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Derrubar juros e spread é política de governo


De nada vai adiantar reduzir a taxa básica de juros se os bancos não tornarem o crédito mais barato para o tomador final. A presidente Dilma Rousseff decidiu comprar essa briga, instruiu o ministro da Fazenda, Guido Mantega, a endurecer ontem com os bancos privados e definiu a estratégia para induzir o sistema bancário privado a cortar seus spreads. Medido pela diferença entre o que o banco paga na captação e o que ele cobra em seus empréstimos, o spread no Brasil é um dos mais elevados do mundo.
“Juros em níveis civilizados é o nosso Plano Real”, sintetizou uma fonte do Palácio do Planalto, dando a dimensão do que o assunto significa para o governo. Na quarta-feira, quando retornou da viagem aos Estados Unidos, a presidente esteve por mais de uma hora com Mantega.
No encontro, o ministro relatou as conversas da terça-feira com os representantes dos bancos privados e a postura da Federação Brasileira dos Bancos (Febraban), de passar a “bola” para a Fazenda, ao listar duas dezenas de propostas de medidas como precondição para reduzir o custo do dinheiro.
Mantega reagiu à Febraban após reunião com Dilma
Dilma considerou a reação dos bancos privados inadequada e recomendou ao ministro endurecer o jogo. Na noite da quarta-feira, sua assessoria avisou aos jornalistas que o ministro falaria ontem pela manhã sobre spread.
“O Murilo Portugal [presidente da Febraban], em vez de apresentar soluções, anunciando aumento de crédito, veio aqui fazer cobrança de novas medidas do governo”, disse Mantega. “Os bancos privados querem jogar a conta dos elevados custos do spread bancário nas costas do governo”, prosseguiu, e devolveu a “bola”, ao afirmar: “Os bancos têm margem para elevar o crédito no país sem que o governo tenha que mexer em nada”.
A Febraban apresentou um leque de sugestões para o governo, da redução dos impostos sobre a intermediação financeira à liberação de depósitos compulsórios, dentre outras medidas para melhorar as garantias dos bancos e o ambiente legal em casos de inadimplência. Cortar os impostos e aliviar o compulsório estão fora do radar do governo. As demais propostas podem ser analisadas, embora o clima entre o Palácio do Planalto e os bancos privados, que nunca foi de muita aproximação, tenha se azedado nesta semana.
Dois dados do Fundo Monetário Internacional (FMI) reforçam os argumentos oficiais contra os altos spreads. Apenas o Zimbábue, numa lista de 137 países, tem essa margem maior do que a do Brasil. O spread médio naquele país é de 75 pontos percentuais e, aqui, está na casa dos 30 pontos percentuais, segundo estudo feito pelo FMI há dois anos e que retrata uma situação que não mudou muito de lá para cá.
De uma lista de dez países também selecionados em um trabalho do Fundo, feito no ano passado, os bancos no Brasil são os que têm a mais elevada taxa de retorno sobre o capital. Essa taxa é de 27,3% aqui, seguida de 23,4% no Canadá e de 20,6% na Austrália, dentre outros.
Dilma, desde a campanha eleitoral, está determinada a entregar o governo, em 2014, com juros reais na casa dos 2% ao ano, mais compatíveis com as taxas internacionais em tempos de normalidade. Esse é um objetivo que só faz sentido se reduzir o custo do capital para todos, consumidores e empresas.
No período em que a Selic caiu 2,75 pontos percentuais, de 12,50% em julho para 9,75% ao ano atualmente, no entanto o spread médio não teve nenhuma redução. Ao contrário, subiu de 27,4% em julho para 28,1%, segundo dados do Banco Central até fevereiro. Os dirigentes do setor privado alegam que essa margem cresceu por causa da inadimplência que, de fato, aumentou. Em entrevista durante a viagem aos Estados Unidos, Dilma considerou esse argumento uma mera “desculpa” ao comentar que a inadimplência na Europa hoje é elevadíssima e nem por isso os spreads cobrados pelos bancos europeus são os mais altos do mundo.
“Essa é uma briga de governo e a entrevista do ministro Mantega, hoje, não foi por acaso”, disse a fonte do Palácio do Planalto. Usar os bancos públicos – Banco do Brasil e Caixa – para liderar o processo de redução dos juros e dos spreads também “é uma política de governo”, completou, garantindo, ainda, que a presidente “tem uma estratégia”. Essa começa com a ação dos bancos públicos, cuja tática concorrencial é reduzir a margem, aumentar o volume de crédito e diminuir a inadimplência. Ao fim desse processo, acredita o governo, BB e Caixa sairão mais fortes e lucrativos. Mas haveria, também, outras armas que as fontes envolvidas nessa questão não antecipam.
A experiência da crise global de 2008/2009 foi emblemática para os bancos oficiais. Em dezembro de 2007 eles respondiam por 34,07% do crédito total e os privados, por 65,92% (sendo 43,82% dos nacionais e 22,1% dos estrangeiros). No auge da crise, o governo acionou suas instituições para ofertar crédito à economia, já que os bancos privados se retraíram e a recessão poderia ser mais profunda e duradoura. Hoje as instituições públicas detêm 43,78% do mercado de crédito e os bancos privados, 56,21% (38,99% dos nacionais e 17,21% dos estrangeiros), segundo dados do Banco Central de fevereiro.
Se o sistema privado não se mexer agora, pode perder mais mercado, avisou o ministro da Fazenda aos dirigentes dos bancos, na primeira reunião no fim de março.
A queda de braço entre governo e sistema financeiro em torno do spread é antiga, mas crises externas e internas sempre adiaram uma solução. Os bancos privados alegam que a margem bruta é elevada, mas há um oceano de custos envolvidos, parte deles impostos pelo governo, e o spread líquido (margem de lucro) obedece a padrões internacionais. A área econômica do governo rechaça essa tese e diz que já é hora de se discutir, no país, a produtividade e o lucro dos bancos.
Para o Planalto, a história está apenas começando. O que não está claro, no momento, é se o presidente da Febraban prosseguirá como o principal interlocutor do ministro da Fazenda.

