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Eduardo Galeano


Em mil e quinhento os nativos descobriram que eram índios.
Descobriram que viviam na América.
Descobriram que viviam nus.
Descobriram que existia o pecado.
Descobriram que devia obediência a um Rei ou a uma Rainha de outro mundo e a um Deus de outro céu.
E que este Deus havia criado o pecado e a vestimenta, e havia mandado que fosse queimado vivo quem adorasse o sol, adorasse a lua, adorasse a terra e a chuva que lhe molha.

A última crônica de João Ubaldo Ribeiro

O correto uso do papel higiênico

O título acima é meio enganoso, porque não posso considerar-me uma autoridade no uso de papel higiênico, nem o leitor encontrará aqui alguma dica imperdível sobre o assunto. Mas é que estive pensando nos tempos que vivemos e me ocorreu que, dentro em breve, por iniciativa do Executivo ou de algum legislador, podemos esperar que sejam baixadas normas para, em banheiros públicos ou domésticos, ter certeza de que estamos levando em conta não só o que é melhor para nós como para a coletividade e o ambiente.

Por exemplo, imagino que a escolha da posição do rolo do papel higiênico pode ser regulamentada, depois que um estudo científico comprovar que, se a saída do papel for pelo lado de cima, haverá um desperdício geral de 3,28%, com a consequência de que mais lixo será gerado e mais árvores serão derrubadas para fazer mais papel. E a maneira certa de passar o papel higiênico também precisa ter suas regras, notadamente no caso das damas, segundo aprendi outro dia, num programa de TV.

Tudo simples, como em todas as medidas que agora vivem tomando, para nos proteger dos muitos perigos que nos rondam, inclusive nossos próprios hábitos e preferências pessoais. Nos banheiros públicos, como os de aeroportos e rodoviárias, instalarão câmeras de monitoramento, com aplicação de multas imediatas aos infratores.

Nos banheiros domésticos, enquanto não passa no Congresso um projeto obrigando todo mundo a instalar uma câmera por banheiro, as recém-criadas Brigadas Sanitárias (milhares de novos empregos em todo o Brasil) farão uma fiscalização por escolha aleatória.

Nos casos de reincidência em delitos como esfregada ilegal, colocação imprópria do rolo e usos não autorizados, tais como assoar o nariz ou enrolar um pedacinho para limpar o ouvido, os culpados serão encaminhados para um curso de educação sanitária. Nova reincidência, aí, paciência, só cadeia mesmo.

Agora me contam que, não sei se em algum estado ou no país todo, estão planejando proibir que os fabricantes de gulodices para crianças ofereçam brinquedinhos de brinde, porque isso estimula o consumo de várias substâncias pouco sadias e pode levar a obesidade, diabetes e muitos outros males. Justíssimo, mas vejo um defeito.

Por que os brasileiros adultos ficam excluídos dessa proteção? O certo será, para quem, insensata e desorientadamente, quiser comprar e consumir alimentos industrializados, apresentar atestado médico do SUS, comprovando que não se trata de diabético ou hipertenso e não tem taxas de colesterol altas.

O mesmo aconteceria com restaurantes, botecos e similares. Depois de algum debate, em que alguns radicais terão proposto o Cardápio Único Nacional, a lei estabelecerá que, em todos os menus, constem, em letras vermelhas e destacadas, as necessárias advertências quanto a possíveis efeitos deletérios dos ingredientes, bem como fotos coloridas de gente passando mal, depois de exagerar em comidas excessivamente calóricas ou bebidas indigestas. O que nós fazemos nesse terreno é um absurdo e, se o Estado não nos tomar providências, não sei onde vamos parar.




Ainda é cedo para avaliar a chamada lei da palmada, mas tenho certeza de que, protegendo as nossas crianças, ela se tornará um exemplo para o mundo. Pelo que eu sei, se o pai der umas palmadas no filho, pode ser denunciado à polícia e até preso. Mas, antes disso, é intimado a fazer uma consulta ou tratamento psicológico.

Se, ainda assim, persistir em seu comportamento delituoso, não só vai preso mesmo, como a criança é entregue aos cuidados de uma instituição que cuidará dela exemplarmente, livre de um pai cruel e de uma mãe cúmplice. Pai na cadeia e mãe proibida de vê-la, educada por profissionais especializados e dedicados, a criança crescerá para tornar-se um cidadão modelo. E a lei certamente se aperfeiçoará com a prática, tornando-se mais abrangente.

Para citar uma circunstância em que o aperfeiçoamento é indispensável, lembremos que a tortura física, seja lá em que hedionda forma — chinelada, cascudo, beliscão, puxão de orelha, quiçá um piparote —, muitas vezes não é tão séria quanto a tortura psicológica.

