Clik no anúncio que te interessa, o resto não tem pressa...

Domenico De Masi - "Meu otimismo com o Brasil se baseia nas estatísticas"

 Entrevista a Paulo Noronha e Octávio Costa


O sociólogo italiano Domenico De Masi tornou-se famoso na virada do século quando lançou sua audaciosa teoria sobre o ócio criativo, que dá ênfase à cultura da inteligência e à contemplação da beleza. Agora, no livro "O Futuro Chegou!", volta a surpreender pelo grande destaque que dá ao modelo social brasileiro. Na obra de mais de 700 páginas, ele se debruça sobre 15 modelos de vida — entre os quais, o capitalista, o socialista e o comunista — e dedica o último capítulo ao Brasil, concluindo que o país "se encontra numa situação única em relação ao seu passado e ao seu futuro". Tem diante de si um grande desafio: "Pode dissolver-se na confusão ou pode gerar o modelo inédito de que o mundo precisa".


Em entrevista ao Brasil Econômico , no Rio, o sociólogo deixa claro que acredita mais na segunda hipótese. Amigo do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso e admirador do antropólogo Darcy Ribeiro, De Masi afirma que "o Brasil é um bom exemplo para o mundo pela convivência, pela criatividade, pelo sincretismo religioso". E destaca que a miscigenação é o principal valor do país. Dá também uma explicação simples e objetiva para sua aposta: "Quando me perguntam porque eu sou otimista com o Brasil, eu respondo: vejam os dados estatísticos". E dá um exemplo que lhe é familiar. "Dez anos atrás, havia no mundo 196 países. A Itália estava no 7º lugar no ranking econômico e o Brasil estava no 10º lugar. Hoje, está em 7º lugar e a Itália no 10º. Esse é um enorme motivo (para o otimismo)".

Em seu último livro, o senhor se mostra otimista com o Brasil, num momento em que o país passa por várias dificuldades. Qual a razão para seu otimismo?

Os dados estatísticos oficiais. 
Dez anos atrás, havia no mundo 196 países. A Itália estava no 7º lugar (no ranking econômico), o Brasil estava em 10º lugar. Hoje, o Brasil está em 7º lugar, e a Itália em 10º. Esse é um motivo enorme. O Brasil é o quinto país exportador industrial do mundo. No Brasil há uma população de 200 milhões numa superfície que é 28 vezes maior que a da Itália. No Brasil não há conflitos de guerra com países vizinhos desde a guerra do Paraguai. A Itália fez guerra com todos os países em seu entorno, contra França, Alemanha, Espanha etc. No Brasil há uma redução, relativamente pequena, da classe mais pobre, a classe alta está aumentando. Na Itália, a classe alta vai diminuir, vai se proletarizar. São razões muito relevantes.


Mas neste momento o país vive um surto de manifestações, há toda uma pressão por melhores e maiores investimentos em saúde, educação…

Para mim, essas são demonstrações de otimismo. É bom que o país seja pacífico, mas não submisso, não colonizado. Vejo grandes problemas no país: a violência, a corrupção, a distância entre ricos e pobres e o analfabetismo. Se o governo é muito lento na resolução desses problemas, é importante que haja essa manifestação de massas para acelerar as soluções. É melhor ter essa manifestação na praça do que ter submissão.

Trechos de seu livro foram pinçados para mostrar que o sr. estaria se comportando mais ou menos como autores do passado, que falavam do "bom selvagem", da índole cordial do brasileiro…

Não, não. Eu me referia a resultados de pesquisas de 10 anos atrás, feitas por antropólogos brasileiros, e não por mim, não é uma ideia minha. Esse personagem foi descrito por esse antropólogo, DaMatta (Roberto), e outros estudiosos brasileiros, mas não é ideia minha.



Mas o sr. fala dessa visão de que o Brasil conviveu bem com a questão racial, de que a miscigenação faria parte da personalidade de nosso povo…

Eu faço uma comparação com países eslavos, Iugoslávia, Hungria, Romênia etc., onde há quatro raças que sempre guerrearam, há mil anos guerreiam. No Brasil, há 45 etnias e não há uma guerra de brancos contra negros, de africanos contra índios. Houve, sim, uma grande exploração capitalista dos escravos e dos índios. Mas guerra, não.



Entretanto, o sr. diz que o Brasil pode servir de exemplo para o mundo.

Em alguns aspectos sim, sob outros, não. Não é um bom exemplo pela violência, pela corrupção. Mas é um bom exemplo pela convivência, pela criatividade, pelo sincretismo religioso.

O sr. fala que o Brasil teria que buscar um modelo próprio, já que se inspirou por 450 anos na Europa e por 50 anos nos EUA. Qual seria esse modelo?

Eu disse que o Brasil deve contribuir para criar um modelo novo. Há 15 modelos: o indiano; o chinês; o japonês; o clássico de Roma e da Grécia; o modelo hebraico; o católico; o muçulmano; o protestante; o iluminista; o liberal; o capitalista; o modelo socialista; o comunista; o pós-industrial; e o modelo brasileiro. Cada qual tem aspectos positivos e negativos. Eu digo que um novo modelo tem que pegar os aspectos positivos, o melhor de cada um desses 15. O Brasil é um dos 15, não é o modelo, mas tem suas contribuições a dar.

Que modelo o Brasil deveria buscar?