Claudia Safatle é diretora adjunta de Redação e escreve às sextas-feiras

E-mail claudia.safatle@valor.com.br

Os bancos, o lobo e o cordeiro


Pela primeira vez em décadas, este ano, a Febraban não escolheu um banqueiro para sua presidência. A escolha recaiu num técnico de renomada experiência e capacidade, Murilo Portugal, que no momento do convite exercia o importante cargo de diretor do Fundo Monetário Internacional, baseado em Washington e viajando pelo mundo quase todas as semanas. Ele cedeu à possibilidade de voltar a morar no Brasil, com a família, mesmo ganhando menos do que recebia lá fora. Não é um banqueiro, ou seja, suas decisões não seriam pautadas pelo interesse exclusivo do faturamento a qualquer custo, mas pelo bom senso que faz o sistema financeiro inserir-se na macro-política economica  nacional.

Assim aconteceu até a semana que passou, quer dizer, a Febraban atuava conforme as diretrizes dos bancos, mas sem exagerar. Tendo presente os diversos componentes da ciranda que envolve  as instituições de crédito, mas prestando atenção, também, nos clientes, nos correntistas e nas necessidades do poder público. Claro que sustentando o lucro, ainda que olhando em volta.

É bom prestar atenção: isso aconteceu até a semana passada, porque de lá para cá a Febraban passou monumental rasteira na população. Tendo  em vista a greve dos funcionários dos Correios, o natural seria que sem receber as contas e os boletos de pagamento, o cidadão comum obtivesse  de seus credores, os bancos, a natural  moratória para saldar seus débitos. Afinal, impedido de saber o total de suas dívidas, o indigitado devedor necessitaria do tempo necessário a que a greve chegasse ao fim e se normalizassem os serviços de entrega.


Aconteceu, porém, o inominável. Os bancos, através da Febraban, avisaram que débitos não saldados no dia certo seriam taxados pelos juros e demais encargos inerentes a situações em que o indivíduo não paga porque não pode ou não quer. Azar o dele, se não recebeu a cobrança. Que vá pesquisar, desdobrar-se e buscar junto ao bispo o total daquilo que deveria pagar na data aprazada. Os bancos é que não abrem mão de cobrar a inadimplência forçada. Mesmo sem que o infeliz tenha recebido o aviso para pagamento, tem que pagar. Mas sem saber quanto? Ele que se dane.


Convenhamos,  eis aí mais uma evidência da usura, do egoísmo e da injustiça. Nem dividir com os devedores  o prejuízo da paralização dos Correios   os bancos aceitaram. Sua postura é a mesma dos feitores de escravos. Ou, se quiserem, do lobo diante do cordeiro. 


Dilma Rousseff, José Serra e Marina Silva entram na briga pelo apoio da nova classe média

César Fonseca
cesarsfonseca@gmail.com
  Redação Jornal da Comunidade
A mobilidade social que cria a nova classe média representa fenômeno não apenas brasileiro, mas mundial e seu reflexo, sem dúvida, produzirá efeito determinante na campanha eleitoral que movimenta as três candidaturas em disputa: a da ex-ministra da Casa Civil, Dilma Rousseff, do PT; do ex-governador de São Paulo, José Serra, do PSDB, e da ex-ministra do Meio Ambiente, senadora Marina Silva, do PV.

