Mostrando postagens com marcador biografia. Mostrar todas as postagens
Mostrando postagens com marcador biografia. Mostrar todas as postagens

José Dirceu - biografia e censura


Acredito que o direito à liberdade de expressão e o veto a qualquer forma de censura de natureza política, ideológica ou artística, como diz claramente o artigo 220 da Constituição, é um bem maior que se sobrepõe à interpretação de proteção à privacidade do cidadão comum estabelecida pela reforma do Código Civil, em 2001.

Fui vítima -isso mesmo, vítima- de uma das piores biografias recentemente publicadas. Mas nada me anima a ser favorável à atual proibição inscrita no nosso Código Civil que exige autorização do retratado e da família.

A "biografia" escrita sobre mim é um bom exemplo para o debate em questão. Não foi autorizada, porém o mais grave não é o fato de ter sido produzida à revelia, mas sim o de oferecer aos leitores um livro repleto de erros -graves e em dezenas-, inverdades, impropriedades e com trechos de pura ficção.

Do primeiro ao último capítulo, lê-se uma história que não condiz com a verdade.

Em nenhum momento cogitei proibir sua publicação porque acredito e aposto na liberdade de expressão em regime democrático. Por ela lutei toda a minha vida e ainda luto. Acredito no debate de ideias e no contraditório. Acredito na lei e na justiça. Por ela luto e lutarei sempre.

Mas é preciso garantir tanto a liberdade de expressão quanto a reparação em caso de ofensa. Deve-se garantir plena isonomia entre o direito de publicar biografias e o direito de resposta e proteção à honra.

No caso das biografias não autorizadas, é preciso deixar a patrulha ideológica de lado e privilegiar o debate com o objetivo de assegurar o pleno cumprimento do Estado democrático de Direito.

O veto às biografias é, antes da defesa da privacidade do biografado, uma censura velada à liberdade de expressão, conquista que a sociedade brasileira alcançou depois de anos de regime militar.

