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Noite de horror


Impressionante! Impressionante, não: medonho. Aterrador.
Mesmo assim, Marquito Rosalvo – o Mascavo – trancou-se na sala de seu apartamento para assistir Piranha pela terceira vez. Nada o incomodaria. A mulher já se recolhera, junto com a pequena Rosicler – ambas mergulhadas em sono profundo.

Abastecido por generosa dose de uísque, ajeitou-se confortavelmente na poltrona, regulou a intensidade da luz, esfregou as mãos e disparou o dvd. A tela tingia-se de vermelho, eMascavo se contorcia, emitindo um ou outro gemido ao imaginar a dor de cada mordida. Anestesiava-se então com um gole da bebida, aliviado por estar a salvo em terra firme, a bordo de uma poltrona imune a qualquer tipo de catástrofe cinematográfica. Em seguida, como se fosse uma piranha voyeur, enchia-se de coragem e retomava com o olhar a devastação de cada cena do filme. Antevia com arrepios a surpresa dos banhistas, logo transformada em pânico pelo ataque do cardume.

Exceto pelo grito de uma sirene, a cidade já silenciara. Mascavo associava o ataque dos peixes à quantidade de ambulâncias mobilizadas para o atendimento às vítimas daquela tragédia. Logo surgiu um vozerio que, a princípio distante, foi crescendo até tomar a atenção do cinéfilo dedicado. Água, piranhas, vítimas, gritos – tudo afinal desapareceria ao som de violentos golpes na porta do apartamento de cima.