Vejo que o modelo do futuro teria que ser universal. Não deveria ser brasileiro, americano ou italiano, mas sim universal. Um modelo baseado sobre a miscigenação, em que haja multiculturas. Baseado na beleza, na harmonia. Não deve ser um modelo brasileiro, italiano ou japonês, mas uma síntese universal, tirando o que cada um tem de melhor. Não digo que o modelo do futuro é brasileiro. Digo em meu livro que o futuro chegou para todo o planeta, não só para o Brasil. Falo de modelos, no plural, para uma sociedade desorientada, planetária. Não digo que esse ou aquele modelo é melhor, digo que cada um tem aspectos positivos e negativos. Temos que pegar os aspectos positivos.

No momento, com o livro de Thomas Piketty ("Capital no século XXI"), há um questionamento do modelo capitalista, sobre a concentração de renda, que estaria se agravando nos países ricos… 

Isso já dizia Marx em seus trabalhos… O que propõe Piketty?
Ele propõe o imposto sobre fortunas, sobre a alta renda financeira.
É o welfare state . É um modelo antigo, socialista, de reforma. A criação desse imposto seria importante, desde que se traduza em serviços sociais, como na Suécia. Na Itália, há altos impostos, mas que não se traduzem em serviços sociais. Eu pago 57% de impostos, na Suécia é na faixa de 60%. A diferença entre Itália e Suécia é que, na Itália, os impostos não se revertem em bons serviços para a população, por causa da ineficiência burocrática e da corrupção.
O FMI, nos discursos de sua diretora-geral, Christine Lagarde, e em documentos técnicos, tem destacado a questão da desigualdade, como um risco para a sobrevivência do capitalismo. 

O sr. acha que o capitalismo já acordou para o problema da desigualdade?

Todos os autores capitalistas, Adam Smith, Tocqueville, Montesquieu, Jeremy Bentham, Paul Samuelson, todos consideraram o problema da desigualdade. A questão é que esses autores capitalistas, liberais, dizem que a desigualdade não é vencível, não pode ser eliminada. Mas os economistas socialistas, social-democratas e marxistas dizem que a desigualdade só pode ser eliminada. No capitalismo, não há sensibilidade para a questão da desigualdade. A não ser que seja um capitalismo social-democrático. O Brasil teve a sorte de ter tido Fernando Henrique Cardoso e depois, Lula. Fernando Henrique era social-liberal, Lula era socialista. Fernando Henrique acumulou a riqueza, Lula a distribuiu.

E Dilma Rousseff?

Dilma não é nem um, nem outro. É uma via intermediária. Mas eu não conheço bem. Depende muito do estilo. O fato de ser mulher não quer dizer nada, Angela Merckel é mulher e tem uma personalidade forte. Margaret Thatcher também tinha. Creio que Dilma não tem uma boa equipe, mas não conheço bem a situação.

O sr. sente uma diferença entre os quatro anos de governo de Dilma e os oito anos de Lula?

O governo de Lula viveu uma grande contradição. Teve dois grandes processos de corrupção. Há muitas pessoas do governo Lula que estão presas. No Governo Dilma, até agora, não há presos, não sei no futuro… Uma diferença é que o governo de Dilma tem um desempenho mais regular, o de Lula teve muitos altos e baixos. O que depende muito do estilo de cada um, Lula era muito carismático e de compromissos, mas eu não conheço muito bem os governantes brasileiros. Conheço bem Fernando Henrique, que é meu amigo e com quem falo regularmente, mas não conheço bem Lula e Dilma.

Fernando Henrique não está tão otimista quanto o sr. sobre o Brasil…

Mas ele é oposição, não pode ser otimista… (risos). Se vencer a eleição, ele voltará a ser otimista. Quem é governo, é otimista; quem é oposição, é pessimista; é assim no mundo todo. O Brasil é o quinto no mundo em produção industrial, sétimo PIB mundial, tem uma taxa de desemprego baixa, que é um terço da que temos na Itália e metade da que temos na Europa, que está, na média, em 12%. Sobretudo, o desemprego dos jovens no Brasil é mínimo. Sabe quanto é o desemprego dos jovens na Itália? 42%. Há 2 milhões de jovens que nem estudam nem trabalham. É desastroso.

Como o sr. viu essa eleição do Parlamento Europeu, que teve um avanço da direita e da extrema-direita em países como França, Inglaterra e Dinamarca?

A crise profunda da Europa aumenta. Há um elemento objetivo, que é quando na União Europeia os estados são reduzidos a regiões. Como aconteceu na Itália no século 18, com os estados de Nápoles, Roma, Piemonte, que hoje são regiões. Esse é um processo doloroso, mas indispensável para criar uma Europa unida. Outro problema é que a união é prioritariamente econômica, sem a união política. Há união monetária comum, mas não uma política monetária e financeira comum. Há a política global do banco central europeu e diferentes políticas econômicas dos vários estados. Há um primeiro resultado, que é a estabilidade monetária, que não é forte, mas é importante. A segunda coisa é que por 60 anos, pela primeira vez, não tivemos guerra entre os países. Outra coisa importante é que há muitos deslocamentos de pessoas de um país para o outro.

Mas a extrema-direita não quer um estrangeiro disputando seu mercado de trabalho…

A Europa é muito rica e se aproveitou da África por muitos séculos. A imigração é perigosa, causa centenas de mortes. E quando os imigrantes chegam, sofrem uma situação terrível.

E o que fazer com a África?

É necessário desenvolver a África, esta é a única solução. E isso depende de apoio do mundo ocidental. É como no Brasil. A violência é entre ricos e pobres, não é entre o Brasil e o exterior. É a mesma diferença entre a África e a Europa, que estão separadas pela distância de uma ilha.

O sr. escreveu que o comunismo perdeu, e o capitalismo não venceu. O mundo financeiro está vencendo?