Roberto Carlos e biografias não autorizadas

Se existem dois Robertos, nenhum tem nexo, nem concavo nem convexo
Há dois Robertos sobre o palco. Um deles foi à Justiça para arrancar das livrarias a biografia ‘Roberto Carlos em detalhes’, sob censura há seis anos e meio. O outro diz ser “a favor” do projeto de lei que autoriza a publicação de biografias não autorizadas. Juntos, esses dois Robertos não fazem sentido.
O segundo Roberto é recentíssimo. Foi ao ar no programa ‘Fantástico’, na noite deste domingo. Para que ele fizesse nexo, o primeiro Roberto, conhecido desde abril de 2007, teria que sair de cena. A entrevistadora Renata Vasconcellos tentou abrir a porta de saída:
— Você permitiria a biografia que foi feita a seu respeito há alguns anos?
Roberto, o primeiro, pensou por alguns segundos. E deu uma resposta que faz de Roberto, o segundo, um personagem desconexo:
— Isso tem que ser discutido.
Chama-se Paulo César de Araújo o autor do livro retirado das prateleiras. Que pecados teria cometido para merecer o banimento editorial? Imaginou-se que, ao se dispor a enfrentar o tema sob holofotes, Roberto 1º exporia suas razões em profundidade. Não foi o que sucedeu. Ele preferiu ziguezaguear ao redor do tema:
— O biógrafo também pesquisa uma história que está feita. Que está feita pelo biografado. Então, ele na verdade não cria uma história. Ele faz um trabalho e narra aquela história que não é dele. Que é do biografado. E a partir do que ele escreve, ele passa a ser dono da história. E isso não é certo.
— [Não é certo] por uma questão também comercial?, a repórter tentou entender.
Nesse ponto, Roberto 1º saiu-se com uma declaração que abre um mar de reticências que, de tão profundo, pode ser atravessado por uma formiga –com água na altura da canela:
— Por tudo, ele se limitou a dizer.
De repente, ganharam viço as indagações que Ruy Castro dirigiu à ministra Marta Suplicy (Cultura) na Feira do Livro de Frankfurt. Escritor refinado, Ruy também já foi vítima dos artigos do Código Civil que permitem aos famosos e aos seus parentes requerer a censura prévia de livros. “Eu perguntei [à ministra] se o biógrafo vai ter que pagar um dízimo ao biografado”, contou Ruy Castro dias atrás. “Pagar esse dízimo vai garantir nossa liberdade? Eu posso pagar um dízimo ao Roberto Carlos e falar da perna mecânica?”
Sempre se imaginou que o caso da perna, mencionado pelo jornalista Paulo César de Araújo na obra proibida, fosse o motivo da revolta de Roberto 1º. Curiosamente, ele negou essa versão. Revelou à plateia que vem aí uma novidade.
— Eu estou escrevendo a minha história. E informando muito mais a essas pessoas sobre a minha vida, sobre as minhas coisas, muito mais do que qualquer outra fonte.
Em vez de pagar dízimo a terceiros, o dono da perna mecânica como que reivindica o monopólio do culto à sua autoimagem:
— Pessoas têm dito que eu sou contra [a biografia] por causa do meu acidente, que foi contado, essa coisa toda. Não é isso, não. Eu, quando escrever meu livro, eu vou contar do meu acidente. Ninguém poderá contar do meu acidente melhor que eu. Ninguém poderá dizer aquilo que aconteceu com todos os detalhes que eu posso. Porque ninguém poderá dizer o que eu senti e o que eu passei. Desculpa a rima, porque isso aí só eu sei.
Roberto 1º tem todo o direito de escrever sobre si mesmo. Ele é dono da própria vida. Construiu uma biografia edificante. Mas isso não o torna dono da história. Tampouco o biógrafo, ao narrar “uma história que está feita”, vira proprietário dela. A história é um bem coletivo. E a privacidade de quem optou por viver na vitrine é um direito relativo. A vacina contra eventuais calúnias, difamações ou mentiras é o processo judicial, não a censura prévia.
— Quem escreveria a biografia do Roberto Carlos com as bênçãos do Rei?, quis saber a entrevistadora.
— Eu. Detalhes que, com certeza, não vão estar em outras biografias.
— Mas às vezes o biografado não quer contar tudo, né, Roberto?
— Sim, mas eu vou contar tudo que eu realmente acho que tem sentido de contar em relação àquilo que eu senti, que eu vivi.
Levando-se Roberto 1º ao pé da letra, confirma-se a suspeita de que toda tentativa de relato historiográfico, a começar pelo texto inaugural de Heródoto, o ‘pai da história’, é uma lenda. Só que muito mais mentirosa. O que salva o passado do esquecimento são as autobiografias.
Assim, nenhum brasileiro deve entrar em pânico se, ao folhear uma obra chapa-branca sobre a história da música popular brasileira e dos seus maiores ídolos, sentir uma sensação estranha. A sensação de um passageiro que viaja num avião sabendo que sua bagagem, com tudo o que possui, viaja em outro.
O direito à informação estaria mais garantido se Roberto 2º, aquele que se diz “a favor” das biografias não autorizadas, prevalecesse sobre o outro, que condiciona o fim da censura prévia à realização de “alguns ajustes”. O diabo é que Roberto 1º se nega a detalhar os “ajustes”.
— Que ajustes seriam esses?, perscrutou a repórter.
— Isso aí tem que se discutir. São muitas coisas. Tem que haver um equilíbrio e alguns ajustes para que essa lei não venha a prejudicar nem um lado, nem outro. Nem o lado do biografado, nem o lado do biógrafo. E que não fira a liberdade de expressão e o direito à privacidade.
Moral da “história”: em terra de cego, biógrafo que tem um olho foge do rei.
por Josias de Souza

Abreugrafia não autorizada de Caetano Veloso

 foto de Beto Fae.
Desde já agradeço a todos que compartilharem a postagem. Obrigado!

Biografias autorizadas - Como beber dessa bebida amarga? Tragar a dor, engolir a labuta?