Que terríveis sensações não terá a criança, ao ver o pai de cara amarrada ou irritado? E os pais discutindo e até brigando? O egoísmo dos pais, prejudicando a criança dessa maneira desumana, tem que ser coibido, nada de aborrecimentos ou brigas em casa, a criança não tem nada a ver com os problemas dos adultos, polícia neles.

Sei que esta descrição do funcionamento da lei da palmada é exagerada, e o que inventei aí não deve ocorrer na prática. Mas é seu resultado lógico e faz parte do espírito desmiolado, arrogante, pretensioso, inconsequente, desrespeitoso, irresponsável e ignorante com que esse tipo de coisa vem prosperando entre nós, com gente estabelecendo regras para o que nos permitem ver nos balcões das farmácias, policiando o que dizemos em voz alta ou publicamos e podendo punir até uma risada que alguém considere hostil ou desrespeitosa para com alguma categoria social.

Não parece estar longe o dia em que a maioria das piadas será clandestina e quem contar piadas vai virar uma espécie de conspirador, reunido com amigos pelos cantos e suspeitando de estranhos. Temos que ser protegidos até da leitura desavisada de livros.

Cada livro será acompanhado de um texto especial, uma espécie de bula, que dirá do que devemos gostar e do que devemos discordar e como o livro deverá ser comentado na perspectiva adequada, para não mencionar as ocasiões em que precisará ser reescrito, a fim de garantir o indispensável acesso de pessoas de vocabulário neandertaloide.

Por enquanto, não baixaram normas para os relacionamentos sexuais, mas é prudente verificar se o que vocês andam aprontando está correto e não resultará na cassação de seus direitos de cama, precatem-se.


O manifesto digital

Federico García Lorca é, ao lado de Miguel de Cervantes, o escritor espanhol mais conhecido e lido tanto na própria Espanha, como no resto do mundo. Poeta e dramaturgo, de uma obra intensa, marcada por codificações simbólicas: a lua, a morte, a terra, a água, o cavalo, a criança...
Lorca criou um dos mais belos teatros do século XX, introduzindo em suas peças uma linguagem poética singular. Sua insatisfação diante da vida transformava os costumes abordados em sua tragédia. Centro de um grupo de intelectuais que passou para a história como a “Geração de 27”, congregou com os maiores nomes do universo da arte e cultura da Espanha do século passado, entre o solar dos seus amigos estavam: Luís Buñuel, Salvador Dali, Antonio Machado, Manuel Falla e Rafael Alberti.
Federico García Lorca foi um dos primeiros a ser vitimado pela Guerra Civil Espanhola, sendo abatido pelos nacionalistas, grupo liderado pelo general Franco, que uma vez no poder, levaria a Espanha a uma ditadura de quatro décadas. Durante a ditadura franquista, o nome do poeta andaluz foi banido e proibido em todo o país. Numa época de conservadorismo dos costumes católicos na Ibéria, as idéias de Lorca, juntamente com a sua homossexualidade latente, foram decisivas para o seu fuzilamento. Se a conduta de idéias e as assimilações de vida de Lorca bateram no preconceito de uma nação, assassinando o homem, o poeta e o dramaturgo eternizaram o mito. Mesmo calada a sua obra por décadas, ela voltou com os ventos da democracia, formando um grande vendaval que fizeram das palavras dilaceradas à luz da lua, um grito que ecoou por toda a península Ibérica, tornando-se um dos maiores nomes da literatura espanhola.

Tendências Musicais no Universo do Jovem Lorca

Federico García Lorca nasceu em 5 de junho de 1898, em Fuente Vaqueros, povoação próxima a Granada, na Andaluzia. Filho mais velho de quatro irmãos, viveu uma infância que marcaria para sempre a sua vida e, principalmente, a sua obra. Todas as vezes que questionado sobre o que escrevia, Lorca aludia à infância como fonte de inspiração. Sua família enriquecera com o negócio do açúcar, formando um núcleo de pequenos proprietários e funcionários administrativos. É na figura da mãe que o pequeno Federico mais se espelha, apesar da sua tendência para a depressão. É com ela que inicia os seus estudos e aprende as primeiras letras. A infância corre-lhe feliz dentro do seio desta família andaluz, que trazia homens que gostavam da vida boêmia e da música, e mulheres que liam Vitor Hugo como modismo.
O mundo da arte abraçou desde cedo “el niño“ andaluz, que se dedicava horas a tocar piano, numa demonstração clara de vocação para a música. Por algum tempo acreditou que o pai o enviasse para Paris, onde pretendia continuar os estudos musicais, mas com a morte de seu professor de piano, António Segura Mesa, não teve como convencer a família, que queria para o filho uma profissão mais “útil”.

