Mensagem da hora

A melhor mensagem de amor é a que silenciosa no nosso coração, faz-se ouvida, acaricia  aquece com ternura o coração da pessoa amada
Joel Neto

Folha de São Paulo e Cia

Má fé cínica ou obtusidade córnea.
A célebre sentença de Eça de Queirós me ocorreu ao refletir sobre a informação da Folha de S. Paulo a respeito das compras de imóveis de Pizzolato na Espanha.
Mas há na verdade uma terceira hipótese, uma combinação de ambas as coisas, má fé e obtusidade.
Não há contexto no que a Folha trouxe. Pizzolato simplesmente, por força das circunstâncias, aparece aos olhos do leitor como um gatuno.
O site O Cafezinho fez o que a Folha não fez: pesquisou. Encontrou uma reportagem do Correio Braziliense de alguns meses atrás sobre o mesmo Pizzolato.
Nela, Pizzolato, aparece se desfazendo dos imóveis que tinha no Brasil. Importante: todos os imóveis estavam em sua declaração de renda, esmiuçada pela Receita Federal.
Pizzolato tinha vendido seus imóveis já há alguns anos por razões estritamente lógicas. Ele ao ver a fúria assassina do STF temia que o patrimônio de uma vida inteira fosse ficar indisponível exatamente na hora em mais precisava dele.
Na mesma linha da lógica da sobrevivência ele se separou legalmente da mulher Andrea, mas não de fato. Assim, ele poderia pôr seus bens no nome dela.
A reportagem do Correio Braziliense conta que ele chegou a morar na Espanha, com intenções de se fixar lá.
Tudo isso que estou colocando aqui estava ao alcance da Folha com um simples clique no Google. Por que o jornal não fez nada?
Voltamos então à frase de Eça de Queirós.
A “revelação” da Folha foi suficiente para provar teses de colunistas arquiconservadores. Reinaldo Azevedo por exemplo, disse que as compras de Pizzolato tornavam ridículas as vaquinhas dos condenados do mensalão.
Azevedo – que tem uma comovente fixação por mim desde que critiquei seu amigo Diogo Mainardi alguns anos atrás – é o mesmo que disse que Margareth Thatcher morreu pobre. Thatcher, como todo mundo sabia exceto Azevedo, deixou uma casa em Mayfair, o bairro mais nobre de Londres, no valor calculado de 15 milhões de reais. A casa era apenas um dos bens de Thatcher.
A mesma disposição que a Folha sente em investigar Pizzolato não se manifesta, infelizmente, quando se trata de alguém poderoso. A Folha abandonou abjetamente a investigação da sonegação bilionária da Globo depois de ter dado uma única nota. Recebeu um pito da Globo, provavelmente.
No planeta Folha a sonegação – documentada – simplesmente deixou de existir. Este é o jornal que durante anos nos atormentou com o slogan publicitário em que dizia que não tinha rabo preso com ninguém.
O caso Pizzollato tem sim que vir à luz. Mas não do jeito que a Folha está fazendo.
Mais uma vez: é má fé ou inépcia – ou ambas as coisas.
Paulo Nogueira no Diário do Centro do Mundo

Desenho a lápis

Ben Heine

Parafraseando o Barão de Itararé

Companhia Vale do Rio Doce:
Os tucanos comeram o Doce, beberam o Rio e assinaram o Vale...

Nós pagamos a conta.

Sobre vaquinhas e tagarelice de mininistro do Supremo

Criou indevida controvérsia o fato de os condenados na ação penal 470 estarem recebendo doações de militantes partidários para o pagamento das multas, além das penas de prisão, a que foram condenados.

Logo, vozes se fizeram ouvir bradando contra o ato de solidariedade aos condenados. A mais estridente delas foi a do Dr. Gilmar Mendes, do Supremo Tribunal Federal. Em sua verberação afirma que a pena não pode passar da pessoa do condenado e, por isso, as doações seriam ilegais.

O Dr. Gilmar comete erros grosseiros no conteúdo e na forma de seu pronunciamento. Brandir, para esse caso, o princípio de que a pena não pode passar da pessoa do condenado é equívoco rasteiro e para o qual não consigo encontrar justificativa válida, ao menos jurídica.

Ora, o princípio constitucional da intranscendência da pena (art. 5º, XLV ) é uma conquista do Direito Penal dos países civilizados, porque não permite que a condenação penal passe da pessoa do condenado e atinja seus parentes, amigos, etc.

Nem sempre foi assim. Basta lembrar a decisão condenatória de Tiradentes, à luz do Código Filipino: “…declaram o Réu infame, e seus filhos e netos”.
É óbvio – embora não para alguns poucos – que os doadores não estão cumprindo a pena no lugar dos réus. Não estão sendo coagidos a nada. Realizam, de forma espontânea, doações aos réus devedores. Os motivos para o seu gesto dizem respeito tão somente a eles.

A doação é ato previsto no nosso Código Civil (art. 538) e consiste na transferência, por liberalidade, de bens ou vantagens do patrimônio de uma pessoa para o patrimônio de outra pessoa.