Sim, está vencendo, mas isso é uma doença do capitalismo, não é um ponto de força, é uma fraqueza. Porque o comunismo sabia distribuir a riqueza, mas não sabia produzir. O capitalismo sabe produzir, mas não sabe distribuir. Hoje, no mundo, há 85 pessoas que tem mais riqueza do que outras 3,5 bilhões de pessoas. Isso não é capitalismo, porque 85 pessoas, ricas, podem consumir uma Ferrari, um iate, mas 3,5 bilhões podem consumir 3,5 bilhões de sapatos.
Mas não há só empresários financeiros nesses 85…
Há três italianos, e todos são do setor produtivo. Há a dona da Prada (Miuccia Prada), um fabricante de óculos (Leonardo Del Vecchio) e o Ferrero (Pietro Ferrero Jr.), que produz a Nutella. Esse mundo é muito louco, com Nutella, se consegue ser um dos homens mais ricos do mundo… não por salvar vidas humanas, ou fazer grandes invenções, como Leonardo Da Vinci, mas por fabricar Nutella… (risos).
Como, diante de tantos problemas, pensar que o ser humano, aos 50 anos, já pode parar de trabalhar e se dedicar a uma vida de lazer?
Li um artigo que dizia que eu quero um mundo de ócio, viver como vivem os índios. Ócio criativo é outra coisa! É o que estamos fazendo aqui — trabalho, estudo, troca de ideias. Isso é ócio criativo, não é não fazer nada. E os índios não ficavam fazendo nada. Eles tinham um ritual estético que é muito importante, tão importante quanto o de Giorgio Armani. Cuidavam do corpo, todos os dias, pintavam o corpo da pessoa amada, porque entendiam que a arte é tão importante que não podia ser feita por qualquer artista. Os índios não eram preguiçosos, eles trabalhavam. Não faziam é atividades remuneradas, porque tinham a natureza, a caça, a pesca. Mas não eram ineficientes.

Um das críticas é que o sr. estaria numa linha de pensamento contrária à produtividade, quando um dos maiores problemas da economia brasileira é a baixa produtividade do trabalho…

Eu sou a favor da maior produtividade do trabalho! Que seria usar mais o computador, por exemplo, e menos o trabalho braçal. Isso é ócio criativo, fazer só o trabalho criativo. O trabalho braçal fica a cargo do computador, do robô. São Paulo é pela baixa produtividade, porque a cidade construiu as empresas e escritórios a 4 horas de carro para as pessoas chegarem lá. Mas a produtividade física tem que ser da máquina, não do homem. O homem tem que ter a produtividade de ideias.

O sr. fala também que o brasileiro se preocupa muito com o corpo, que é hedonista…

Veja, todas as horas, de dia e de noite, o tempo todo, tem gente correndo na Praia de Ipanema. O brasileiro ama o corpo.
Mas os americanos também…
Não como aqui, nos EUA não tem um Ivo Pitanguy. Há um motivo para os brasileiros amarem o corpo. Porque o brasileiro era um povo majoritariamente de escravos, e a única propriedade que o escravo tinha era seu corpo, que precisava ser belo, forte, saudável. É essa a herança.

O índio também era saudável…

Mas não cuidava tanto de seu corpo. As pessoas deviam ler os livros de Darcy Ribeiro. Ele escreveu cinco volumes, que eu li e conheço muito, e ele explica bem. Diz que na cultura e no caráter brasileiro há três matrizes. A matriz portuguesa, que habituou o brasileiro à aventura e ao aprendizado; a indígena, que o habituou à estética e à harmonia com a natureza; e a africana, que o habituou à musicalidade e ao sincretismo. E eu acrescento uma quarta, que é a matriz internacional, que veio dos alemães, dos japoneses, italianos, poloneses, franceses, que deram um caráter universal à matriz brasileira. Eu não disse que os índios deram a matriz do ócio, da ineficiência. Há muitas matrizes, mas não a da indolência. Neste momento, em todo o mundo, há um grande movimento pela lerdeza, slow food, slow tourism, slow sex, tudo slow, contraposto à velocidade. Porque durante a sociedade industrial, a eficiência e a produtividade derivavam da velocidade. Hoje a velocidade é feita pelas máquinas, a nossa produtividade é de ideias.

E a questão da velhice? Mais pessoas estão vivendo mais, aumentando os custos da previdência para os governos…

Por que mais previdência? Por que as pessoas têm que parar de trabalhar? Por causa da lei? Esse é o modelo industrial, que está errado, é um modelo louco. O mercado de trabalho vai mudar, é uma necessidade. As pessoas têm que continuar trabalhando e serem produtivas. Quem faz um trabalho mental, como um jornalista ou um professor, deve continuar a trabalhar. Por que parar?

Mas a realidade não é assim…

A realidade não me interessa, a realidade é uma loucura, e vai mudar, vai ter que mudar. Quer dizer que aos 60 anos eu sou um jornalista e não devo mais escrever? Sou um professor e não devo mais ensinar? Um filósofo e não devo mais pensar? Então, devo estar disponível para morrer aos 55 anos?

O sr. escreveu sobre a era de Adriano, quando não havia mais deuses, ainda não havia Jesus Cristo e havia apenas o homem. Vivemos um momento parecido?

Veja o Brasil. Não há mais o modelo europeu, não há mais o modelo americano, e não há ainda um novo modelo. Seria uma loucura, hoje, copiar o modelo americano ou o modelo europeu.

Há algum modelo a ser copiado?