De 1990 a 2004, essa categoria social dobrou de tamanho. Estima-se que 400 milhões de pessoas pertençam a ela, sendo projetada outras 2 bilhões a serem incorporadas até 2030, correspondendo, aleatoriamente, mobilização das classes E e D, que se transferem para as integrantes das C e B, com variação salarial em reais entre R$ 1.115 a R$ 4.807.

O Brasil é parte expressiva desse megaprojeto de mobilidade social que se traduz em 30% da população brasileira, proporção comparável à de países com nível similar de renda per capita, como México (29%), China (31%), Argentina (34%) e Chile (45%), embora bastante inferior à da classe média dos países desenvolvidos, como Estados Unidos e Suécia (90%).
Principais candidatos (Serra, Dilma e Marina) à Presidência preparam propostas para a nova classe médiaFotos: DivulgaçãoPrincipais candidatos (Serra, Dilma e Marina) à Presidência preparam propostas para a nova classe média

A nova classe média brasileira passou de 44% da população em 2002 para 52% em 2008. Tais números e projeções encontram-se em “A classe média brasileira - Ambições, valores e projetos de sociedade”, de Amaury de Souza e Bolívar Lamounier, patrocinado pela Confederação Nacional da Indústria (CNI) e editado pela Campus.

Trata-se de algo em torno de 30 milhões de pessoas, cuja participação política terá papel decisivo no processo eleitoral de 2010, segundo o presidente da CNI, deputado Armando Monteiro (PTB), candidato ao Senado por Pernambuco.

Maior organização política

Maior participação social e disponibilidade para mais intensamente agir socialmente, de forma organizada, politicamente, eis a característica mais marcante e essencial da nova classe média, assim considerada não porque sua renda tenha subido ao patamar daquela que é tradicionalmente considerada classe média, com renda relativa mais alta do que a vigente no intervalo entre R$ 1.115 e R$ 4.807, mas porque passa a ter acesso ao crédito direto ao consumidor de forma generalizada, capaz de alavancar consumo médio, propriamente dito.

Comprar carro, celulares e aparelhos eletrônicos em geral, na base do crediário, permite a nova classe alcançar, psicologicamente, o mesmo volume de informação da velha classe média, cuja característica essencial era a de ser mais conservadora e politicamente reacionária.

Em vez de ser conduzida por líderes políticos, como aconteceu, em 1964, quando os conservadores manipularam a velha classe média para apoiar o golpe militar contra a democracia, a nova classe média tende a conduzir os acontecimentos, por ser mais participativa, graças a sua organização sindical e por meio de associações de toda a natureza, com perfil comunitário. É mais politizada e exigente, relativamente aos temas dos seus interesses reais.

Tal classe média em ascensão, fundamentalmente, é fruto, na avaliação dos autores do livro, da evolução política que se intensifica, no país, especialmente, depois do advento do Plano Real, no Governo Itamar Franco, seguido no Governo FHC, como plataforma mais importante da renovação dos costumes.

Base da poupança interna
A evolução política, pedagogicamente, influenciada pelas conquistas dos direitos sociais inscritos na Constituição de 1988, tem seu ponto de inflexão na base da melhor distribuição da renda, com o incremento dos programas sociais, a partir da Era FHC, intensificando-se na Era Lula. Atualmente, a classe social mais baixa, a classe D, já vai ao banco pedir empréstimos, sinalizando, gastos da ordem de R$ 380 bilhões em 2010, de acordo com a Federação Brasileira de Bancos (Febraban), segundo informa o Valor Econômico, nessa sexta 28. O acesso ao consumo das classes economicamente baixas movimenta a demanda dos supermercados à indústria, para renovação de estoques de alimentos. Por sua vez, a indústria demanda a agricultura.

Tal movimento impulsiona os transportes, produzindo circulação de mercadorias pelo país afora, agilizando a indústria automobilística e de caminhões, bem como aumento do consumo de combustíveis. O resultado final do incremento do consumo das classes E, D, C, B é o aumento da arrecadação de impostos, que eleva o investimento público, embora este tenha sido insuficiente para romper o estrangulamento da infraestrutura, na qual se investiu pouco, apesar da propaganda governamental de que houve maciços investimentos.

Em abril, a arrecadação bateu recorde e, ao contrário do que estavam prevendo os críticos, foi possível gerar superávit primário bem acima do inicialmente previsto, atenuando preocupações antecipadas segundo as quais o déficit em contas correntes estava caminhando para sair do controle. A taxa de desemprego, no ritmo em que a economia cresce, sinalizando PIB de 7%, aproximadamente, em 2010, apresenta-se na casa dos 7% a 8%, média histórica mais baixa registrada nos últimos 20 anos, segundo o IBGE.