Eram maus tempos aqueles em que as pessoas se dedicavam ao delicado quebra-cabeça de ressignificar as metáforas que vinham semeadas com inteligência, escondidas entre as dobraduras dos textos de jornal e das letras de música.
Como era proibido falar com clareza, a censura obrigava a imaginação a se desdobrar em imagens poéticas para ser decifrada e fruída intelectualmente por aqueles a quem a trava das proibições era uma violência a merecer vingança.
E a vingança era a poesia que escapava à limitação intelectual dos censores.
Pois não é que agora os nossos construtores de metáforas, que incendiaram o imaginário popular com seus impiedosos versos, e aqueles que gritavam que era “proibido proibir” se transformaram eles mesmo na reencarnação moderna do mal contra o qual lutaram?
Como beber dessa bebida amarga?
Não há metáfora que esconda o verdadeiro sentido da ação do grupo Procure Saber, encabeçado pela famosa sabe-se-lá-o-quê Paula Lavigne: vetar biografia não autorizada é censura prévia. A Constituição, à qual um artigo do Código Civil não pode sobrepor-se, veta expressamente a censura prévia.
As justificativas que os nomes célebres que aderiram à causa alinhavaram em textos de jornal, tornaram a emenda pior que os seus piores sonetos.
Caetano e Chico escreveram artigos desajeitados no jornal para justificar a sua posição; o primeiro chegou a escrever que topa uma biografia não autorizada de tipos como Sarney, sem dar-se conta que defendia a censura seletiva.
O segundo cometeu um pecado do qual teve que redimir-se pedindo desculpas: desmentiu ter dado uma entrevista, que o autor tinha gravado e, para vergonha do bardo, colocou no ar.
Dos defensores da causa, as vergonhas maiores ficaram para Paula Lavigne, que usou um programa de TV para cometer uma baixaria contra a colunista Bárbara Gancia, a pretexto de fazer uma analogia despropositada, e Marilia Pêra, que “monetizou” a questão com esta frase de rara infelicidade:
- É "doloroso" ver publicadas verdades indesejáveis sem compensação financeira ao biografado.
Ela quis dizer que com compensação financeira as “verdades indesejáveis” deixam de ser indesejáveis ou, com um pouco de boa vontade, devemos considerar que ela cometeu apenas uma impropriedade de linguagem? A dúvida e a vergonha alheia ficam pairando no ar.
Biografias honestas costumam ser narrativas históricas de fatos reais, que compõem as histórias de vida de personagens públicos. Se o autor relatar fatos que não aconteceram e incorrer em injúria contra o biografado, existem leis para reparar esses danos.
O que não há é lei que justifique a censura prévia. Afastem de nós esse cálice.
 do jornalista Sandro Vaia
Desde já agradeço a todos que compartilharem a postagem. Obrigado!

Quero ver Chico afastar esse cálice

Paulo Cesar de Araújo - historiador e escritor - autor da biografia ‘Roberto Carlos em detalhes’, mencionado em artigo de Chico Buarque no O Globo, retrucou as afirmações do compositor:
Foi com grande espanto que li, quarta, declaração de Chico Buarque aqui no GLOBO, afirmando que jamais me deu uma entrevista. Ou seja, ele alega que eu teria faltado com a verdade ao incluí-lo entre as fontes listadas na biografia “Roberto Carlos em detalhes”. Ocorre que Chico Buarque foi, sim, uma das 175 pessoas que entrevistei para a pesquisa que resultou naquele livro.

O artista certamente se esqueceu, mas ele me recebeu em sua casa, na Gávea, na tarde de 30 de março de 1992. E esta entrevista, com duração de quatro horas, foi gravada, filmada e fotografada. Falamos muito sobre censura, interrogatórios — creio que por isso ele escreveu, junto com o autógrafo que me deu na capa do disco “Construção”: “Para o Paulo, meu amável interrogador, com um abraço do Chico Buarque. Rio, março/92.”
Naquela entrevista, Chico me falou sobre as principais fases e canções de sua carreira. Uma de minhas perguntas foi sobre sua relação com Roberto Carlos nos anos 60, quando ambos representavam polos opostos na nossa música popular — suas frases estão reproduzidas na página 184 da biografia que escrevi.

Os erros da biografia de José Dirceu ajudam a escrever o livro

Cada uma foto dessa representa uma pessoa que o autor da "Biografia", que foi citada e jamais entrevistada pelo escritor(?)
[...] Otavio Cabral escreveu uma obra onde os fatos não têm a importância que deveriam ter numa obra que pretende se enquadrar no gênero das biografias. Aqui, eles são descartáveis. Podem ser trocados, descartados, substituídos. Não têm valor em si. Servem a um propósito, que é sustentar a visão de Cabral sobre Dirceu. Leia mais>>>

Recomendo a leitura da resenha que o jornalista Mario Sergio Conti fez do livro "Dirceu - A Biografia", de Otávio Cabra

O título do texto é "Chutes para todo lado" e está na revista Piauí deste mês, que chegou nesta semana às bancas.

A resenha aponta diversos erros de informação, equívocos e imprecisões históricas e políticas no livro.

Eis alguns trechos da resenha:

“O livro começa em 1968, com os pais de José Dirceu assistindo pela televisão à sua prisão no Congresso da União Nacional dos Estudantes, em Ibiúna. Informa que a notícia da prisão de José Dirceu foi ‘transmitida em rede nacional de televisão’. Mas o Brasil só teria rede nacional de tevê no ano seguinte.”

