo ao jogo rasteiro de poder, como se essa briga suspeita interessasse aos cidadãos, como se o destino do Brasil, com seus desafios gigantescos, dependesse do acerto de contas da presidenta com esse exército golpista de picaretas, sem tanques e sem canhões, mas com o cérebro nervoso de oficiais em guerras de rapina.
Tudo isso acontece por que o modelo institucional brasileiro foi confeccionado sob medida para transformar a atividade pública na mais descarada  atividade privada, num logro combinado e executado por gregos e troianos.

Por esse manual o mandato político é uma grande trapaça.  Eleitos são os que têm grana, suporte de empresários gananciosos e acesso direto aos serviços públicos, sejam federais, estaduais e municipais, que convertem em moeda de troca para engrupir eleitores incautos, estrategicamente estonteados pelos BBBs e outros imãs de uma rede de entretenimentos imbecilizante e alienante por ofício.  
 
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Charge do dia


EUA não tem é mais "Xerife" do mundo

Os Estados Unidos já viveram dias melhores; na crise da Ucrânia, o presidente Barack Obama cedeu diante do russo Vladimir Putin e, por mais que o chanceler John Kerry diga que as portas estão se fechando para a diplomacia, o governo americano jamais teria coragem para o passo seguinte, que seria a guerra contra segunda maior potência nuclear do planeta; na Venezuela, governada por Nicolas Maduro, um pedido de intervenção proposto pelos Estados Unidos teve 29 votos contrários, contra apenas três favoráveis, dos americanos, canadenses e panamenhos; Império americano já não vence na força nem na persuasão do "soft power" 

247 – O presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, está entrando para a história como o general da derrocada da diplomacia de esporas e revólver na cintura do império americano. Nas crises paralelas da Ucrânia e da Venezuela, díspares mas com traços comuns, e nas quais em ambas os Estados Unidos de Obama tentam se meter, ficou estabelecido na semana passada que a lei será respeitada antes da força.

Com o parlamento da Crimeia votando por unanimidade a ligação da região à Federação Russa e a OEA marcando 29 votos a três contra a proposta de enviar observadores à Caracas, os americanos tiveram de recuar apenas para bravatas e articulações com seus aliados da União Europeia.Antes, queriam o recuo da Rússia e o início de intervenção na Venezuela. No continente americano, eles se mostraram em completo isolamento, ao lado apenas de Canadá e Panamá. Na Europa do Leste, Putin, como já se demonstrava, falou mais alto. O leão Obama miou.

Obama marcou em sua biografia um momento preciso do processo de declínio do poderio americano nos dois telefonemas que trocou com Vladmir Putin. No último, na quinta-feira 6, ao desligarem depois de uma hora de conversa tensa, ficou claro que a Rússia, com a vontade manifesta nas ruas do povo da Crimeia, o pedido unânime do parlamento local e todas as ligações históricas e culturais existentes com a região tem ao seu lado todas as leis internacionais para promover a aproximação – e consequente cooperação e proteção.

Putin deu sua versão do telefonema, sendo o único a falar a respeito do seu conteúdo. Avisou que não tem como não atender ao pedido da Crimeia e, além disso, nada há na legislação internacional que o impeça de atender ao pedido do parlamento. Obama não teria mesmo muito a dizer em público sobre o conteúdo do telefonema. Ele terá, à luz da correlação de forças e do direito internacional, de fazer seu secretário de Estado, John Kerry, engolir as ameaças de que "está se acabando a fase da diplomacia", prometendo instalar o caos da guerra na região.

Não há nenhuma justificativa legal que permitam aos Estados Unidos, pela via da Otan ou do que quer que seja, de enfiar as botas na Crimeia.

DERROTA NO QUINTAL - Igualmente, não será pelo envio de observadores que os Estados Unidos irão dar sequência, na Venezuela, ao seu apoio crescente ao desmoronamento do governo constitucional de Nicolás Maduro. A votação de 29 a 3 na OEA soou como um soco no estômago de Obama dentro do antigo quintal americano, servindo para mostrar que nem mais nas cercanias de suas fronteiras os EUA mandam como antes. O México não aprovou a proposta americana.

