Se é a melhor das metáforas, sinceramente não sei, mas foi com ela que consegui explicar a um grupo de amigos a gravidade e a extensão da burla eleitoral perpetrada pelo pessoal do Bolsonaro. O escândalo das mensagens de WhatsApp anti-Haddad, já possui definições famosas: “Caixa2doBolsonaro” é a mais conhecida e tornada “trend topic” do Twitter. “Tsunami Cibernético” é a mais recente, proposta por Fernando Haddad, aos jornais de hoje. Mas confesso, humildemente, que a imagem que proponho acima me parece mais precisa para definir o ocorrido.
A razão é que, ao ler a matéria da repórter Patrícia Campos Mello, na Folha de São Paulo desta quinta-feira acometeu-me um sentimento de raiva, mas também de alívio. Sim, alívio por descobrir que o país não estava completamente maluco; alívio em saber que a enorme votação do Bolsonaro e dos seus partidários não se explicava por um irremediável ódio antipetista; um ódio que eu sabia que existia, mas que jamais imaginara ser tão grande e profundo. A revelação da fraude me acalmou: o ódio latente fora artificialmente aumentado; o antipetismo fora ANABOLIZADO por milhões e milhões de postagens minunciosamente destinadas aos vários segmentos da população do país.
Imediatamente me veio à mente a lembrança de uma das mais famosas fraudes da boa-fé de milhões de pessoas: a final dos 100 metros rasos das olimpíadas de Seul, na Coréia do Sul, em 1988. A história é conhecida e tornou-se um marco do atletismo mundial. Dois dos maiores velocistas da época, eram os favoritos. De um lado, Carl Lewis, americano recordista mundial e herói da olimpíada de Los Angeles, 4 anos antes. Do outro, Ben Johnson, jamaicano\canadense, que se mostrara mais veloz ao longo daquele ano em mais de um momento. Esperava-se uma disputa acirrada entre os dois. O que aconteceu foi surpreendente: Johnson não só venceu com larga vantagem, como cravou novo e incrível recorde mundial. Lewis ficou em segundo e sua cara de assombro na linha de chegada é semelhante ao nosso com a chuva de votos do PSL de Bolsonaro, no primeiro turno. Dias depois se descobriu que Johnson correra dopado. Ele perdeu a medalha e o mundo percebeu o quanto o “MITO” canadense não passava de uma fraude que fora construída, gradualmente, a base de anabolizantes.