“E a sexta página se encerra com um abuso: Otávio Cabral afirma que José Dirceu apoiava Jango ‘mais para se opor ao pai do que por ideologia’. Nada autoriza o biógrafo a insinuar o melodrama edipiano. Ainda mais porque, dois parágrafos adiante, é transcrita uma declaração na qual José Dirceu afirma que, no dia mesmo do golpe, se opôs à ditadura por ‘um problema de classe’.”

“Ao ‘vasculhar’ a vida de José Dirceu, Cabral se ateve a uma ideia prévia, que ele enuncia assim: ‘Encontrava na atividade política um prazer e vislumbrava nela uma chance de ascensão social e profissional.’ A afirmação, caída do céu, é oca e insensata. Oca porque não há nada de mais em se ter prazer fazendo política – ou medicina, malabarismo, jornalismo, o que for. Insensata porque, por dez anos, José Dirceu correu perigo real de ser preso (o que lhe aconteceu), torturado e assassinado (o que ocorreu com centenas de outros). Gramou dez anos de exílio e clandestinidade. Não queria subir na vida e sequer tinha profissão. Fazia política em tempo integral.”

“O biógrafo diz que Rui Falcão, hoje presidente do PT, foi colega de José Dirceu na Pontifícia Universidade Católica, onde estudou jornalismo. A PUC sequer tinha curso de jornalismo na época e Rui Falcão estudou direito, mas na Universidade de São Paulo. Relata que 5 mil estudantes se reuniram ‘nas arcadas do Grupo Escolar Caetano de Campos’, que não se chamava ‘Grupo Escolar’ e não tem arcadas. Afirma que a Faculdade de Filosofia, na rua Maria Antônia, tem cinco andares, um a mais do que se vê em qualquer foto.”

“O autor não fica só nos erros menores. Escreve que em 1968 ‘a Guerra Fria encontrava-se no auge e a invasão dos Estados Unidos a Cuba era iminente’. A invasão de Cuba fora eminente em 1961, quando a CIA organizou o desembarque na Baía dos Porcos, e no ano seguinte, durante a crise dos mísseis, e não seis anos depois. E 1968 não foi o ano do auge da Guerra Fria, e sim o da sua grande crise, que levou o capitalismo e o stalinismo a se darem as mãos.”

“José Dirceu passou um tempo clandestino no Brasil no início dos anos 70. Otávio Cabral se fia em papéis da ditadura para apontá-lo como um dos responsáveis pelo assassinato de um sargento da PM, em janeiro de 1972, ‘na rua Colina da Glória, no Cambuci’. Uma testemunha teria reconhecido Dirceu como participante no crime. Há três elementos que abalam a credibilidade dos documentos militares. O reconhecimento da testemunha foi feito com base numa foto antiga de Dirceu, antes de ele ter feito uma cirurgia plástica no rosto em Cuba. A morte do sargento não gerou inquérito nem processo. A rua Colina da Glória não existe no Cambuci nem em bairro nenhum de São Paulo. Otávio Cabral também leva em conta o depoimento de um sargento, integrante do Centro de Informações do Exército, que acusou José Dirceu de ter sido agente duplo e delator.”

“Eis uma afirmação direta de Otávio Cabral sobre profissionais de sua área, o jornalismo: ‘Antigos companheiros de Ibiúna e de clandestinidade tinham posições de destaque na imprensa em meados dos anos 80, como Rui Falcão, que comandava a revista Exame, e Eugênio Bucci,diretor da Playboy.’ Nem Falcão nem Bucci participaram do Congresso da une em Ibiúna. Oprimeiro porque não era mais estudante e o outro por ser criança. Eugênio Bucci jamais esteve na clandestinidade. Rui Falcão, sim, mas não foi ‘companheiro’ de Dirceu: clandestino, militava em outra organização e noutra cidade. Bucci nunca foi diretor da Playboy. São cinco erros factuais numa frase. Algum recorde foi batido.”