Frente a Putin ou pelas costas de Maduro, Obama perdeu. Se procurar romper com as regras internacionais, e fazer pela via clássica – como no Iraque e no Afeganistão – uma ação de guerra, não apenas atestará seu isolamento como marcará o ponto mais baixo de sua diplomacia conservadora de cunho antiquado e extemporâneo.

Com um tipo diferente da paranóia estelar de Ronald Reagan e da loucura bélica de George W. Bush, Obama vai sair das duas crises em curso como inconsequente e, ao mesmo tempo, acovardado.

Primeiro, ao apostar na crise da Ucrânia como uma oportunidade de ganho de espaço de dominação geopolítica, Obama e sua administração se mostraram amadores e irresponsáveis. Até as estrelas da bandeira americana sabem que qualquer tentativa de mudança de correlação de forças na região irá, sempre e sempre, despertar o urso russo. Misha, então, se torna Putin. Não se brinca com o segundo (ou primeiro) maior arsenal nuclear do planeta.

Na Venezuela, não há indicativos de que o governo de Maduro perdeu a sustentação que sempre teve – de praticamente metade mais um da população do país. Há que se entender que esse vizinho do Brasil é um país dividido politicamente há pelo menos 40 anos, alternando regimes militares com governos pró-americanos, até o advento do chavismo, onze anos atrás.

Nesse quadro, a Venuzuela tem mostrado solidez institucional suficiente para resolver seus próprios problemas, apesar de os EUA de Obama apostarem em todo o tipo de método de desestabilização.

Uma em cada hemisfério do globo, as crises da Ucrânia e da Venezuela marcam o instante histórico em que os Estados Unidos estão perdendo definitivamente sua estrela de xerife do mundo.

Abaixo, notícia da Agência Reuters a respeito:

Kerry pede máxima moderação à Rússia na região ucraniana da Crimeia

WASHINGTON, 8 Mar (Reuters) - O secretário de Estado norte-americano, John Kerry, disse em telefonema ao chanceler russo, Sergei Lavrov, que qualquer passo da Rússia para anexar a região ucraniana da Crimeia fecharia as portas para a diplomacia, afirmou uma autoridade do Departamento de Estado dos Estados Unidos.
"Ele deixou claro que a continuidade da intensificação militar e da provocação na Crimeia ou em qualquer outra parte da Ucrânia, junto com passos para anexar a Crimeia à Rússia, fecharia qualquer espaço disponível para a diplomacia, e ele apelou pela máxima moderação", disse a autoridade.

Época, revista da Globo, rompe o "namoro" com Barbosa na política

Quem já ouviu a conversa pretensamente elegante na hora de levar um cruel "pé-na-bunda" da namorada ou namorado, sabe do que a revista Época está falando quando fez uma matéria sobre Joaquim Barbosa nesta semana.

Pois a "reportagem" foi exatamente isso. Começa com elogios como "você é bom demais para mim, eu não mereço você, tenho fraquezas demais", como se a carreira política estivesse dizendo isso para Barbosa, para depois dar a "punhalada" final neste parágrafo, que diz tudo:
Num momento em que o Supremo está dividido pelos traumas do mensalão, existe apenas uma unanimidade entre todos os ministros da Corte – uma unanimidade que se estende à Procuradoria-Geral da República e aos amigos de Joaquim. Caso, por alguma razão insondável, Joaquim mude de ideia e resolva entrar na política, será um desastre para ele, para o Supremo e para a legitimidade do julgamento do mensalão. Mas os ministros mais próximos dele, assim como todos os seus poucos amigos de confiança, têm certeza de que ele diz a verdade quando garante que não dará o salto de 300 metros. Nem o de 100.
O salto de 300 metros está explicado no início da matéria. Seria para o Palácio do Planalto. E 100 metros seria para o Congresso Nacional. São as distância do Palácio do STF até as sedes dos outros poderes da República.