Não! É fato! É necessário criar um modelo. Pela primeira vez, o Brasil deve criar um modelo. Copiou por 500 anos, mas não é possível continuar copiando.
Essa lógica valeria para os demais países emergentes?
A China e a Índia estão criando seus modelos. Mas é errado criar só um modelo indiano, um chinês, um brasileiro, é necessário criar um modelo universal.

Falando sobre economia, estamos saindo de uma crise…

Não estamos! Isso não é uma crise. O que é uma crise? Crise é uma doença passageira, que se toma um remédio e passa. Isso não é uma crise, é uma redistribuição mundial da riqueza. Que não é rápida, pode durar dois, três, cinco séculos. A China e o Brasil crescem; Estados Unidos, Itália e França, decrescem. A China tinha uma renda per capita de US$ 1 mil; na Itália era de US$ 30 mil. A renda per capita na Itália passou para US$ 3,6 mil, na China foi para US$ 4 mil. É uma redistribuição da riqueza, não é crise, é uma coisa completamente diferente.

O sr. acha que os EUA continuarão a ser um país hegemônico nos próximos anos?

Os Estados Unidos já têm uma hegemonia científica há mais de 50 anos. É o país que mais produz patentes no mundo. Tem as melhores universidades, os melhores institutos de pesquisa e o maior número de patentes. Essa é a hegemonia americana.

Mas eles vão manter essa hegemonia?

Por ora, vão. Porém, a China já é a terceira no mundo em biotecnologia, e a primeira em nanotecnologia. Se olharmos o PIB da Itália nos últimos 60 anos, é uma curva descendente. O dos EUA, têm crescimento estável. Já a China, vem aumentando seu ritmo de crescimento ano a ano. Na lista dos dez países com maiores taxas de crescimento do mundo de 1982 a 1987, elaborada pelo FMI, tínhamos Estados Unidos, Japão, China, Reino Unido, Brasil, Índia, Alemanha, Coreia do Sul, Itália e Canadá. E agora, na previsão de 2012 a 2017, o ranking traz China, EUA, Índia, Brasil, Rússia, Indonésia, Coreia do Sul, México, Japão e Turquia. Repare que na nova lista não tem nenhum país da velha Europa. Quando me perguntam por que eu sou otimista com o Brasil, eu respondo: vejam os dados estatísticos.

Quais são os aspectos negativos que o sr. vê no atual modelo brasileiro?

Há a violência, a corrupção, o analfabetismo, a divisão desigual da riqueza e a infraestrutura. É uma loucura que, para ir do Rio de Janeiro, 16 milhões de habitantes, a São Paulo, com 43 milhões, tenhamos que viajar de avião. Não há trem, é uma loucura, é a distância Roma-Bolonha, que fazemos em duas horas, de maneira cômoda.

E o que tem de bom no modelo brasileiro?

A miscigenação é o principal valor do Brasil. "É tudo mestiço", já dizia Oscar Niemeyer, "sou brasileiro, português, espanhol, alemão, italiano, sou, portanto, mestiço, como são mestiços a maioria dos meus irmãos brasileiros". Esse é o aspecto mais forte. Porque todo o mundo vai virar mestiço. Os africanos vão para a Itália, os paquistaneses vão para o Afeganistão, os afegãos vão para a Índia, todo o mundo vai se misturar. A miscigenação é um fator fundamental. O outro aspecto positivo é a estética. Há também o crescimento da escolarização, o Brasil tem ótimas universidades.

E a educação é um dos setores mais criticados aqui, dizemos que é um setor muito atrasado…

Não é atrasado. É atrasado em relação aos Estados Unidos, mas não é atrasado em relação ao Brasil de 10, 20 anos atrás. Melhorou. Tem ainda as boas experiências de gestão empresarial, há muitas experimentações interessantes sendo realizadas no Brasil neste momento.

Bolsa Esmola - Editorial do PSDB

Para um governo comandado por um partido que historicamente se fortaleceu sob a bandeira da redenção dos pobres de todo o país, o balanço das políticas federais de inclusão social tem sido profundamente desapontador.

O programa Fome Zero, eixo central do discurso de campanha do então candidato petista, Luiz Inácio Lula da Silva, sofre de inanição desde a sua festejada criação e atabalhoada execução. Para superar as deficiências congênitas, o governo, sensatamente, uniu-o ao Bolsa Escola, formando o Bolsa Família – em resumo, a unificação de vários programas assistenciais, a maioria já existente na gestão de Fernando Henrique Cardoso, como o Bolsa Alimentação, o Cartão Alimentação e o Auxílio Gás. O que parecia uma saudável correção de rota tem sido enxovalhado pela evidência de que o governo deixou de fiscalizar, por exemplo, a freqüência em sala de aula dos alunos beneficiados pelo Bolsa Família.

O principal programa social petista reduziu-se, enfim, a um projeto assistencialista. Resignou-se a um populismo rasteiro. Limitou-se a uma simples distribuição de dinheiro, sem a contrapartida do comparecimento à escola, condição fundamental para que populações excluídas tenham maiores possibilidades de emprego no futuro, com elevação da renda de maneira produtiva. A ausência de controle também deixa o programa vulnerável a desvios e pouco propício à avaliação de resultados e correção de rumos. Uma expressão do senador Cristovam Buarque (PT-DF) resume o problema:

"O Bolsa Escola virou Bolsa Esmola".