“Apenas uma das referências futebolísticas tem sentido político, o jogo da Seleção Brasileira contra a do Haiti, em Porto Príncipe, em 2004. De fato, Dirceu – com Ricardo Teixeira e o advogado Antônio Carlos de Almeida Castro, apelidado de Kakay – pelejou pela organização do chamado Jogo pela Paz.  “

“Se não discute o apoio de Dirceu à intervenção brasileira no Haiti (uma posição contrária à da esquerda ortodoxa), Cabral descreve com detalhes a viagem da ‘comitiva liderada por Lula e Dirceu’. Fala que os dois foram ao Estádio Nacional ‘num caminhão de bombeiros, junto com astros do futebol brasileiro como Roberto Carlos, Ronaldinho Gaúcho e Ronaldo Fenômeno. Dirceu tirou fotos com todos antes de entrar no veículo’. Conta que ‘às quatro da tarde, o Hino Nacional Brasileiro foi tocado e Dirceu chorou’. No segundo tempo, o goleiro Fernando Henrique substituiu o titular e, prossegue Cabral, ‘assim que viu o homônimo do ex-presidente entrando em campo, Dirceu virou-se para Kakay e ironizou: ‘Bem que esse Fernando Henrique podia tomar um gol. Aí a festa vai ser perfeita.’ É um belo relato.”

“Exceto pelo seguinte: José Dirceu não foi ao Haiti ver a partida. Não era necessário entrevistar o biografado para saber que ele não assistiu ao Jogo pela Paz (procurado, Dirceu não deu nenhuma informação para esta resenha). Não há referências ao então chefe da Casa Civil nas copiosas reportagens sobre Lula e sua comitiva no Haiti. Foi feito um documentário sobre a partida, O Dia em que o Brasil Esteve Aqui, com mais de uma hora de duração, no qual Dirceu está ausente do jogo. Poder-se-ia perguntar a Lula, a Ricardo Teixeira, a Kakay, aos jogadores, às pessoas da comitiva, a todos que lá estiveram, se José Dirceu compareceu. E eles diriam: não, José Dirceu não foi ao Haiti. Em vez de trabalhar, Otávio Cabral preferiu a invencionice delirante.”

Para ler a íntegra no site da Piauí, clique

Brasil 247 Para a revista Veja, a prisão de José Dirceu, assim como seu aniquilamento e a destruição completa de sua biografia, é uma questão de honra

Não fosse assim, a revista não teria recorrido aos serviços do bicheiro Carlos Cachoeira para tentar seguir – ilegalmente – todos os seus passos no Hotel Naoum, em Brasília. Da mesma forma, a revista não teria feito uma capa com fogos de artifício, quando o Supremo Tribunal Federal definiu as penas dos réus da Ação Penal 470.

Dirceu é um alvo especial para a revista porque ocupa um papel simbólico na história da esquerda brasileira. Transformá-lo em bandido, em personagem inescrupuloso ou numa espécie de monstruosidade moral é uma maneira, também, de criminalizar a própria esquerda.

É nesse contexto que se insere a biografia não autorizada "Dirceu", escrita pelo jornalista Otávio Cabral, editor de Veja. Até algumas semanas atrás, divulgava-se que o livro não seria mais lançado, diante dos receios da editora LeYa. Agora, "de surpresa", o livro chega às livrarias pela Record e também à capa de Veja desta semana, cuja imagem é simbólica: o "monstro" pragmático Dirceu tira a máscara do "herói" sonhador, que ele usara na juventude. Abaixo disso, chamadas impactantes como num thriller policial: "Uma biografia não autorizada conta a transformação do jovem militante em um exímio manipulador político, homem de negócios e condenado que SEQUESTROU - TEVE MÚLTIPLAS IDENTIDADES - CHANTAGEOU LULA.


Sobre o livro em si, poucas revelações bombásticas, a julgar pelo que está contido na reportagem de Veja. Uma das revelações é a de que, enquanto viveu no Paraná com Clara Becker e assumiu a identidade do empresário "Carlos Henrique", Dirceu não mantinha apenas uma vida dupla, que ocultava da própria mulher. Ele também teria tido uma amante em São Paulo, onde comprava roupas para sua loja, e, portanto, tinha uma "vida tripla", segundo Veja.