Cruel! A revista dá um fora até em uma candidatura de Barbosa para senador ou deputado.

De fato concreto, o que existe é uma nota da assessoria do presidente do STF dizendo que não seria candidato a presidente em 2014, mas a nota deixou a porta aberta para ser candidato a outro cargo.

Segundo o repórter da Época, Diego Escosteguy, ele mesmo não entrevistou Barbosa, nem o ouviu. Escreveu que publicava o que fora dito a um "interlocutor curioso" recebido por Barbosa "numa tarde recente e chuvosa em Brasília" (usou até o velho disfarce de narrar o ambiente para impressionar o leitor desatento, diante de uma informação claramente não confirmada).

Do texto se conclui que o repórter sequer ouviu a assessoria de Barbosa para confirmar ou desmentir o que publicou a partir do "interlocutor" oculto ou imaginário.

Ora, qualquer jornalista sabe que matéria feita assim não é reportagem. É fazer publicidade do que a revista (portanto, seus editores e donos) deseja que aconteça. Por outro lado é um recado.

Traduzindo: a Globo está bombardeando a candidatura de Barbosa até ao Senado, porque será "um desastre para a legitimidade do julgamento do mensalão" nas palavras da revista.

Detalhe: foi a mais clara admissão até agora feita por um veículo das organizações Globo da fragilidade jurídica do julgamento, pois bastaria uma decisão pessoal de Barbosa seguir carreira política para desmoronar tudo.

Essa matéria confirma o que a Helena disse meses atrás na nota "Globo dá sinais de que, se farsa ruir, Barbosa é quem vai pagar a conta".

O que a revista da Globo entende por "desastre" seria, primeiro, o reconhecimento popular e internacional amplo de que o julgamento teve uma grande dosagem de conspiração e exploração política, inclusive para Barbosa se lançar candidato. O pêndulo da opinião pública mudaria muito rápido.

Segundo, seria o efeito inverso ao desejado pelos donos da Globo. Ou seja, o PT ganhar, além da presidência da República, mais cadeiras no Congresso Nacional e mais governos estaduais, pois as contradições do mensalão parodoxalmente coloca o PT como partido mais honesto do que os outros, e o discurso udenista dos cínicos acaba por favorecê-lo. Foi o único partido que teve seus membros punidos (e muitos reconhecem que foram injustamente), pois o mensalão tucano, que é mais antigo, continuou na gaveta. O único partido que ao chegar ao governo teve boa-fé de tentar não nomear um engavetador-geral da república. O único que não aparelhou o judiciário. O único partido que é "fiscalizado" (na verdade, perseguido) implacavelmente pela velha imprensa. Aqueles eleitores que não são torcedores demotucanos fanáticos enxergarão isso mais claramente com Barbosa candidato a qualquer coisa, aumentando votos no PT.

Terceiro, com Barbosa no palanque, a dúvida sobre a lisura do julgamento ficaria muito mais evidente, e seria um prato cheiro para os advogados abrirem mais rapidamente uma revisão criminal que possa anular as sentenças, de alguns réus em parte, de outros, no todo.

Quarto, as contraprovas, tais como o inquérito 2474, chamado "gavetão", que hoje só a blogosfera, a imprensa alternativa e honrosas exceções de colunistas da "grande" imprensa, como Paulo Moreira Leite e Jânio de Freitas, dão atenção, ganharia ares de escândalo de grandes proporções. Não teria mais como fechar a panela de pressão depois de explodir.

Quinto, no Congresso Nacional se poderia até abrir uma CPI do processo do mensalão. E advinha quem estaria no olho do furacão? Não seria só Barbosa, seria também a própria Globo, com o dinheiro que recebeu do "mensalão", com o bônus de volume que remunerava as agências de publicidade de Marcos Valério, com depoimentos de ex-jornalistas da emissora testemunhando as ordens que recebiam quando trabalharam lá em 2005 e 2006, as notícias que omitiam ou deixavam de apurar. E muitas outras coisas ainda não reveladas, pelo menos ao grande público.

