Mais do que um hábito constrangedor, roer unhas é um vício. Quando menos percebe, você já levou as mãos à boca e está fazendo dos dentes uma serrilha.
As unhas são mastigadas com força e insistência. A pele em volta segue devorada, enquanto os dedos sofrem a pressão até não suportarem e começarem a sangrar.
Esse é o momento de parar, afirma a psicoterapeuta Maura de Albanesi, pós-graduada em terapia corporal. Os pacientes viciados em roer unhas só dão sossego às mãos quando elas sangram. Mas isso dura pouco: é só o tempo de finalizar a cicatrização para o ciclo recomeçar.
Ansiedade, angústia, falta de segurança e muita timidez são alguns dos sentimentos associados ao problema.
Segundo Maura, a força de vontade vale muito mais. Até hoje, nenhum paciente me procurou interessado em parar de roer as unhas, isso aparece como algo residual, como um sintoma de outras situações, ela diz.
Na maioria dos casos, o hábito começa na infância. Principalmente em famílias onde os adultos não dão muito espaço para que elas manifestem suas próprias opiniões ou digam o que querem, afirma o dermatologista Marcelo Bellini, professor da Sociedade Brasileira de Dermatologia e Estética.
A longo prazo, roer as unhas e puxar com a boca a pele da cutícula causam a chamada paroníquia crônica (infecção da pele ao redor das unhas, caracterizada por inchaço, vermelhidão e aumento da sensibilidade.)
A doença interfere no formato das unhas e até compromete o seu crescimento, porque é debaixo da cutícula onde está a matriz da unha, ou seja, onde ela é gerada.
Então, se a aparência desleixada das mãos é o que anda incomodando, o jeito é assumir isso e identificar as situações em que os dedos quase pedem para encontrar os dentes.
O próprio gesto de levar a mão até a boca lembra uma criança indefesa, acuada.
No ambiente profissional, essa postura pode ser extremamente nociva se for interpretada como falta de assertividade.
Pintar as unhas, no caso das mulheres, ou manter um chiclete na boca podem até servir como paliativos.
Mas, dificilmente, essas atitudes resolvem o problema. A solução é mesmo criar segurança para se expor.
Você pode, inclusive, manter um bloco de anotações no bolso para escrever a hora e a situação em que teve vontade de roer as unhas.
Isso ajuda a identificar onde estão seus focos de ansiedade, dando pistas de como aliviar esse sentimento.