Veja: Dirceu chantageou Lula

Biografia de Dirceu feita pela Veja? Nem li
Por: Fernando Brito
Francamente, gastar 10 reais e a manhã de sábado lendo a biografia de José Dirceu escrita pela Veja, nem eu mereço.
Esperei até agora para ver se algum herói se aventurava a comentar – disse herói, não Reinaldo Azevedo ou Augusto Nunes, que se esmeram em agradar as “matérias da casa” contra o Governo.
Olhei só a capa e as páginas de abertura da matéria. Nojentas.
A capa está aí e dispensa comentários.
A abertura tem uma montagem das fotos de Dirceu, dos 10 aos 60 e poucos anos que deve ter hoje. As mudanças faciais seriam óbvias, mas a exposição ainda fica mais conspiratória quando se recorda que ele teve de mudar o rosto, com uma plástica para voltar, clandestinamente, ao seu país, do qual havia sido banido pela ditadura e seria morto se encontrado.
Agora, o simpático Esmael de Moraes, do Paraná, faz o sacrifício.
Seus comentários, acrescidos dos meus:
1 – A capa é igual daqueles jornais sensacionalistas, dos que um programa de rádio antigo dizia que, torcidos, saíam sangue: “Uma biografia não autorizada conta a transformação do jovem militante em um exímio manipulador político, homem de negócios e condenado que SEQUESTROU – TEVE MÚLTIPLAS IDENTIDADES – CHANTAGEOU LULA.”;
2 - A maior “bomba”: a informação de que, quando era casado com Clara Becker, no interior do Paraná, tinha uma namorada em São Paulo. Puxa! Que coisa! Ainda se fosse em Paris, com um filho escondido por quase 20 anos, vá lá;
3 - Depois, Esmael descreve a suposta chantagem: “o livro conta que Dirceu obteve a presidência do PT depois de uma conversa tensa – e sem testemunhas – com o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Dirceu teria ameaçado abandonar o PT e revelar esquemas de caixa dois do PT com empreiteiras, caso Lula não o apoiasse” . E pergunta, se a conversa foi sem testemunhas, quem a contou: Dirceu ou Lula? Ou seriam câmeras clandestinas daqueles moldes de que se serviu a revista para espionar o hotel onde Dirceu se hospedava? Não sei como o Obama não contrata a redação de Veja no lugar do FBI, não ia passar por todo este desgaste com os grampos telefônicos do FBI. Será porque teria de levar junto o Policarpo e o Cachoeira?
4 - Mas aí é que vem o ponto: descaradamente, a revista pede – com o jeitinho com que Veja sabe pedir – que os novos ministros do STF – Teori Zavascki  e Luiz Roberto Barroso não livrem os réus (do “mensalão”) da cadeia. Pressão “na veia”.
É verdade que Otávio Cabral tem um texto melhor que o do seu antecessor Merval Pereira na “pressão literária” sobre o STF para não exercer sua soberania no julgamento dos recursos. E que teve mais trabalho do que copiar e colar as colunas de jornal com que Merval conquistou um tamborete na Academia Brasileira de Letras.
Quem sabe vai pra lá também, com aquele fardão engalanado, fazer companhia a Merval?

José Dirceu

Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre


Ministro-chefe da Casa Civil do Brasil Brasil
Mandato1 de janeiro de 2003
até 21 de junho de 2005
Antecessor(a)Pedro Parente
Sucessor(a)Dilma Rousseff
Deputado federal por São Paulo São Paulo
Mandato15 de março de 1991
até 1 de dezembro de 2005
Deputado estadual de São Paulo São Paulo
Mandato15 de março de 1987
até 14 de março de 1991
Vida
Nascimento16 de março de1946 (66 anos)
Passa-Quatro (Minas Gerais)
 Brasil
Alma materPontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP)
PartidoPartido dos Trabalhadores
ProfissãoAdvogado
José Dirceu de Oliveira e Silva (Passa-Quatro16 de março de 1946) é um político e advogado brasileiro, com base política em São Paulo.
Foi líder estudantil entre 1965 e 1968, ano em que foi preso em Ibiúna, no interior de São Paulo, durante uma tentativa de realização do XXX Congresso da União Nacional dos Estudantes (UNE). Em setembro de 1969, com mais quatorze presos políticos, deportados do país, em troca da libertação do embaixador norte-americano Charles Burke Elbrick, foi deportado para o México. Posteriormente exilou-se em Cuba. Fezplásticas e mudou de nome para não ser reconhecido em suas tentativas de voltar ao Brasil após ser exilado, e voltou definitivamente ao país em 1971, vivendo um período clandestinamente em São Paulo e em algumas cidades do Nordeste e, quando teve novamente sua segurança ameaçada, retornou a Cuba. Em 1975 retornou ao Brasil, estabelecendo-se clandestinamente em Cruzeiro do Oeste, no interior do Paraná.
Com a redemocratização, em 1980, ajudou a fundar o Partido dos Trabalhadores, do qual foi presidente nacional durante a década de 1990. Exerceu vários mandatos: entre 1987 a 1990 foi deputado estadual constituinte por São Paulo, e, em 1991, 1998 e 2002 elegeu-se deputado federal. Em janeiro de 2003, após tomar posse na Câmara dos Deputados, licenciou-se para assumir o cargo de Ministro-Chefe da Casa Civil daPresidência da República, onde permaneceu até junho de 2005, quando deixou o Governo Federal acusado, por Roberto Jefferson de ser o mentor do Escândalo do Mensalão. Retornando à Câmara para se defender, Dirceu teve seu mandato de deputado federal cassado no dia 1º de dezembro de 2005, tornando-se inelegível até 2015.