Tudo isso explica a nada sutil "reportagem" da revista Época, dando um fim, o famoso pé-na-bunda, ao namoro.

Outras pérolas da matéria na revista Época:
"Trezentos metros separam o Palácio do Planalto da presidência do Supremo Tribunal Federal (...) o homem que muitos brasileiros gostariam de ver no outro lado da Praça dos Três Poderes (...) Parece bastar um pulinho. Mas requer um salto suicida. Joaquim sabe disso.
O interlocutor observou que Joaquim não teria aptidão para entrar na política.

por Zé Augusto

Época, revista da Globo, rompe o "namoro" com Barbosa na política

Quem já ouviu a conversa pretensamente elegante na hora de levar um cruel "pé-na-bunda" da namorada ou namorado, sabe do que a revista Época está falando quando fez uma matéria sobre Joaquim Barbosa nesta semana.

Pois a "reportagem" foi exatamente isso. Começa com elogios como "você é bom demais para mim, eu não mereço você, tenho fraquezas demais", como se a carreira política estivesse dizendo isso para Barbosa, para depois dar a "punhalada" final neste parágrafo, que diz tudo:
Num momento em que o Supremo está dividido pelos traumas do mensalão, existe apenas uma unanimidade entre todos os ministros da Corte – uma unanimidade que se estende à Procuradoria-Geral da República e aos amigos de Joaquim. Caso, por alguma razão insondável, Joaquim mude de ideia e resolva entrar na política, será um desastre para ele, para o Supremo e para a legitimidade do julgamento do mensalão. Mas os ministros mais próximos dele, assim como todos os seus poucos amigos de confiança, têm certeza de que ele diz a verdade quando garante que não dará o salto de 300 metros. Nem o de 100.
O salto de 300 metros está explicado no início da matéria. Seria para o Palácio do Planalto. E 100 metros seria para o Congresso Nacional. São as distância do Palácio do STF até as sedes dos outros poderes da República.

Cruel! A revista dá um fora até em uma candidatura de Barbosa para senador ou deputado.

De fato concreto, o que existe é uma nota da assessoria do presidente do STF dizendo que não seria candidato a presidente em 2014, mas a nota deixou a porta aberta para ser candidato a outro cargo.

Segundo o repórter da Época, Diego Escosteguy, ele mesmo não entrevistou Barbosa, nem o ouviu. Escreveu que publicava o que fora dito a um "interlocutor curioso" recebido por Barbosa "numa tarde recente e chuvosa em Brasília" (usou até o velho disfarce de narrar o ambiente para impressionar o leitor desatento, diante de uma informação claramente não confirmada).

Do texto se conclui que o repórter sequer ouviu a assessoria de Barbosa para confirmar ou desmentir o que publicou a partir do "interlocutor" oculto ou imaginário.

Ora, qualquer jornalista sabe que matéria feita assim não é reportagem. É fazer publicidade do que a revista (portanto, seus editores e donos) deseja que aconteça. Por outro lado é um recado.

Traduzindo: a Globo está bombardeando a candidatura de Barbosa até ao Senado, porque será "um desastre para a legitimidade do julgamento do mensalão" nas palavras da revista.

Detalhe: foi a mais clara admissão até agora feita por um veículo das organizações Globo da fragilidade jurídica do julgamento, pois bastaria uma decisão pessoal de Barbosa seguir carreira política para desmoronar tudo.

Essa matéria confirma o que a Helena disse meses atrás na nota "Globo dá sinais de que, se farsa ruir, Barbosa é quem vai pagar a conta".

O que a revista da Globo entende por "desastre" seria, primeiro, o reconhecimento popular e internacional amplo de que o julgamento teve uma grande dosagem de conspiração e exploração política, inclusive para Barbosa se lançar candidato. O pêndulo da opinião pública mudaria muito rápido.