Exposta a crise, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva determinou, no fim da semana passada, que o chefe da Casa Civil, José Dirceu, assumirá o comando das discussões internas para resolver as falhas na execução do programa. Presidente da Câmara de Política Social, da Câmara de Desenvolvimento Econômico e de outros 19 grupos coletivos dedicados a reuniões na Esplanada dos Ministérios, Dirceu convocará os ministros Patrus Ananias (Desenvolvimento Social), Humberto Costa (Saúde) e Tarso Genro (Educação) com o objetivo de encontrar uma solução conjunta para a falta de controle. Deseja-se que novos rumos não sejam turvados pelo hábito palaciano de perder-se em extensos e contraproducentes debates internos.
Três exigências seriam originalmente necessárias para as famílias que recebem o benefício do Bolsa Escola: freqüência escolar, vacinação e acompanhamento de gestantes.

A última checagem, admitiu o governo, é de 10 meses atrás. (Tais falhas, convém lembrar, vêm desde a gestão de FHC). Enquanto isso, os três ministérios envolvidos com o programa seguem batendo cabeça sobre as atribuições de cada um no controle das contrapartidas.

Trata-se de um símbolo tristonho da negligência governamental para aquela que seria prioridade absoluta da atual gestão. Os entraves dos programas sociais do governo federal são a evidência clara de uma política embotada pelo apego a números que podem render dividendos políticos musculosos, porém com eficácia social bastante questionável. São 4,5 milhões de famílias beneficiadas, orgulha-se o Palácio do Planalto.

O risco é que, ao fim do mandato petista, boa parte delas continue à espera da esmola presidencial.

O públicoPSDB não entende nem de povo, nem de rede, por Luis Nassif

A atitude do deputado Antonio Imbassahy (PSDB-Ba), um dos braços armados de José Serra na Câmara, de impedir o decreto de regulamentação da participação popular nas políticas públicas, mostra a enorme dificuldade do PSDB em entender de povo. Do alto de seu enorme conhecimento sobre o povo, Imbassahy foi definitivo: "Esse tipo de medida está fora de sintonia com o que a sociedade deseja".
 
Não adianta! Desde junho de 2013 havia uma bola quicando na área da política, conforme cansei de apontar: o aprofundamento da democracia direta, de outras formas de participação.
 
Nada tinha a ver com a tomada da Bastilha ou a substituição do Congresso pelo povo. Consistia apenas em aprofundar mecanismos criados pela Constituição de 1988, aprofundados nos anos 2000 e deixados de lado nos últimos anos.
 
A bandeira estava solta, para quem quisesse empunhá-la. O governo andou a passos de cágado; a oposição não andou. O governo dava chutão na área; a oposição não dava nem chutinho, A própria bandeira Marina da Silva já tinha entendido esse conceito desde as eleições de 2010, falando de redes sociais e de trabalho colaborativo.
 
A única contribuição do PSDB às ferramentas de redes sociais foi o esquema de baixarias e de ataques pessoais montado na campanha de Serra em 2010.
 
Uso das redes para discutir políticas públicas, para ouvir as bases do partido, para abrir as portas da executiva para novas ideias? Desistam! A cara do partido é Imbassahy.

Decadência sem nenhuma elegância

Agora é moda. Artista esquecido pela mídia, em baixa com com o público, distante do sucesso, encontraram uma boa maneira para chamar atenção e ganhar espaço na programação da globo e patrocínio da Natura e banco Itaú.

As três grandes corporações estão em campanha aberta contra Lula/Dilma/PT.

Melhor assim.

Crônica

Charge do dia

Eduardo Campos apanha em casa

Pesquisa Ibope em Pernambuco, divulgada há pouco, e que misteriosamente quase não circulou pelas redes sociais, mostra a situação cada vez mais difícil de Eduardo Campos no próprio Nordeste, onde ele contava ter uma grande votação.

Ele perde feio na Bahia, Ceará e em Alagoas, como eu mostrei num post no Tijolaço publicado neste final de semana.

E agora, em Pernambuco, sua terra natal, onde era governador até pouco tempo, Campos também já começa a ficar para trás.

Na pesquisa espontânea, ele já está apanhando dentro de casa. Dilma tem 24%, contra 17% de Campos.  Aécio tem míseros 2%.

Na estimulada, a presidenta já encosta no ex-governador. Ela tem 39%, contra 40% de Campos.

O Ibope deu uma colher de chá. Não perguntou ao entrevistado se ele continuaria votando em Campos se soubesse que Lula apoia Dilma.

Os candidatos de Campos para o governo do estado e senado estão perdendo feio para os nomes da base de Dilma.  Quando os eleitores são informados quem são os apoiadores dos candidatos, a surra de Campos é ainda maior. Os candidatos da base de Dilma são: Armando Monteiro (PTB), para o governo; e João Paulo (PT), para o senado.
 
  

Eduardo Campos apanha em casa

Pesquisa Ibope em Pernambuco, divulgada há pouco, e que misteriosamente quase não circulou pelas redes sociais, mostra a situação cada vez mais difícil de Eduardo Campos no próprio Nordeste, onde ele contava ter uma grande votação.

Ele perde feio na Bahia, Ceará e em Alagoas, como eu mostrei num post no Tijolaço publicado neste final de semana.

E agora, em Pernambuco, sua terra natal, onde era governador até pouco tempo, Campos também já começa a ficar para trás.

Na pesquisa espontânea, ele já está apanhando dentro de casa. Dilma tem 24%, contra 17% de Campos.  Aécio tem míseros 2%.

Na estimulada, a presidenta já encosta no ex-governador. Ela tem 39%, contra 40% de Campos.

O Ibope deu uma colher de chá. Não perguntou ao entrevistado se ele continuaria votando em Campos se soubesse que Lula apoia Dilma.