Terminado o sonho de ser músico na adolescência, o jovem Lorca seguiu para Granada, matriculando-se em Direito e Filosofia. Sem aptidão para os cursos, logo deles se desinteressa. Concluiria com dificuldade o curso de Direito. É desta época o seu primeiro sucesso literário “Impressões e Paisagens”. É em Granada que começa a desenvolver o seu círculo intelectual, travando conhecimento com António Machado e Manuel Falla, estreitando com eles uma longa amizade.

Em 1919 Lorca seguiu para Madrid, para concluir o curso de Direito. As conturbações culturais assolavam a Europa, que acabara de viver os duros anos da Primeira Guerra Mundial. Era hora de refazer os escombros que a guerra deixara, inclusive o cultural. Sob os ecos do horror da guerra, tudo parecia finito, os ventos reluziam mudanças, os símbolos tomavam dimensões no jogo social e artístico, refletidos em Freud e Nietzsche, incitando códigos que respingariam na obra que o jovem García Lorca começava a traçar. Nesta época publica o seu primeiro poema na “Antologia de Poesia Espanhola”, e começa o projeto de um livro de poemas. O escritor matava de vez o músico. Os versos usurpavam as notas musicais, e o maior poeta da Espanha do século XX estava pronto.
Pinturas
Leia mais em: 
Patronato Cultural Federico García Lorca, órgão que gerencia o funcionamento do local de nascimento do poeta 
Artigos, livros e trabalhos acadêmicos
Ambigüidade trágica e condição materna em García Lorca, por Claudio de Souza Castro Filho
O assassinato de García Lorca e suas repercussões no Brasil, por Luciana Montemezzo
A concepção literária e simbólica encontrada nas Canciones de Federico García Lorca: estudo de caso, de Idalmo Mendes Lara. Dissertação de Mestrado,Universidade Federal de Uberlândia, MG, 2009
Federico García Lorca: "Ele fez mais dano com a caneta que outros fizeram com a arma" . Direitos fundamentais LGBT, de Carlos Alexandre Neves Lima
Federico García Lorca, poeta do século XX e de sempre, por Basilio Miranda
Federico García Lorca: pequeno poema infinito, por José Mauro Brant e Antonio Gilberto. Coleção Aplauso
García Lorca anunciando a Guerra Civil Espanhola, por Syntia Alves
García Lorca, de autor e diretor a alvo dos fascistas espanhóis, por Luciana Montemezzo
Garcia Lorca: na praça, na política e na alma do brasileiro, por Christiane Marcondes
Garcia Lorca, o músico. Manuel de Falla, o humilde, por Osvaldo Colarusso
Mulher, desejo e morte: dramaturgia e sociedade no inseparável triângulo de García Lorca, por Irlei Margarete Cruz Machado. Dissertação de Mestrado, Universidade Federal de Uberlândia, MG, 2009
A noite e o dia de Garcia Lorca, por Pedro Corrêa do Lago 
Para o estudo de Lorca no Brasil, por Gilberto Mendonça Teles
A possibilidade de representação visual  na obra de Federico García Lorca, por Susana Giraudo
Sobre o poético e o trágico em Yerma, de Federico García Lorca, por Syntia Pereira Alves 
O teatro de García Lorca: a arte que se levanta da vida, por Syntia Pereira Alves. Tese de Doutorado, PUC-SP, 2011
O trágico no teatro de Federico García Lorca,  por Claudio de Souza Castro Filho. Dissertação de Mestrado, UNICAMP, 2007  
A violência do silêncio: a morte de Federico García Lorca, por Syntia Alves 
Filmes:
O Desaparecimento de Garcia Lorca, direção de Marcos Zurinaga
Do Virtuália
por Jeocaz Lee Meddi

Nelson Rodrigues era um fanfarao de boteco

Nelson Rodrigues nunca revelou algo interessante sobre o comportamento humano. Nadinha. Não se é um escritor da "natureza humana" por ser escroto, ainda que se possa ser genial sendo um escritor escroto. Nelson é genial, mas "mulher gosta de apanhar" não é algo para ser complementado com "só as normais" e, sim, com o seguinte adendo: essa frase de Nelson não é para ser repetida por quem quer escrever filosofia ou literatura. Não é para ser repetida por filósofos porque estes podem fazer frases melhores, também não por literatos porque ela só tem sentido se nos imaginarmos em bailes de um passado distante quando, estando só entre rapazes, dizíamos "vou contar um chiste para homens", no estilo de Fernando de Azevedo.