Segundo, seria o efeito inverso ao desejado pelos donos da Globo. Ou seja, o PT ganhar, além da presidência da República, mais cadeiras no Congresso Nacional e mais governos estaduais, pois as contradições do mensalão parodoxalmente coloca o PT como partido mais honesto do que os outros, e o discurso udenista dos cínicos acaba por favorecê-lo. Foi o único partido que teve seus membros punidos (e muitos reconhecem que foram injustamente), pois o mensalão tucano, que é mais antigo, continuou na gaveta. O único partido que ao chegar ao governo teve boa-fé de tentar não nomear um engavetador-geral da república. O único que não aparelhou o judiciário. O único partido que é "fiscalizado" (na verdade, perseguido) implacavelmente pela velha imprensa. Aqueles eleitores que não são torcedores demotucanos fanáticos enxergarão isso mais claramente com Barbosa candidato a qualquer coisa, aumentando votos no PT.

Terceiro, com Barbosa no palanque, a dúvida sobre a lisura do julgamento ficaria muito mais evidente, e seria um prato cheiro para os advogados abrirem mais rapidamente uma revisão criminal que possa anular as sentenças, de alguns réus em parte, de outros, no todo.

Quarto, as contraprovas, tais como o inquérito 2474, chamado "gavetão", que hoje só a blogosfera, a imprensa alternativa e honrosas exceções de colunistas da "grande" imprensa, como Paulo Moreira Leite e Jânio de Freitas, dão atenção, ganharia ares de escândalo de grandes proporções. Não teria mais como fechar a panela de pressão depois de explodir.

Quinto, no Congresso Nacional se poderia até abrir uma CPI do processo do mensalão. E advinha quem estaria no olho do furacão? Não seria só Barbosa, seria também a própria Globo, com o dinheiro que recebeu do "mensalão", com o bônus de volume que remunerava as agências de publicidade de Marcos Valério, com depoimentos de ex-jornalistas da emissora testemunhando as ordens que recebiam quando trabalharam lá em 2005 e 2006, as notícias que omitiam ou deixavam de apurar. E muitas outras coisas ainda não reveladas, pelo menos ao grande público.

Tudo isso explica a nada sutil "reportagem" da revista Época, dando um fim, o famoso pé-na-bunda, ao namoro.

Outras pérolas da matéria na revista Época:
"Trezentos metros separam o Palácio do Planalto da presidência do Supremo Tribunal Federal (...) o homem que muitos brasileiros gostariam de ver no outro lado da Praça dos Três Poderes (...) Parece bastar um pulinho. Mas requer um salto suicida. Joaquim sabe disso.
O interlocutor observou que Joaquim não teria aptidão para entrar na política.