Os candidatos de Campos para o governo do estado e senado estão perdendo feio para os nomes da base de Dilma.  Quando os eleitores são informados quem são os apoiadores dos candidatos, a surra de Campos é ainda maior. Os candidatos da base de Dilma são: Armando Monteiro (PTB), para o governo; e João Paulo (PT), para o senado.
 
  

O sertão vai virar mar

À esquerda, instalação de uma das bombas responsáveis pelo bombeamento das águas do Velho Chico, em Cabrobó (PE); à direita, situação da Represa Jaguari, que integra o Sistema da Cantareira da Sabesp
Considerada uma das 50 maiores obras hídricas do mundo, o Projeto de Integração do Rio São Francisco, não é só motivo de orgulho e de esperança para os mais de 12 milhões de brasileiros que hoje precisam de água.
O empreendimento, o maior do Brasil nessa área, ficará na história de vida da maior parte dos mais de 10 mil trabalhadores distribuídos nos inúmeros canteiros pelo sertão a fora. Participar da construção dos grandes canais, dos túneis que vão interligar cidades e estados e dos reservatórios que irão abastecer centenas de municípios é um fato histórico para os operários.
Mesmo com experiência acumulada em outras obras também de grandes dimensões, os operadores de máquinas pesadas Tiago Santos, de 33 anos, e José Weliton, de 41 anos, participar da construção do Projeto São Francisco tem um gosto diferente. Os dois são pernambucanos de Petrolina, de onde saíram para operar máquinas e veículos pesados em Brejo Santo, no interior do Ceará. Com vastas experiências, os dois toparam logo de cara o convite que uma empresa lhes fez, desde que mudassem para o local da obra.
Brejo Santo, onde Tiago e Weliton estão, é a segunda etapa das obras do projeto. Lá estão em construção dois grandes reservatórios, que começam em Jati (CE). É no local que as águas do São Francisco ficarão depositadas até serem distribuídas para outros estados. “Valeu à pena vir para cá”, diz Tiago, que depois de seis meses decidiu levar a família para o Ceará. Seu colega pensa em fazer o mesmo. Para os dois, a principal satisfação é ver o sertanejo atendido com o que mais necessita que é a água.
“Para mim é uma grande satisfação ter participado da obra, pois ela é benéfica para nosso povo”, diz Tiago.
“Vou ter orgulho em dizer aos meus filhos e netos que estive em uma obra dessa”, acrescenta o operador.
Seu colega também tem o mesmo sentimento. “É a nossa população que está sendo beneficiada”, observa Weliton. Segundo os trabalhadores, muitos dos operários que voltaram para o Nordeste para trabalhar na obra, sentem o mesmo que eles.
O Projeto de Integração do Rio São Francisco é a maior obra desta natureza no País. São mais de 470 km de construção linear, orçadas em 8,2 bilhões de reais. O Eixo Norte, percorrido pela Agência PT de Notícias, começa em Cabrobó, onde está a embocadura do rio. Lá, já estão sendo instaladas duas das oito bombas, com 100 toneladas cada, da Estação de Bombeamento (EB). A obra está em fase de conclusão.
As instalações tem a altura de um prédio de 12 andares uma aparência semelhante ao edifícios da Esplanada dos Ministérios, em Brasília. Dentro está a sala de controle, considerada o coração da estação. Outras duas obras semelhantes estão em Salgueiro e Terra Nova.
Quando concluídas, as três estações juntas elevarão água a 176 metros acima do nível do Velho Chico. O líquido ficará armazenado em 27 reservatórios e todos os rios da região serão perenizados, garantindo o abastecimento do sertanejo o ano inteiro, mesmo com a estiagem. A EB de Salgueiro é uma das obras mais difíceis. Para que fosse realizada, foi preciso abrir uma gigante cratera em uma rocha formada há milhares de anos.
Trabalho parecido é executado em São José das Piranhas (PB), para a abertura dos 15 quilômetros dos túneis Cuncas I e II. Para encerrar esta parte da construção, que é a maior desta natureza na América Latina, faltam apenas 800 metros de escavação. A obra foi visitada pela presidenta Dilma Rousseff, em dia 13 de maio.
Até 2015, a população de 325 comunidades por onde os canais de integração terão a mesma água que será distribuída por várias cidades do Nordeste. O projeto também vai atender aos sertanejos que foram retirados de suas terras para que as obras pudessem ser realizadas. Eles foram reassentados nas chamadas Vilas Produtivas Rurais (VPR) e contam com escolas, posto de saúde e casas com quase 100 metros quadrados. Além disso, terão um hectare de terra irrigada para cuidar de suas culturas.
AG3005146

Mas não foram beneficiadas apenas as populações das cidades onde há obras foram. Moradores de outros municípios, como de Orocó (PE), deixaram outras ocupações para trabalhar no Projeto São Francisco. Floriano Freire não deixa sua barraca de frutas e cebola à margem da BR-428, mantida há 40 anos. Porém, incentivou seus filhos a procurar emprego na construção. A satisfação foi dupla: o rapaz foi empregado e, desde o início dos trabalhos em Cobrobó, sua venda cresceu bastante. Não teve coisa melhor que as obras”, diz Floriano. “Tinha gente aqui que só andava de bicicleta. Hoje, anda de moto”, conta o vendedor.
Legado – Diariamente, pesquisadores da Universidade Federal do Vale do São Francisco (Univasf), percorrem a caatinga onde estão os canteiros de obras. O objetivo é fazer inventários, resgate e monitoramento da fauna. Para que fossem firmados convênios com várias instituições, o governo destinou um R$ 1 bilhão do orçamento do projeto para a preservação do meio ambiente.

