A convivência sob o sol de Canoa Quebrada, em uma rotina calma, vem sendo um cenário propício para as trocas criativas de cineastas do País inteiro. Nem todos os realizadores de filmes exibidos no Curta Canoa estão presentes, mas os que compareceram souberam se envolver de forma tal que, para quem vem de fora, fica difícil até identificar quem é da região ou não.
O telão, situado no Polo de Lazer, convida todas as noites para as exibições, antecipadas por uma pequena apresentação dos realizadores. A comunidade chega, senta junto e ali se transporta para realidades, muitas vezes, distantes. A impressão é de uma facilidade dos moradores de incorporar novos temas, por conta do cosmopolitismo característico da Broadway, avenida principal de Canoa, onde estrangeiros de toda parte chegam e se acostumam rapidamente com a vida pacata do lugar (exceção, é claro, para as noites, quando restaurantes e o famoso "luau" na praia reúnem um aglomerado nos fins de semana).
A pipoca, cortesia do evento, passa de mão em mão. A cada noite, o cine jornal faz uma retrospectiva do que de melhor aconteceu no dia anterior. Para quem gosta do cinema nacional e até para os que não gostam (ou têm preconceito), festivais como os de Canoa fazem um recorte diversificado da produção, com uma seleção que incluiu 66 produções: 26 filmes e 40 vídeos. Responsabilidade da jornalista e atriz Aurora Miranda Leão, da atriz e roteirista Iziane Mascarenhas e do cineasta Rodrigo Tasso, coordenador do projeto Canoa Faz Cinema.Fica, no entanto, o contraste entre o nome do festival (Curt Canoa - Festival Latino-Americano de Curta Metragem de Canoa Quebrada) e a ausência de produções estrangeiras no evento.
Apesar da boa escolha dos filmes e da continuidade do festival (já na sexta edição), certos episódios mostram que alguns problemas ainda não foram superados. Faltam debates durante o dia e também uma programação no sentido da formação dos talentos locais. Com apenas duas oficinas (uma de roteiro e outra de animação) com uma carga horária pequena, o festival fica devendo à região um intercâmbio maior nesse sentido. Já a programação extensa a cada noite, com uma média de 11 filmes, dispersa o público. Muitas produções num mesmo dia - e os festivais parecem insistir nessa fórmula - são sinônimo de evasão. No final das sessões, poucos permanecem, ainda mais quando a brisa litorânea começa a esfriar. A mostra itinerante em Aracati também passou por problemas, como um considerável atraso em seu primeiro dia, por conta das cadeiras, que ainda haviam chegado. A divulgação, reclamaram alguns moradores, foi quase nenhuma.
Incentivo aos novos
O "Canoa Faz Cinema", até agora, foi o ponto alto do festival. O incentivo à produção local é promissora. Nos nove curtas exibidos, na primeira noite, uma amostra da criatividade dos jovens e do quanto o projeto ainda pode crescer. Os temas ambientais e a história de vida do local, com seus personagens peculiares, são os temas abordados, sempre com humor. A repórter viajou a convite do evento.
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