por Zé Augusto

Educação - um dia isso tinha que acontecer

Está à rasca a geração dos pais que educaram os seus meninos numa abastança caprichosa, protegendo-os de dificuldades e escondendo-lhes as agruras da vida. 
Está à rasca a geração dos filhos que nunca foram ensinados a lidar com frustrações. 
A ironia de tudo isto é que os jovens que agora se dizem (e também estão) à rasca são os que mais tiveram tudo. Nunca nenhuma geração foi, como esta, tão privilegiada na sua infância e na sua adolescência. E nunca a sociedade exigiu tão pouco aos seus jovens como lhes tem sido exigido nos últimos anos.
Deslumbradas com a melhoria significativa das condições de vida, a minha geração e as seguintes (actualmente entre os 30 e os 50 anos) vingaram-se das dificuldades em que foram criadas, no antes ou no pós 1974, e quiseram dar aos seus filhos o melhor.
Ansiosos por sublimar as suas próprias frustrações, os pais investiram nos seus descendentes: proporcionaram-lhes os estudos que fazem deles a geração mais qualificada de sempre (já lá vamos...), mas também lhes deram uma vida desafogada, mimos e mordomias, entradas nos locais de diversão, cartas de condução e 1.º automóvel, depósitos de combustível cheios, dinheiro no bolso para que nada lhes faltasse. Mesmo quando as expectativas de primeiro emprego saíram goradas, a família continuou presente, a garantir aos filhos cama, mesa e roupa lavada.
Durante anos, acreditaram estes pais e estas mães estar a fazer o melhor; o dinheiro ia chegando para comprar (quase) tudo, quantas vezes em substituição de princípios e de uma educação para a qual não havia tempo, já que ele era todo para o trabalho, garante do ordenado com que se compra (quase) tudo. E éramos (quase) todos felizes.
Depois, veio a crise, o aumento do custo de vida, o desemprego, ... A vaquinha emagreceu, feneceu, secou.
Foi então que os pais ficaram à rasca.
Os pais à rasca não vão a um concerto, mas os seus rebentos enchem Pavilhões Atlânticos e festivais de música e bares e discotecas onde não se entra à borla nem se consome fiado.
Os pais à rasca deixaram de ir ao restaurante, para poderem continuar a pagar restaurante aos filhos, num país onde uma festa de aniversário de adolescente que se preza é no restaurante e vedada a pais.
São pais que contam os cêntimos para pagar à rasca as contas da água e da luz e do resto, e que abdicam dos seus pequenos prazeres para que os filhos não prescindam da internet de banda larga a alta velocidade, nem dos qualquercoisaphones ou pads, sempre de última geração.
São estes pais mesmo à rasca, que já não aguentam, que começam a ter de dizer "não". É um "não" que nunca ensinaram os filhos a ouvir, e que por isso eles não suportam, nem compreendem, porque eles têm direitos, porque eles têm necessidades, porque eles têm expectativas, porque lhes disseram que eles são muito bons e eles querem, e querem, querem o que já ninguém lhes pode dar!
A sociedade colhe assim hoje os frutos do que semeou durante pelo menos duas décadas.
Eis agora uma geração de pais impotentes e frustrados.
Eis agora uma geração jovem altamente qualificada, que andou muito por escolas e universidades mas que estudou pouco e que aprendeu e sabe na proporção do que estudou. Uma geração que colecciona diplomas com que o país lhes alimenta o ego insuflado, mas que são uma ilusão, pois correspondem a pouco conhecimento teórico e a duvidosa capacidade operacional.
Eis uma geração que vai a toda a parte, mas que não sabe estar em sítio nenhum. Uma geração que tem acesso a informação sem que isso signifique que é informada; uma geração dotada de trôpegas competências de leitura e interpretação da realidade em que se insere.
Eis uma geração habituada a comunicar por abreviaturas e frustrada por não poder abreviar do mesmo modo o caminho para o sucesso. Uma geração que deseja saltar as etapas da ascensão social à mesma velocidade que queimou etapas de crescimento. Uma geração que distingue mal a diferença entre emprego e trabalho, ambicionando mais aquele do que este, num tempo em que nem um nem outro abundam.
Eis uma geração que, de repente, se apercebeu que não manda no mundo como mandou nos pais e que agora quer ditar regras à sociedade como as foi ditando à escola, alarvemente e sem maneiras.
Eis uma geração tão habituada ao muito e ao supérfluo que o pouco não lhe chega e o acessório se lhe tornou indispensável.
Eis uma geração consumista, insaciável e completamente desorientada.
Eis uma geração preparadinha para ser arrastada, para servir de montada a quem é exímio na arte de cavalgar demagogicamente sobre o desespero alheio.
Há talento e cultura e capacidade e competência e solidariedade e inteligência nesta geração?
Claro que há. Conheço uns bons e valentes punhados de exemplos!
Os jovens que detêm estas capacidades-características não encaixam no retrato colectivo, pouco se identificam com os seus contemporâneos, e nem são esses que se queixam assim (embora estejam à rasca, como todos nós).
Chego a ter a impressão de que, se alguns jovens mais inflamados pudessem, atirariam ao tapete os seus contemporâneos que trabalham bem, os que são empreendedores, os que conseguem bons resultados académicos, porque, que inveja! que chatice!, são betinhos, cromos que só estorvam os outros (como se viu no último Prós e Contras) e, oh, injustiça!, já estão a ser capazes de abarbatar bons ordenados e a subir na vida.
E nós, os mais velhos, estaremos em vias de ser caçados à entrada dos nossos locais de trabalho, para deixarmos livres os invejados lugares a que alguns acham ter direito e que pelos vistos - e a acreditar no que ultimamente ouvimos de algumas almas - ocupamos injusta, imerecida e indevidamente?!!!
Novos e velhos, todos estamos à rasca.
Apesar do tom desta minha prosa, o que eu tenho mesmo é pena destes jovens.
Tudo o que atrás escrevi serve apenas para demonstrar a minha firme convicção de que a culpa não é deles.
A culpa de tudo isto é nossa, que não soubemos formar nem educar, nem fazer melhor, mas é uma culpa que morre solteira, porque é de todos, e a sociedade não consegue, não quer, não pode assumi-la. Curiosamente, não é desta culpa maior que os jovens agora nos acusam.
Haverá mais triste prova do nosso falhanço?

