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Poesia da noite

Chorar
É tomar banho de alívio
Daqui a pouco se enxugo
Visto minha melhor roupa
E...
Sorrisos!
(Leônia Teixeira) 

***

Poesia da noite

Por que?

Por que insisto em te ter nos meus pensamentos, te deixar cavalgar na minha pele, andar pelo meu corpo, correr nas minhas veias, viajar nos meus sonhos, acelerar meu pulso, dar batidas no meu coração? 

Por que insisto em te deixar passear na minha alma, me acompanhar que nem sombra, ser eco da minha voz?

Por que insisto em te deixar colocar sorrisos na minha boca, brilho nos meus olhos, ser música aos meus ouvidos, dar vida a minha vida?

Por que insisto em ter você em mim feito tatuagem, nódoa, marcas?

Por que insisto em ser você minha primeira lembrança, minha maior saudade?

Por que insisto em te deixar deliciar minhas tardes, colorir meus dias?

Por que insisto em ser você a me carregar no peito, me levar no colo, me fazer sorrir feito criança, sentir feito mulher?

Por que insisto em ter você se não pode ser.
Por que?

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***

Poesia da noite, de Leônia Teixeira

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Volto no tempo
Sou puxada para o passado
Mergulho nas lembranças
Escuto letras, sons...sou tocada. 

Músicas arrepiam meu corpo 
Consomem minha mente
Invadem minhas entranhas, choro.

Saudade toca sem dó !

Poesia da noite

Não sei quantas almas tenho
Não sei quantas almas tenho.
Cada momento mudei.
Continuamente me estranho.
Nunca me vi nem acabei.
De tanto ser, só tenho alma.
Quem tem alma não tem calma.
Quem vê é só o que vê,
Quem sente não é quem é,

Atento ao que sou e vejo,
Torno-me eles e não eu.
Cada meu sonho ou desejo
É do que nasce e não meu.
Sou minha própria paisagem;
Assisto à minha passagem,
Diverso, móbil e só,
Não sei sentir-me onde estou.

Por isso, alheio, vou lendo
Como páginas, meu ser.
O que segue não prevendo,
O que passou a esquecer.
Noto à margem do que li
O que julguei que senti.
Releio e digo: “Fui eu?”
Deus sabe, porque o escreveu.

by Fernando Pessoa

Poesia da noite

O poema novo é dos insurgentes. 
Surde, subterrâneo 
e somente eles o escutam. 
Não parece poema, parece 
que todos podem escrevê-lo 
mas não o escrevem 
nem o escreverão nunca.

Não tem cabeça e pé 
princípio ou fim definidos 
mas não são sem pé nem cabeça. 
Tem peito, plexo solar, e dois 
dedos de prosa quebrados. 
Só vai ser poesia, depois. 
Quando muitos o terão lido 
relido e estabelecido.


Armando Freitas Filho nasceu no Rio de Janeiro em 1940. Recebeu em 1986, com o livro 3X4, o prêmio Jabuti, e em 2000, com o livro Fio Terra, o prêmio Alphonsus de Guimarães. Publicou recentemente o livro 'Dever' com poemas escritos entre 2007 e 2013.