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E viva o cabaré da Chiquinha

Um pais sem instituições
Diz aquele livrinho roto e manchado, ao qual todos querem fazer uma emenda, riscar pedaços e arrancar páginas, a tal de Constituição brasileira, que os poderes funcionam de forma independente e harmônica.
Soa irônico mencionar isto, não é?
Chegamos a um estado na República em que criou-se uma completa barafunda institucional.
O Legislativo é dirigido pelo Executivo, pela via da “canetada simples”, nomeando, exonerando e liberando verbas bilionárias.
O Judiciário decide não só quem pode ocupar cargos no Executivo – proibiu a posse de Lula no Governo Dilma, excluiu Renan da linha sucessória – sem se importar se o veto cairia sobre pessoas que estavam em pleno gozo de deus direitos civis.
Dentro do próprio STF, um ministro insatisfeito com as votações em sua turma transfere ao plenário, onde pensa vai ser “mais bem sucedido” os julgamentos em que é voto vencido.
Já o Ministério Público, quando derrotado em sua posição, parte para o impedimento de um ministro sobre o qual jamais levantou esta questão, com o mesmo réu.
O direito de um acusado de documentar seu próprio interrogatório, expressamente previsto na lei como independente de autorização judicial é abolido porque…porque  não vem ao caso, ora.
As eleições de 2018 não estão nas mãos do voto popular, mas nas do juiz Moro e num exame a toque de caixa num mero Tribunal Regional Federal, que pode sem muitas delongas, confirmar a inexorável condenação de Curitiba, prevista nas convicções dos rapazes das araucárias desde que começaram a colher a safra de um delator duas vezes premiado: Alberto Youssef, propineiro perdoado muito antes da Lava Jato, no caso do Banestado.
Mais irônico é que, na frase anterior àquela em que se diz que os poderes são harmônicos, é que está escrito que “todo o poder emana do povo, que o exerce por meio de representantes eleitos ou diretamente, nos termos desta Constituição”.
Mas ela é um livro roto e rabiscado, no qual quem tem o poder político e judicial lê como quer.


*
Fernando Brito - Tijolaço

Lugar comum

Não generalizo jamais, porém é de conhecimento geral que nossas instituições e a maioria absoluta da nossa elite econômica e de celebridades é composta de:
Canalhas
Canalhas
Canalhas

Quem há de negar?...

Como funciona o Poder Judiciário


Supremo Tribunal Federal
Supremo Tribunal Federal
No esforço de tratar da separação dos Poderes de forma sucinta, passemos já para o Poder Judiciário, cuja principal função é resolver conflitos de interesse nos casos concretos, com base no ordenamento jurídico.
Assim, quando houver divergência sobre quem está errado e quem está certo, o Judiciário deve ser acionado e a ele cabe resolver a pendenga. O que ele decidiu, está decidido, e pronto.
O julgamento de um conflito por uma parte imparcial é um importante meio de pacificação social, pois evita que a discussão sobre determinado assunto se perdure infinitamente no tempo e impõe um fim, com uma solução que deve ser considerada correta.
O Judiciário tem diversos órgãos com diferentes competências, conhecidos por um monte de siglas. Vou quebrar seu galho e fazer um resumão para que você não se sinta muito perdido lendo o caderno de política:
(i) STF, ou Supremo Tribunal Federal, que é a cúpula do Poder Judiciário e tem como objetivo primordial a defesa da Constituição Federal e da Federação.
(ii) STJ, ou Superior Tribunal de Justiça, cuja principal função é proteger a incolumidade das leis federais;
(iii) TST, ou Tribunal Superior do Trabalho, que é a última instância para julgamentos referentes a relações de trabalho;
(iv) TSE, ou Tribunal Superior Eleitoral, que julga conflitos referentes ao direito político-eleitoral; e
(v) Superior Tribunal Militar, que se ocupa dos crimes militares.
Esses são os órgãos de cúpula, ou seja, as últimas instâncias de decisão sobre os respectivos assuntos.
Eles também têm competências específicas para julgar ocupantes de determinados cargos políticos que, por sua relevância, não seguem o caminho normal do processo. Assim, por exemplo, o STF deve julgar os crimes do Presidente da República (lembrando que os crimes de responsabilidades são julgados pelo Legislativo), dos membros do Congresso Nacional e seus próprios ministros, enquanto que o STJ julga os crimes comuns dos Governadores.
O Poder Judiciário, seguindo a lógica do Federalismo, também se divide em Federal, para os assuntos que envolvem interesses nacionais, e em Estadual, para aqueles temas de impacto local. Por isso há os Tribunais Regionais Federais e os Tribunais de Justiça, estes últimos em âmbito estadual. A divisão não é exatamente assim, mas essa é a ideia geral que eu gostaria que você levasse deste texto.
O Judiciário é um excelente instrumento político a ser utilizado pelo cidadão. Isso porque, se você sofrer restrição ilegal de seus direitos por parte da administração pública, por exemplo, você pode ingressar no Judiciário para que ele a force a cumprir a lei. Acredite, a administração pública, em todos os níveis federativos, adota ordinariamente procedimentos que ilegalmente afetam os direitos dos cidadãos, e você precisa lutar contra isso.
Cobrança de tributos de pessoas erradas, retenção de informação pessoal do cidadão, concessão de benefícios previdenciários em desacordo com a legislação vigente, é tanta coisa que até inventaram o “mandado de segurança”, que é uma ação especial contra atos ilegais de autoridades.
E embora seja o saco predileto de pancadas do Judiciário, não é só contra o Executivo que o Judiciário pode atuar. Se o Legislativo fizer corpo mole e deixar de legislar sobre determinado assunto, deixando-o sem regulamentação em detrimento dos direitos do cidadão, ele pode conceder direitos aos indivíduos mesmo sem a regulamentação do Legislativo. É importante notar, porém, que o Judiciário nunca age por si: ele precisa ser provocado por alguém para poder tomar uma decisão.
Enfim, eu, sendo advogado atuante, tenho um monte – sério, um MONTE – de considerações sobre o sistema judiciário brasileiro que, assim como outros tantos temas, ficarão para depois, mas espero que essas noções básicas ajudem a clarear um pouco as coisas.

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