Além da Univasf, trabalham na área, técnicos do Centro de Conservação e Manejo de Fauna da Caatinga (Cemafauna), que resgatou mais de 13 mil animais na região. Quase todos foram devolvidos para a natureza, segundo o Ministério da Integração. Dentro das condicionantes ambientais, consta a pesquisa arqueológica que, ao longo do projeto, já resgatou 90 sítios históricos
da Agência PT

Shakira, Copa e glamourização

Um dos jeitos de aproveitar os tempos de Copa do Mundo é observar de perto o processo de glamourização do futebol. Esse clipe novo da Shakira eu acho que é um bom exemplo disso. A gente vê e dá vontade de sair jogando e “consumindo” futebol.
E nem falo com uma intenção de xingar o futebol e a Copa (ainda que eu veja como mais danoso do que benéfico), mas de sacar esse processo mais ou menos sutil que já vem acontecendo o tempo todo.
Ninguém só fuma, casa, joga futebol ou vai pra guerra. Cada engajamento nosso vem sempre acompanhado de seu respectivo “mundo de Marlboro” — são motivados também por algum tipo de encantamento estético e construção narrativa.
Enfim, vamos sendo cooptados pelo processo de glamourização da guerra, do heroísmo, da bebida, do cigarro, do consumo, do amor romântico, da ironia, da identificação por gênero, da posição política, da orientação sexual, da profissão, da religião, da família, da infância, da natureza, da ciência, da militância… A lista é infinita.
Xingar é até OK, mas acho que desenvolver um mínimo de clareza sobre isso é melhor. Até porque, se formos só xingar, o trabalho não vai acabar nunca.
Intencionalmente não linkei o clipe da Shakira porque na minha visão ele não vale seu tempo e é possível entender o texto sem vê-lo. Pra entender melhor essa decisão, recomendo os artigos:
Nota dos editores: esse é um post despretensioso, um formato rápido com o qual pretendemos experimentar para compartilhar com vocês ideias e recomendações que valem sua atenção.
Fábio Rodrigues

Trabalha em espaços de aprendizado sobre como melhorar a vida e as relações, como ter melhor equilíbrio emocional e encontrar uma felicidade mais genuína – sem oba-oba, com o pé no chão da vida cotidiana. Coordenador do lugar e do CEBB Joinville, professor do programa Cultivating Emotional Balancedesenhista e professor de desenho, baixista na bandaVacine, pai do Pedro | www.fabiorodrigues.org

Receita da oposição

Aécio Neves à frente, é a que levou a Europa a recessão
Há semanas, bem antes da eleição para o Parlamento Europeu e dos seus resultados – que mostraram o Velho Continente dando uma guinada para a direita e, em alguns casos, para a extrema-direita -, a nossa direita e mídia tupiniquins vêm anunciando que a União Europeia sairá da recessão porque cortou gastos governamentais e diminuiu o déficit público, saneando suas contas públicas.
Um exemplo, segundo eles, a ser seguido pelo Brasil. Pregam estes profetas da nossa direita que, a exemplo da Europa, nós deveríamos cortar salários, gastos sociais e benefícios previdenciários.  Eles nos dão, assim, uma ideia do que nos esperaria caso a oposição vencesse e governasse o Brasil.
Para se ter essa ideia precisa do que eles pretendem trazer, caso vençam em outubro, basta observar os dados sobre a Europa atual: o desemprego na Zona do Euro, hoje da ordem de 11,9%; crescimento do PIB em não mais que 1%; inflação em 0,7% com risco de deflação; e a recessão, que entre eles já perdura por uma década – aliás, como aconteceu também com o Japão.
Sem contar os altos e alarmantes índices de desemprego: como, por exemplo, na Espanha 25,9%; na Itália 12,7%; na Grécia 26,1%; e na França, com seus  3 milhões de desempregados e 2 milhões empregados precários.
Alarmados? Pois é isto que a oposição quer para nós e o que virá se ela vencer a eleição nacional em outubro próximo. Daí a insistência do candidato dos tucanos a presidente da República, senador Aécio Neves (PSDB-MG) – estimulado por economistas como o ex-presidente do Banco Central (BC), Armínio Fraga -  no emprego das medidas impopulares que promete.
É evidente que tal pacote prometido por Aécio, que inclui o tarifaço no setor de energia e combustíveis – tal como na Europa – trará recessão e desemprego para o Brasil e desmonte da rede de proteção social. Sem resolver nossos atuais desequilíbrios econômicos e sociais, pelo contrário, trará para o país uma nova fase de desnacionalização e privatização da economia.
O cerne dessa proposta: por que acenam, prometem e comprometem-se com a adoção das tais medidas impopulares? Para preservar a hegemonia do capital financeiro, rentista e patrimonial sem resolver o problema central da nossa economia que é o seu financiamento, hoje inviabilizado pela pagamento dos juros da dívida interna – em média 11% e que consomem 5% do PIB. Um financiamento inviabilizado, também, pela atual estrutura tributária regressiva e indireta que penaliza a renda do trabalho e premia a especulação, o rentismo, o capital financeiro e a alta concentração de renda.
Não se iludam, meditem sobre essas propostas da oposição, mas reflitam sobre o que vamos colocar aqui, uma questão muitas vezes repetida aqui no blog pelo ex-ministro José Dirceu: sem enfrentar a questão do sistema financeiro e bancário de indexação de nosso economia, do controle de capitais, do câmbio e do papel do Estado, temas sobre os quais a oposição se cala, não avançaremos. E o mais grave: podemos é retroceder.
da Equipe Blog de Zé Dirceu

Semideuses, poderosos e intocáveis


Ministros do STF são nomeados pelo Executivo, ganham cargos vitalícios e detêm super-poderes

O Supremo Tribunal Federal, com seus ministros de mandatos praticamente infinitos a partir de nomeações de viés político e abrangências decisórias ilimitadas, compõem a mais perfeita prova de que há um lixo autoritário explosivo, intocável, produzido bem antes mesmo da ditadura militar e que é preservado incólume por que a grande maioria dos congressistas é formada por uma corja de rabo preso e ninguém tem peito de dizer certas verdades que contrariem os senhores das nossas liberdades e dos nossos direitos.