Índice

  [esconder

[editar]
Biografia

[editar]
Inícios


José Dirceu (o segundo em pé, da esquerda para a direita), junto com os demais prisioneiros políticos libertados em troca do embaixador norte-americano. Fotografia efetuada antes do embarque do grupo para o exílio.
José Dirceu iniciou sua militância política no movimento estudantil em 1965, ano em que iniciou seus estudos de Direito na PUC-SP, sendo vice-presidente do Diretório Central dos Estudantes (DCE) no período de 1965-66. Ainda em 1966 rompeu com o Partido Comunista Brasileiro (PCB) e ajudou na formação paulista das chamadas "Dissidências", em São Paulo a sigla era "DI-SP" (esta organização acabou tendo enorme afinidade política com o grupo de Carlos Marighella, que mais tarde viria formar a Ação Libertadora Nacional). No entanto, Dirceu nunca fez parte dos quadros da ALN. Em 1967 Dirceu, que era conhecido pelo codinome de "Daniel", presidiu a União Estadual de Estudantes (UEE), firmando-se como líder estudantil. Em 1968 foi preso em Ibiúna, no interior de São Paulo, durante uma tentativa de realização do XXX Congresso da União Nacional dos Estudantes (UNE).
Em 1969 os grupos guerrilheiros marxistas-lenistas conhecidos como MR-8 e ALN seqüestraram o embaixador dos Estados UnidosCharles Burke Elbrick. Os revolucionários exigiram a libertação de uma lista de prisioneiros políticos, entre eles José Dirceu. O incidente do seqüestro do embaixador foi contado no livro "O Que É Isso, Companheiro?" (1979), de autoria do deputado Fernando Gabeira (PV), posteriormente transformado em filme (Bruno Barreto, 1997). Em 2007, o diretor Silvio-Da-Rin lançou o documentário "Hércules 56", onde os protagonistas relatam em detalhes sobre o episódio do sequestro e da libertação dos 15 presos. O filme dá voz também a todos os que foram trocados pelo embaixador norte-americano e que ainda estão vivos.
Os presos trocados pelo embaixador, deportados do Brasil, seguiram para o México, a bordo do avião da Força Aérea modelo C-130 Hércules, matricula 2456. De lá seguiram para Cuba e Paris. Dirceu foi para Cuba. Durante o exílio, trabalhou, recebeu treinamento militar, estudou na ilha.

[editar]
Retorno ao Brasil

Retornou ao Brasil em 1971, vivendo clandestino em São Paulo e em algumas cidades do Nordeste. Em 1975, em Cuba, alterou sua aparência através de uma cirurgia plástica e retornou ao Brasil, com o nome falso de "Carlos Henrique Gouveia de Mello", instalando-se na cidade de Cruzeiro do Oeste, no Paraná. Lá casou-se com sua primeira esposa, Clara Becker, e passou a viver em total clandestinidade, omitindo seu passado e sua verdadeira identidade até mesmo de sua esposa. Em Cruzeiro, reservadamente, acompanhava os acontecimentos políticos do país.
Em 1979, com a anistia, retornou a Cuba, desfez a cirurgia plástica e, em dezembro de 1979, voltou definitivamente para o Brasil, onde passou a participar das atividades políticas em curso, que deram origem ao PT.

[editar]
Participações políticas

Em 1986 foi eleito deputado estadual constituinte em São Paulo pelo PT, exercendo mandato entre 1987 e 1991. No período, notabilizou-se pela forte oposição à administração do então governador Orestes Quércia.
Em 1992, no exercício do mandato de deputado federal, foi o autor — ao lado do senador Eduardo Suplicy — do pedido para a instalação da CPI que levou o então presidente Fernando Collor de Mello ao impeachment. Dois anos depois foi o candidato petista ao governo de São Paulo, mas acabou ficando em terceiro lugar atrás de Mário Covas (PSDB) e Francisco Rossi (então no PDT).
Em 1995 foi indicado por Lula para disputar o encontro nacional do partido e ganhar a presidência nacional do Partido dos Trabalhadores, cargo para o qual se reelegeria em 1997 e 2001 (esta por eleições diretas entre filiados do PT).