por Mia Couto

FHC - a Ofélia da política brasileira - nos tem como tolos

Não me passaria pela cabeça que o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso pudesse iniciar um artigo de opinião censurando o sorriso de alguém. Ao indagar com tanto mau humor a razão da alegria estampada na foto da presidenta Dilma com o ex-presidente Lula no Palácio da Alvorada, o ex-presidente surpreende pelo azedume e pela amargura.

A sequência de ataques do artigo parece indicar que o autor renunciou à cadeira de referencial de equilíbrio e estabilidade do debate nacional, que muitos lhe atribuem, para especular sobre uma imaginária (e inexistente) indiferença da presidenta Dilma, e do poder central, em relação às manifestações das ruas e a alguns acontecimentos dos últimos dias. Com todo o respeito, cumpre que o ex-presidente volte à razão.

Testemunhei na Casa Civil o esforço da presidenta para entender e atender as ruas. Ela foi praticamente a única, entre as lideranças políticas deste país, a expor-se, a manifestar-se claramente, a ter iniciativas. As manifestações carecem ainda de melhor análise histórica, mas, seguramente, erra quem insiste em tentar atribuir toda a insatisfação ao governo central. Será que o ex-presidente acredita que as manifestações eram a favor da oposição? Nenhum governante da oposição foi alvo de protestos?

Ele fala de crise do setor elétrico como se o apagão de 2001/2002 não estivesse na memória do país. A crítica à suposta imprevidência só pode ser a si mesmo e a seu governo. Sobre a inflação, diz que é “bem mais” que 6% ao ano, sem citar, contudo, qualquer fonte que possa sustentar seu índice impreciso e irreal.
Esquece-se de que deixou ao país uma inflação de 12,7% em 2002.

Com sua prosa instruída, sua cultura e sua força retórica, o ex-presidente cita Maria Antonieta e tenta, em vão, associá-la a personagens da história brasileira no presente. Não faz sentido. Os líderes do atual governo, a começar pela presidenta Dilma, podem orgulhar-se da enorme proximidade com as pessoas. Governam para a maioria. Não é por acaso que os pobres melhoraram de vida e passaram a ter otimismo e esperança.

Fernando Henrique agora critica o clientelismo e a inépcia assegurada por 30 partidos no Congresso. Nem parece que passou oito anos no comando do Executivo, sem dizer “a” ou “b” sobre reforma política. E que governou com um sistema de base parlamentar tão ampla que alterou a Constituição Federal para garantir sua reeleição.

O curioso é que, depois de achincalhar o Congresso, o ex-presidente conclama o conjunto da “classe política” a assumir parcelas de responsabilidade sobre os rumos do Brasil para construírem a política do amanhã. Fiquei pensando: ele tem direito de dizer o que muito bem quiser. Não tem é o direito de nos tomar por tolos.

Gosto da ideia de buscarmos unir a todos os brasileiros em torno das questões fundamentais para a nossa nação. Não concordo que os temas essenciais sejam a troca da guarda nem a revolta contra o sorriso, mas sem dúvida é preciso aprofundar o debate sobre a economia, a política e as questões sociais. Isso é o fundamental para a construção do futuro. E o futuro pode ser edificado sim com alegria e sorrisos.

Gleisi Hoffmann, senadora PT-PR