A Constituição da República (art. 155,I) estabelece que sobre as doações incide o imposto de transmissão causa mortis e doação, o ITCD, a ser pago pelo donatário (aquele que recebe a doação) . O doador é responsável solidário pelo pagamento, em caso de inadimplência do donatário. Se o donatário não for domiciliado no Estado, caberá ao doador o pagamento do imposto.

É simples assim. Não, há, portanto, qualquer razão jurídica para tanta histeria com essas doações.

Cabe aduzir que considero a pena acessória de multa em condenação criminal anacrônica (duas penas pelo mesmo fato) e injusta, pois não leva em consideração a capacidade contributiva do cidadão apenado.

Por último, o juiz deve falar nos autos e não pelos cotovelos.

Wadih Damous - advogado e ex-presidente da Ordem dos Advogados do Brasil, seção Rio de Janeiro.

A. Capibaribe Neto -Encontro em Bamiyian

Existem lugares no mundo onde o encontro de duas pessoas de lugares diferentes e que não se viam há mais de quarenta anos é praticamente impossível. A possibilidade é quase como ganhar em uma mega-sena acumulada. Sozinho. Pois bem, a mega-sena não foi o caso, mas o encontro, sim. Preferia a sorte na loteria.
Imagine um lugar chamado Bamiyan, a quase uma hora de avião de Kabul e eu estava ali por acaso. Aliás, por acaso, não. Havia planejado, mas não naquele dia, naquela hora, naquele minuto. De repente, desço da caminhonete surrada do meu guia, Zhee, para fazer uma fotografia bem composta naquele cenário único, no vale dos Budas de Bamiyian e noto, quase no mesmo instante, a figura de um homem, cujo rosto minha memória foi buscar sem muita dificuldade no baú onde colocamos lembranças que teimamos nunca esquecer. Essa teimosia, por conta de uma mudança brusca no destino da minha vida, àquela época, quarenta e poucos anos atrás, me fez assumir um caminho de volta para casa desde o país em que morava, deixando metade do meu coração do outro lado do Oceano Atlântico, que depois se confunde com o Adriático. Por mais de quatro décadas, esse homem habitou o terreno em brasa onde estão fincadas as minhas raivas mais profundas, meus ódios santos.
São bem poucos, é verdade, mas me pegaram à traição, mudaram o curso da minha vida. Um deles estava ali, em cores vivas e o outro, nem distante, que ainda rasteja, feito cobra única de veneno verde sempre à mostra no canto da boca vincada na cara ruim. Lentamente, como nos efeitos especiais que se agrega a um filme antigo que se remasteriza para melhor visualização, caminhamos em direção ao outro para desfazer uma dúvida sobre quem éramos na verdade.
Primeiro ele: "Antonio?" Ao que respondi com o cenho franzido pela raiva acordada: "Senhor Sensi?" Era impossível que o encontro estivesse acontecendo. Por que não no lugar onde tudo começara, na Roma dos Césares, na Itália? Por que ali, sem razão lógica, sem explicação, no meio do coisa nenhuma, fora de contexto? E o mais incrível. Bem aos pés do nicho de onde um dos Budas de Bamiyan, esculpido há mais de 1.800 anos, havia sido explodido pela irracionalidade radical de homens fechados em si, nas suas razões mais absurdas, os Talibã! "Antonio, procurei você desde quando soube que você havia partido... Primeiro, na busca para encontrar um momento e as palavras certas para lhe dar as explicações pelo que aconteceu; depois, a forma de colocar as questões para não acusar Maria, minha mulher..." Pesaram sobre as costas daquele infeliz toda a minha raiva pela separação radical de menina de rosto bonito que encontrei na cantina da Universidade Internacional de Roma, a Pro-Deo, onde estudei jornalismo. "Acusar Maria, Sensi? Acusar Maria? Foi você o culpado. Você fez tudo para me separar da pessoa que eu amava..." E tive ímpetos de esbofetear-lhe o rosto, descarregando toda a minha raiva guardada e curtida ao longo de tanto tempo. "Antonio, eu nunca fiz absolutamente nada para lhe separar da minha filha. Por ela seria capaz de tudo, desde que fosse para ela ser feliz. Pergunte a Laura!" E sumiu na minha frente, como sempre somem os fantasmas... Como sumiram os Budas, transformados em pó pela loucura de homens ignorantes. Maria, por incrível que pareça, ainda vive. Resta-lhe pouco tempo de vida e o tempo que passei querendo bem a ela como se ela fosse a mais ingênua das criaturas não me deu forças para transferir um sentimento ruim para ela. Antes de virar fumaça naquela visão momentânea, gravei o rosto de Oreste com a expressão serena e sincera de quem pede perdão pelo que nunca fez...

Mensagem da noite

"A beleza um dia acaba, o dinheiro não compra o amor, nem garante que pessoas sinceras e dedicadas vão estar ao seu lado quando você mais precisar.
Cuidado para não afastar de você, a pessoa que estaria sempre ao seu lado, cuidando com amor e dedicação. Com único interesse de estar em sua companhia.