SUTILEZA

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O dossiê do dossiê do dossiê

No modorrento feriado de Corpus Christi, os leitores dos jornais foram inundados com informações sobre uma trama que envolveria a fabricação de dossiês contra o candidato tucano à Presidência, José Serra, produzidos por gente ligada ao comitê da adversária Dilma Rousseff. O time de espiões teria sido montado pelo jornalista Luiz Lanzetta, dono da agência Lanza, responsável pela contratação de funcionários para a área de comunicação da campanha petista.
Por Leandro Fortes, na CartaCapital -http://www.cartacapital.com.br/app/index.jsp

O primeiro desses documentos seria um relatório sobre as ligações de Verônica Serra, filha do candidato do PSDB, com Verônica Dantas, irmã do banqueiro Daniel Dantas, do Opportunity. Uma história tão antiga quanto os dinossauros e já relatada inúmeras vezes na última década, inclusive por CartaCapital.
A notícia sobre o suposto dossiê, que ninguém sabe dizer se existe de fato, veio a público em uma reportagem confusa da revista Veja e ganhou lentamente as páginas dos jornais durante a semana até ser brindada com uma forte reação do PSDB e de Serra.

Na quarta-feira 2, o pré-candidato tucano acusou Dilma Rousseff de estar por trás da “baixaria” e cobrou explicações. A petista disse que a acusação era uma “falsidade” e o presidente do partido, José Eduardo Dutra, informou que a cúpula da legenda havia decidido interpelar Serra na Justiça por conta das declarações.

Os boatos sobre a fábrica de dossiês parecem ser fruto de uma disputa interna entre dois grupos petistas interessados em comandar a estrutura de comunicação da campanha de Dilma Rousseff, um ligado a Lanzetta, outro ao deputado estadual Rui Falcão. A origem dessa confusão era, porém, desconhecida do público, até agora.

CartaCapital teve acesso a parte do tal “dossiê” que gerou toda essa especulação. Trata-se, na verdade, de um livro ainda não publicado com 14 capítulos intitulado Os Porões da Privataria, do jornalista Amaury Ribeiro Jr.

O livro descreve com minúcias o que seria a participação de Serra e aliados tucanos nos bastidores das privatizações durante os dois mandatos de Fernando Henrique Cardoso. É um arrazoado cujo conteúdo seria particularmente constrangedor para o pré-candidato e outros tantos tucanos poderosos dos anos FHC.

Entre os investigados por Ribeiro Jr. estão também três parentes de Serra: a filha Verônica, o genro Alexandre Bourgeois e o primo Gregório Marin Preciado. Está sendo produzido há cerca de dois anos e nada tem a ver com a suposta intenção petista de fabricar acusações contra o adversário.

Arapongas contra Aécio
É essa a origem das informações sobre a existência do tal “dossiê” contra a filha de Serra. E a razão de os tucanos terem lançado um ataque preventivo às informações que constam do livro. De fato, Ribeiro Jr. dedicou-se a apurar os negócios de Verônica. Repórter experiente com passagens em várias redações da imprensa brasileira, Ribeiro Jr. iniciou as apurações a pedido do seu último empregador, o Grupo Diários Associados, que congrega, entre outros, os jornais Correio Braziliense e O Estado de Minas.
(continua...)

Tucademos estão zonzo e zangados

O tucanato está tonto, sem motivo. A prova da falta de rumo está na insistência de José Serra em fazer oposição vigorosa... ao governo da Bolívia. Campanhas presidenciais têm momentos mágicos, como o dia em que Fernando Henrique Cardoso viu eleitores empunhando cédulas do real durante um comício na Bahia. Serra precisa perseguir esses momentos. Ele entrou na disputa com um discurso aveludado, lembrando Tancredo Neves, e em poucas semanas crispou-se, tentando ficar parecido com Fernando Collor. 

A perplexidade tucana não tem amparo na realidade. A percentagem de eleitores dispostos a tirar o PT do governo é igual à daqueles que gostariam de votar em Dilma Rousseff. Trata-se apenas de batalhar pelo votos com uma plataforma real, livre de marquetagens. Se perder, paciência. 

Em 2008, nos Estados Unidos, o jogo bruto detonou a candidatura de Hillary Clinton, que parecia invencível. Em vez de falar macio, ela e o marido, Bill, decidiram pegar pesado. Ciscaram para fora. Num episódio típico, empurraram Ted Kennedy para o colo de Obama. É verdade que ele namorava a hipótese, mas a gota d’água deu-se quando Bill Clinton disse-lhe: “Esse sujeito nunca fez nada. (...) Ele nos servia café!”. Kennedy ouviu e fechou a conta. 

Tanto Serra como Dilma parecem-se mais com madame Clinton do que com o companheiro Obama. O problema de Serra é que Dilma tem Lula ao seu lado. Com estrondos, não ganhará a eleição. 

Decepção!

Acho que acordei de um sonho
Que sonhei por pouco tempo,
Acordou-me a decepção
E a dura realidae
Pois com admiração
Vi que afinal neste sonho
Também havia maldade...
E agora,
Em homenagem secreta
A quem me fez companhia
(Seja homem ou mulher),
Trago na mão uma flor
E ofereço-ta, poeta!
Pois o sonho aqui descrito
É como se fosse um grito
Da alma que sofre e chora
Ao ver que se foi embora
Aquela doce harmonia
Que aqui encontrei um dia,
Dentro da nossa amizade
No coração da poesia