Sou antiraças

Não Sou apenas antiracistas, sou antiraças Não reconheço a raça Vermelha Amarela Branca Preta Azul ou qualquer outra cor com que queiram def...

Mostrando postagens com marcador Iuri Gagárin. Mostrar todas as postagens
Mostrando postagens com marcador Iuri Gagárin. Mostrar todas as postagens

por Carlos Chagas

A TERRA É AZUL

Mais do que necessários, são imprescindíveis os mergulhos no passado. Acaba de completar 50 anos o primeiro vôo espacial da História. Um russo foi para o céu, assombrando o mundo inteiro. Por menos de duas horas Yuri Gagárin, major, 27 anos, circundou o planeta a bordo de uma  cápsula onde mal cabiam suas pernas.

A festa durou dias. O jovem comandante recebeu todo o tipo de homenagens, a começar por um tapete vermelho de quase um quilômetro, que percorreu acompanhado por câmeras de televisão e máquinas fotográficas, para no final levar um beijo do então todo-poderoso Nikita Kruschev. A União Soviética não se cansava de alardear a vitória do socialismo sobre o capitalismo. Anos antes os russos já haviam lançado o Sputnik, primeiro satélite artificial, conquistando agora inegável supremacia científica  sobre os americanos.

Naqueles idos, o Muro de Berlim ainda não havia sido levantado, a invasão da Hungria pelo Exército Vermelho era tida como reação  necessária à conspiração da CIA e, na União Soviética, ninguém pensava em ocupar o Afeganistão. O perigo, para os russos, estava na China, demonstrando como Mao Tzetung era precavido. John Kennedy, nos Estados Unidos, dava a impressão de promover ampla reviravolta para extirpar o racismo e a pobreza.  Fidel Castro ensaiava os primeiros passos para transformar Cuba numa República Popular, com Che Guevara empolgando a juventude. A França ressurgia das cinzas pela volta de De Gaulle ao poder, Nehru, na Índia, e Tito, na Iugoslávia, assentavam as bases do Terceiro Mundo. No Vaticano, um velhinho feito Papa para protelar um impasse eclesiástico surpreendia céus e terra ao realizar formidável alteração de rumos na antes conservadora  Igreja Católica. Até no Brasil um líder meio histriônico, meio doido, concentrava as atenções. Ora a esquerda, ora a direita, aplaudiam o recém-eleito Jânio Quadros.

Em suma, para os jovens, o mundo se descortinava à frente como um imenso paraíso. O futuro pertencia a todos nós.

Depois, foi o que se viu. Nem é preciso lembrar que Kruschev foi deposto, Mao impôs ao seu povo uma abominável Revolução Cultural, Kennedy acabou  assassinado, Fidel, transformado em títere, Nehru e Tito passaram, De Gaulle renunciou, João XXIII foi para o céu e Jânio Quadros surpreendeu o país na tentativa de dar  um golpe, felizmente malogrado, para tornar-se ditador.

Cinqüenta anos depois, o socialismo saiu pelo ralo, o Terceiro Mundo se desfez e o Brasil viveu 21 anos de ditadura militar. Valeu? Pelo menos  naqueles dias em que Yuri Gagárin transmitia, lá de cima, que a Terra era azul.

Iuri Gagárin

[...] A Terra é azul 
Quem diria...
O Google, símbolo destes anos de louco capitalismo associado à comunicação máxima homenageando o símbolo comunista que mais preocupou os Estados Unidos:

Re: Fora de Pauta