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PIG e decisões erradas



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PIG – Partido da Imprensa Golpista é sigla consagrada na blogosfera para se referir ao costume histórico da grande imprensa brasileira jogar lama nos seus adversários ideológicos. No passado, ela era denominada de “imprensa marrom”. Foi golpista não só em 1964, como também na véspera da primeira eleição direta para Presidente,  em 1989, com o viés da edição do debate eleitoral entre Collor e Lula pela Globo. Em 2006, repercutiu factóide denunciativo para golpear a tendência manifestada nas pesquisas eleitorais de vitória do Lula no primeiro turno. Seu golpismo atual se manifesta pelo parcialidade sistemática na cobertura jornalística a favor de candidaturas antipetistas e contra tudo que seja favorável à candidatura Dilma.


Se o Manual de Redação prega, teoricamente, o apartidarismo, sua prática editorial tem sido o fanatismo partidário ou o facciosismo político. Os partidos da oposição, como afirmou Maria Inês Nassif (Valor, 16/09/2010), “terceirizaram a ação partidária para uma mídia excessivamente simpática a seu projeto que, mais do que de classes, é antipetista”. A grande imprensa age então como partido de oposição, acreditando no seu poder de influenciar massas populares via convencimento das elites. É estratégia medíocre de ação política, quando há alternativa de meios de informações como na blogosfera.

Ao ser reconhecida como adversário partidário, é curiosa sua reação. Indaga surpresa: “Quem? Eu?! Mas o que eu denunciei mostrou que havia fundamento...”

Sim, quando se coloca a lupa em seres humanos, tentando mostrar em escala ampliada seus defeitos e escondendo suas virtudes, sempre achará algo em alguém que desabone a conduta pessoal sob o ponto de vista da moral dominante. Se o foco é colocado apenas em pessoas da Situação, e não da Oposição, não há imparcialidade. Os “escândalos” são produzidos (e repercutidos) só de um lado.

Sabemos que os seres humanos, socialmente, devem ser tratados como iguais entre si, mas, subjetivamente, cada indivíduo é diferente dos demais. Os que consideram mais importante, para a boa convivência humana, buscar as virtudes comuns que os une em coletividade, têm o instinto de proteção predominante. Geralmente, são de esquerda. Os que acham relevante, para a melhor convivência, acentuar a diversidade moral ou a competitividade, têm o instinto de competição predominante. Em geral, são de direita. 

Esses critérios para classificação ideológica distingue também as visões em debate eleitoral. A esquerda deseja colocar o foco nos projetos econômico-sociais. A direita retruca com o foco apenas no personalismo, ou seja, na qualidade daquilo que é pessoal, subjetivo. 

Por exemplo, o candidato da oposição é, reconhecidamente, um sujeito de insuportável personalismo. Sua  conduta na campanha eleitoral tem sido típico  do procedimento de indivíduo que refere todas as coisas a si mesmo, que tem a si próprio como ponto de referência de tudo o que ocorre à sua volta. Seus apoiadores abraçam então a doutrina filosófica que representa a pessoa ou a personalidade humana como o valor fundamental no campo ético. Porém, o mundo é constituído por uma totalidade de espíritos finitos e livres que, em seu conjunto, formam alguma ordem natural, mas nem sempre a ideal. Os adversários do individualismo acreditam que outro mundo é possível.

Aquela doutrina que destaca o absoluto valor ético da pessoa humana coloca-se em polêmica contra o predomínio da massa no coletivismo e sustenta a dissolução da solidariedade com seu individualismo. O individualista crê que o sistema político se baseia apenas na personalidade dinâmica do seu líder. Assim, a direita enxerga a política, que na visão de esquerda seria a ação coletiva organizada para atuar de maneira democrática, apenas como a predominância dos interesses pessoais, locais ou de determinado partido político sobre os interesses coletivos.

Resultante de seu individualismo elitista, o PIG pratica discriminação partidária. Por exemplo, a Folha de S. Paulo não submete o Serra ao mesmo crivo pelo qual passa a Dilma, como analisar a militância, os boletins escolares, os depoimentos de espiões/torturadores, os negócios familiares, e tudo mais que poderia, eventualmente, queimar sua candidatura. 

A reação do jornal contra as acusações de parcialidade na cobertura dos diversos candidatos presidenciais foi espantosa, simplesmente, fez “pesquisa” para anunciar em manchete: “Leitores aprovam [negrito dela] cobertura da Folha sobre acusações”. O perfil da amostra de 351 leitores (!) da Grande São Paulo (!) que foram ouvidos por telefone (!) era: 73% dos leitores com ensino superior, 47% com renda mensal acima de 10 salários mínimos (R$ 5.100). Resultados alcançados, depois de “esquentar” os eleitores com questões sobre “quebra de sigilos” e “tráfico de influência”: apenas 47% avaliam o governo Lula como ótimo/bom (contra 80% em pesquisa sem amostra viesada), 50% votam no Serra, 21% na Marina e 15% na Dilma (face a 51% nas pesquisas nacionais). 

Aliás, os critérios da amostragem e a ordem das questões tem sido um truque contumaz no Datafalha. Seus pesquisadores se tornam “cabos eleitorais” ao indagar questões tipo: “Soube da saída da ex-ministra?; “Você acredita que o filho pedia comissão?”; “Ela sabia?”; “Lula sabia?”; Dilma sabia?”. 

Depois dessa bateria, formando “opiniões”, perguntam: “Em que você vota?”
Em Seminário com empresários, escutei o seguinte comentário de presidente de Associação patronal. “Eu abandonei a leitura Folha de S. Paulo, pois ela estava me deixando muito pessimista com o futuro do nosso país. Veja que eu fui do Conselho Editorial dela! Mas eu não posso tomar decisões acertadas com informações parciais. Por isso, prefiro ler estatísticas, relatórios e a imprensa estrangeira do que jornais brasileiros”.

Um dos problemas com o partidarismo da grande imprensa é este: leva a decisões erradas. O próprio candidato do PIG tomou decisão errada, baseado em suas “pesquisas”, ao não apostar em sua reeleição para o governo de São Paulo.



Fernando Nogueira da Costa é professor livre-docente do IE-UNICAMP. Foi Vice-Presidente da Caixa Econômica Federal de 2003 a 2007. 

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