Eis o resultado da emergência da nova classe média nacional, que determinará quem será eleito em outubro. Ela é a principal responsável por garantir ao Brasil a estabilidade macroeconômica, no auge da grande crise global, em curso, aprofundando catástrofe capitalista, simplesmente, porque representou o esteio para expansão do mercado interno, que consome os estoques, evita formação de excedentes e reduz possibilidade de desvalorização para promover exportações, afastando, consequentemente, pressões inflacionárias.

Com governo Lula/PT, Classe D vai aos bancos

A perspectiva de gastos de R$ 380 bilhões pela classe D neste ano atrai os bancos, que investem para receber uma massa de clientes despreparados para lidar com o universo financeiro.

Na última década, dobrou o número de aplicadores com até R$ 5 mil no mercado. Em 2009, 136 milhões de brasileiros tinham dinheiro guardado. 

O movimento formiguinha anima os bancos e justificou pesquisa do Data Popular para a Febraban mapeando esse novo personagem. 


A constatação é que o consumidor acredita que a vida melhorou e vai continuar melhorando.

A Febraban não tem moral


Numa casa bancária, como se sabe, praticam-se duas modalidades de assalto: de fora pra dentro e de dentro pra fora.

O aguaceiro do Rio levou à criação de um terceiro tipo, exposto pelo repórter Elio Gaspari em sua coluna, disponível na Folha.

Consiste numa variante do segundo tipo –o assalto de dentro pra fora. A diferença é que a tunga ocorre mesmo na ausência do tungado. Leia:


“O presidente da Federação Brasileira de Bancos, Fábio Barbosa (Santander), e seus dois vice-presidentes, José Luiz Acar (Bradesco) e Marcos Lisboa (Itaú Unibanco), deveriam marcar um almoço para responder à seguinte pergunta: ‘Que tal fecharmos nossa quitanda?’

O Rio estava de joelhos (a sede da guilda fica em São Paulo), os mortos já beiravam a centena, os desabrigados eram milhares, e a Febraban emitiu uma nota oficial informando o seguinte:

‘Somente em caso de decretação de calamidade pública é que os bancos poderão receber contas atrasadas sem cobrar os juros de mora estabelecidos pelas empresas que emitiram os títulos e boletos de cobrança’. (Havia a calamidade, mas faltava o decreto.)

Nenhuma palavra de pesar, muito menos misericórdia. Recomendavam aos clientes que usassem o telefone, a internet ou recorressem aos caixas eletrônicos, sem explicar como chegar a eles. Centenas de agências bancárias estavam fechadas.
Exatas 24 horas depois, a Febraban voltou atrás. Aliviou as multas, os juros e ofereceu os serviços dos bancos para orientar as vítimas que porventura já tivessem sido mordidas.
Recuou com a mesma arrogância da véspera. Nenhuma palavra de pesar. Ao contrário. Em tom professoral, a guilda dos banqueiros ensinou: ‘Cabe lembrar que a cobrança é um serviço que os bancos, sob contrato, prestam às empresas titulares dos valores a serem pagos’. Se é assim, por que recuou?

A Febraban deve ser fechada porque, tendo sido criada para defender os interesses de uma banca que gostava da sombra, tornou-se um ativo tóxico. Numa época em que as grandes casas de crédito gastam fortunas para divulgar seus compromissos com a sociedade, a Febraban arrastou-as para um apagão moral.

Há uma diferença entre banqueiro e usurário. Amadeo Giannini, por exemplo, era banqueiro. Em 1906, logo depois do terremoto e do incêndio de San Francisco (3.000 mortos), ele foi ao cofre de sua pequena casa bancária, tirou cerca de US$ 40 milhões (em dinheiro de hoje) e montou uma bancada no meio da rua.

Enquanto os magnatas de colarinho engomado fechavam suas agências, Giannini concedia empréstimos, pedindo apenas a garantia de um aperto de mão. Ele morreu em 1949, rico, famoso e respeitado, dono do Bank of America. Pelas suas memórias, recebeu de volta até o último centavo. Na terça-feira, não havia banqueiro na Febraban. 
Elio Gaspari 

Crédito sem Crise

Bancos e lojas voltam a financiar a produção e o consumo como se a crise nem tivesse existido.

Instalado em São Paulo nesta quarta-feira, o Congresso Brasileiro de Bancos avaliou que, no crédito bancário, a crise acabou, incluído o crédito externo das grandes empresas.

Na estimativa da Febraban, a expansão da oferta de empréstimos será da ordem de 10% a 15% sobre o volume recorde do ano passado (R$ 1,277 tri, ou 41% do PIB). Saravá.

. Não menos importante, o crediário de loja também voltou a pegar no tranco, com expansão até agora de 17% sobre o primeiro semestre do ano passado. E naquela base do 10 vezes no cartão sem juros. Foram as lojas, no recuo dos bancos, que não deixaram o Brasil atolar-se no pantanal da crise global.