Rubem Fonseca é diferente. Aí sim há alguém capaz de falar do drama humano. Aliás, Rubem Fonseca é tão bom que ao falar dele como quem é um escritor da "natureza humana", tenho vontade de utilizar essa expressão sem o uso das aspas, como se faria ou se fez no século XVIII ou mesmo XIX. Ele é genial para além do que um escritor é aceito como genial. É um escritor nota dez porque diz que vai terminar um conto de uma tal maneira e, cumprindo o prometido, ainda assim consegue surpreender. Li um conto dele recentemente em que um homem que aprecia morder, ao final do conto diz que gostaria de matar o assassino de sua amante com mordidas, e então cai em si confessando "mas eu só sei dar mordidas de amor" – e de fato são essas as mordidas que aparecem durante o conto, como fio condutor da história.


Prazer e sexo, amor e felicidade – essas duplas são legítimas? 

A virgindade de todos nós.

Paramodificando Lêdo Ivo

O grande jornalista não precisa ser muito inteligente nem ser muito culto ou ter diploma. A inteligência, a cultura e o diploma contudo são indispensáveis aos jornalistas menores.

Sobre o amor e sexo

Alguma frases de Nora Ephron, diretora e roteirista americana


"Nas minhas fantasias sexuais, ninguém nunca me ama pela minha inteligência"
“O desejo de casar é um instinto básico e primitivo na mulher, que é seguido de outro desejo primitivo: o desejo de ficar solteira novamente”
“Eu me casei com ele apesar das evidências. Eu me casei com ele sabendo que o casamento para de funcionar em algum momento, que a paixão se apaga e o amor acaba morrendo. E assim me tornei um tipo de romântico que só os cínicos são capazes de ser”
“A única razão de o amor ser essencial é que de outra forma você passaria toda a sua vida procurando-o”
"Você nunca saberá toda a verdade sobre o casamento de alguém, incluindo o seu próprio"

Morre Millôr Fernandes

Aos 88 anos de idade morre o escritor, dramaturgo, jornalista, desenhista, tradutor, humorista, chargista e cidadão Millôr Fernandes. Abaixo alguma frases do artista:
  • A verdadeira amizade é aquela que nos permite falar, ao amigo, de todos os seus defeitos e de todas nossas qualidades.
  • Como são admiráveis as pessoas que nós não conhecemos bem.
  • As pessoas que falam muito, mentem sempre, porque acabam esgotando seu estoque de verdades.
  • Viver é desenhar sem borracha.
  • Democracia é quando eu mando em você, ditadura é quando você manda em mim. 
  • Esnobar é: Exigir café fervendo e deixar esfriar.
  • Não devemos resisitir às tentações: elas podem não voltar.
  • Chato...Indivíduo que tem mais interesse em nós do que nós temos nele.
  • Esta é a verdade: a vida começa quando a gente compreende que ela não dura muito.
  • O dinheiro não dá felicidade. Mas paga tudo o que ela gasta.

Paulo Coelho diz como transforma ideias em ouro




O escritor dá dicas de como inovar sempre, comparando o processo criativo ao trabalho no campo, com 'hora certa de semear e de colher'.

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Saramago morreu

Morreu hoje, sexta-feira (18) em Lanzarote, aos 87 anos, o escritor português José Saramago. 
O escritor nasceu em 1922, em Azinhaga, aldeia ao sul de Portugal, numa família de camponeses.
Antes de se dedicar exclusivamente à literatura trabalhou como serralheiro, mecânico, desenhista industrial e gerente de produção numa editora.
Começou a atividade literária em 1947, com o romance Terra do Pecado. 
Atuou como crítico literário em revistas e trabalhou no Diário de Lisboa. 
Em 1975, tornou-se diretor-adjunto do jornal Diário de Notícias. Acuado pela ditadura de Salazar, a partir de 1976 passou a viver de seus escritos, inicialmente como tradutor, depois como autor.
Em 1980, alcança notoriedade com o livro Levantado do Chão, visto hoje como seu primeiro grande romance. Memorial do Convento confirmaria esse sucesso dois anos depois.
Em 1991, publica O Evangelho Segundo Jesus Cristo, livro censurado pelo governo português - o que leva Saramago a exilar-se em Lanzarote, nas Ilhas Canárias, onde vive até hoje. Foi ele o primeiro autor de língua portuguesa a receber o Prêmio Nobel de Literatura, em 1998.
Entre seus outros livros estão os romances:
O Ano da Morte de Ricardo Reis (1984)
 A Jangada de Pedra (1986)
Ensaio sobre a Cegueira (1995)
Todos os Nomes (1997)
O Homem Duplicado (2002)
a peça teatral In Nomine Dei (1993) e os dois volumes de diários recolhidos nos Cadernos de Lanzarote (1994-7).