[editar]
Apogeu e queda

José Dirceu foi Ministro-Chefe da Casa Civil no governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva de 1 de janeiro de 2003 até 16 de junho de 2005, quando pediu demissão do cargo de ministro, e voltou a seu antigo cargo de deputado federal por São Paulo (era até então deputado licenciado) do Partido dos Trabalhadores.
Ocupou o principal posto da coordenação política do governo, sendo tratado pela imprensa como o homem forte da administração federal, a quem caberiam efetivamente as decisões, um super-ministro ou "primeiro-ministro".
Sua demissão ocorreu em meio à crise política que surgiu após denúncias de corrupção nos Correios e em outras empresas estatais, vindas à tona após acusações do deputado Roberto Jefferson. Reassumiu, então, seu mandato de deputado federal.
Embora a oposição tenha afirmado diversas vezes que o presidente tenha demitido o ministro por reconhecer a culpa do mesmo, Lula nunca assumiu publicamente a hipótese.
No dia 1 de dezembro de 2005, aproximadamente à meia-noite e meia, José Dirceu teve seu mandato cassado por quebra de decoro parlamentar. O placar da votação foi de 293 votos a favor da cassação e 192 contra; com isso, José Dirceu ficou inelegível até 2015. O relator do processo de cassação de José Dirceu no Conselho de Ética da Câmara dos Deputados foi Júlio Delgado.
No dia 30 de março de 2006, o procurador-geral da RepúblicaAntonio Fernando de Souza, denunciou ao Supremo Tribunal Federal (STF), quarenta pessoas, entre políticos e empresários, participantes do esquema do mensalão. O procurador indiciou por crimes graves, como corrupção ativa, formação de quadrilha, lavagem de dinheiro e peculato os ex-ministros do governo Lula José Dirceu (Casa Civil), Anderson Adauto (ministro dos transportes) e o ex-ministro dos transportes Luiz Gushiken (Comunicação Estratégica). Dirceu saiu do governo federal por ser insustentável a sua permanência na Casa Civil, pressão esta exercida pelo escândalo em que estava envolvido. O relator do caso no Supremo Tribunal Federal, ministro Joaquim Barbosa (nomeado por Lula), atribuiu a liderança no esquema do "mensalão" a José Dirceu, José GenoinoDelúbio Soares e Sílvio Pereira.
Após ser o principal alvo das investigações do mensalão do PT, Zé Dirceu tornou-se — para o público interno do PT — um símbolo de resistência por reproduzir a imagem de perseguido.[1]
Mesmo cassado, voltou à direção do PT, ignorou as decisões do partido, criou confusão com aliados, foi repreendido por Lula, alegando que "isso não tinha importância".[2]
Em 23 de fevereiro de 2010 a Folha de S.Paulo citou que Dirceu foi contratado por ao menos R$ 620 mil pela principal empresa do grupo empresarial privado beneficiado com reativação da estatalTelebrás. O dinheiro teria sido pago entre 2007 e 2009 pelo dono de uma companhia sediada nas Ilhas Virgens Britânicas.[3] A oposição defende que a reativação da estatal teria sido comandada por Dirceu para beneficiá-lo.[4]
Em seu blog, Zé Dirceu comentou que "a Folha joga sujo para atacar plano de banda larga do governo e me atingir".[5]
Em palestra em 13 de setembro de 2010 para sindicalistas do setor petroleiro em Salvador, José Dirceu teria declarado que "o problema do Brasil é o monopólio das grandes mídias, o excesso de liberdade e do direito de expressão e da imprensa".[6] A fala, divulgada no site do diretório do PT da Bahia, foi posteriormente desmentida por Dirceu, que negou ser de sua autoria. O presidente do diretório baiano atribuiu sua divulgação a um "equívoco da assessoria de imprensa do partido".[7]
Em 9 de outubro de 2012 foi condenado por corrupção ativa, junto com José Genoíno e Delúbio Soares, pelo Supremo Tribunal Federal, colocando um hiato em sua carreira política.
Em 22 de outubro de 2012 foi condenado por formação de quadrilha pelo Supremo Tribunal Federal, por 6 votos a 4.
Já no dia 12 de novembro de 2012 foi condenado a 10 anos e 10 meses de prisão, devendo cumprir a pena em regime fechado, por conta da sua participação no esquema do mensalão. Ele também foi condenado pela corte a pagar multa no valor de R$ 676 mil.[8].