 
 
 
Esse escândalo recente espetacularizado com o anúncio da aposentadoria precoce do ministro Joaquim Benedito Barbosa Gomes traz de volta essa incongruência herdada da Constituição de 1891: um ministro nomeado com base em articulações políticas ganha poderes indiscutíveis para o resto da vida e só é obrigado a pendurar a toga aos 70 anos.
 
 Marco Aurélio Mendes de Faria Mello foi nomeado por seu primo, o então presidente Fernando Afonso Collor de Mello, quando tinha 44 anos: terá 26 anos de poder quase discricionário. José Antônio Dias Toffoli, ex-advogado do PT, foi empossado no Supremo um mês antes de completar 42 anos. Terá 28 de casa, comida e roupa lavada com os maiores proventos da República e poderes incomensuráveis. Gilmar Mendes saltou do governo FHC em 2002, aos 47 anos.  Fica com a toga por 23 anos.
 
O STF é o píncaro do judiciário e onde a escolha de um ministro é atributo do presidente, apesar da sabatina no Senado, que dificilmente reprovaria uma indicação. Mas não é o único: O Superior Tribunal de Justiça, que tem indicações fatiadas em três segmentos, também garante os mandatos até os 70 anos.
 
Nos tribunais de contas, as indicações são negociadas no Congresso: vários ministros e conselheiros são ex-parlamentares ou resultam de acordos políticos, como o que fez ministra do TCU a mãe do então governador Eduardo Campos. Ana Maria Arraes,  que obteve o diploma de bacharel em direito aos 51 anos, foi nomeada para o TCU em 2011, já com 64 anos, 13 anos depois de graduada pela Universidade Católica da Bahia, e a um ano do prazo limite para ser indicada.
A vitaliciedade dos cargos nas cortes superiores não é uma regra geral no mundo ocidental. Os membros dos tribunais constitucionais europeus exercem mandatos por tempo certo, como é o caso de Portugal, Alemanha, Espanha e Itália. Nas cortes da Alemanha e na sul-africana os ministros têm os maiores mandatos, doze anos; na italiana e na espanhola, nove; na Colômbia e no Chile, oito anos; e em Portugal, seis anos com direito a uma recondução.

CLIQUE AQUI, LEIA MATÉRIA NA ÍNTEGRA NO BLOG DO PORFÍRIO E PUBLIQUE SEU COMENTÁRIO  

Emir Sader estreia coluna na RBA: 'Guerra e paz na Colômbia'

Boletim de notícias da Rede Brasil Atual - nº55 - São Paulo, 02/jun/2014
http://www.redebrasilatual.com.br/blogs/blog-na-rede/2014/06/guerra-e-paz-na-colombia-3006.html

Guerra e paz na Colômbia

Confira artigo de estreia de Emir Sader na RBA. Há uma tradição longa de abstenção na Colômbia, mas não se esperava que, quando o tema da paz e da guerra está no centro das decisões, tanta gente deixasse de votar

http://www.redebrasilatual.com.br/blogs/copa-na-rede/2014/06/copa-na-rede-6-razoes-para-voce-ficar-hexaconvencido-a-nos-seguir-1393.html

Copa na Rede: 6 razões para você ficar hexaconvencido a nos seguir

http://www.redebrasilatual.com.br/educacao/2014/06/em-paralelo-a-copa-sao-paulo-sedia-mundial-de-futebol-de-rua-7991.html

Em paralelo à Copa, São Paulo sedia Mundial de Futebol de Rua

http://www.redebrasilatual.com.br/saude/2014/06/nos-hospitais-privados-brasileiros-88-dos-partos-sao-cesariana-diz-estudo-da-fiocruz-8744.html

Nos hospitais privados brasileiros, 88% dos partos são cirúrgicos, diz estudo

http://www.redebrasilatual.com.br/cidadania/2014/06/a-inversao-de-papeis-na-historia-da-prisao-do-cacique-babau-5412.html

A inversão de papéis na prisão do cacique Babau. Tupinambás não vão retroceder um milímetro

http://www.redebrasilatual.com.br/cidadania/2014/05/da-regeneracao-moral-ao-corte-de-recursos-danos-de-1964-a-educacao-foram-permanentes-777.html

Da 'regeneração moral' ao fim de projetos, danos de 1964 à educação foram permanentes

http://www.redebrasilatual.com.br/politica/2014/05/comecam-as-articulacoes-para-escolha-do-sucessor-de-joaquim-barbosa-5733.html

Começam as articulações para escolha do sucessor de Joaquim Barbosa

É permitida a reprodução, integral ou parcial do conteúdo (áudios, imagens e textos), desde que citados o nome do autor e da Rede Brasil Atual.

Nosso email:
rba@redebrasilatual.com.br

Clique aqui se não quiser receber mais este boletim
Clique aqui para atualizar seu cadastro