"As vezes caio, mas me levanto e sigo em frente, nunca desisto, porque a mão que me ampara não é a do cão, é a de Cristo"
Vida que segue...
Em reclamação trabalhista, um ex-executivo da OAS afirma que os executivos da empresa que fizeram delação premiada receberam R$ 6 milhões para "ajustar os depoimentos aos interesses" dela. Ele, que negociou sozinho com o Ministério Público, não recebeu dinheiro, diz ter sofrido represálias e ter sido "jogado à própria sorte". A delação do dono da OAS, Leo Pinheiro, é uma das principais acusações contra o ex-presidente Lula nos processos da "lava jato".
de Setembro de 2017
- Mano do céu...
- Que foi?
- O Palocci fudeu o Lula. Você viu?
- Não vi. O que foi que ele falou?
- Que o Lula sabia de tudo.
- Eita. Tipo o quê?
- O esquema com a Odebrecht.
- Vixe. Agora vai.
- Vai.
- E ele mostrou uns áudios?
- Não.
- Uma sala repleta de mala de dinheiro?
- Não.
- Já sei: contas no exterior?
- Não.
- Extratos bancários?
- Não.
- Uma compra de sentença?
- Não. Nada disso.
- Pelo menos um helicóptero com coca?
- Não.
- Algum depósito na conta da Marisa?
- Neca.
- Palocci pelo menos participou das negociações?
- Diz que não. Mas o molusco contava para ele depois.
- Contava?
- É.
- Tem vídeo disso?
- Não.
- Gravação?
- Não.
- Grampo?
- Não.
- Testemunha?
- Não.
- Eram só ele e Lula? Ninguém mais viu?
- Só os dois. Petralhas.
- E a delação foi homologada?
- Foi.
- O juiz aceitou?
- Claro!
- Saquei.
- Não é incrível?
- Realmente. É incrível.
(Camilo Vannucci)
O papel a que se presta o ex-ministro da Fazenda, que há muito vinha progressivamente se transformando em um quadro a serviço do capital, faz lembrar os "arrependidos" dos anos 70.
Refiro-me aos presos políticos que, torturados, aceitaram colaborar com a ditadura e foram à televisão acusar suas próprias organizações dos crimes mais bárbaros, imputados pelo regime militar, proclamando-se arrependidos de seus vínculos com o "terrorismo".
Quem assim age, renuncia à própria dignidade e se atira na sarjeta da história.
Esse foi o caminho de Palocci. Subserviente ao juiz Moro e ao MPF, com a coluna vertebral quebrada após um ano de cadeia e derrotado pela perspectiva de permanecer muito tempo encarcerado, ofereceu-se como instrumento da campanha contra o ex-presidente Lula e o PT.
Tal como os renegados da resistência, sucumbe à função de porta-voz de mentiras e invenções que interessam às forças mais reacionárias, rastejando por um acordo de delação premiada.
Os "arrependidos" do passado ao menos podiam alegar, para explicar seus atos, as brutais sevícias que sofreram.
Palocci nem isso.
A traição é sempre um fim melancólico.